Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

domingo, 30 de agosto de 2009

O Verde do meu Vale e Breno


Água

Beleza mesmo é o Cariri no inverno,
época das chuvas.
Há quem prefira o seco e tórrido sertão,
e nele vislumbre uma beleza austera,
simples e luminosa como a antiga paisagem da terra santa.
O deserto esteve fincado dentro de mim,
áspera miragem.
Por falta de água em meu mapa astrológico
a estação das chuvas é oásis,
vida e encantamento.
Que me cubra o nevoeiro!
Relâmpagos e trovões:
estrondem na barra do meu horizonte
dias,
noites,
néctar.

Assis Lima

Soneto de madrugada - Por: João Nicodemos

Tantos abismos me atirei
e tantas mortes me caçaram
mas de todas que morri
alguns fiapos me sobraram.

Novos corpos incompletos
vieram habitar minh'alma
outras caras, falas, gestos
novos riscos de navalha.

E nem culpa tenho nisso,
é pra mim um compromisso
renascer a cada instante.

E assim, morrendo sigo
da morte fazendo abrigo
pra vida de mais adiante.
.............................................

Ao Vitor

POESIA

NÃO VIVO DISSO

NEM VIVO

SEM ISSO.

João Nicodemos

Destino - Por João Nicodemos



Destino
águas vivas
águas calmas

a Vida apresenta
eu bato palmas..


João Nicodemos

À MÃE CELESTIAL - Por João Marni

Ó MÃE DO FILHO ADORADO, DO IRMÃO PERFEITO, DO AMIGO DE TODOS OS MOMENTOS, JESUS;
Ó SENHORA CONSELHEIRA NOSSA, QUE SUBJUGAIS A DOR E A SERPENTE;
Ó SANTÍSSIMA E PIEDOSA, QUE EMANAIS A LUZ DIVINA;
Ó VIRGEM DO MANTO SAGRADO, RAINHA SOBERANA, O ROSÁRIO É
O SÍMBOLO DO VOSSO AMOR; VOSSOS PÉS DESCALÇOS E VOSSO
NOME, MARIA, DIZEM-NOS QUÃO SIMPLES E PRÓXIMA A NÓS SOIS
E VOSSAS CORES, O BRANCO E O AZUL, NOS FALAM DE VOSSA
PUREZA E NOS APONTAM PARA O ALTO.
INTERCEDEI JUNTO A DEUS, NOSSO SENHOR, PELOS HUMILDES E OPRIMIDOS, PELOS DESOLADOS, PECADORES E INJUSTIÇADOS,
PELOS DOENTES E FAMINTOS, PELOS QUE PERDERAM O SORRISO E
A ESPERANÇA E TAMBÉM PELOS QUE NADA DISSO PASSAM.
ROGAI POR NOSSA FAMÍLIA E FORTALECEI NOSSOS LAÇOS EM
TORNO DE VOSSA LUZ.
AMÉM!

Querida Fátima,

Este poema-oração surgiu por inspiração
ao observar as mães gestantes e as da pediatria
durante meu plantão noturno de hoje, nos
corredores da maternidade, tocando e
silenciando-se diante da imagem de N. Senhora.
Um presente para nós, especialmente para ti,

Fiel tão fervorosa.

Um beijo
.

Manoel de Barros -O Guardador de Águas


O Guardador de Águas
de "O Guardador de Águas", Ed. Civilização Brasileira.


I
O aparelho de ser inútil estava jogado no chão, quase
coberto de limos -
Entram coaxos por ele dentro.
Crescem jacintos sobre palavras.
(O rio funciona atrás de um jacinto.)
Correm águas agradecidas sobre latas...
O som do novilúnio sobre as latas será plano.
E o cheiro azul do escaravelho, tátil.
De pulo em pulo um ente abeira as pedras.
Tem um cago de ave no chapéu.
Seria um idiota de estrada?
Urubus se ajoelham pra ele.
Luar tem gula de seus trapos.

II
Esse é Bernardo. Bernardo da Mata. Apresento.
Ele faz encurtamento de águas.
Apanha um pouco de rio com as mãos e espreme nos vidros
Até que as águas se ajoelhem
Do tamanho de uma lagarta nos vidros.
No falar com as águas rás o
exercitam.
Tentou encolher o horizonte
No olho de um inseto - e obteve!
Prende o silêncio com fivela.
Até os caranguejos querem ele para chão.
Viu as formigas carreando na estrada 2 pernas de ocaso
para dentro de um oco... E deixou.
Essas formigas pensavam em seu olho.
É homem percorrido de existências.
Estão favoráveis a ele os camaleões.
Espraiado na tarde -
Como a foz de um rio - Bernardo se inventa...
Lugarejos cobertos de limo o imitam.
Passarinhos aveludam seus cantos quando o vêem.
Eles enverdam jia nas auroras.
São viventes de ermo. Sujeitos
Que magnificam moscas - e que oram
Devante uma procissão de formigas...
São vezeiros de brenhas e gravanhas.
São donos de nadifúndios.

