Criadores & Criaturas
"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata."
(Carlos Drummond de Andrade)
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domingo, 24 de outubro de 2010
Johann strauss ( filho)
Georges Bizet
Pablo Picasso
Nós e o mar - Roberto Menescal
Lá se vai mais um dia assim
E a vontade que não tenha fim
Esse sol
E viver, ver chegar ao fim
Essa onda que cresceu morreu
A seus pés
E olhar
Pro céu que é tão bonito
E olhar
Pra esse olhar perdido nesse mar azul
Uma onda nasceu
Calma desceu sorrindo
Lá vem vindo
Lá se vai mais um dia assim
Nossa praia que não tem mais fim
Acabou
Vai subindo uma lua assim
E a camélia que flutua nua no céu
Eu sou fã de Roberto MENESCAL !
Roberto Batalha Menescal (Vitória, 25 de outubro de 1937) é um músico brasileiro. Foi um dos fundadores do movimento bossa nova.
Participava das reuniões no apartamento da cantora Nara Leão, na Avenida Atlântica, em Copacabana, onde o movimento começou. Menescal é um dos mais importantes compositores, ao lado de Tom Jobim, Carlos Lyra, Vinícius de Moraes. Criou canções que hoje são consideradas hinos do movimento e da própria música popular, como O barquinho, Você, Nós e o mar, Ah se eu pudesse, Rio, entre outras. Ronaldo Bôscoli é um de seus parceiros mais constantes.
Suas canções quase sempre apresentam o mar como temática.
Como músico, acompanhou em shows e gravações, Nara Leão, Wanda Sá, Sylvia Telles, Lúcio Alves, Maysa, Aracy de Almeida, Dorival Caymmi, Elis Regina, entre outros.
Tocou ao lados dos músicos Luiz Eça, Luiz Carlos Vinhas, Bebeto Castilho, Hélcio Milito, Eumir Deodato, Ugo Marotta, Sergio Barrozo, Oscar Castro Neves, João Palma, Edison Machado, Wilson das Neves, Antônio Adolfo, Hermes Contesini, José Roberto Bertrami, João Donato e tantos outros.
weikipédia
A liberdade das raposas no galinheiro - José do Vale Pinheiro Feitosa
Caro amigo,
Você vai achar que é provocação, mas não é. A respeito do debate sobre censura à imprensa ou à liberdade de expressão. Como é do teu conhecimento teve aquele episódio da Maria Rita Kehl no Estadão que mostrou uma tremenda contradição à linha de defesa da liberdade do jornal, que em editorial, muito melhor que outros, mostrou que tem lado nesta campanha. Isso é correto, como fez o Mino Carta. Mas aconteceu. Depois o PSDB denunciou a Revista do Brasil ao TSE e este apreendeu a tiragem inteira que é de 360 mil exemplares e proibiu sua leitura on line.
Não me pergunte o que motivou ou se tinha razões para assim proceder. Não por que o argumento da liberdade de expressão não é relativo. Não pode ser por que a revista foi financiada pela Cult ou o Estadão pelo sistema financeiro, ou para melhor comparação pela FIESP. O tema tem que se encontrar na raiz. E na raiz, aparentemente, a Revista não fez mais ou menos do que fazem a Veja, o Estadão e a Folha de São Paulo. Convenhamos, o TSE censurar uma revista para um público específico e financiada por setores de trabalhadores e classe média é mais fácil do que censurar empresas. Nisso reside este discurso contraditório da censura nos dias atuais.
Além do mais não teve nenhuma manifestação de defesa da revista por parte Associação Nacional dos Jornais (ANJ), cujo presidente é Judith Brito, funcionária do grupo Folha e que em abril deste ano disse que a imprensa iria fazer o papel da oposição. Então entramos no campo do cinismo do mais forte: abrem o bico longo para condenar o que fazem os países mais adiantados, mas se calam num caso deste.
