Criadores & Criaturas
"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata."
(Carlos Drummond de Andrade)
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terça-feira, 12 de outubro de 2010
Para Victor e Natália no dia das crianças...
Somos mais que nossos preços - José do Vale Pinheiro Feitosa
O pior comentário é aquele sobre algo do qual não se tem a referência. Falo de um final de filme que assisti estes dias com a Emma Thompson no papel e uma professora universitária com um câncer terminal. Não lembro o título. Está num destes canais a cabo.
As cenas que vi são um soco no estômago. De todos os modos de morrer o mais dramático e vivenciado é da doença crônica, especialmente o das neoplasias malignas. Doenças que desde o diagnóstico já condenam as pessoas à morte e que abrem uma expectativa de desespero, esperança e frustrações. O desespero do termo irremediável. A esperança de uma cura improvável, por vezes de fé, noutras alternativas e as não menos perversas dos “experimentos” científicos, além do pior de todos: aqueles para a máfia de branco ganhar dinheiro.
No filme, do momento que assisti, estava o diálogo da professora, uma grande erudita, a meditar sobre si mesma em face de sua erudição. Como tornar racional os momentos terminais quando a grande dor, esperada no seu caso, surgisse. Ela discute isso com uma enfermeira que fala das drogas que cessam a dor, irão adormecê-la, poderá provocar uma parada cardíaca, mas que será ressuscitada pois, recursos existem para tal.
A professora pede que se o coração parar não seja ressuscitado artificialmente. Assina que não quer continuar viva. E se torna, no jargão do hospital, uma sigla com a qual o paciente manifesta sua vontade. A vida continua alguns dias, na fase terminal são horas e a dor inicia.
A professora resiste à dor. Prefere manter o sofrimento, mas está exausta. A dor é demais. Chega o médico principal, acompanhado do residente e indica o uso de morfina. Estabelece-se um contraditório entre o médico e a enfermeira, incluindo os gemidos da paciente. Finalmente o médico diz: é preciso lhe dar um momento de descanso.
É feita a aplicação e ela dorme. Acorda e tem um diálogo com a jovem enfermeira e brinca com a ignorância dela com uma palavra. Depois vem o residente, enquanto a paciente dorme, e traça o perfil complexo, orgulhoso e incisivo da professora em sala de aula.
Numa cena chega uma senhora idosa para visitá-la e a encontra arrasada, mas consciente. Tem medo da morte. Sofre com a solidão de sua situação. A senhora explica que a procurou e indicaram este lugar. Diz que tinha vindo a Londres para visitar o bisneto e faz referência a recitar alguns poemas de um determinado autor. Ela pede que não e então, no mesmo ato a professora pega um livro infantil que levava para os bisnetos, senta-se na cama abraçando a amiga e começa a ler.
A história de um filho que queria se transformar em algo diferente para que a mãe não o achasse. A mãe diz que se transformará igualmente e o reencontrará. Tudo que o filho desafia em transformação, a mãe igualmente transformada lá também estará. Se ela for um passarinho, a mãe será uma árvore para que nela ele pouse. A alegoria é que a amiga sempre seria achada, na interpretação da amiga: por Deus. Ou melhor, dizendo a amiga não fazia uma viagem solitária.
A última cena é o residente encontrando a professora em parada cardíaca e acionando a equipe de ressuscitação a qual é impedida pela enfermeira. Em seguida um poema que não consigo reproduzir, mas traduz isso: a morte nos parece a vencedora sobre a vida. Ela nos ameaça, nos mostra o inexorável. Mas ao final ela é a perdedora quando já não pode mais nada quando estamos mortos.
Por isso mesmo, com todas estas mesquinharias da sobrevivência, o ser humano é sempre maior do que ele mesmo e suas circunstâncias históricas.
Um texto de Raquel de Queiroz para finalizar o dia da criança....
Por Norma Hauer
Norma
Dia infantil - por Socorro Moreira
CONVITE
A Livraria Oboé convida para o lançamento do livro
"Sobre as Ondas", autoria de Rita Maria Lopes Guedes Santos
Dia: 26 de outubro de 2010 (terça-feira) às 19:30 h.
