Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Momento da poesia - Por Claude Bloc


Plumas



As palavras surgem em mim
Em meus sonhos e desejos
Saltam fazendo acrobacias
Como plumas, como o vento
E correm pela ribanceira
Leves , suaves  e soltas...
Depois, só depois
Se traduzem em versos
Como uma cantiga de amor.
 
Claude Bloc

Um grande livro sobre Iguatu -- por Armando Lopes Rafael


Dentre os presentes que recebi neste fim de ano, um alegrou-me sobremaneira. De minha ex-colega do BNB, Gecinelda Ribeiro, ganhei o livro-álbum O conciso inventário do patrimônio histórico e arquitetônico de Iguatu, de autoria da historiadora e fotógrafa Gardevânia Farias.

Trata-se de um resgate – através da imagem fotográfica – de igrejas, prédios públicos e privados, casarões e residências que foram edificadas ao longo da existência de Iguatu, muitas das quais desaparecidas pela insensibilidade da população, pela omissão das autoridades municipais e pela ganância da  especulação financeira.
“Eu queria que as pessoas conhecessem os casarões que existiram em nossa cidade”, disse a autora. “É preciso reconhecer a nossa história e, com urgência, preservar os imóveis ainda existentes”.

Impressão primorosa, pesquisa feita com primor e rigor, o livro O conciso inventário do patrimônio histórico e arquitetônico de Iguatu, motiva uma leitura agradável, além da inevitável comparação com o que ocorreu com o patrimônio histórico e arquitetônico da cidade de Crato. Aqui tínhamos (e felizmente, ainda temos) muito mais imóveis que deviam (e ainda devem) ser preservados, do que os existentes naquela simpática metrópole do centro-sul cearense.

Entretanto, a omissão com a conservação patrimônio histórico e arquitetônico de Crato é bem maior do que em Iguatu. Lá tem um imóvel tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artistico Nacional–IPHAN: a Igreja-Matriz de Senhora Santana. Aqui temos imóveis do porte do Seminário São José, Catedral de Nossa Senhora da Penha, Capela de Santa Teresa de Jesus, Estação Ferroviária, prédio da antiga Prefeitura/Cadeia Pública, Casa de Caridade, Casa onde foi julgado Pinto Madeira, Crato Tênis Clube, dentre outros, que nunca foram tombados. Pior: alguns continuam passando por “reformas internas” que os descaracterizam por dentro.

Aqui temos ainda casarões que deveriam ser tombados, como o que pertenceu à família de Pedro Gonçalves Norões, além de vários outros localizados na Praça da Sé e no bairro Pimenta, importantes heranças arquitetônicas, bens culturais e históricos do Crato e do Cariri.

O livro O conciso inventário do patrimônio histórico e arquitetônico de Iguatu, de autoria da historiadora Gardevânia Farias é um “grito de alerta” contra as destruições criminosas, como ocorreu em anos recentes com os imóveis de fachada com azulejos portugueses que existiam na Rua Miguel Limaverde, no centro de Crato.

Procissão tradicional de 26 de julho em Iguatu

DIA DE REIS _ Por Edilma Rocha

Não é fácil imaginar o que se passava na cabecinha de uma criança que dançava em frente a "Lapinha", no dia de "Reis".
Era magrela, pernas finas, cabelos lisos e olhos atentos. Possuía muita energia e não tinha inibição.

Tudo começava na cozinha da casa grande, na Serra Verde, quando ao catar o arroz para o almoço, ia separando as "escolhas", como chamavam os grãos com casca. Dentro de uma caixinha, juntava as pequenas sementes para fazer a decoração do "Presépio".

Chegando o dia da montagem, a alegria tomava conta dos pequenos como uma grande brincadeira e desembalavam uma a uma as pequenas estatuetas: São José, a Virgem Maria, o Menino Deus, os animais do estábulo, os Reis Magos e depois os pastores e carneirinhos. Era o momento de colocar as sementes de arroz numa bandeja sob uma fina camada de algodão e regar todos os dias. Ao final de uma semana ,tinha no "Presépio" um capim verdinho e brilhante.

No canto da sala, sobre uma mesinha, a gruta estava montada e era a hora de começar os ensaios da dança para o dia de "Reis". Tudo muito simples, no improviso, uma saia de papel crepom, uma blusinha comum, mas na cabeça uma linda corôa de cartolina recortada com aplicações em arreia brilhante que representava a homenagem no "Dia de Reis".

Ela dançaria para o "Menino Deus".
Ao som da música suave, a menina magrela rodopiava na ponta dos pés enquanto os olhos atentos dos anfitriões, dos amiguinhos e dos moradores do lugar assistiam a representação. Repetia cada passo ensaiado, direitinho, para não fazer feio diante do "Menino Deus", afinal, no seu pequeno coração tudo era Santo e especial.

Foi a escolhida para representar a oferta dos presentes através da dança.
E dançou... dançou a Anunciação do Anjo...
Dançou em cada criança, Jesus...
Em cada mulher, Maria...
Em cada homem, a luz...
E na união de todos, a vida e a esperança...

Edilma Rocha

Reencontrar consigo mesmo - Emerson Monteiro

Isto por meio da simplicidade, neste solo cheio em demasia de heróis os mais diversos, pois chega o momento dos momentos quando as portas de saída e de entrada representam apenas o reencontro, nas bases de cada um de nós, seres viventes. As correntes do pensamento, os valores morais e as cólicas das refeições anteriores, juntos, formam essa rede valiosa de buscar, nas mínimas contradições, a essência da pura simplicidade. A gente vasculhou gavetas, despejos, estantes, e nada que representasse a paz que justificaria segurança valiosa diante de inúmeras apreensões.

Resta, por isso, o pouso da leveza original nas histórias interiores, na própria criatura de dentro, aquele foco central das existências no coração da pessoa, na alma alimento. Nessas ocasiões, os raios fortes das dúvidas perdem o furor. Pausas longas na dura caminhada sem trégua dissiparam os derradeiros bloqueios de avistar a praia suave do instante particular no simples das mil variações de objetos e significados... As palavras, com isso, deixam escorrer na pele o sentido de pisar os tetos macios do Universo. Fronteiros a nós, olhos arregalados, seres felizes brincam na forma das cores e dos movimentos quais habitantes de reinos da fantasia bem animada. Música que circula os ouvidos e penetra lavando a escuridão antiga, limpando as chaminés das veias e dos nervos. Resposta bem possível rega, enche de alegria espaços antes ocupados pelas dores desvanecidas.

Essa cura através da simplicidade caberá fiel no pátio de todos. Querer deixar acontecer e pronto, dúvidas somem, independente da fria vontade dos céticos. Ação de transformação que aguarda seus convidados nos refolhos da natureza amiga. Os agentes disso, andarilhos deste chão às vezes áspero e nunca desesperado, percorrerão os trilhos e passos dados em lugar dos cinzas dias, na saúde do tempo. Simplicidade que diz tudo o que havia de contar os personagens da inúmera jornada terrena.

Tanto disseram a respeito do assunto que aprendizes impacientes até abandonaram a crença na simplicidade, razão dos desassossegos ambulantes soltos nas ruas, e correrem, fugitivos, aos esconderijos profundos de erros e farsas, motivo das perdições que aparecem nas visagens dos filmes noturnos. Contudo cabe agir com harmonia e explicar aos passantes o valor das chances de amar o que é bom e ser feliz.