Em outras palavras, pedi uma troca de opiniões com você pois vejo aí a única opção de ter uma racionalidade. Estas gritas de interesses cruzados terminam se anulando e a sociedade é que perde. Não vou defender aqui especificamente qualquer meio de comunicação, mas acho por bem discutir a liberdade de expressão, ampla e geral. Falta o irrestrito para completar a frase do tempo da ditadura: neste caso o irrestrito não pode ser da raposa no galinheiro. Tem de haver a proteção das aves e que não são as “galinhas verdes” que costumam ocupar o centro do debate.
Abraços
José do Vale
"UMA APRENDIZ DE PINTORA AOS 86 ANOS"
RENASCENDO COM AS CHUVAS DE VERÃO - Por Edilma Rocha
tentando dormir...
Seus olhos perdidos
e embriagados
sob efeito das drogas
do sono.
No interior do quarto
o frio tremia nas cobertas
e a dor batia forte
no peito.
Uma TV chiando
sem expectador algum...
Na tela do computador
as caretas assistiam
a fuga do poeta.
Lá fora os pingos fortes
da chuva de verão
batiam na vidraça
cobertas por cerradas
cortinas azuis.
Batiam fazendo
um convite para acordar
e renascer para a vida
entre flores
das mangueiras
e chuvas de verão.
ENTREVISTA-DORES
João Nicodemos
Os programas de entrevistas a que temos acesso pelos canais de TV seguem modelos já consagrados nas emissoras internacionais. São os chamados Talking Show, como os programas apresentados por Jô Soares e Marília Gabriela. Não tenho o hábito de assisti-los e quase não vejo TV, mas vez por outra presto atenção e, conforme percebo, a ânsia de comentar e demonstrar conhecimento sobre os assuntos apresentados, às vezes transformam os programas em debates de opiniões onde sempre vence o (a) entrevistador (a) “donos do campo e da bola”. Muito comum tratar um assunto sério como motivo de piadas pelo simples fato de não ser do interesse ou conhecimento dos entrevistadores, deixando grande parte da audiência desinformada ou inconformada com a condução do assunto, muitas vezes de interesse público.
Dia desses, numa entrevista com eminente psiquiatra onde eram tratados assuntos como saúde mental, violência e afins, o tema recorrente das drogas surgiu (neste ponto, muitos leitores e telespectadores “mudam de assunto”), e diante da pergunta “o que é que tem por trás de um simples baseado?” ficamos sem ouvir a resposta. A perguntadora atropelou a com um comentário pessoal e deixou os expectadores na expectativa. Mas isso me levou a continuar examinando este assunto, e procurar respostas para a tal pergunta: O que é que tem por trás de um simples baseado? (que pra quem não sabe é um cigarro de maconha). Cheguei a algumas possibilidades de resposta e passo a enumerá-las:
· Plantações ilegais da droga, trabalho semi-escravo e mortes;
· Tráfico e guerras de traficantes, balas perdidas (muitas vezes “encontradas” em inocentes);
· Crianças aliciadas para o consumo e o tráfico;
· Famílias desfeitas por mortes, prisões e violência doméstica;
· Corrupção para permitir todo o processo desde o cultivo até o consumo da droga;
· Jovens que perdem as oportunidades de estudo e trabalho.
· Doenças mentais que surgem devido ao uso constante da droga;
· Jovens desperdiçando os melhores anos de suas vidas, sua energia e inteligência;
· Permissividade da Sociedade, do Estado e da Família, por ignorância e conivência;
· Possibilidade de abrir o caminho para drogas mais perigosas e para o crime;
· Drogas que financiam o crime organizado e, em casos extremos chegam a substituir o Estado (de direito) determinando territórios e ditando leis próprias, espalhando o terror e cobrando por proteção;
· Associação do tráfico de drogas, com o tráfico internacional de escravos (para a prostituição), pedofilia;
· Criação de milícias que se colocam acima da Lei praticando todo tipo de crimes;
É possível enumerar tantos efeitos maléficos que fico assustado de pensar que algumas pessoas (do bem) ainda considerem “inofensivo um simples baseado”. Conheço inúmeros casos de pessoas que jogaram e jogam suas vidas no vazio subjugadas pelo vício, que começara com um hábito “inocente” de fumar só nos finais de semana, ou só “pra relaxar”.
