Criadores & Criaturas
"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata."
(Carlos Drummond de Andrade)
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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Corri do mar- por socorro moreira
Por Dorival Caymmi
Os poucos versos que aí vão,
Em lugar de outros é que os ponho.
Tu que me lês, deixo ao teu sonho
Imaginar como serão.
Neles porás tua tristeza
Ou bem teu júbilo, e, talvez,
Lhes acharás, tu que me lês,
Alguma sombra de beleza...
Quem os ouviu não os amou.
Meus pobres versos comovidos!
Por isso fiquem esquecidos
Onde o mau vento os atirou.
Godard
Jean-Luc Godard (Paris, 3 de Dezembro de 1930) é um cineasta franco-suíço reconhecido por um cinema vanguardista e polêmico, que tomou como temas e assumiu como forma, de maneira ágil, original e quase sempre provocadora, os dilemas e perplexidades do século XX. Além disso, é também um dos principais nomes da "Nouvelle Vague".
Quem vem para a beira do mar - José do Vale Pinheiro Feitosa
Vó dava uma bicada na sua tigela de café e com um olho de luz das galáxias transfixava toda a existência. Café torrado com rapadura no caco de um tacho de barro. Café moído na força muscular. E Vó tomava o caldo preto daquela semente de chão. Os grãos de Kafa, no planalto da Etiópia, chegaram até a tigela de Vó e ela dizia:
Não vá para a beira do mar.
Não vá.
Não vá para a beira do mar.
Não vá.
Quem vem pra beira do mar, ai
Nunca mais quer voltar, ai
Quem vem pra beira do mar, ai
Nunca mais quer voltar
Andei por andar, andei
E todo caminho deu no mar
Andei pelo mar, andei
Nas águas de Dona Janaína
A onda do mar leva
A onda do mar traz
Quem vem pra beira da praia, meu bem
Não volta nunca mais
Cariricaturas- Edição Especial
Os três cavalos - Emerson Monteiro
Foto de Nívia Uchôa
Com meta - por socorro moreira
Tudo às pressas
Correndo para não perder
Um possível gran finale
Adiamos o desencontro
O beijo incompleto
Viajou em busca de flor
Rosa amarela tem na casa dela
Meu amor
Por que não voltou?
Fecho a porta devagar
Que os astros não descubram
O que deixei passar
A póesia de Lupeu Lacerda -(Deliciosa irreverência !)
Há em você, um profundo apego pelos contrastes
Os opostos, vão sempre lhe causar fascínio
A volubilidade lhe domina, confesse
A coerência é uma bolacha com gosto de ontem!
O silencio lhe acalma, mas é seu grito a necessidade primeira
A verdade faz sua cabeça, mas a mentira brinca no seu palco,
E é perfeita!
Sua distração é marca, totem, mas sua esperteza brilha
Estrela de primeira grandeza em um céu escolhido na véspera
Quando tranqüila, um desastre! Mas mãos divinas quando quer fazer
Certo sempre! Mas o errado é um amigo bacana, quê que tem falar com ele?
Que o mundo esteja certo, mas suas dúvidas te estimulam
E você diz: “penso antes de agir”
Mas a impulsividade é teu verbo conjugado em primeira pessoa
Reta? Pode até ser. Mas o caminho torto tem seus encantos
Discreta, por natureza.
Mas irreverente até o tutano.
A pobreza dos filhos da puta que não sabiam qualé? Te comove
Mas o dinheiro te excita: é uma montanha! Uma praia! Um sonho em tecnicolor!
A bondade, esta em você, mas ser má (de vez em quando)
Te faz muito bem, eu sei
Chora? Talvez. Mas é alegria que te move.
Responsável? Sempre! Mas sempre pronta a mandar tudo pro inferno
Romântica? Sim, num filme bacana, num beijo bacana,
Mas a razão é teu deus mais que perfeito
É um poço de pureza, e tem o pecado como o doce na prateleira, bom de pegar
Você é, exatamente
O que você não é
exatamente
O Sangue da terra - Livro lançado por José Carlos Brandão.
