Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

sábado, 9 de outubro de 2010

Outubro...

Pela ordem, Daniela (filhota), Victor (netinho), Dominique (mana) e atrás,  eu (quem não sabe?)


Incrível como em outubro tem gente aniversariando na minha família!

São pelo menos 7ou 8, fora os que já se foram...
Em novembro tem outra leva.
Em dezembro, outro tanto.

Felizmente (pro meu bolso) perdi o hábito de presentear... (risos efusivos).

Parabéns aos aniversariantes de outubro !


Obs.: (Na foto, aniversariantes Daniela e Dominique)
No roçar das horas
- Claude Bloc -


Eis que o tempo gira
E o dia termina
no redemoinho das horas.

Eis que o sol acerta os eixos
e os ponteiros se torcem
no final da tarde.

Eis que o sol adormece
enquanto o tempo se entorta
enquanto se fecham as portas.

Eis que a noite se achega
quando o vento se acalma
quando o sereno se enrosca
no roçar das horas,
confundindo-me,
fundindo-me
com o passar
do dia...

E na última hora,
em plena agonia
a luz esmorece
deitada nos seixos,
deitada na rua,
deitada na serra
no grito avermelhado do horizonte.

Claude Bloc

Sábado musical...

My first, my last, my everything...
Barry White


Sábado musical...

"Just the way you are"
Billy Joel
Live 1977


... easy like this

Sábado musical

My kind of lady
Supertramps


Para sonhar e dançar...

Astrud Gilberto - I will wait for you







Para Socorro e Claude. Lembrei de vocês.

Rebentos queridos - José Nilton Mariano Saraiva

Depois que conscientemente o povo cearense lhe impôs a mãe de todas as derrotas, num indesmentível e retumbante indicativo de desaprovação absoluta ao seu medíocre desempenho no Senado Federal (e literalmente expulsando-o da vida pública), o chefe tucano cearense Tasso Jereissati apressou-se em anunciar sua disposição de pendurar as chuteiras e dedicar-se aos netos (o que já deveria ter feito há muito tempo).
No entanto, como o poder se alimenta e se revigora de hipocrisia em estado latente, nem bem sentou a poeira da acachapante derrota o senhor Tasso Jereissati resolveu exercitar sua até então desconhecida verve humorística ao anunciar, em reunião solene com a tucanada depenada, que se engajará na campanha presidencial de José Serra objetivando algo surreal: fazer com que o intragável presidenciável tucano obtenha mais votos que Dilma no Ceará. Só pra refrescar a memória, no primeiro turno o candidato oriundo de São Paulo conseguiu míseros 16,36% da preferência do eleitorado cearense, contra 63,3% de Dilma (particularmente, apostamos no aumento dessa diferença, no segundo turno).
Sem carisma, sem cacife e, sobretudo sem voto (como comprovadamente demonstrado nas urnas), o senhor Jereissati deveria, sim, se conscientizar que sua vez já passou, que seu reinado já era, e que o povo cearense cansou da sua arrogância e prepotência.

VAMOS CANTAR COM LENNON

POESIA NUNCA É DEMAIS

CATAR FEIJÃO

João Cabral de Melo Neto

Catar feijão se limita com escrever:
joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.

Ora, nesse catar feijão, entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a com o risco.

Os Prêmios Nobel da Semana - José do Vale Pinheiro Feitosa

Dois russos, um Peruano e um Chinês se destacaram na máquina de tornar famosos, alguns já famosos e outros nem tanto, do Prêmio Nobel. Os Vikings continuam em seus Drakar, movidos a remo e vela, pelos mares da política Européia fazendo saques rápidos para fustigar certos impérios e ajudarem a outros.

O prêmio Nobel dados aos russos foi pelo desenvolvimento de uma “ultrapelícula” com apenas um átomo de carbono e que dará um salto enorme no processamento de informações e ao potencial em geral dos circuitos eletrônicos. É um prêmio mais técnico, mas aponta o caminho para os investimentos futuros: em quem e no quê.

Já o Prêmio de Literatura atribuído ao Vargas Llosa tem um dom fantástico de politizar. Primeiro dando uma martelada na ferradura, as línguas latinas tão esquecidas ao prêmio. Afinal o prêmio é o espelho da potência editorial das línguas Anglo-Saxônicas. Os Italianos e Franceses de vez em quando. Mas Espanhol e Português é a grande premiação negada. O Brasil nunca foi. Não tem mercado editorial?

Outra coisa é o próprio Vargas Llosa um escritor que milita num feroz neoliberalismo, que combate a esquerda latino-americana. Com isso o prêmio fatalmente se associa a este componente do escritor. A outra coisa é a fábula do fotógrafo cego. O político Vargas Llosa é incapaz de compreender as próprias narrativas que constrói, de denúncia da violência contra os pobres e as minorias.

O Prêmio da Paz ao Chinês é o mais politizado de todos. Aliás, sempre foi. Mas nesse ano é a prova cabal que os desdobramentos da crise econômica mundial estão em curso acelerado para o conflito. A questão interna da democracia chinesa é igual a zero para os investimentos estrangeiros no país, para as reservas chinesas nas letras do tesouro americano e outros interesses maiores.

A questão é que a equação chinesa e americana na crise se encontra em dificuldade. O Dólar, o Yuan, o Real e muitas moedas do mundo precisam de um acordo em que não se permita uma guerra cambial que aprofunde a crise muito mais ainda. Acontece é que a contradição no mercado mundial é muito grande. Parecem inconciliáveis.