(Nadifúndio é lugar em que nadas
Lugar em que osso de ovo
E em que latas com vermes emprenhados na boca.
Porém.
O nada destes nadifúndios não alude ao infinito menor
de ninguém.
Nem ao Néant de Sartre.
E nem mesmo ao que dizem os dicionários:

coisa que não existe.
O nada destes nadifúndios existe e se escreve com letra
minúscula.)
Se trata de um trastal.

Aqui pardais descascam larvas.
Vê-se um relógio com o tempo enferrujado dentro.
E uma concha com olho de osso que chora.
Aqui, o luar desova...
Insetos umedecem couros
E sapos batem palmas compridas...
Aqui, as palavras se esgarçam de lodo.

VIII
Idiotas de estradas gostam de urinar em morrinhos de
formigas. Apreciam de ver as formigas correndo de
um canto para o outro, maluquinhas, sem calças, como
crianças. Dizem eles que estão infantilizando as
formigas. Pode ser.

XX
Com 100 anos de escória uma lata aprende a rezar.
Com 100 anos de escombros um sapo vira árvore e cresce
por cima das pedras até dar leite.
Insetos levam mais de 100 anos para uma folha sê-los.
Uma pedra de arroio leva mais de 100 anos para ter murmúrios.
Em seixal de cor seca estrelas pousam despidas.
Mariposas que pousam em osso de porco preferem melhor
as cores tortas.
Com menos de 3 meses mosquitos completam a sua
eternidade.
Um ente enfermo de árvore, com menos de 100 anos, perde
o contorno das folhas.
Aranha com olho de estame no lodo se despedra.
Quando chove nos braços da formiga o horizonte diminui.
Os cardos que vivem nos pedrouços têm a mesma sintaxe
que os escorpiões de areia.
A jia, quando chove, tinge de azul o seu coaxo.
Lagartos empernam as pedras de preferência no inverno.
O vôo do jaburu é mais encorpado do que o vôo das horas.
Besouro só entra em amavios se encontra a fêmea dele
vagando por escórias...
A 15 metros do arco-íris o sol é cheiroso.
Caracóis não aplicam saliva em vidros; mas, nos brejos,
se embutem até o latejo.
Nas brisas vem sempre um silêncio de garças.
Mais alto que o escuro é o rumor dos peixes.
Uma árvore bem gorjeada, com poucos segundos, passa a
fazer parte dos pássaros que a gorjeiam.
Quando a rã de cor palha está para ter - ela espicha os
olhinhos para Deus.
De cada 20 calangos, enlanguescidos por estrelas, 15 perdem
o rumo das grotas.
Todas estas informações têm uma soberba desimportância
científica - como andar de costas.
( Foto de Fábio Vasconcelos)

Em tempos de festas - São Raimundo Nonato e Nossa Senhora da Penha- Por : Socorro Moreira

Imagem de São Raimundo Nonato
.
(Santuário da Penha, na Igreja da Sé- Crato-Ce, acho que essa foto é do acervo de Nilo Sérgio Monteiro)

"São Raimundo Nonato (Portell, hoje Sant Ramon, por volta de 1200 — Cardona, 31 de agosto de 1240) é um santo católico.

Recebeu a alcunha de Nonato (em catalão Nonat) porque foi extraído do ventre de sua mãe, já morta antes de dar-lhe à luz, ou seja, não nasceu de uma mãe viva, mas foi retirado de seu útero, algo raríssimo à época.

Em 1224 entrou na ordem dos mercedários e mais tarde esteve na Argélia onde esteve preso. Em 1239 foi nomeado cardeal pelo papa Gregório IX, todavia no início de seu caminho a Roma padeceu violentas febres e morreu.

É festejado no dia 31 de agosto e é considerado o patrono das parteiras e obstetras. "
Fui prometida a São Raimundo Nonato , antes do meu nascimento . Obviamente não recebi o seu nome , mas o da Santa de sua devoção, e acabei por sorte ou destino , casando-me pela primeira vez, com um também Raimundo Nonato. Tornou-se portanto um santo de devoção.
Amanhã é a sua festa , e ele é padroeiro de Várzea - Alegre. Isso significa dizer que, na terra do Morais , amanhã é feriado. Bem que eu gostaria de participar dos festejos , mas os buracos da estrada esimulam a minha acomodação . Na terça-feira é festa no Crato. Dia de roupa nova , sapato apertado, e procissão, como nos velhos tempos.
Espero encontrar o povo amigo, amanhã, na última noite de novena. Ainda agora cheguei da Praça da Sé. Passei na banca de filhoses, rezei uma Ave-Maria , e fiz a ponte dos encontros, reunindo todos os ausentes e distantes... Fazer o que, se na paisagem e momento faltavam vocês ?

Projeto "Água pra que te quero !"- Nívia Uchôa


Charles Baudelaire -O autor francês de " Flores do Mal"


Hino à Beleza (Charles Baudelaire) .

Vens do fundo do céu ou do abismo, ó sublime
Beleza? Teu olhar, que é divino e infernal,
Verte confusamente o benefício e o crime,
E por isso se diz que do vinho és rival.