Local: LIVRARIA OBOÈ
Shopping Center Um - Loja 207
Av. Santos Dumont -Fortaleza -Ce
Um forte abraço. Rita Guedes
Uma biblioteca em cada coração - José do Vale Pinheiro Feitosa
Isso que faz no Cariri com a Fundação Enock Rodrigues é coisa de gente grande. Elmano não caiu na arapuca dos azedumes regionais, que selecionam aliados como inimigos dos últimos dias. Ele não caiu na facilidade de falar mal, destratar só por que não gosta do partido, do sujeito ou da prática. Ele tem um objetivo maior. Dar razão à Fundação Enock Rodrigues que leva o nome de um morto pela intolerância política.
Isso é importante, pois muita gente se arvora em passar lições de ética e costumes aos outros com tanta raiva e mágoas que parece discursar defronte ao espelho. O Elmano Rodrigues faz um projeto síntese e que ousa experimentar complexidade. De cara tire logo a impressão que é uma piedosa distribuição de livros para os pobres. O projeto do Elmano é de desenvolvimento institucional e do indivíduo.
Vejam bem como isso é feito: numa só manobra ele envolve a Universidade com o Curso de Biblioteconomia, as Prefeituras, as comunidades e por óbvio, os indivíduos. Isso é o que fazem os grandes países. Não tornam a biblioteca apenas num depósito de livros: as livrarias não mostruários, mas as bibliotecas são uma dinâmica do saber.
Se junto a isso a escola se envolver, mesmo considerando, à distância, que a biblioteca esteja no bairro do aluno. Ao mesmo tempo se a Secretaria de Cultura desenvolver o exercício da leitura como um exercício para cidadania. A oportunidade que tem as comunidades, os pais, os jovens, os trabalhadores de transformarem o ambiente em alvo da compreensão do mundo.
Elmano Rodrigues: tenho orgulho de conhecê-lo. De encontrá-lo sem idade, com o mesmo vigor com o qual renascia no pátio do Diocesano daquele pesadelo que hoje leva o nome da Fundação.
Ao contrário do que a ignorância pensa: a vida é quem vence a morte.
Sobre Dilma pelo Ex-Marido - José do Vale Pinheiro Feitosa
Em casa nunca teve murro na mesa'
O advogado Carlos Araújo, de 72 anos, é só elogios à ex-mulher, Dilma Rousseff; inclusive sobre seu temperamento forte
ENTREVISTA
Carlos Araújo
A rotina do advogado de 72 anos, que se levanta às 3h para ir ao escritório, onde defende causas de operários, em nada se parece com o glamour da vida de Dilma em Brasília. De hábitos simples, Carlos sofre de enfisema.
Vive acompanhado de dois cachorros e, atualmente, da ex-sogra, dona Dilma Jane, e de uma tia da candidata, dona Arilda. Apesar do tubo de oxigênio na sala e da proibição de fumar, não foi desautorizado pelos médicos a tomar uma cervejinha diária, “não muito gelada”.
Há dez dias, ele relembrou sua história com a ex-mulher, que acompanha da sala com dois telões de LCD — um para o noticiário e outro para os jogos de futebol.
Carlos diz que não ajuda na campanha por causa da doença, que o impede de suportar o clima seco de Brasília. A última vez que visitou a ex-mulher foi quando ela teve câncer, no ano passado. Ficou com ela uns 10 dias no início do tratamento. Em setembro, voltaram a se encontrar, quando ela esteve no Rio Grande do Sul: — Não faço nada na campanha. Gostaria muito de estar em Brasília, na retaguarda, ajudando em algo. Mas não posso.
Após a separação, no fim da década de 90, Dilma comprou um apartamento no mesmo bairro para que os dois continuassem próximos, por causa de Paula. Dilma não se casou novamente.
Carlos tem uma namorada, que diz dar-se muito bem com Dilma.
— Presidente tem essa coisa da primeira-dama. Se um dia a Dilma precisar, estarei a seu lado — diz Carlos.
Viveram 30 anos juntos e até hoje Carlos tem admiração inequívoca pela ex-mulher. O temperamento forte dela não é negado por ele. Mas “aqui em casa nunca teve esse negócio de dar murro na mesa”, diz ele sobre a fama da ex-ministra em Brasília. Em entrevista ao GLOBO, Carlos relembra o passado e diz acreditar na vitória de Dilma.
Maria Lima* e João Guedes
PORTO ALEGRE
O GLOBO: Quando e onde o senhor conheceu Dilma?