Basta recorrer ao dicionário para se ter uma idéia de alguns dos significados de “relaxar”:
1.Tornar frouxo ou lasso; afrouxar.2.Moderar, abrandar.3.Corromper, depravar. 4.Debilitar, enfraquecer.5.Distender, descontrair.
Verbo intransitivo .6.Afrouxar, entibiar.7.Tornar-se menos tenso (2).Verbo pronominal. 8.Perder a força ou o vigor.9.Desmazelar-se. (mini Dicionário Aurélio, versão digital).
A idade da inocência, dizem os psicólogos, termina aos oito anos. Jean Paul Sartre, filósofo francês, escreveu uma trilogia onde um dos títulos é IDADE DA RAZÃO. Já pensei em escrever sobre a idade da Ilusão, que, no meu entendimento, situa-se entre a adolescência e os vinte e poucos anos (mas pode prolongar-se por longo tempo) e, finalmente, a idade da Desilusão, onde me encontro. Desilusão no melhor sentido da palavra,deixar de se iludir ou, recorrendo ao velho amigo “Aurélinho”: (verbo transitivo – Tirar ilusões, ou perdê-las; desenganar(-se). Este é um assunto profundo que pretendo tratar em outro texto, com melhor reflexão.
A Realidade, por mais dura que seja, é melhor que qualquer lapso de ilusão. É o que quero ver, sentir e perceber. E o que desejo a todos.
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Claude Bloc
BEIJOS
A SAÍDA
A SAÍDA
Procuro a
porta da saída que o poeta disse existir!
Minha barba mal feita no rosto desfeito
A velha navalha jogada sobre a mesa.
Lágrimas antigas enferrujaram a mascara de ferro
Da minha dor.
Procurei uma porta e nunca encontrei poeta!
Apenas o monótono caminhar para o desconhecido.
Não sei se entro no ocaso para amar o transitório
Ou ame o transitório
Para entrar no ocaso.
Nilo Sérgio
"O VAQUEIRO "
Cearense...
Cara enrugada
Pensativa, nostálgica.
Gosto da terra na boca
Mãos molhadas de suor
E a fé no “padim ciço”.
Mãos calejadas, terço na mão, cantigas e orações.
Mãos de aço de vaqueiro valente
Olhos profundos negros como a noite
Cara curtida, retalhada a ferro e espinhos.
Do alto do seu cavalo,
Na sua armadura de couro
Descansa seu olhar de prata
Sobre a caatinga que domou.
Nilo Sérgio
Biblioteca de Fernando Pessoa está acessível na internet.
É chegada a hora. A biblioteca digital de Fernando Pessoa está ao seu alcance.
O caminho é este: http://casafernandopessoa.cm-lisboa.pt/index.php?id=2233
Por Rubem Alves- Colaboração de Ismênia Maia
Blogs sob ataques
Além de ser um crime de invasão do meio privado é um crime político pois procura calar uma das vozes em disputa. Ninguém de bom senso em qualquer das duas campanhas ficará calado com esta prática.
Em qualquer circunstância a sabotagem da manifestação é um dano político que atinge os dois lados e interdita o debate da liberdade expressão.
Zé Bolinha leu Quadrinhos - José do Vale Pinheiro Feitosa
As semelhanças são muitas. O João e o Zé são uma juntada de bolinhas ligadas umas às outras por fios. As bolinhas são independentes, apenas se movem por ação do fio que as liga. Por isso mesmo o único movimento coerente dos dois é quando alguém puxa os cordões. Isso não impede que manifestem suas almas de pivete (menino esperto).
A Sesinho era muito querida da geração que hoje passeia entre os 60 e 70 anos. E era uma revista que adotava os quadrinhos. Que eram vistos pelos olhares severos dos adultos letrados como um caminho para a preguiça intelectual. Mas aí Conceição Romão tinha uma livraria, precisava devolver as não vendidas e as editoras queriam apenas as capas, economia de transporte. As horas noturnas de então viram minhas pupilas de olhar sobre elas.
