Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

sábado, 14 de agosto de 2010

Um sábado especial !


É  sempre especial o dia , na casa de Fátima.
João Marni muda o repertório musical ( hoje ouvimos Raul Seixas  cantando  em inglês´: sensacional!), e prepara  deliciosos  quitutes.
Maria Alice  faz parte do show  com o sol da alegria. Hoje ela sofreu uma pequena queda , machucou a boca, e preocupou a todos. Mas, logo, logo, voltou a sorrir.
Lôra nos mata de rir , como contadora de causos. Toda história  tem  um fundo  informativo. Ela passa, no hilário, a sua maturidade, e falas de mulher politizada.
Esqueço o mundo, esqueço a vida, e aprecio a descontração do Victor , que tão bem se integra àquela família.
Depois do café com bolos é hora da despedida. Até o próximo sábado... Diz a minha vontade !


Bernardo Guimarães



Bernardo Joaquim da Silva Guimarães (Ouro Preto, 15 de agosto de 1825 — Ouro Preto, 10 de março de 1884) foi um romancista e poeta brasileiro, conhecido por ter escrito o livro de nome A Escrava Isaura.

Oscar Peterson



Oscar Emmanuel Peterson (Montreal, 15 de agosto de 1925 -- 23 de dezembro de 2007), foi um pianista de jazz canadense. Oscar Peterson é considerado por muitos críticos como um dos maiores pianistas de jazz de todos os tempos (Scott Yanow, 2004).


Seus parceiros musicais mais constantes são os contrabaixistas Ray Brown e Niels-Henning Orsted Pedersen e os guitarristas Herb Ellis e Joe Pass.

Euclides da Cunha


Euclides Rodrigues da Cunha (Cantagalo, 20 de janeiro de 1866 — Rio de Janeiro, 15 de agosto de 1909) foi um escritor, sociólogo, repórter jornalístico, historiador, geógrafo, poeta e engenheiro brasileiro.

A presença de Miguel Arraes - Por Ana Arraes



14/08/2010
A presença de Miguel Arraes

Ana Arraes*
Há cinco anos morria meu pai o ex-governador Miguel Arraes. Naquele dia, a minha sensação era de que, junto com ele tinha ido embora não apenas um pai, mas tudo que ele representava para o povo pernambucano. Achava que seus atos, suas opções, seus pontos de vista, seriam apenas registros fragmentados em livros de História. O tempo, contudo, me mostrou que a sua força se mantém viva. Para a família, ele deixou muitas lições, como se fosse uma herança. Apontou um caminho que tivemos que trilhar com nossas próprias pernas, mas levando nas mãos uma bússola por ele confeccionada com afinco. Para a população, ele ficou como uma marca que não se apaga.
Descobri tudo isso em parte convivendo com os que me cercam. Porém, descobri muito mais com o povo a quem meu pai dedicou sua vida. Foi andando pelas ruas do Recife, pelos canaviais da Zona da Mata e pelas áridas paisagens do Agreste e Sertão que entendi como o povo via "Dr. Arraes". Hoje gostaria de me dirigir a ele como se fosse possível voltar a sentar na rede do terraço de casa e contar o que acontece por aqui:
"Pai, é com muita alegria que lhe digo que os seus sonhos estão se tornando realidade. Seu neto Eduardo, meu filho, ao conquistar, em 2006, o Governo do Estado, não se afastou daquilo que foi o seu maior propósito: melhorar as condições de vida dos mais carentes e fazer o Estado crescer. Agora, ele disputa a renovação do mandato levando na bagagem obras que você tentou de todos os modos implantar em Pernambuco e não conseguiu em virtude da perseguição política que lhe foi impingida pelos detentores do poder federal, apoiados pelos nossos adversários locais.
Não posso esquecer da maneira como tais opositores trataram Pernambuco nas três vezes em que você foi governador, retendo recursos, cortando qualquer possibilidade de grandes investimentos e montando um discurso em cima de mentiras. Graças à garra que tivemos e à vontade de fazer valer as necessidades do povo, pondo em prática seus ensinamentos, superamos este tempo. Trouxemos para cá tudo que você idealizou: estaleiros, refinaria de petróleo, inúmeras fábricas que se instalaram em Suape, um pólo farmacoquímico implantado em Goiana e, realizamos a interiorização do desenvolvimento. Basta dizer que hoje temos 22 pólos industriais.
Mas tudo isso foi feito dentro da perspectiva do povo, criando empregos, capacitando pessoas, investindo na educação e no avanço tecnológico. Ações sociais também não faltaram. Já inauguramos dois grandes hospitais na Região Metropolitana, criamos Unidades de Pronto Atendimento em diversos bairros e municípios e estamos levando a saúde para as regiões mais distantes. O Programa Chapéu de Palha, criado por você para atender aos canavieiros desempregados na época da entressafra da cana-de-açúcar, f oi transformado em lei e estendido a todos dos municípios onde a agricultura é sazonal. Com tudo isso na bagagem Eduardo, com certeza, continuará governando Pernambuco.
Quero lhe dizer que em nossos contatos com o povo, todos relacionam as obras atuais com as que você defendia. Não existe um discurso ou uma conversa onde seu nome não seja lembrado. Miguel Arraes não se esvaiu no tempo. Olham para nós e percebem o quanto trazemos do que você nos ensinou. Compreendem que não nos afastamos dos seus compromissos nem de sua visão de mundo.
Eleita deputada federal, trabalhei em Brasília para viabilizar tudo aquilo que viesse a transformar a vida da nossa população. Parto para outra eleição, meu pai, consciente de que cumpri o meu papel e defendi com todo empenho as suas idéias. Com a expectativa da reeleição continuarei este trabalho que tanto me gratifica. Não posso deixar de lembrar Marília, sua neta, a nossa representante na Câmara de Vereadores. Ela não esqueceu do que aprendeu com você. Sua mulher, assim como seus outros filhos e netos, cada qual à sua maneira, contribuem para tornar realidade o sonho que acalentamos: o de garantir uma vida digna para todos. Até o pequeno José, seu bisneto e filho de Eduardo, tem participado desse processo, acompanhando Eduardo nos atos de campanha.
Pai, sentir saudade é inevitável. Mas junto com a saudade me vem o sentimento da sua grandeza e do reconhecimento que as pessoas têm do seu comportamento diferenciado, do seu carinho e atenção por trás de um semblante aparentemente sisudo. O nosso povo espera que continuemos o que você tantas vezes começou e tantas vezes recomeçou, lutou e sofreu. Gostaria de lhe dizer que não medimos esforços para isso."
*Deputada estadual (PSB-PE)


