Criadores & Criaturas
"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata."
(Carlos Drummond de Andrade)
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quinta-feira, 24 de junho de 2010
Por Norma Hauer
O Beijo
Naquele 15 de Agosto de 1945, Shain , como toda Nova York, saiu mais cedo do trabalho e dirigiu-se à Time Square. Comemorava-se o Dia da Vitória , com a rendição final dos japoneses. O fim das agruras da II Guerra Mundial que havia ceifado tantas vidas daquela sua geração e posto sérias interrogações sobre o futuro da humanidade depois das imagens de Auschuwitz, Hiroshima e Nagasaki . Lá, uma alegria epidêmica contagiava a todos: vários militares beijavam as moças nas ruas, prenunciando uma época de aumento nos nascimentos , em todo o mundo, que se chamou, depois de Baby Boom. Como se a vida tentasse recuperar as perdas e estabelecer, claramente, sua soberania sobre a morte.
De repente, um marinheiro tomou Edith nos braços e sapecou-lhe um beijo cinematográfico – em meio à beijação generalizada . Tão vigoroso o ósculo que a curvou, como se iniciasse um processo de levitação. Durou apenas alguns segundos e o militar continuou a comemoração em outras bocas pela 7ª. Avenida. A cena teria se repetido por incontáveis lábios naquele dia e , nas suas velocidade e fugacidade, terá permanecido na memória gustativa dos protagonistas e na lembrança visual, igualmente efêmera, de alguns circunstantes. Em tempos em que a mídia engatinhava e as reportagens externas de TV ainda eram um sonho, pouco restaria daquele momento não fosse uma casualidade mágica. As lentes da Leica de um fotógrafo polonês : Alfred Eisenstaedt. Um clique apenas e estava imortalizado aquele instante único e icônico, uma foto, que por si só, consegue captar , na sua simplicidade, toda a profundidade da história. Aquele poder da imagem de consubstanciar nas suas nuances aquilo que as palavras, por mais que se sucedam, não conseguem resumir.
Por muitos e muitos anos, a foto célebre mantinha um tempero especial. Seus protagonistas eram anônimos, rostos perdidos em meio à turba. Só no final dos anos 60, Edith, com o despojamento que os anos lhe trouxeram, assumiu a participação. O marinheiro, no entanto, ainda é uma incógnita, embora peritos, posteriormente, tenham concluído, com alguma margem de segurança, se tratar de Glenn McDuffie,de Houston, hoje aos 82 anos. Um dia, entrevistada, disse Shain : "O Sol nasce, o Sol põe-se. Não muda nada. Nem foi grande coisa. Afinal meninas bonitas recebem sempre mais do que um único beijo, não é? Foi um bom beijo, longo. Fechei os olhos e não resisti.”
A imutabilidade do universo é apenas uma visão de superfície. Como se olhássemos o rio à distância, sem perceber seu fluxo incessante. Hoje , com a explosão midiática, quebraram-se todas as fronteiras da privacidade. O mundo transformou-se num reality show. A internet com suas webcams devassam todas as alcovas. Os paparazzi invadem todos os banheiros. Câmaras digitais e celulares saltam dos bolsos de cada habitante e registram os mais íntimos movimentos. E mais: as pessoas se expõem de vontade própria, cada um na busca de seu Time Square. Estudantes se filmam em transas e divulgam abertamente as imagens; mulheres e homens põem câmeras em casa e se ligam na net. Artistas registram a lua-de-mel , fingem roubo das fitas , liberando imagens tórridas no youtube. Depois, mostram-se revoltados e indignados. Antes as pessoas se apresentavam com duas máscaras: uma social mais simpática, educada e palatável: o Dr. Jekyll; e uma outra ,privada, onde mostrávamos, para nós mesmos e para uns poucos, nossa verdadeira natureza: o monstro. Agora só nos resta , a transparecer, quebradas os limites da privacidade, o que temos de pior : o Dr. Hyde.
Que distância separa o clique mágico de Alfred Eisenstaedt; da auto-exposição da Cicarelli, nas praias espanholas ou da Geyse na UNIBAN ? Acredito que a espontaneidade. A foto da Time Square eterniza um momento único e etéreo; sem que se tenha montado cenário e sem script pré-estabelecido. Ele é pleno de poesia, pois traz em si a essência plena do poeta, aquela capacidade de perenizar o volátil. Talvez , por isso mesmo, é que ainda hoje o beijo de Glenn e de Edith sabe a uruçu nos lábios de cada um de nós, como se a guerra tivesse acabado agora mesmo e a paz fosse uma verdade única e duradoura.
