Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

A Socorro que socorre com réstias do tempo. - José do Vale Pinheiro Feitosa

Socorro Moreira tem feito aqui no Cariricaturas uma coisa que parece óbvia, mas não é tão simplesmente realizável. Refiro-me a esta coisa de quem já viveu, conheceu personagens do mundo e por assim ter experimentado tende a achar que todos também sabem o mesmo. Não é bem assim, especialmente em relação às novas gerações.

Ao fazer breves biografias de personagens da cultura, das artes e da política, ela estimula e enriquece a formação das pessoas. Eu sempre vi os MP3 da vida como algo muito positivo para a cultura. Os CDs já haviam demonstrado isso ao trazer do Fundo dos Baus tanta coisa que seriam esquecidas entre colecionadores. Como já havia um grande esforço de digitalização, herdamos um acervo fantástico de músicos e músicas fazendo com que as novas gerações possam realizar outras escolhas. E certamente ainda ouviremos a revisita destas coisas maravilhosas numa outra escala igualmente maravilhosa do curso desta civilização.

Quando vejo uma pessoa de mais idade rejeitando a priori a música atual, com um asco irracional ao novo forró ou ao Funk, por exemplo; sempre me abate um remorso de gritar para alertá-las. O mundo não é tão desprovido de movimento para que nos escudemos na preguiça que não instiga. Do mesmo modo assim desejo gritar quando um jovem não consegue entrar nos meandros do acervo da cultura já agora histórica. Na verdade o mundo nem tem esta separação entre o velho e o novo, nós é que assim procedemos para operacionalizar melhor certos detalhes.

A rigor todos estamos no toque dos segundos entre a escala dos percebidos fatos e dos ainda não percebidos mas já acontecendo. Esta aura de incerteza colore o nosso espírito ao ímpeto à materialidade que ao mesmo tempo que realiza apreende o tempo como nossos.

Gente da minha terra, pegue estas réstias da Socorro Moreira e façam delas um clarão. Um claro de vida.

Finalmente um recado a todos: não durma sem antes dizer o que há para dizer. E o Cariricaturas completa um mês.



O eterno mítico Abidoral Jamacaru

Foto: Dihelson Mendonça

Salatiel convidou-me para apresentar com ele o programa Cariri Encantado, que é veiculado todas as sextas-feiras, das 14 às 15 horas na Rádio Educadora do Cariri. O programa tem o apoio do Centro Cultural BNB Cariri e é voltado para a divulgação da cultura regional, tão cantada, decantada e encantada.

Desde o final de julho que, devido a ausência de Salatiel da região (está de férias no Rio de Janeiro, eterna Cidade Maravilhosa, deleitando-se com uma farta e qualificada programação cultural), estou produzindo e apresentando o programa sozinho.

Hoje foi, pois, dia do programa, quando apresentei uma pequena amostragem da obra do compositor e cantor cratense Abidoral Jamacaru que, inclusive, concedeu um rico depoimento sobre sua vida, sua carreira artística e sua música.

Abidoral despontou nos até hoje festejados festivais regionais da canção, que aconteceram, em Crato, por quase toda a década de 1970. Depois, passou uma temporada na Cidade Maravilhosa.

Em meados da década de 1980, Abidoral retornou ao Crato. Foi quando o conheci pessoalmente e travei com ele uma amizade que perdura até hoje, apesar de já termos nossos momentos de estranhamento.

Digo que o conheci pessoalmente, porque para todas as pessoas da minha geração, Abidoral já era uma pessoa por demais conhecida e respeitada. Isso por conta de sua participação nos citados festivais.
Lembro de quando vi Abidoral pela primeira vez, depois de já saber de quem se tratava, pois era um assíduo ouvinte dos festivais, transmitidos que eram pela Rádio Educadora, quando ainda era um menino que mijava na cama.

Esse primeiro encontro, à distância, foi na Exposição do Crato. Fiquei bastante admirado com aquela figura mítica e de aspecto bíblico: cabelos e barbas longos e desalinhados, camisa de mangas compridas e aberta até o meio do peito, envergando um surrado jeans, calçando uma sandália currulepe de couro e falando quase aos sussurros.

Hoje, durante o programa, eu revelei este fato a Abidoral.

Para Socorro Moreira e Claude Bloc.


Essa orquídea é para Socorro a amiga que chora
nos finais das novelas porque é uma menina
sensível por demais, e se projeta nas emoções
que permeiam o âmago dos personagens...

E para Claude a amiga que escreve com a alma
mas também com a alvorada.
Ela escuta a voz do galo cantando bem cedinho
chamando-a prá escrever.


Bom final de semana amigas:Liduina.