CARLOS ARAÚJO: Em 1969, no Rio, numa reunião. Ela era da Colina, e meu grupo não tinha nome. Com a fusão, virou o Var-Palmares. Ela tinha 19 anos e eu, 30. Na segunda reunião, já estava apaixonado. Um mês após, estávamos morando juntos.
Ela era linda, um espetáculo! Esse negócio que falam de amor à primeira vista, né?
O que mais chamou sua atenção em Dilma?
CARLOS: Ela ser tão jovem e tão entregue à luta política.
Uma inteligência muito forte e pujante. E sua beleza.
Que música marcou a relação?
CARLOS: Rita, do Chico Buarque.
Namorávamos, às vezes, no apartamento em que a gente ia, mas a gente não podia ficar por questão de segurança. Namorávamos em praças, bairros mais retirados. De vez em quando ali por Ipanema, Jardim de Alá.
Mas ela já era casada (com Claudio Galeno Linhares)...
CARLOS: Mas só formalmente, o casamento já estava se desfazendo, não conviviam mais, viviam foragidos.
Quando nos conhecemos, ela falou para o marido que íamos viver juntos. Eu e o marido dela ficamos amigos, militamos juntos. Ele foi para o exterior, se casou, teve filhos. Em 76, voltou e veio morar na minha casa. Eu o abriguei por um bom tempo.
Moraram os três nesta casa?
CARLOS: Eu e Dilma morávamos aqui. Ele veio com a mulher e os filhos.
Não tinha ciúmes?
CARLOS: Podia ter ciúmes de outra situação, não dele, cada um já tinha seu rumo. Sou um bom ex-marido. Falo bem da Dilma, não é? Não falo mal.
Nesses 30 anos de convivência, em que momentos ela era mais brava e mais delicada?
CARLOS: Não existe pessoa mais ou menos brava. Dilma sempre teve temperamento forte, é da personalidade dela. O que tirava ela do sério era deslealdade, falta de companheirismo, a pessoa não ter palavra, dar bola nas costas. Não sei como ela faz lá (em Brasília). Aqui em casa nunca teve esse negócio de dar murro na mesa.
Quem mandava na casa?
CARLOS: Nossos parâmetros não eram esses, de quem manda, não manda. Éramos companheiros.
Não era nosso estilo um mandar no outro. Foi uma bela convivência. Tivemos uma vida boa juntos, tenho recordação boa, não é saudade.
Como foram as prisões?
CARLOS: A dela foi em São Paulo.
Ela foi presa sete meses antes de mim. Eu estava no Rio.
Como ficou sabendo?
CARLOS: Quando ela foi presa, a primeira coisa que fiquei sabendo foi seu nome verdadeiro, que não sabia durante o ano que vivemos juntos. Naquele tempo, eles publicavam o nome, de onde era, filho de quem, logo em seguida. Soube que ela se chamava Dilma porque vi lá: filha de fulano, mineira. Até então, a única coisa que sabia dela era que era mineira. Pela regra de segurança, ninguém sabia nada de ninguém. Ela também não, sabia que eu era Carlos.
Se encontraram na prisão?
CARLOS: Fui para São Paulo.
Antes, ficamos incomunicáveis.
Era uma loucura! Tinha cartazes nas ruas, aeroportos, rodoviárias, com nossos nomes e foto escrito “procurados”. Depois que fui preso, passei por um lugar por onde ela já tinha passado, na Rua Tutoia, na tortura.
Depois fui para o Dops e para o presídio. Ela já estava no presídio, mas não nos vimos. Três meses depois, ia ser transferido para o Rio, me botaram num camburão e eu vi, de longe, que ela estava no outro camburão.
Íamos ser ouvidos no Rio e fomos para a frente do juiz. Nos abraçamos rapidamente e logo nos separaram. E só fomos nos ver de novo um ano depois, no presídio de Tiradentes, em São Paulo, onde tínhamos direito a receber visita da família juntos.
Três anos depois ela foi solta e o senhor não...
CARLOS: Sim. Ela foi a Minas, visitar os pais e veio morar nesta casa, com meus pais. Depois que fui solto, moramos juntos 30 anos.
O senhor foi para o presídio da Ilha da Pólvora..