Pensamento para o Dia 24/06/2010
“Por conta do impacto dos objetos externos sobre os sentidos da percepção, a pessoa experimenta prazer e se confunde tomando-o como se fosse néctar. Mas com o tempo, o prazer inicialmente confundido com néctar transforma-se em veneno amargo e desagradável. Esse tipo de felicidade é felicidade rajásica. Se alguém acolhe o prazer sensorial rajásico, sua força, consciência e inteligência para alcançar os quatro objetivos humanos — retidão (Dharma), riqueza (Artha), desejo correto (Kaama) e libertação (Moksha) — são enfraquecidos; o interesse e o desejo de atingir a bem-aventurança divina declinam.”
Sathya Sai Baba
De Encantamento
a ser estudado pelo poeta.
Sem mania de fingimento
ou de grandeza.
Entender a solidão
em seu pleno vazio.
Como se observa
uma bola de sabão.
Mas o poeta não sossega
enquanto não chora.
E as lágrimas lhe turvam a vista.
Se não fosse essa farsa
de sofrimento e revelações
O poeta entenderia mais da solidão
do que as botas do silêncio.
Colaboração de Edmar Cordeiro
Capuccino caseiro
Ingredientes
1 lata de leite ninho
1 lata ( pequena) de café soluvél
1 colher de café de bicarbonato
1 lata de Nescal ( pequena) ou Toddy
1 colher de café de canela em pó
Coloque no liquidificador todos os ingredientes e misture bem
Depois de misturado, coloque em potinhos para guardar
Quando quiser tomar misture o tanto desejado no leite bem quente e curta um capuccino gostoso e barato
Mané Danta - Por Mundinha Dantas
Mas muito inteligente
Não freqüentou a escola
Mas só falava decente
De grande conhecimento
Amigo de muita gente.
Sua profissão, vaqueiro
Era muito corajoso
Corria em mata fechada
Pra pegar boi perigoso
Seu cavalo “pita manta”
Veloz e muito famoso
Gostava de fazer festa
Com muita animação
No Natal, dia de ano,
Na fogueira de São João
A festona de arromba
Era os anos do patrão
No ano quarenta e sete
Causou admiração
Foi a festa dos vaqueiros
Que tinha na região
Foi a festa mais bonita
Que aconteceu no sertão
Era uma grande latada
De folha de mororó
E dentro dois sanfoneiros
Pra animar o forró
A mulherada aguando
A latada com suor
Os cavaleiros trajados
De perneira e gibão
As damas de vermelho
Com um lencinho na mão
E a cachaça rolando
Perfumando os “pião”
Foi este o tipo de vida
Que Mané Danta levou
Com muita farra e festa
Tudo que tinha gastou
E para seus doze filhos
Só a saudade restou.
Por Mundinha Dantas (filha de Manuel Dantas)
O primeiro São João de Sofia - por José do Vale Pinheiro Feitosa
A fogueira, fogos, brinquedos e comidas. Tudo isso nos liga ao tempo remoto. Sem, necessariamente, linhas diretas, muitas vezes incorporando elementos novos e pelo caminho tomando fragmentos de outros mitos e hábitos culturais. Mas uma coisa é certa, a festa é uma grande rememoração da nossa vida rural.
Por isso no sudeste se vestem como caipiras e no nordeste como sertanejos. No nordeste se o regime das chuvas permite o milho verde, ele é o centro dos festejos, no sudeste sempre é, mas tem o salsichão assado na brasa, bolos de fubá, paçoca (de amendoim) e o tradicional quentão.
Todo mundo dança à moda antiga, pois o rural já é antigamente: de par, homem e mulher. O que era o São João para os agricultores, não mais o é para os atuais urbanos. Se bem que a fertilidade é uma coisa da agricultura, não da pecuária e suas antigas festas de apartação que a maioria nem sabe mais o que seja, afinal as cercas acabaram os campos comuns.
Tem muito mais de urbano. Com a televisão e o cinema, além da literatura, há uma troca de tradições em vastas regiões do Brasil. Mas como as sedes dos meios de comunicação estão no sudeste, hoje são numerosos os pequenos gestos, roupas e estilo que lembram os caipiras enquanto se perderam igualmente a tradição sertaneja. Até aquele linguajar matuto das quadrilhas e danças já reproduzem alguns elementos do caipira do sudeste.
Enfim, a festa de São João talvez seja a mais persistente e abrangente manifestação da cultura tradicional brasileira. O Carnaval, apesar de universal no país, é um festejo urbanos, nascido no país após o século XIX. As demais manifestações são mais temáticas e regionalizadas. O São João não, ele acontece e é estimulado em todo o país.
Este final de semana mesmo, o avô de Sofia não pode ter outro compromisso. Na tarde de sábado, entre vais e vens de costuras, a Sofia vestirá um vestido caipira numa festa de São João de sua escola. E ela que nasceu, culturalmente, quase trezentos anos após o avô.
