A rapadura do Cariri
(Excertos do capítulo “Itaiçaba e Crato” – páginas 38 a 41 do livro “Itaiçaba”
-- publicado em 1995 -- de autoria do professor Miguel Costa Barros).
“Dizem: “Quem bebe a água de Crato vem aqui de novo”. Longe de mim afirmar o contrário. Experimentei, na própria pele, a força desta sentença. De modo diferente. Sem vir a Crato, ainda menino, já saboreava a doçura cratense, a inolvidável rapadura do Cariri (...)
No caminhão Chevrolet, seu Joaquim Romão vinha comercializando sal, os produtos de sua padaria e outros negociáveis, de aceitação por aqui (...) Quando estirava a trajetória até Crato, daqui saía com carrada completa de rapadura. Ia negociando-a pelo Médio e Baixo-Jaguaribe. Porém ficava reservada uma partida para Passagem de Pedras. Nós a conhecíamos por rapadura do Cariri. Impunha-se pelo seu peso e dimensões. Grande, larga, alta. Chamava atenção a sua altura de quatro dedos. Não era preta nem loira. Digamos mulata. Sabor e doce ímpares.
hoje os mais velhos perguntam pela rapadura boa do Cariri. Com tristeza, tenho que responder que a Usina Manuel Costa Filho e alguns engenhos usam a cana para açúcar e cachaça. Talvez uns seis engenhos produzam rapadura, misturada com açúcar de má qualidade, prática que descaracterizou a renomada rapadura do Cariri. Que espetáculo de sabor e cheiro que tinha (...).