Em teus olhos reténs uma aurora e um ocaso;
Tens mais perfumes que uma noite tempestuosa;
Teus beijos são um filtro e tua boca um vaso
Que tornam fraco o herói e a criança corajosa.

Sobes do abismo negro ou despencas de um astro?
O Destino servil te segue como um cão;
Semeias a desgraça e o prazer no teu rastro;
Governas tudo e vais sem dar satisfação.

Calcando mortos vais, Beleza, entre remoques;
No teu tesoiro o Horror é uma jóia atraente,
E o Assassínio, entre os teus mais preciosos berloques,
Sobre o teu volume real dança amorosamente.

A mariposa voando ao teu encontro ó vela,
"Bendito este clarão!" diz antes que sucumba.
O namorado arfante enleando a sua bela
Parece um moribundo acariciando a tumba.

Que tu venhas do céu ou do inferno, que importa,
Beleza! monstro horrendo e ingênuo! se de ti
Vêm o olhar, o sorriso, os pés, que abrem a porta
De um Infinito que amo e jamais conheci?

De Satã ou de Deus, que importa? Anjo ou Sereia,
Se és capaz de tornar, - fada aos olhos leves,
Ritmo, perfume, luz! - a vida menos feia,
Menos triste o universo e os instantes mais breves?

Fonte: http://www.carcasse.com/

Poeta e crítico francês (9/4/1821-31/8/1867). A obra do parisiense Charles Pierre Baudelaire, pertencente ao simbolismo, questiona o excesso de moral e sentimentalismo e se opõe à vida burguesa e às convenções da época.

De família rica, consome parte de sua fortuna com bebidas e mulheres. Para impedir que termine sem dinheiro, a família nomeia um tutor para supervisionar seus gastos. Em 1857 publica As Flores do Mal, obra que incorpora o grotesco à linguagem do romantismo e que o imortaliza.

Condenado por ultraje à moral e aos bons costumes, é obrigado a retirar seis poemas do original. Apenas em 1911 o livro é publicado sem cortes. Como crítico de arte, reinterpreta a poesia de Victor Hugo, traz ao conhecimento do público artistas como Wagner, Goya e Manet e escreve para revistas e jornais.

Suas críticas foram reunidas nos livros A Arte Romântica e Curiosidades Estéticas, ambos de 1868. Escreve Os Paraísos Artificiais, Ópio e Haxixe (1860), sobre suas experiências com drogas. Portador de sífilis, morre em Paris, em decorrência de paralisia geral.

Fonte: www.algosobre.com.br

Como esquecer que ele existe ? - Francis Hime !



"Representante da melhor geração de compositores surgida no Brasil, desde o fim da década de 1920 (quando foram lançados os jovens Noel Rosa, Ary Barroso, Lamartine Babo, João de Barro, Ismael Silva e tantos outros), Francis Hime assumiu o papel de um dos principais protagonistas da música popular brasileira a partir da primeira metade dos anos 60. Ninguém tem dúvida: seria impossível escrever a história da música brasileira nas últimas décadas sem dar a Francis Hime um destaque muito especial. No mapa da MPB, todos os afluentes confluem para o talento estuário de Francis Hime.

Tom Jobim é um piano, Caymmi um violão, Vinicius, uma caneta, Noel, um terno branco. Por analogia, Francis Hime é uma orquestra. E uma orquestra sinfônica. Não uma sinfônica convencional, apoiada exclusivamente nas cordas, madeiras e gravatas, mas uma formação enriquecida por metais de gafieira, cavaquinhos de chorões e tamborins de escola de samba. Se a música do Rio é uma fusion - a música de todos os Brasis confluindo para um estúdio onde as águas se misturam e ganham ritmo e densidade - , Francis é essa fusion de calças. A todos estes ritmos brasileiros, Francis empresta seu inspirado refinamento e deles toma emprestado a vitalidade e a beleza. Atenção: essas não são palavras vazias. Como Francis Hime (agora que já não temos Villa-Lobos, Radamés Gnatalli, Tom Jobim e Luizinho Eça), estamos diante de um compositor cujo domínio da técnica permite vôos de asa-delta - ou de orquestra - à criação.

Francis é por enquanto, a fusion definitiva entre o popular e o erudito na música brasileira. E não vai aí uma contradição em termos: o por enquanto desse definitivo só vale até que o próprio Francis, a bordo da orquestra, resolva superá-la.

Francis Hime estudou piano desde os 6 anos de idade, no Conservatório Brasileiro de Música. Em 1963, começa a sua parceria com Vinicius de Moraes, com quem compôs inúmeras canções, tais como: "Sem mais adeus", "Anoiteceu", "A dor a mais", "Tereza sabe sambar" e outras. Nessa época, começa também a compor com Ruy Guerra canções como "Minha" (gravada por Elis Regina, Tony Bennett, Bill Evans e muitos outros), "Último canto", "Por um amor maior" e outras. Participou de vários festivais de música nos anos 60, quando suas canções foram cantadas por Elis Regina, Roberto Carlos, Jair Rodrigues, MPB-4 e outros.