Leila Diniz - Um símbolo da revolução feminina




Resumo do livro LEILA DINIZ - UMA REVOLUÇÃO NA PRAIA

A história da mulher brasileira não pode ser escrita sem um capítulo dedicado a Leila Diniz (1945-72). Filha de um líder do Partido Comunista, foi protagonista da primeira produção de novela da Globo, em 1965; participou no cinema das comédias de Domingos Oliveira e dos filmes experimentais de Nelson Pereira dos Santos, no ciclo do desbunde. No teatro, estava na revista tropicalista Tem banana na banda.
Leila teve um currículo de realizações artísticas expressivas em sua curta trajetória de 27 anos, mas nada se compara à contribuição que deixou para a história do comportamento feminino. Com sua espontaneidade e alegria, convicta na dedicação de se mover apenas pelo prazer e pela liberdade, ela ajudou a traçar um novo papel para a mulher na sociedade brasileira. Sempre sem discurso, sem palavras de ordem, sem colocar o homem como inimigo do projeto.
É nesse contexto, de uma autêntica revolucionária, sobrevivente também de uma infância dramática, que Joaquim Ferreira dos Santos apresenta a biografia da atriz, em um novo lançamento da coleção Perfis Brasileiros, coordenada por Elio Gaspari e Lilia M. Schwarcz. Desde a adolescência, em que Leila perambula pelos bares de Copacabana e Ipanema, até os dias em que foi julgada, num pro-grama de TV, e condenada como nociva à sociedade, o autor conta as grandes passagens da vida da atriz.
Na célebre entrevista concedida ao Pasquim (1969), figura de toalha amarrada na cabeça,escandalizando a sociedade e o governo militar por seus inúmeros palavrões e suas posições avançadas sobre sexo e comportamento. Em 1971, grávida, mostra a barriga na praia, mudando a moda e os modos. No teatro rebolado, vestia-se de vedete, maiô cheio de plumas.
Abandonada pelas feministas, tachada de alienada pela esquerda e de vagabunda pela direita, Leila foi afastada da TV Globo, porque no entender da autora Janete Clair não havia papel de prostituta nas novelas seguintes. Sem trabalho, aceitou o convite para participar de um festival de cinema na Austrália. Na volta, morreu num acidente de avião, deixando uma filha de sete meses e o Brasil de luto.
Um extenso caderno de fotos, e uma cronologia com os principais acontecimentos no Brasil e no mundo, mostram tudo sobre a "moça que", nas palavras de Carlos Drummond de Andrade, "sem discurso nem requerimento soltou as mulheres de vinte anos presas ao tronco de uma especial escravidão".

Autor:
Joaquim Ferreira dos Santos

Glauber Rocha - Brasileiro do século em artes cênicas


Glauber Rocha tinha a câmera na mão e ordenava à empregada doméstica: "Morra, Maria, morra!" Estava na casa dos pais, em Salvador, em 1957, tinha só 17 anos e acabara de ganhar a máquina filmadora. "Morra, Maria, morra!" Não havia jeito de a atriz improvisada embarcar na viagem de Glauber. De repente, o rapaz foi até o quarto do pai, pegou um revólver e deu um tiro para o alto. A moça desmaiou. Aí ele aproveitou para filmar Maria estatelada no chão da sala. A câmera era recompensa ao fato de ter conquistado o primeiro lugar no vestibular de Direito, na Bahia. A oferta do pai, Adamastor, era uma viagem de 30 dias a Rio de Janeiro e São Paulo, além de um JK, automóvel lançado em homenagem ao presidente Juscelino Kubitschek. "Mandem o dinheiro do carro", pediu em telegrama enviado da capital paulista. Ao desembarcar de volta no porto de Salvador, telefonou: "Mãe, vem buscar o presente, não me deixam pegá-lo porque sou menor." Dona Lúcia correu e ficou desconfiada quando viu o pequeno caixote: "Então, é assim que fabricam carros lá no Sul? Desse tamaninho?" Era a câmera de filmar. Idéias não faltavam. A cena da empregada tinha sido muito, muito promissora.

Baiano de Vitória da Conquista (nasceu a 14 de março de 1939), Glauber inventou um jeito novo de fazer cinema, mostrando com crueza as mazelas sociais do País num estilo pessoalíssimo. "Soltem as amarras e deixem o vagão correr", diz um de seus personagens. Construiu sua obra no fio da navalha entre o maravilhoso e o ridículo, no limite físico e mental de atores, técnicos e dele próprio. "Ator que não sabia improvisar não podia trabalhar com Glauber", afirma a atriz Norma Bengell. Ele inventava situações dramáticas e colocava os atores dentro delas, exatamente como fez com a empregada em Salvador. As cenas eram repetidas à exaustão sob sol a pino. A dublagem demorava. "Só ficou contente quando fiquei rouco. Achava que a rouquidão era adequada ao personagem de Terra em transe", lembra o ator José Lewgoy.