Brumas

Prometo então que te deixarei
tão vã quanto desconhecida
abstrata
sem nome.

Não te apartarei dos sentidos
da falta e da ausência
nem do pleno vazio.

Prometo então que te deixarei
andar com as próprias asas
e guardarei meus óculos
embaçados de gordura
e de lágrimas.

Dentro do banheiro
ao observar as formiguinhas
desesperadas com a minha voz
correndo entre cantos e fendas

levantarei os pés cauteloso
para que elas se cuidem
sob meus chinelos.

Sei o quanto é doloroso
quebrar costelas e contorcer-se
rodopiando pelo frio do piso.

Prometo então que te deixarei
oculta no meu depressivo silêncio
também nos meus particulares sussurros.

Não te forjarei outra vida
nem ousarei aflorar a sequidão
dos meus lábios.

Serás o de sempre:
névoa e pedreira
sobre ombros
colada nos cílios.

Prometo então que te deixarei
em paz, rica e perfumada
a zombar da minha angústia.

Não é bom nem vistoso
o sangue do meu nariz.

QUE REI SOU EU?

Pedro Esmeraldo

Do tempo de minha infância, lembro-me de uma música carnavalesca intitulada “Que rei sou eu: sem reinado e sem coroa, sem castelo e sem rainha, afinal que rei sou eu?”.

Nesse caso, confronto esta música carnavalesca com a posição dos políticos do Crato e seus filhos, que permanecem acomodados diante das fronteiras de comportamento injurioso provocado pelos inimigos número um desta cidade, que são os políticos carcarás que vem de fora e que aqui permanecem durante a campanha eleitoral.

Antes, Crato era possuidor de um rei dinâmico, oportuno, vibrador, mas neste caso, após o início da década de oitenta, o rei cratense caiu no anonimato, sem castelo e sem coroa, sem reinado e sem rainha. Afinal, quem exerceu essa posição de rei e deixou o Crato cair na bancarrota? O que o Crato possuía de bom foi surrupiado pelos piratas inimigos, astuciosos, manobristas, já que dominam esse povo com palavras entorpecentes a fim de levar o que a cidade tem de melhor qualidade. Esse rei enferrujado se desgastou pela força corrosiva do tempo.