Em 1969, foi para os Estados Unidos, onde ficou 4 anos estudando composição, orquestração e trilhas para filme com Lalo Schifrin, David Raksin, Paul Glass, Albert Harris e Hugo Friedhopfer. De volta ao Rio, em 1973, grava seu primeiro disco para a Odeon. Nessa época, sempre escrevendo a música, ele começa a compor com Chico Buarque grandes sucessos, tais como: "Atrás da porta", "Trocando em miúdos", "Meu caro amigo", "Pivete", "Passaredo", "Amor barato", "A noiva da cidade", "Embarcação", "Vai Passar". Em 1973, começa a compor trilhas para filmes, tais como: "A estrela sobe", "Dona Flor e seus maridos", ambos dirigidos por Bruno Barreto, "O homem célebre", "República dos assassinos", ambos dirigidos por Miguel Faria, "A noiva da cidade" de Alex Vianny, "Marília e Marina" de Luis Fernando Goulart, "O homem que comprou o mundo", de Eduardo Coutinho, "Marcados para viver", de Maria do Rosário, "Lição de amor", de Eduardo Escorel. Duas dessas trilhas foram premiadas no Festival de cinema de Gramado e no Coruja de Ouro, como melhor trilha do ano.

No teatro, Francis escreveu trilhas para: "Dura lex sed lex no cabelo só Gumex" de Oduvaldo Vianna Filho, "O rei de Ramos", de Dias Gomes, "A menina e o vento", de Maria Clara Machado, "Belas figuras" de Ziraldo, "Foi bom, meu bem", de Alberto Abreu, "O banquete", de Mario de Andrade, "Pinoquio" de A. Collodi, "Tá ruço no açougue", do grupo Tem folga na direção, "Na sauna", de Nell Dunn, e "Love letters", de A. R. Gurney. Conhecido como um dos mais talentosos compositores do Brasil, Francis é especialmente dotado por uma versatilidade em compor sobre vários ritmos brasileiros, escrevendo sambas, frevos, modinhas, calangos, choros, etc. Para este repertório eclético, Francis conta com um não menos eclético e talentoso grupo de parceiros escrevendo letras para suas canções, tais como: Geraldo Carneiro, Milton Nascimento, Olivia Hime, Gilberto Gil, Paulo César Pinheiro, Cacaso, Capinam, Adriana Calcanhoto, Paulinho da Viola, Lenine, Joyce, Moraes Moreira, Georges Moustaki, Livingston & Evans, Sergio Bardotti (além dos já citados Chico Buarque, Vinicius de Moraes e Ruy Guerra).

Ele também musicou poemas de Fernando Pessoa, Manoel Bandeira, Castro Alves. Como arranjador, Francis trabalhou para Milton Nascimento, Gilberto Gil, Gal Costa, Georges Moustaki, Caetano Veloso, Clara Nunes, Toquinho, Elba Ramalho, Vania Bastos, Fafá de Belém, Olivia Hime, MPB-4 e Chico Buarque (para o qual, ele fez a direção musical de 4 discos). Como compositor, suas canções foram gravadas por Elis Regina, Chico Buarque, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa, Ivan Lins, Djavan, Tony Bennett, entre outros. "


Pensamento para o Dia 30/08/2009


“As pessoas deveriam mostrar compaixão por seu próximo, abandonando idéias e sentimentos limitados. A compaixão é a marca da devoção (Bhakti). Ninguém pode esperar agradar Deus sem mostrar compaixão (Daya) por seus semelhantes. Um coração amoroso é o templo de Deus. Deus não pode residir em um coração sem compaixão. Não há nada maior no mundo que a visão imbuída com amor universal. Somente aqueles que vêem a unidade na diversidade aparente são bons. Os homens precisam compreender que são centelhas do Divino. Eles precisam desenvolver pensamentos sagrados e conduzir vidas ideais. Os homens devem buscar a promoção do bem-estar da sociedade. ”
Sathya Sai Baba

Amar é normal – Psicóloga Gislene Farias de Oliveira


Mas afinal, o que é o amor? Quem trem é esse que movimenta a vida, as pessoas, o mundo? Que sentimento é esse querido, desejado e procurado por todos? Talvez, pra entender bem o que é amor, seja necessário refletir sobre o que não é amor! E isso você deve entender bem! O amor é uma energia que cresce por dentro. Não deveria ser uma moeda de troca, mas tem sido. Não deveria ser cobrado, mas é!

Estar em estado de amor faz de você uma pessoa diferenciada, valorizada e respeitada por todos. E ser reconhecido como alguém amoroso torna você uma pessoa que vale mais, sabia?

O amor é uma energia que cresce de dentro pra fora! Depende de você para acontecer e para acontecer e expandir. O amor convida a estar com as pessoas. Por isso, esforce-se para permanecer em estado de amor, que é seu estado natural e sinta a diferença!