Os EUA querem a desvalorização rápida em mais de 20% do Yuan. Quer a saída da sua crise apertando o outro. Os EUA se tornaram um país de consumidores, está se desindustrializando, prevalece o emprego no setor de serviços e todas as marcas que pegam nas prateleiras têm “made in out EUA”.

O Nobel da Paz serve de combustível para o embate entre a primeira e a segunda economia do mundo. Democracia, direitos humanos, liberdade política, faz parte da pantomima de cenário a esconder outro drama. O drama do conflito generalizado tão comuns nas crises econômicas mundiais.

Por João Cabral de Melo Neto




Da lagoa da Estaca a Apolinário

Sempre pensara em ir
caminho do mar.
Para os bichos e rios
nascer já é caminhar.
Eu não sei o que os rios
têm de homem do mar;
sei que se sente o mesmo
e exigente chamar.
Eu já nasci descendo
a serra que se diz do Jacarará,
entre caraibeiras
de que só sei por ouvir contar
(pois, também como gente,
não consigo me lembrar
dessas primeiras léguas
de meu caminhar).

Deste tudo que me lembro,
lembro-me bem de que baixava
entre terras de sede
que das margens me vigiavam.
Rio menino, eu temia
aquela grande sede de palha,
grande sede sem fundo
que águas meninas cobiçava.
Por isso é que ao descer
caminho de pedras eu buscava,
que não leito de areia
com suas bocas multiplicadas.
Leito de pedra abaixo
rio menino eu saltava.
Saltei até encontrar
as terras fêmeas da Mata.

João Cabral de melo Neto


Estátua de João Cabral de Melo Neto no Recife

João Cabral de Melo Neto (Recife, 9 de janeiro de 1920 — Rio de Janeiro, 9 de outubro de 1999) foi um poeta e diplomata brasileiro. Sua obra poética, que vai de uma tendência surrealista até a poesia popular, porém caracterizada pelo rigor estético, com poemas avessos a confessionalismos e marcados pelo uso de rimas toantes, inaugurou uma nova forma de fazer poesia no Brasil.

Irmão do historiador Evaldo Cabral de Melo e primo do poeta Manuel Bandeira e do sociólogo Gilberto Freyre, João Cabral foi amigo do pintor Joan Miró e do poeta Joan Brossa. Membro da Academia Pernambucana de Letras e da Academia Brasileira de Letras, foi agraciado com vários prêmios literários. Quando morreu, em 1999, especulava-se que era um forte candidato ao Prêmio Nobel de Literatura.[1]
wikipédia

Jacques Brel


"Jacques Romain Georges Brel (Ltspkr.png pronúncia do nome em francês) (Schaerbeek, 8 de Abril de 1929 — Bobigny, 9 de Outubro de 1978) foi um autor de canções, compositor e cantor belga francófono. Esteve ainda ligado ao cinema de língua francesa. Tornou-se internacionalmente conhecido pela música Ne me quitte pas, intepretada e composta por ele."
Em alfa
- Claude Bloc -


Olhos e olhares
reparando o céu,
fazendo vistas grossas
cedendo ao azul.
É assim que me vou,
que sigo meu caminho...
sem asas
ao sabor da aragem
que o pensamento sopra.
Sigo inconstante e leve,
rumo ao azul;
e depois mergulho
no finito interior de minha alma.
Percebo que já não estou
e entendo que já não sou
senão a projeção da distância
do caminho que se repete,
e se perde no esquecimento.
Sendo assim aqui estou
eu de novo
em alfa e beta
onde me abro
num só espaço!

Claude Bloc

Lennon aos 70 anos de idade? - José do Vale Pinheiro Feitosa

E John Lennon hein? Se ainda fosse vivo estaria completando hoje (8 de outubro) 70 anos de idade. E este “se” nos leva a imaginar coisas.

Estaria o Lennon passeando num “of Road” pelas trilhas aburguesadas das últimas terras ditas indenes dos EUA, mas que já de muito estão contaminadas? Teria abandonado o Central Park e moraria num Rancho da Califórnia, tão imenso e desmedido como as fantasias de todos os milionários?

Ou o nosso Lennon continuava um rebelde, dando murros em ponta de faca, tendo sido expulso dos EUA por Bush e ido morar nas Ilhas Virgens por suas posições contra as guerras do Iraque e do Irã? Estaria futucando o Obama pelo desemprego que acabará com uma geração inteira de trabalhadores nos EUA? Ele hoje estaria fazendo perguntas sobre a escolha do Prêmio Nobel da Paz para o dissidente chinês. Um prêmio que tem muito pouco de paz, mas serve para fustigar dentro da guerra obscura das moedas subvalorizadas?

E Lennon ainda estaria com a seiva criadora da música ou como o Chico se retira para escrever romances? Quem sabe ainda manteria a criatividade, agora amenizada, ao gosto das salinhas de classe média? Como o nosso Caetano Velloso estaria na campanha dos Republicanos, mesmo sabendo do Tea Party de madame Palin?

Como seria o Lennon aos setenta anos se aquela bala mortal não fizesse fugir o seu sopro de vida? E muito nos conforma aquele momento radical que não permitiu um quadro de aceitação integral do sistema a quem condenava?

Mesmo assim a nossa imaginação poderia pensar muitas coisas. Uma delas é que ou ele tinha partido para uma ruptura definitiva ou se acomodaria mesmo que mantendo suas posições liberais. Certamente que a pasmaceira dos anos 80 e 90 e os 10 do segundo milênio morreu. A pasmaceira morreu em 2008.

Agora é a crise. E na crise as rupturas recomeçam. Umas autoritárias e outras libertárias. Estamos nos anos jovens do jovem Lennon. Retornamos a eles. Vamos viver muitos solavancos.