CARLOS: Eu ficava na prisão e ela aqui. Não dava para fugir de lá, era uma ilha pequena. A gente não ficava na casa da pólvora. Só à noite. A prisão era a ilha.
Naquele momento, achava que ela ia chegar tão longe?
CARLOS: Ninguém achava, né? Não fazia parte dos projetos: ah, quero ser presidente! Não tinha ambição nenhuma. Ela queria se formar em economia e fazer política.
(Quando Lula a escolheu) Acho que ela estava no lugar certo na hora certa. E o Lula escolheu muito bem. Que presidente pode contar com uma pessoa como a Dilma, confiar cegamente que não vai ter bola nas costas? Ela tem o sentimento profundo da lealdade.
Foi difícil para ela passar por essa transformação? Plástica, cabelo, voz...
CARLOS: Não foi nenhum sacrifício.
Fui até enfermeiro dela quando fez a plástica. Dilma nunca se preparou para ser presidente e teve que encarar. A plástica foi bem, não foi aquela coisa exagerada, ela assimilou bem, acho que gostou.
E o guarda-roupa, o senhor acha que melhorou?
CARLOS: Está bom. Melhorou.
Antigamente, a Dilma era como eu. Sou atirado nas cordas. Ela também era meio atiradona mas, depois de um certo momento, ela tomou gosto. Gostou de se pintar. Gostou de se arrumar bem, de ir no cabeleireiro toda a semana, fazer as unhas.
O senhor é confidente dela?
CARLOS: Não. Sou amigo. Minha vida com a Dilma é uma vida não-política. Quando o Lula acenou para ela, ela veio conversar comigo e Paula. O que vocês acham? Ela não tinha dúvida, queria conversar. Disse que estava em condições, que ia se preparar da melhor forma possível.
Não titubeou, nem tinha receio.
Pelo menos, não revelou.
Aí veio a doença...
CARLOS: Nos pegou desprevenidos.
Quando ela falou a primeira vez, ficamos muito emocionados, sensibilizados, preocupados.
Mas ela disse: tudo indica que é benigno. Ela disse que tudo indicava que não era maligno, mas sentia energia de enfrentar a situação mesmo que fosse o pior. A gente só pensou em dar carinho e ser solidário.
Temeram pela campanha?
CARLOS: Não. Mesmo porque quando vieram os resultados, que era benigno, que era curável rapidamente, com equipe de bons médicos... Não era maligno.
Ela fez quimioterapia para cortar aquele quisto, para não se tornar maligno.
O que o senhor sente ao ver na internet que a Dilma é uma perigosa ex-terrorista?
CARLOS: É a baixaria dos que apoiavam a ditadura para prejudicá-la, para ganhar no tapetão.
O que ela tem de perigosa? A Dilma nunca pegou em armas.
Não era o setor dela.
E qual era o setor dela?
CARLOS: Era o mais político, de organizar movimentos, preparar o pessoal, fazer propaganda.
Desde quando pegar em armas é terrorismo? A gente tem orgulho do que viveu, era uma jovem corajosa, desprendida, entregando sua juventude, sua dor. Foi para a luta achando que ia morrer.
Muita coisa que fizemos foi equivocado politicamente, tudo bem. Mas isso é outra coisa.
Que sobrará de tudo isso - Emerson Monteiro
E essa alegria que sujeita de mimos a gente, nas horas agradáveis, vira uma fera, na hora em que o panorama muda. Fecha o tempo, cai o pano da euforia e um fastio angustioso invade a cena, parecendo batalhão de madrastas irritadas saindo à farra.
Mas o que restará mesmo desse cuidado constante em querer sempre o bom para comer, enquanto milhões morrem de fome? Juntar coisas descartáveis e inúteis para satisfazer o ego, e, na pressa em garantir o futuro, preencher revoadas inquietas em bandos nos finais de semana prolongados, em busca do vazio? Do desejo de emitir opiniões, enquanto aos outros não se deixa falar perto da gente sem que nos empolguemos e queiramos falar mais alto, doce engano de chegar primeiro a lugar nenhum?
O gosto de sorrir com alegria, invés de rir de qualquer atitude dos outros, quase num gesto de humilhação a quem parece menor aos olhos das nossas vadiações. Seres que somos, andando para o inevitável de dentes à mostra, feitos hienas desesperadas.