Ópera metralhadora
Houve um momento em que Glauber parecia ter o mundo a seus pés. No Festival de Cannes, Terra em transe (1967) - uma "ópera metralhadora" segundo Jean-Louis Bory, do Le Nouvel Observateur - foi um terremoto. A atriz americana Shirley McLane subia a escada do Palácio dos Festivais enquanto Lewgoy descia. Ela parou e disse, num "português de índio", segundo Lewgoy: "Não entendi nada. Mas gostei imensamente." Em 1969, O dragão da maldade contra o santo guerreiro deu a Glauber o prêmio de direção em Cannes. Luchino Visconti, mestre do neo-realismo italiano, atravessou a rua para cumprimentá-lo. As portas de uma carreira internacional se abriram, mas Glauber não quis entrar. "Não sou cineasta profissional, sou amador. Sou pensador, político", divagava.

Era impossível falar de amenidades com ele. Só formulava teses. "Vamos derrubar os militares", mandou dizer ao presidente João Goulart, exilado num hotel dos Champs-Elisée, em Paris, em 1973. Jango pediu calma. Ernesto Geisel seria o novo presidente e promoveria a abertura política. Glauber teve aí a idéia de um regime militar nacionalista e esquerdizante, nos moldes da experiência do Peru (entre 1968 e 1975), onde um governo fardado tinha feito a reforma agrária. Elogiou Golbery do Couto e Silva como "gênio da raça". Nessa época, de manhã cedo, enrolado num cobertor como mendigo, caminhava na praia de Ipanema, falando sozinho. Em Santiago do Chile, já fora flagrado anos antes conversando com as paredes do hotel, com um microfone na mão: "Aqui é Glauber Rocha, eu sei que a CIA está gravando, e a KGB também." Tentou realizar um filme com os exilados brasileiros, mas eles se negaram a subir nus os Andes gelados, acompanhados por Norma Bengell. "Caretas! Isso é liberdade total", esbravejou o diretor. Passou a escrever num idioma particular com y e k no lugar de i e c. Idade da terra (1980), o último filme, foi feito totalmente no improviso. "Não dá para ser contado, só visto. Rompi com o cinema teatral e ficcional", avisou ele. No filme, em frente ao mar imundo da praia do Arpoador, no Rio, Tarcisio Meira recita: "Isso aqui é a cloaca do mundo" - o galã confidenciou que até hoje não entendeu nada. No Festival de Veneza, Glauber fez até passeata, abaladíssimo com a rejeição ao filme. Logo ele, habituado aos afagos da crítica européia.

Acervo valioso
Tinha mania de doença e pediu várias vezes para ser levado à emergência de hospitais no Rio, com desconforto digestivo. Quando soube que Glauber havia sido internado em Sintra, perto de Lisboa, em Portugal, Zelito Viana, sócio e amigo inseparável até 1970, botou na conta da hipocondria do diretor. Mas o caso se agravou e a pneumonia virou speticemia (infecção generalizada do organismo). Ele chegou em coma profundo ao Brasil e morreu em 22 de agosto de 1981. "Sempre dizia que morreria aos 42 anos. É o inverso de 24, idade em que morreu Castro Alves, que fazia aniversário no mesmo dia", conta a mãe de Glauber. Dona Lúcia, de 80 anos, mantém sem ajuda da iniciativa privada ou dos órgãos públicos um acervo de 50 mil documentos escritos, mil fotografias e 600 desenhos. "Meu filho era famosíssimo e paupérrimo. Não morreu da vontade de Deus, morreu de uma doença chamada Brasil", afirma ela.

VOCÊ SABIA?
As causas da morte são nebulosas. Houve rumores não confirmados de que teria morrido de Aids. Amigos admitem a hipótese de um câncer e outros dizem que foi contaminado ao fazer biópsia com equipamento não esterilizado. "Prefiro ser um cadáver a um desses mortos-vivos que andam por aí", dizia ele.

EM CENA
· Deus e o diabo na terra do sol (1964)
· Terra em transe (1967)
· O dragão da maldade contra o santo guerreiro (1969)
· Câncer (1972)
· Cabezas cortadas (1970)
· A idade da terra (1980)

Rui Guerra e o Cinema Novo





Ruy Alexandre Guerra Coelho Pereira (Maputo então Lourenço Marques, Moçambique, 22 de Agosto de 1931) é um realizador de cinema de origem portuguesa. Nasceu no então território português de Moçambique.

Estudou no IDHEC de Paris a partir de 1952. Desde 1958 atuou como assistente de direção, antes de se instalar no Brasil, onde dirigiu seu primeiro filme Os cafajestes (1962).

Ingressando nas fileiras do Cinema Novo, em 1964 realizou seu melhor filme, Os fuzis, ao qual se seguiram obras notáveis como Tendres chasseurs (1969) e Os deuses e os mortos (1970).