Festa do Cariricaturas !
Lançamento do livro "Cariricaturas em verso e prosa"
Coquetel
Performances poéticas
Baile com Hugo Linard e seu Conjunto.
Mesas à venda .
preço : 40,00 ( com direito a 4 lugares e um exemplar do livro).
10,00 por pessoa.
Façam as suas reservas pelo e-mail: sauska_8@hotmail.com
-posição em 24.06 : 36 disponíveis
Signo de Câncer
Programação Cariri Cangaço 2010
Hoje trazemos aos nossos muitos leitores de todo o Brasil a esperada Programação do Cariri Cangaço 2010; aqui temos o rol de Conferências, as Temáticas, os Palestrantes, as Mesas de Debates e as respectivas cidades anfitriãs. Sejam bem vindos ao Cariri Cangaço 2010 - Coronéis, Beatos e Cangaceiros.
17 AGOSTO 2010
TERÇA-FEIRA
Abertura – Cine Teatro de Barbalha
19:00 H - Solenidade Oficial de Abertura
19:30 H - Conferência
JOSÉ RUFINO
Antônio Amaury Correia de Araújo – São Paulo
MESA
Lemuel Rodrigues – Mossoró RN
Honório de Medeiros – Natal RN
Aderbal Nogueira – Fortaleza CE
Ivanildo Silveira – Natal RN
18 AGOSTO 2010
QUARTA-FEIRA
Sítio Caldeirão do Deserto – Crato
9:00 H – Conferências
RELIGIOSIDADE, MEMÓRIAS E MOVIMENTOS SOCIAIS
Lemuel Rodrigues Silva – Mossoró RN
ANTONIO CONSELHEIRO – PERFIL
Múcio Procópio – Natal RN
MESA
Manoel Severo – Fortaleza CE
Sávio Cordeiro – Crato CE
Sandro Leonel – Crato CE
Manoel Neto – Salvador BA
Salão de Atos da URCA - Crato
19:00 H - Conferências
OS CORONEIS E OS MISTÉRIOS DO ATAQUE DE LAMPIÃO A MOSSORÓ
Honório de Medeiros – Natal RN
THEOPHANES TORRES
Geraldo Ferraz - Recife PE
MESA
Raimundo Marins – Salvador BA
Océlio Teixeira – Crato CE
Paulo Britto – Recife PE
Magérbio de Lucena – Crato CE
19 AGOSTO 2010
QUINTA-FEIRA
Memorial Padre Cícero – Juazeiro do Norte
19:00 H - Conferências
O PACTO DOS CORONÉIS
Renato Cassimiro – Juazeiro do Norte CE
LAMPIÃO EM SERGIPE
Alcino Alves Costa – Poço Redondo SE
MESA
Manoel Neto – Salvador BA
Renato Dantas – Juazeiro do Norte CE
César Megale – Natal RN
Juliana Ischiara – Quixadá CE
20 AGOSTO 2010
SEXTA-FEIRA
Câmara Municipal – Missão Velha
19:00 H - Conferências
DELMIRO GOUVEIA
David Bandeira – Maceió AL
Eloísa Bandeira – Brasília DF
CORONÉIS DO CARIRI
Bosco André – Missão Velha CE
MESA
Ângelo Osmiro – Fortaleza CE
Gilmar Teixeira – Paulo Afonso BA
Carlos Rafael – Crato CE
Rostand Medeiros – Natal RN
21 AGOSTO 2010
SÁBADO
Aurora
9:00 H – Conferência
80 ANOS DA PASSAGEM DE LAMPIÃO EM AURORA
José Cícero – Aurora CE
MESA
Manoel Severo – Fortaleza CE
Bosco André – Missão Velha CE
Honório de Medeiros – Natal RN
Kydelmir Dantas – Mossoró RN
Distrito do Tipi - Aurora
14:00 H – Conferência
MARICA MACEDO DO TIPI
Vicente Landim de Macedo – Brasília DF
Teatro Municipal Salviano Arraes – Crato
19:00 H - Conferências
ANTONIO SILVINO
Magérbio de Lucena – Crato CE
O CANGAÇO NA MÚSICA - RÍTMOS E ESTÉTICA
Wilson Seraine – Teresina PI
MESA
Paulo Gastão – Mossoró RN
Cicinato Neto – Limoeiro do Norte CE
Emanuel Braz – Mossoró RN
Kydelmir Dantas– Mossoró RN
22 AGOSTO 2010
DOMINGO
Teatro Marquize Branca – Juazeiro do Norte
09:00 H - Conferências
LAMPIÃO NO AGRESTE PERNAMBUCANO
Antonio Vilela – Garanhuns PE
AS ARMAS DO CANGAÇO
Alfredo Bonessi – Fortaleza CE
MESA
Aderbal Nogueira – Fortaleza CE
João de Sousa Lima – Paulo Afonso BA
Sabino Bassetti – São Paulo SP
Fernando Pinto – Crato CE
O Cariri Cangaço é uma promoção da Cariri do Brasil, uma realização das prefeituras municipais de Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha, Missão Velha e Aurora, URCA/PROEX e ainda o apoio da SBEC, do ICC, do Centro Pró Memória, do ICVC, da Fundação Memorial Padre Cícero, do Blog do Crato, da Associação de Cordelista de Crato, do Ponto de Cultura Lira Nordestina, do SEBRAE, do SESC e do Centro Cultural Banco do Nordeste, Grupo Empresarial Guanabara, Revista Nordeste VinteUM e agora GeoPark Araripe.