Seus filhos (os da cidade), principalmente os políticos, acomodam-se e se despedem facilmente das canseiras políticas. Não enfrentam mais as poeiras dos corruptos eleitoreiros. São barrados por simples palavras lisonjeiras e fogem da luta e não enfrentam os desafios que ocorrem constantemente nesta cidade. São corroídos pela ganância de seus seguidores. Não possuem rainha que venha orientar e encorajar quando se defrontam com as dificuldades. Não há nenhuma manifestação contrária para que possam reagir contra os disparates pecaminosos, tudo isto estimulado pela fraqueza de seus auxiliares, o que com certeza, o rei destronado não substitui por motivos alguns e que ninguém possa entender.

É preciso que haja uma renovação de valores, colocando jovens autênticos e eficientes, que tenham disposição para o trabalho, principalmente trabalhando com amor ao Crato. Só assim poderá conseguir um rei autêntico, valente e que tenha boa vontade de trabalhar e esboçar coragem para trazer boas perspectivas e construir um novo castelo com reinado e com rainha.

Crato-CE, 13.08.2010

Beijos Insanos. Liduina Vilar


Beijos malucos é quando o humano se permite
beijar numa estrada escura, sem lamparina nem lampião
para" alumiar," e ainda não tem medo do lobo lhe alçar e
carregar para longe.
Beijos loucos são aqueles que retiram temporariamente o
oxigênio das vias respiratórias.


Gostaria que continuassem o assunto colocando cada um sua
opinião sobre o beijo e o beijar.

Vida itinerante de uma bancária (VIII) - por Socorro Moreira

Agosto de 1982

E um caminhão  de mudança pegou a estrada de Minas.Uberlândia, no Triângulo Mineiro, meu próximo destino !

Assumi no Cesec, num horário especial : das 18 às 22 h. Tenho o dia pra cuidar da casa , e dos filhos, na idade escolar.
Trabalho na digitação, um trabalho manual, repetitivo, que nos permite intervalos de folga de meia, em meia hora. O lanche é bem legal, e dá pra papear  com os colegas de sina. Nicodemos foi um deles. Nos conhecemos, justo nessa época ! Ele era um bancário querendo ser artista, músico ( sua verdadeira vocação). 
Pegava carona  no final do expediente, na garupa da sua moto. Frio imenso ! Parávamos num barzinho pra ouvir um violão, e bebericar um conhaque.
Uberlândia é uma cidade progressista, mercantilista, e por lá o dinheiro corre mais fácil do que no interior do Ceará. A festa de  Exposição Pecuária  é um evento anual de destaque !
Apesar da influência da música sertaneja, encontramos músicos que  divulgam  a MPB  da mais fina origem, como o pessoal do Clube da Esquina. Lá aprendi a gostar dos meninos, mais ainda !
-Milton, Toninho Horta, Beto Guedes, Ivan Lins, L.Borges, etc.
Finais de semana passeando em Araxá, Patrocínio, Caldas Novas, Uberaba, e até Belo Horizonte e Sampa, mudavam a minha rotina.
As pessoas me ensinaram  uma alimentação mais rica. De todo Brasil, Minas tem uma culinária especialíssima !
Mas não consegui me achar naquelas terras. Pedi remoção de volta para o Ceará, oito  meses depois.
E ela chegou com desligamento imediato para a Ag. de Juazeiro do Norte, no Ceará.
O caminho de volta foi feito num chevette , cantando Chico e Francis Hime, e com um gostinho de pão de queijo na memória.. A chegada , fica para o próximo  bloco.