Por incrível que possa parecer, o amor não é um convite à infelicidade. O amor é uma força que impulsiona para a vida e não para a morte. Ame e viva! Ame e sinta-se importante e em sintonia com o Universo! Ame e seja dignificado!

Amar não é ficar parado, como um rei, esperando pelo outro.Permita-se ser amado. É bom e faz bem pra você e para quem está liberando o amor! O amor proporciona uma sensação gostosa de gratidão para com a existência. Cuide dessa sensação!

Amar é uma viagem a ser feita acompanhado com alguém enquanto se desfruta o prazer da entrega, o prazer do mistério do momento.

O que é mais bonito no amor é a capacidade e a força que ele carrega. O amor faz de você um bravo guerreiro, que consegue fazer você enfrentar qualquer dos seus medos. Por amor você vai até na China e a pé, não é verdade? O amor é um convite a estar com o outro, é um sentimento de seres imperfeitos em busca da forma de amar com perfeição!

O amor é muito mais que o encontro de duas pessoas, de dois corpos. É a própria consciência da Existência: a crença nas forças divinas, que cuidam de todo o Universo! O amor é igual a força que dá energia ao vento, ao mar e à chuva. E a única certeza que você tem é que ele é próprio do ser humano, é uma característica da nossa raça!

Assim como flor espalha o seu perfume, você naturalmente exala o seu amor. Amar é tão normal e tão inevitável quanto proibir a terra molhada de depreender o seu cheiro!

Muito amor nesse seu coração.

Colaboração de Luis Carlos Mazzini

Gislene Farias de Oliveira
http://gislenefarias.no.comunidades.net

Saudades de Glenn Ford

Glenn Ford nome artístico de Gwyllyn Samuel Newton Ford (Québec, 1° de Maio de 1916 — Los Angeles, 30 de Agosto de 2006), foi um ator americano, nascido no Canadá.

Nascido canadense, mudou-se ainda criança para Santa Monica, na Califórnia, e se tornou cidadão americano em 1939.

Ford é mais conhecido por seus papéis como caubói em faroestes e como um homem normal em circunstâncias incomuns. Sua carreira de ator começou no palco, e seu primeiro grande papel no cinema foi em 1939, no filme Heaven with a Barbed Wire Fence.




Cimarron - jornada da vida - foi o pimeiro filme que eu assisti com Glenn Ford . Passou no Cine Cassino, nos anos 60.

"Em 1889, o governo americano incentiva a colonização do último estado inóspito dos Estados Unidos, o Estado de Oklahoma. Yancey Cravat (Glenn Ford) e sua esposa Sabra (Maria Schell) mudam de Wichita para tentar a vida como editores de um jornal, no Oklahoma, cujo exército permitirá a posse da terra de quem chegar primeiro, a partir do amanhecer do dia 22 de abril de 1889. Inicia-se uma verdadeira jornada de vida, com passagens pelas mudanças na sociedade americana, envolvendo a virada para o século 20, com o descobrimento do petróleo, abertura de bancos e vida hipócrita dos novos ricos e políticos, e a Primeira Guerra Mundial. "
Mas, os melhores e mais marcantes foram : Os amores de Carmen e Gilda.












Jackson do Pandeiro - O suingue da voz de ouro da Paraíba


O paraibano Jackson do Pandeiro foi o maior ritmista da história da música popular brasileira e, ao lado de Luiz Gonzaga, o responsável pela nacionalização de canções nascidas entre o povo nordestino. Pelas cinco gravadoras que passou em 54 anos de carreira artística estão registrados sucessos como Meu enxoval, 17 na corrente, Coco do Norte, O velho gagá, Vou ter um troço, Sebastiana, O canto da Ema e Chiclete com Banana.

A história da sua carreira artística reforça a herança da influência negra na música nordestina - via cocos originários de Alagoas - que lhe permitiram sempre com o auxílio luxuoso de um pandeiro na mão se adaptar aos sincopados sambas cariocas e à música de carnaval em geral.

Dono de um recurso vocal único, ele conseguia dividir seus vocais como nenhum outro cantor na música popular brasileira. Seu maior mérito foi de ter levado toda riqueza dos cantadores de feira livre do Nordeste para o rádio e televisão, enfim para a indústria cultural. Grandes nomes da MPB lhe devotam admiração e já gravaram seus sucessos depois que o Tropicalismo decretou não ser pecado gostar do passado da música brasileira, principalmente, a de raiz nordestina.

O intérprete de uma música brasileira feita para dançar criou um estilo único de cantar. Nascido em Alagoa Grande, Paraíba, 31/08/19, numa família de artistas populares. Sua mãe, Flora Mourão, era cantora e folclorista de Pastoril e o batizou como José Gomes Filho o apelidou de Jack pelo sua semelhança física com um ator norte-americano de filmes de western dos anos 30, Jack Perry.

O Tocador de Pandeiro

Começou na verdade, tocando zabumba, para acompanhar a mãe, mas fazia sucesso na região com o instrumento que marcaria sua trajetória: o pandeiro. Com ele, viajou em busca do sucesso. Passou por Campina Grande e João Pessoa onde adotou o pseudômino de “Zé Jack”. Sua busca pelo sucesso o leva a capital pernambucana.