Transformar este palco na festa da solidariedade humana, quantos disseram isto e poucos compreenderam, presos ao cipoal da inconsciência. O traçado representa o mapa da revelação para vencer a ganância do prazer que as vidas renovam todo tempo. Achar a palavra certa de agarrar o mistério de amar e ser, com isso responsável para fertilizar o mundo inteiro, cheio de gente esperta a conciliar dor e beleza, no meio da simplicidade.
Força para isso, convidar os outros nossos vizinhos para exercitar os ensinos que se aprender com esperança nos livros sagrados, geração a geração, paladinos da possibilidade.
Pisar o caminho com o espírito desarmado, qual quem sabe correr o trilho da certeza, superar a solidão e juntar cada centavo de sabedoria em favor da amabilidade, junto dos irmãos da salvação. É isto.
Tragédia
segundo as más línguas
tudo que vê ela fala
entrou pela janela
do banheiro
e sentou sobre o teclado
com as patinhas cruzadas.
Sinto lhe dizer,
querida (perdoe-me)
essa infame andorinha
viu sua fotografia,
leu nossos e-mails
e até os versos
que nem você
em sonhos
imaginava.
Tentei segurá-la pelas asas
mas arisca e zombando
da minha aflição
pela área de serviço
safou-se.
Nesta hora,
todo o céu da minha aldeia
sabe do nosso segredo
certamente: as borboletas,
os vaga-lumes, as estrelas
e a lua (em todas as fases) .
Mas não se desespere,
eu tenho um flagrante
dessa pervertida andorinha
em uma manhã de verão
entre os jarros da varanda
atracada a um canário belga
faziam horrores
e delícias.
Tirei algumas fotos
(meu bem,
você não sonha
como os pássaros
são voluptuosos
e febris) .
Portanto não se preocupe.
Agora mesmo mexo no baú antigo
da minha vozinha à procura de um frasquinho
cujo líquido precioso (alquimia)
assim que bebo dois golinhos
na posição de lótus
transformo-me em ave
(um pelicano) .
Não demora encontrarei
a metida andorinha
e serei maquiavélico:
ou ela se contradiz
pede desculpas
e se justifica a todos
do céu da minha aldeia
(borboletas, vaga-lumes,
estrelas e a lua (em todas
as fases) tratar-se apenas
uma pegadinha ou mostro
feliz da vida as fotos dela
com seu canário belga
entre os jarros
no maior pega
e sarros.
Também falam as más línguas
que essa indiscreta andorinha
tem fama de querer ser beata,
cheia de pudores
e zelos.
Ela aceitará.
Aliás, aproveitarei
(já que sou pelicano)
e vou levá-la
pra varanda
entre os jarros
pra ver se ela
é de fato
incrível.
Farei miséria,
só de mal (afinal
sou um pelicano) .
Não sinta ciúmes,
querida:
é pra que a intrusa
aprenda de vez
a não ser tão
curiosa,
enxerida
e faceira.
Juazeiro lança projeto Uma Biblioteca em Cada Comunidade
Os livros foram doados pela Fundação Enock Rodrigues, através de Elmano Rodrigues, que se fará presente à abertura dessa primeira biblioteca. A seleção do acervo para cada comunidade está sendo realizada pela Empresa Junior da Universidade Federal do Ceará, com os alunos do curso de Biblioteconomia. Uma parte das 12 toneladas de livros doados pela Fundação será destinada ainda aos sítios Malhada e Assentamento 10 de Abril, em Crato, como também a comunidades de Barbalha, Antonina do Norte, Mauriti e Caririaçu.
Neste sentido, Fábio Carneirinho está convidando você e sua família para se fazer presente ao evento, e solicita a todos doação de livros para as próximas bibliotecas, não importa a quantidade, pode ser um livro e pode ser uma caixa, ou mais. Dê um presente a Juazeiro neste Centenário.
José Gonçalves - por Norma Hauer
norma
Nossa Senhora Aparecida - Padroeira do Brasil
Paulo Autran
Ray Conniff
O “PRÉ-SAL” é nosso ??? – José Nilton Mariano Saraiva
“passaporte” para, definitivamente, “alavancar” o Brasil à condição de figurante do seleto grupo de nações desenvolvidas.