Churrasco, peixe e pizza...tudo encantado! Por:Manoel Severo
Um dia destes lembrei-me de um episódio no mínimo curioso. Havia um estabelecimento comercial; tipo restaurante; se é que posso me permitir chamá-lo dessa forma; que se localizava exatamente no meio do trajeto entre meu apartamento e meu trabalho. O inusitado “serve selvice” bem na beira da pista, estava sempre cheio de gente; era de manhã, tarde e noite. Quando eu passava, acabava sempre me surpreendendo com o grande número de carros, motos, bicicletas, carroças, e animados fregueses, quase todos sentados em uma das mais de oito, ou dez mesinhas bem alinhadas, obedecendo o trajeto do meio fio da calçada.
Muitas veze me perguntava o que aquele simpático arremedo de restaurante teria de tão apetitoso e que conseguia fidelizar tamanha plateia e admiradores. Não importava o dia; pela manhã ficava eu a imaginar o que deveria vender a famosa palhoça ? Tapioca com leite de coco? um café forte e quentinho? talvez um caldo de mocotó? e eu pensava : não era possível já aquela hora da manhã tivesse tanta gente de ressaca ! A hora do almoço era um Deus nos acuda, o trânsito nas imediações, chegava a concorrer com o pior momento das horas de “pico” dos grandes centros, e a noitinha lá tava o imponente estabelecimento novamente lotadinho da silva. Quem sabe uma boa carne de sol, ou de gato? Um baião de dois ou de dez? Meu Deus, eu precisava conhecer os quitutes daquele lugar.
Depois de quase dois meses de ininterruptas observações, acompanhando aquela arrumação; um companheiro de trajeto me chamou a atenção: Severo você já reparou no nome do restaurante? Caramba! Como eu não havia reparado antes? Ainda mais com aquela placa gigantesca completamente colorida e com as solenes: Marca, logomarca, etc e etc. Na alto da fachada do prédio lá estava: “Churrascaria Peixe Encantando, a Melhor Pizza da Cidade” . Que coisa, como não ter notado tamanha maravilha antes? Depois da descoberta da placa, só nos restava visitar e conhecer o atraente espaço.
Era uma sexta-feira, final do dia, acho que lá para as 19 horas, ancoramos na Churrascaria Peixe Encantado, a mlehor pizza da cidade, só não sabia se pediríamos churrasco, peixe ou mesmo pizza. Então, começamos pelo começo: A um dos simpáticos garçons, de nome Jonh Lennon, sim; todos dois, possuíam crachás, pedimos uma cerveja e perguntamos qual o churrasco que tinham. Num tom respeitoso fomos informados que não vendiam churrasco, bem, então nos restou uma boa e apetitosa peixada; nem exigimos que o peixe fosse tão encantado assim; mas o simpático garçom beatle mais uma vez nos informava: “não temos peixe!” . E agora?! Bem, com certeza, não haveria dúvidas: O sucesso do lugar só poderia ser as pizzas. Apesar do temor, nos aventuramos: “Amigo traz o cardápio das pizzas, por favor.”
_”Cidadão nós não estamos mais trabalhando com pizzas...o senhor não quer pedir outra coisa não?????????? ”
Por:Manoel Severo
Lembrança de um Natal - Por Rosa Guerrera
O Mito de Deméter e Perséfone- Por Alexandre Quinta Nova teixeira
Edmond Rostand
Ética e moral - Leonardo Boff
Esconderijo
Procuro a solidão
Como o ar procura o chão
Como a chuva só desmancha
Pensamento sem razão
Procuro esconderijo
Encontro um novo abrigo
Como a arte do seu jeito
E tudo faz sentido
Calma pra contar nos dedos
Beijo pra ficar aqui
Teto para desabar
Você para construir
Dundarundê aunde iê
Candura - espelho poético Por Socorro Moreira
Não dura o deboche
Nem faz parte da face
O olhar que exprime a calma
É fruto da alma
Pégaso
-Transporte coletivo da poesia
Pasta de sonhos
Versos bastam-lhe
Antepasto nas estrelas
-Lombra sideral
Sorriso doce
Margarida(n) no coração?
De volta às calçadas?
Pare em certa casa
Tem água do pote
Café coado no pano ...
Aquiete as botas voadoras
A paz é o prato principal
Momento amoroso
É sobremesa na boca.
As formigas não se escondem em seus buracos,
quando existem folham que carregam vida.