Decide se tornar músico quando ouviu A Jardineira (Benedita Lacerda e Humberto Porto). Trabalhando numa padaria forma uma dupla de brincadeira com José Lacerda, irmão mais velho de Genival Lacerda.

No início da década de 50, ainda em Recife, começa a se apresentar na Rádio Jornal do Comércio onde, por recomendação de um diretor da emissora, adota o nome artístico de Zé do Pandeiro. Tendo chamado a atenção da direção da emissora consegue gravar seu primeiro compacto de 78 rpm. Era o xote Sebastiana que já demonstrava que além de ser o rei do ritmo, Jackson do Pandeiro, iria buscar inovações estéticas dentro da música nordestina. Ele já arriscava nas suas improvisações de vocalizações com tempo variado dentro de uma mesma música.

Torna-se depois de alguns compactos, um verdadeiro sucesso no Nordeste e Norte do país. Os ecos do seu sucesso já começava a chegar no Rio de Janeiro. O xote Forró no Limoeiro foi um sucesso estrondoso e Jackson impunha-se cada vez mais como um artista popular que se pautou pela ousadia numa época de poucos improvisos tupiniquins, vindo a se tornar referência para artistas oriundos da classe popular quanto da classe média brasileira.

No Recife, conhece sua futura esposa, Almira Castilho, uma ex-professora que cantava mambo e dançava rumba Dessa época consegue gravar pela gravadora pernambucana "Mocambo" seu primeiro sucesso: o xaxado Sebastiana de autoria do pernambucano Rosil Cavalcanti.

Jackson e Almira formavam a dupla perfeita. Desde o início se preocupavam com o visual e com as performances de palco. Ela, sensual com um belo jogo de cintura e ele, com toda musicalidade explosão de ritmos e uma voz especial. Almira teve um papel fundamental na vida de Jackson, pois o ensinou a escrever seu nome e o estimulou a expandir sua música além das divisas da Paraíba.

Esta paixão avassaladora os unir e os levou, em 54, ao Rio de Janeiro. A união em casa e no palco durou até o ano de 1967 quando se desfez a dupla e o casamento. A trajetória de Jackson de Pandeiro não registra números de vendagens significativos, nenhuma aventura pelo exterior e muito menos o charme que cerca os ídolos da música popular brasileira.

Antes de mais nada, Jackson do Pandeiro pode bancar a vinda ao Rio de Janeiro com o dinheiro obtido com o compacto do rojão Forró no Limoeiro. Ele queria conhecer os jornalistas que escreviam sobre sua música nos jornais cariocas. Conheceu a maioria deles. Faz ainda algumas apresentações em São Paulo, em boates e em programas de auditório de rádio e tv.

Convidado pelo empresário Vitorio Lattari ele grava alguns compactos. O público sulista se apaixona, então, pela embolada Um a um. Retorna a João Pessoa e grava O xote de Copacabana uma homenagem à Cidade-Maravilhosa que o fascinou. Casa-se em outubro de 54, em João Pessoa, com sua parceira.

Devido a aceitação do público e crítica na sua primeira ida ao Rio de Janeiro, decide, em 55, se mudar definitivamente com a esposa Almira. Se apresenta nas emissoras de rádio, Tupi e Mayrink Veiga, e é contrato pela Rádio Nacional. A partir daí, Jackson do pandeiro começa a transformar o rumo da música nordestina, freqüentando assim como Luiz Gonzaga, o eixo central da indústria cultural do país.


@ Música Nordestina@

DOMINGO


Um poema para o domingo

“Não estejas longe de mim um só dia,
Porque, não sei dizê-lo, é comprido o dia,
e te estarei esperando como nas estações
quando em alguma parte dormitaram os trens.
Não te vás por uma hora porque então
nessa hora se juntam as gotas do desvelo
e talvez toda a fumaça que anda buscando a casa
venha matar ainda meu coração perdido.
Ai que não se quebrante tua silhueta na areia
Ai que não voem tuas pálpebras na ausência
Não te vás por um minuto, bem-amada,
Porque nesse momento terás ido tão longe
que eu cruzarei toda a terra perguntando
se voltarás ou se me deixarás morrendo.”

Pablo Neruda

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OBJETO SUJEITO

você nunca vai saber
quanto custa uma saudade
o peso agudo no peito
de carregar uma cidade
pelo lado de dentro
como fazer de um verso
um objeto sujeito
como passar do presente
para o pretérito perfeito
nunca saber direito

você nunca vai saber
o que vem depois de sábado
quem sabe um século
muito mais lindo e mais sábio
quem sabe apenas
mais um domingo

você nunca vai saber
e isso é sabedoria
nada que valha a pena
a passagem para pasárgada
xanadu ou shangrilá
quem sabe a chave
de um poema
e olhe lá

PAULO LEMINSKY

Foto por Claude Bloc
.