Mas, será que o “pré-sal” é realmente nosso ??? A dúvida é pertinente, no momento em que estamos às vésperas de eleger um novo Presidente da República.
De um lado, temos a candidata governista, a competente técnica Dilma Rousseff, indicada pelo maior presidente que o Brasil já teve - Lula da Silva - que representa a garantia de que a Petrobrás terá toda condição e recursos necessários para extrair do subsolo tal riqueza; garantia, ainda, que os frutos daí oriundos serão direcionados ao desenvolvimento de projetos prioritários à arrancada desenvolvimentista através da criação de um Fundo Social (educação, saúde, infra-estrutura e por aí vai), bem como à criação de um outro Fundo, o Soberano, espécie de poupança compulsória a ser utilizada quando necessário.
Na outra ponta – e o perigo terrível mora aqui - temos o candidato José Serra, ligado ao pior presidente que o Brasil já teve, FHC, os dois partidários da privatização entreguista, irresponsável e indiscriminada do patrimônio público ao capital estrangeiro (até o “limite da irresponsabilidade”, lembram ???), tanto que quebraram o Brasil em três oportunidades, no decorrer de apenas oito anos de governo.
O mote para tal dúvida foi dado na entrevista concedida ao jornal carioca “Valor”, dias atrás, por David Zylbersztajn, ex-genro de FHC e presidente da Agência Nacional do Petróleo (ANP) quando se realizou o primeiro leilão de reservas brasileiras entregues ao capital estrangeiro, em 1999. Hoje, principal “assessor técnico” da campanha de Serra para a área de energia, Zylbersztajn é defensor ferrenho e convicto de que num eventual governo demo-tucano, a exploração do pré-sal ocorra nos marcos do regime de “concessões”, em escandaloso benefício do capital transnacional, ao contrário do regime de “partilha”, preferido e já decidido pelo atual governo.
Como se sabe, e não é preciso ser nenhum “expert” no assunto, no regime de concessões, implantado por FHC e sua corriola, todo o petróleo retirado do subsolo se torna, automaticamente, propriedade da empresa concessionária, que pode fazer com ele o que quiser. Atualmente, as empresas estrangeiras é que determinam o ritmo de exploração das reservas. Elas também escolhem, por sua própria conta, os fornecedores de equipamentos, em geral importados. Como retribuição ao governo, essas concessionárias se limitam a pagar uma porcentagem sobre o valor da produção (os royalties) e mais algumas taxas, o que totaliza, no máximo, irrisórios 40% da renda obtida com o petróleo.
Já no regime de partilha, tal como decidido pelo atual governo para o "pré-sal", a União mantém a propriedade do petróleo obtido, o que lhe dá o direito de ditar a política de exploração. O volume produzido e a duração das reservas podem ser administrados de acordo com objetivos de política econômica. E o Estado é quem estabelece as normas para os investimentos e a política de compras, a partir de metas voltadas para o desenvolvimento de cadeias produtivas nacionais, criação de empregos e aperfeiçoamento tecnológico.
Embora indesejada pelos que realmente torcem pelo Brasil, uma eventual vitória de Serra ao segundo turno é um fator de alento para David Zylbersztajn e seguidores internacionais. Assim, será possível retomar o fio da história no ponto em que estava em janeiro de 2002 (governo FHC), quando o banqueiro (recentemente falecido) Francisco Gros, em seu primeiro ato após a posse como presidente da Petrobras, anunciou aos investidores em Houston, nos EUA, que sua missão era “PRI-VA-TI-ZAR A EM-PRE-SA”. Tanto que seu antecessor, Henri Philippe Reichstul, tentou – e quase conseguiu – trocar o nome da estatal para Petrobrax, supostamente mais agradável aos ouvidos dos potenciais compradores em uma planejada privatização. Agora, com as reservas do pré-sal avaliadas em centenas de bilhões de dólares, o prato se tornou bem mais suculento, e o apetite, maior.
E aí, você que está do outro lado da telinha, teria a coragem de votar no Serra, com a conseqüente entrega da exploração do “pré-sal” à ganância do capital internacional,
com todas as nefastas conseqüências daí advindas ???
Ou é daqueles que – como o signatário - torcem e vibram com o Brasil, capaz de usar da transparência para declarar publicamente, três semanas antes da eleição: votamos na Dilma, SEM PESTANEJAR E COM CONVICÇÃO.