O Sesinho era, também, o nome do personagem principal da revista. Era um menino que respeitava os outros, assim como esses criados por avó. Arrumadinho, limpinho e com a postura de uma soprano no mais extenso de uma ária. Por isso mesmo que existiam os meninos em contraponto a Sesinho na sua turma: Bocão, Nina, Ruivo, João Bolinha e outros.
O Zé Bolinha, um personagem do vasto do Brasil, é notívago e por isso não gosta muito de turma. Também é duro agüentar o Zé. Se joga futebol quer ser o dono da bola. Gosta de provocar os outros, mas quando leva uma espanada, sai correndo para casa chorando, querendo que a mãe olhe dentro dele para examinar o quanto seu orgulho foi ferido.
As revistas em quadrinho são uma invenção, um modo de se movimentar, de inventar personagens e enredos inseparáveis da cultura americana. Falar em nacionalismo neste ramo é quase uma globalização. Os americanos chamavam os quadrinhos de “comics” e sua era de ouro aconteceu entre 1938 e os anos 50. Neste auge nasceram os super-heróis. Até hoje rendem filmes em série a Hollywood.
Zé Bolinha, diferente de João Bolinha que frequentava apenas a turma de Sesinho, deu para se acompanhar de uns personagens “sinistros”. De cara amarrada, com um palavrório de chumbo, idéias de deixar a idade média vermelha de vergonha e tão radical que nem as bulas papais podem tanto.
Pois personagens idênticos aos amigos de Zé Bolinha que acabaram o ouro da era dos quadrinhos. Os acadêmicos ligados à Psicologia e área de comportamento, nos anos 50, abriram as baterias contra o ouro da era e foi criado o Código de Ética dos Quadrinhos, levando à queda no número de leitores.
A turma do Zé Bolinha, com uma longa ficha corrida de censura, pauladas em quem pensa diferente e age do modo não convencional pela convenção deles mesmo, fazem uma cruzada pela liberdade de expressão. Na verdade com uma flor na mão e um porrete na outra. Precisam “limpar” a área para criarem o código de censura do pós-moderno, aquele mesmo do “fim-da-história”.
Se o ouro era americano, não menos importante foi para a nossa inseminação a fabulosa história em quadrinho francesa e, agora, os japoneses nadam de braçada no pedaço. O Brasil abriu alas no ramo através do Tico-Tico no inicio do século XX, imitando uma revista francesa. Lançada numa quarta feira, dia 11 de outubro de 1905, a revista seguia o modelo da revista francesa “La Semaine de Suzette”.
O Zé Bolinha deve ter lido O Tico Tico. Ele é cisne do canto derradeiro, daqueles idos que já queimou muitos anos. A revista passou mais de vinte anos com o mesmo preço. Não existia a moda da inflação. Mas esta tal de inflação é o bicho que rói o sólido das instituições. Assim como as bolinhas provocam uma inflação de ética.
Um dos gênios do desenho da revista foi o cearense, de Fortaleza, Luis Sá que desenhava figuras arredondadas e que se tornaram o “must” dela. São dele: “Réco-Réco”, “Azeitona” e “Bolão’. Ela não teve rival à altura até a década de 30 quando os quadrinhos americanos invadiram a América Latina.
Zé Bolinha deve ter sido aficionado dos Gibis. Que virou um genérico dos quadrinhos, que o Zé, como meizinha, quis patentear como dele, na maior, apagando o nome do verdadeiro pai dos genéricos. Na verdade era uma revista com este nome e do particular virou o geral. Desta época tem a história da Editora Ebal, de Adolfo Aizen. Esta deu muitas alegrias à molecada do tempo de então.
Mas assim como o samba fez a antropofagia da invasão jazzística dos anos 40, o quadrinho brasileiro também tem sua bossa nova. As nossas tiras nos jornais, no estilo charge, são desenvolturas aqui deste povo. E isso não começa no século XX, já vem do XIX com o trabalho pioneiro de Angelo Agostini.
Igualmente é preciso fazer com Zé Bolinha e sua turma. Fazer a antropofagia desta variedade e torná-la mais viva na nossa alma como elemento que cria uma outra linguagem. Nem a de apenas uns ou somente outros.