Pacto

Aceito minha carne.
Minha fome.
As enrugadas falanges
dos meus dedos beatos.
Minhas faces equivocadas
diante do espelho embaçado.
Aceito meu refúgio.
Meu fabuloso abismo.
A santa esquizofrenia
das palavras sussurradas.
Aceito minha mentira.
Minha maldição.
Ofereço-me o corpo
às chicotadas de bambu.
Aceito esse coração trepidante.
A falta de sangue no olho.
Os ancestrais que se contorcem
envergonhados da minha fraqueza.
Aceito minha fraqueza.
A haste do capim queimada
pela sombra de uma formiga.
Aceito meu aneurisma.
As axilas friorentas.
O hálito denso.
O dorso da língua áspero.
As unhas anêmicas.
Os cílios ínfimos.
Aceito minha alma -
a obscura mendicância.
As coisas invisíveis,
a porta aberta,
os calafrios.
Aceito meu fim.
O remorso.
O cinismo.
O medo.
O último cafezinho,
a cafeteira suspirando.

Porque hoje é Domingo - Por Claude Bloc


DOMINGO

Aos domingos, ruas desertas
entorpecem o cenário,
parecem largas, parecem longas.

Aos domingos,
Dormem os sonhos de todos os homens
Dormem as cores matutinas
Dormem os cansaços para que os descansem.

Aos domingos
avida escorre morosamente
e se dispersa pela cidade.
O tempo pára e se acanha
e se espreguiça sem muita graça
caminha aos poucos pelos desvãos
dos meus anseios, tão displicentes.

E assim,
as ruas ficam mais largas,
o ar mais limpo, o sol desperto.
Os anjos tristes alargam os braços
e escondem as asas, impacientes
acompanhanhando todo o silêncio
dessa cidade de muita gente.

HOJE É DOMINGO


É domingo.
E aos domingos a vida gira,
E tudo volta ao princípio.
E a princípio, já é domingo
e o asfalto da rua corre sem pauta
por entre as pedras do calçamento
e leva consigo a imagem das flores,
a imagem dos dias que já se foram
Leva no vento o deslumbramento
do inesperado, da cor fagueira
leva o sabor do pensamento,
o olhar perdido, um novo aceno.

As ruas dormem neste domingo
Dormem as horas:
Hoje é domingo!
.
Texto e foto por Claude Bloc

Conversando com Norma Hauer - Por Socoro Moreira



Socorro,

Emilinha nasceu em 31 de agosto de 1923 e Dalva faleceu em 31 de agosto de 1972. Daí a confusão com as datas.
31 de agosto marcou as duas grandes estrelas de nossa música.
Ontem, dia 29, foi feita uma bonita homenagem a Emilinha na Rádio Nacional e no dia 26 a homenagem foi no Fluminense Futebol Clube. O salão estava lotado.

Jachson do Pandeiro nasceu em 31 de agosto de 1919. Lembro-me dele, mas não acompanhei sua carreira de perto.

Gosto mais de escrever sobre aqueles cuja carreira acompanhei para colocar sempre algo diferente, além das notas frias que se podem ver na Internet. Descritivas, mas nem sempre completas e às vezes, erradas.

Norma Hauer

- No Rio de Janeiro hospedei-me muitas vezes , por muitos anos em Copacabana , na casa de Rosali. Uma pessoa muito amiga e simpática de Valença-RJ. Seus hóspedes eram escravos dos seus quitutes e da sua alegria. Pois Emilinha Borba morava, no mesmo prédio, e era amiga da Rosali. Uma vez ela insistiu , que eu deveria visitá-la, e assim aconteceu. Subimos uns dois andares , e conheci o "sanctum sagrado" dessa diva do rádio . Fomos recebidas com simplicidade e simpatia. Ela mandou recados para o Ceará , e nos pediu para não esquecê-la. Mostrou-me fotos , fez depoimentos , e lá passei grandes e bons momentos.
Infelizmente não faço as minhas andanças com filmadoras, mas registro no coração a importância de cada momento de vida.
Socorro Moreira


Emilinha Borba 31/08/1923 03/10/2005


"Nasceu no bairro carioca da Mangueira, o que desde cedo selou sua ligação àquela escola de samba. Ainda criança começou a se apresentar em programas de auditório e de calouros no rádio. Sua fama foi se consolidando aos poucos e logo formou a dupla As Moreninhas ao lado de Bidu Reis, que durou pouco mais de um ano. Em 1939 gravou seu primeiro disco solo pela Columbia e conseguiu, com a ajuda de Carmen Miranda, ser contratada pelo Cassino da Urca como crooner. Assinou mais tarde com a Rádio Nacional, e lá ficou por 27 anos, tornando-se uma das mais conhecidas estrelas do rádio. Participou também de vários filmes. De 1968 a 1972 Emilinha esteve afastada dos microfones por um problema nas cordas vocais que a obrigou a fazer três cirurgias e longo estudo para reeducar a voz e poder voltar a cantar. Ganhou muitos títulos e prêmios nos anos 50, e seu fã-clube exaltado tem uma rixa eterna com o da cantora Marlene. As duas cantoras disputaram várias vezes o posto de Rainha do Rádio, mas mesmo assim gravaram juntas diversas faixas. Entre os grandes sucessos de Emilinha estão "Dez Anos" (versão de Lourival Faisal para a música de Rafael Hernandez), "Cachito" (Consuelo Velasquez, versão de A. Bougert), "Baião de Dois" (Luiz Gonzaga/ Humberto Teixeira), "Se Queres Saber" (Peterpan), "Escandalosa" (Djalma Esteves/ Moacir Silva), "Chiquita Bacana" (João de Barro/ A. Ribeiro), "Primavera no Rio" (João de Barro) e "Paraíba" (L. Gonzaga/ H. Teixeira). Emilinha faleceu aos 82 de infarto, em seu apartamento em Copacabana."