POR : MANOEL SEVERO
Passando por D. Quintino - por Claude Bloc
Casa na Bréa
Casa na Bréa, quase chegando em D. Quintino
.
Nas imediações de Ponta da Serra
É do tempo do Bumba ?
Branquinha foi encantada - por José do Vale Pinheiro Feitosa
Procure pela sua geografia e verás que Branquinha está a caminho da Serra da Barriga, onde se fez o Quilombo dos Palmares. Ali pelas redondezas ficam duas cidades com a referência dos Palmares. E não sei por que tanto palmeiral se tudo era vegetação da velha Mata Atlântica. Pensando bem, eu sei: tudo se ampliou por causa de Zumbi.
Branquinha é a juntada de muitos sítios que se criaram desde o século XIX às margens do Rio Mundau. Isso foi ocorrendo dentro do município de Murici, mas a partir de 1955, Branquinha queria ser ela mesma, começou a luta de emancipação e a conquistou em 1962. Quando foi encantada, a cidade já andava pelos seus 12 mil habitantes.
Branquinha de vez em quando freqüenta o noticiário dos jornais de Alagoas. Mas isso não a torna diferente de outras cidades do mesmo tamanho que igualmente rompem o anonimato no noticioso. Normalmente são fatos de violência humana que parecem ser uma grande novidade para vender jornal, quando todo mundo sabe o quanto é monótona a repetição destes fatos.
Branquinha se tornou uma referência na Saúde Pública. Não foi por que ali tivesse sido feita uma grande descoberta (assim como Piumhi em Minas Gerais que aparece por que ali Carlos Chagas fez os estudos da doença que leva o seu nome). Nem por que lá tivesse nascido um grande sanitarista. O motivo foi mais prosaico.
Durante a fase de intensificação da campanha de erradicação da varíola Branquinha entrou para história, involuntariamente, por comportamentos humanos condenáveis. Por volta de 1966 chegou à cidade uma equipe de vacinadores com o objetivo de fazer uma vacinação em massa contra a varíola. Ao final das atividades os relatórios vitoriosos mostravam que mais de 100% da população tinha sido vacinada.
Nem bem deu dois meses e a cidade teve um grande surto de varíola. Ninguém entendeu nada e a hipótese é que a qualidade da vacina era ruim. Mas se comprovou ao contrário, era uma excelente vacina. Foram pesquisar se havia cicatriz vacinal (a vacina evoluía e deixava uma pequena cicatriz no local da aplicação) e não havia, menos ainda naquelas proporções do relatório. Aquela falsidade fez o país reestrutura suas ações, incluindo um monitoramente pós vacinação.
Passei neste último dezembro por ela e até a fotografei vista desde a sua entrada na BR 104. Hoje pode ser que ainda tenha a mesma imagem. Só até aí, pois para dentro para os lados do Rio Mundau não poderia mais. Tudo se encantou. E por um tsunami.
Foi o aquecimento global? Foi desmatamento, foi redução do leito de drenagem das águas foi tudo isso. Mas o que parece ter sido mesmo é que as chuvas, apesar de fortes, não justificariam tudo aquilo. O que parece ter acontecido foi uma cadeia de barragens estouradas, uma atrás da outra ao longo dos afluentes e do próprio rio Mundau. Uma catástrofe de engenharia privada, por certo com recursos públicos. A vida precisa mesmo de democracia e cuidados.
Mas poderia ser outra a causa: tanta gente morando às margens dos rios, tantas alterações nos terrenos que formam a bacia de escoamento das águas. Uma cadeia de diversos eventos que um dia explode.
Como se viu em Branquinha e nos demais municípios, até pequenas barragens no fluxo das águas, mesmo que segurem as enchentes, podem ter seu dia Chernobyl.