O quarto segredo de Fátima

Florípio sabia-se retrô, meio ultrapassado: como um urinol, uma espingarda soca-soca, um tabaqueiro. Mas que jeito ? Até que tentou se atualizar um pouco, mas desistiu. Homem agora é um tal de emo ou de homo; moça é apenas um tipo de leite condensado; veado é promoter! Desisto, tô fora, não dá prá mim ! Solteirão convicto, colecionava uma dezena de namoradas, escolhidas a dedo, pela variedade e não pela beleza ou pelo dinheiro. Caixeiro viajante aposentado, Florípio desenvolvera uma lábia de derrubar Boing 747. Língua de veludo, arrodeava a pretendida com técnicas de um mestre-salas, cobria-a de mimos, enviava flores e torpedos; sabia como poucos lamber a alma feminina e deixá-la em ponto de degustação. Daí, certamente, terá vindo sua fama de limpa-trilho, de tsunami, de terra-de-cemitério. Ultimamente , mais escondido do que puta de cardeal, envolvera-se com a esposa de um militar aposentado. Chamava-se Fátima. Esbarrara com ela em um supermercado e, enquanto perguntava sobre a seção de floricultura, ela pareceu interessada diante daquele romantismo obsoleto . Conversa vai, conversa vem e rolou um clima entre uma e outra bromélia. Florípio percebeu que enveredava por um esporte radical: o marido era brabo como um gato acuado e não aparentava ter cabeça apropriada para adornar-se de chifres. Mas clima é clima e o risco mostrou-se uma adrenalina a mais na relação. Nosso D. Juan nem atinou na proximidade ortográfica entre sêmen e sangue. E, com tanta boca de maçarico existente neste mundo de meu Deus, qual é o segredo que se agüenta incólume? Nem o de Fátima!
Há alguns dias o Cel Mascarenhas, o sócio de Florípio, marcou viagem para capital. Até hoje não se sabe bem se já desconfiava de alguma coisa e armou o alçapão ou se o flagra teria sido mero acaso. O certo é que nosso Caixeiro viajante estava à noite, deitado na cama com a namorada, de frozô, quando ouviu , apavorado, fortes pancadas na porta. A mulher, atarantada, percebeu, claramente, que a voz era nada mais, nada menos que a do marido. Nem teve tempo de avisar do perigo. A casa , de sobrado, não tinha muitas rotas de fuga e o quarto era no primeiro andar. E medo é bicho diminuidor de distâncias e encurtador de alturas. Florípio pensou com as pernas. Nu, pegou as roupas e os sapatos e saltou pela janela, sem contar conversa. D. Fátima maquiou, rapidamente, a cena do crime, antes de abrir a porta para o marido desconfiado que invadiu a casa procurando por uma caça possível, como um cão perdigueiro.
Por sua vez, Florípio, ao bater no chão, pareceu um jacu baleado, saiu numa na carreira desabalada, como se sentisse o bafo de Mascarenhas no cangote. Era noite alta e, para sua felicidade, as ruas estavam vazias. Quando dobrou a primeira esquina, no entanto, notou que a sorte o havia abandonado. Entrou justamente no meio da Procissão de Senhor Morto. Cidade escura, ainda sem energia, apenas as velas, nas mãos das beatas, emitiam uma luz fosca e bruxuleante.Florípio meteu-se no meio da turba e que jeito ? Fingiu-se de fiel, baixou a cabeça e saiu andando lentamente, balbuciando aquilo que se podia imaginar fosse uma oração. Passados alguns instantes, um velho que andava a seu lado, acompanhando o séquito, percebeu, por fim, a nudez do romeiro. Estupefato, perguntou que diabos era aquilo. Florípio, então, usando artes da profissão , desdobrou: estava pagando uma promessa. Disse que prometera aquela penitência, em caso de ter seu pleito atendido. O velho engoliu a explicação meio a contragosto, como se tratasse de farinha de mucunã. Mais alguns passos e, percebendo várias marcas vermelhas no peito e no rosto , parecendo baton, o velho continuou o inquérito: que diabos de vermelhão pelo corpo é esse, meu senhor? Florípio, então, falou que era penitente e que antes de vir à procissão, havia passado por um ritual de auto-flagelamento. O velho engoliu este outro bocado, a seco, com cara de quem vai se entalar. Confuso, fitou a nudez do vizinho , mais uma vez, e interrogou:
---- Meu amigo, se mal pergunto, que diabos de graça importante foi essa que você alcançou ?
Florípio, sem entregar os pontos, respondeu:
--- Meu amigo, vi nesses dias, o alagamento daquelas cidades de Pernambuco pelo rio Una. O povo passando fome, sem casa, sem roupa, no meio da chuva. Até os cachorros, carneiros, gatos, no meio da rua, sofrendo. Peguei-me então com São Expedito, aquele das causas impossíveis e de repente as coisas começaram a se resolver, graças a Deus. Tô aqui para pagar a minha promessa.
O velho, fitou Florípio de cima abaixo e fechou questão:
--- É verdade, camarada. O santo é milagroso. O povo todo já tá de casa nova e comida farta. Os animais abrigados. Tô vendo que até o seu pinto, depois do alagamento, já ganhou uma camisinha...

J. Flávio Vieira

Tempo - por Claude Bloc


Sim, tenho tempo. Pouco? Muito? Não sei.

Acontece que o danado do tempo é fugidio: escorre pelo ralo nas enxurradas, esvai-se em preguiça nos dias tardios, perde-se, simplesmente se perde, quando nos perdemos dos nossos quereres.

Agora, para mudar o rumo da vida, passarei a contar os dias em luas e sóis e, assim, eu e somente eu mesma entenderei meu próprio relógio.
Claude Bloc

The Beatles - Something

Free as a bird - The Beatles

Am I so free?