Lembro (de) vagar ... - Por Socorro Moreira

Metades:
Uma parte sabe que é ele
Outra parte sabe que é dele
.
( foto de Pachelly Jamacaru)

Aprendo sobre mim
Não é em ti que eu me escondo
.
(foto Nívia Uchôa)



Gotas nos olhos da cara
salpicam em folhas
de papel e flores
.

Vento não apaga
a tinta borrada
.
Folha se gasta
e a lagarta pinta !

(foto Lupeu Lacerda)

Socorro Moreira

Oitavo Mês

Sabedoria em mente aturdida
de fato não combina.

Mas tento uma ponte
entre o impulso e o silêncio.

Sobra uma pequena aranha
desde ontem imóvel na cerâmica.

Estratégia básica
para ludibriar os poetas
e abocanhar outros insetos.

Solitude - Por Claude Bloc


De repente me senti só. Olhei pro Blog e nada se movia. O contador mostrava insistentemente que eu estava sozinha, que a hora passava, que a rádio tocava. Mas não havia ali um sinal sequer de alguma alma vivente. Senti o frio da noite entrando pela janela e um arrepio me percorreu inteira. A sensação de estar ali (ou aqui) em plena e letárgica solitude, me assustou. Sabe-se lá quantas vezes isso possa ter ocorrido antes, mas nunca me havia dado conta, nem sentido tão agudamente a falta de meus amigos. Desta vez, porém, subitamente senti o peso do silêncio e o vazio das palavras.

Fixei o olhar na copa das arvores lá fora. Mal dava para adivinhar o seu contorno, mas sabia que o vento fazia festa na folhagem. Olhei para o mundo, só vi escuridão. No céu, as estrelas me insultavam piscando desaforadamente. Tentei despistar a sensação de desconforto, mas nada dava certo. Televisão pra quê? Por acaso alguém agüenta assistir a esses programas sem sentido num dia de sábado? Virei o rosto para a lua. De longe ela parecia escarnecer-se de minha aflição. Logo ela, que tanto me inspira e que sempre é minha amiga!

E fui afundando em lembranças. Mexendo nuns textos. Busquei muita coisa, mas nada me pereceu oportuno ou prático. Fiquei atenta aos sons da noite. De longe parecia ouvir o marejar das águas e a cantiga irritante de um grilo me fez perceber que a vida lá fora está em pleno curso: o mar esbravejando nas areias, os cachorros anunciando os mistérios da noite. E eu aqui cismando com esta minha sensação de desamparo.

Pensei comigo: hoje é sábado. Todos saem no sábado, menos você, Dona Claude. Mas lembrei-me de que hoje eu saí: fui à praia. Molhei os pés no mar. Deixei-me beijar pelas espumas. Senti a energia das águas escoando em mim com a força da maré crescente. Mas de que isso me adiantou se não tem um só texto novo por aqui? Se ninguém comenta, se nada acontece? Onde vou pôr este sorriso que quer ancorar em alguma palavra bonita da Socorro, em algum pensamento do Bernardo, em alguma crônica do Zé Flávio, Zé do Vale, Roberto Jamacaru, Emerson, Ana Cecília, Maria Amélia e tantos outros colaboradores nossos? Onde no domingo, posso ler à poesia do Domingos, as presepadas do Nilo, as histórias da Stela, a arte de Edilma, a placidez de Joaquim? Onde vou ver cores mais bonitas e cenas mais inspiradas que nas fotos do Pachelly? E os causos de Carlos Eduardo, e o sorriso bondoso de Magali onde posso encontrar? Enfim, os Rafaéis e todos os que nos prestam ajuda, como posso ficar sem toda essa gente que compõe essa tessitura que é o Cariricaturas?

Aos poucos e só então, entendi que estou atada aos meus amigos. Que me faz bem esse movimento, esse carinho, essa alegria que nos toca de uma forma tão simples quão intensa. Que é bom ter este espaço. Esta praça onde todos se sentam em roda pra papear. Onde o passado se emenda com o presente para reescrevermos a história de nós todos.

Pois é, e vejo que já deu meia-noite. Fico tentando empurrar alguma música dentro de mim para apascentar a inquietude. Vou dormir, tenham bons sonhos.

Boa noite, amigos. Ou seria BOM DIA?
.

Bievenido Granda - Total