A situação política brasileira (durante a ditadura militar) impôs-lhe uma pausa que terminaria em 1976 com A queda. Em 1980 regressou a Moçambique, onde rodou Mueda, Memória e Massacre, o primeiro longa-metragem desse país. Ainda em Moçambique, realizou diversos curtas e contribuiu para a criação do Instituto Nacional do Cinema.

Em 1982 rodou no México Erêndira, baseado num conto da obra A incrível e triste história da cândida Erêndira e sua avó desalmada, de Gabriel García Márquez. Posteriormente dirigiu: o musical Ópera do malandro (1985), baseado em peça de Chico Buarque; Kuarup (1989), baseado no livro Quarup, de Antônio Callado; e o telefilme Fábula de la bella palomera, também baseado em Gabriel García Márquez.

Foi casado com a atriz Leila Diniz com quem teve uma filha, Janaína Diniz Guerra, nascida em 1971. Foi também casado com a atriz Cláudia Ohana com quem teve uma filha, Dandara Guerra, nascida em 1983.



Wikipédia

Reflexão para o dia do Excepcional - APAE CRATO

22 de Agosto - Dia do Excepcional

Lorena Tavares - Amor e doação , no exercício da profissão

A inclusão para o aluno e o aluno para a inclusão: efeitos dos múltiplos conceitos de educação inclusiva

Nos últimos dias temos refletido sobre a imposição do direito do aluno com deficiência à sua inclusão escolar, como fator de conquista democrática e exercício de cidadania. Desse modo, algumas organizações governamentais e não-governamentais revelam publicamente seu apoio a instrumentos legais impositivos, negando à pessoa com deficiência o exercício de sua autonomia e liberdade de optar por decisões lhe convém como pessoa e grupo social. Interferir nos espaços de decisão, principalmente na área educacional, significa atingir a pessoa no espaço reconhecido como privilegiado para a promoção do pensamento, da consciência, da criatividade, da subjetividade e do conhecimento: a escola.

Nesta mensagem, vamos conversar sobre educação inclusiva, abordando características conceituais, princípios e pressupostos que as orientam e sua influência para a pessoa com deficiência em nosso país. A educação inclusiva tem muitos conceitos e significados, segundo a Inclusion International, uma organização mundial de famílias à qual a Fenapaes é filiada. É atualmente sediada em Londres e atua na cooperação e troca de informações sobre deficiência intelectual com cerca de 200 países.

Nas próximas seções estamos detalhando essas diferentes concepções de educação inclusiva, analisando aspectos que se identificam com o modelo oficial prevalecente no Brasil, do modo como proposto na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. É importante considerar a impossibilidade de isolar as categorias como únicas, devendo ser entendidas em aspectos intercambiados com as demais.

Concepção 1: localização física

Esta concepção de educação inclusiva tem foco na localização, ou seja, no espaço geográfico onde o aluno está matriculado no sistema educacional. Defende como objetivo essencial o acesso à escola e às classes regulares, mesmo para alunos com deficiências importantes, com demanda de apoio intensos e contínuos.

Esta concepção fundamenta seu discurso nos direitos humanos, destacando a igualdade de oportunidade como princípio fundamental. Para sua implementação, promove ajudas complementares e serviços de apoio ao aluno, em resposta às necessidades educacionais especiais identificadas. Esta caracterização mostra a opção de inclusão do governo brasileiro, legitimada pela Secretaria de Educação Especial do MEC. O conceito de necessidades educacionais especiais é restritivo, conforme se verifica na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, de 2008, circunscrito às seguintes categorias: superdotação/altas habilidades, deficiência e transtornos globais do desenvolvimento (espectro do autismo), categoria clínica da Associação Psiquiátrica Americana proposta no DSM IV-TR, um catálogo de transtornos mentais publicado em 2003.

Esta visão enfatiza o lócus da educação, em detrimento da aprendizagem e do desenvolvimento do aluno, em espaços sociais favoráveis às suas relações e participação com os outros sociais.

Concepção 2: acessibilidade

Esta concepção tem foco no princípio da educação para todos, preconizado na Declaração de Salamanca. Defende os direitos humanos pela via da acessibilidade e amplia o conceito de necessidades educacionais especiais a uma ampla gama de grupos sociais excluídos. Neste conceito, são contemplados(as) crianças com deficiência ou superdotação/altas habilidades, crianças em situação de risco social ou crianças que trabalham, crianças de populações remotas ou nômades, crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de áreas ou grupos desfavorecidos ou marginais. Desse modo, necessidades educacionais especiais refere-se às pessoas cujas carências relacionam-se a deficiências ou dificuldades escolares.

Esta concepção de educação inclusiva implica desenhos dos sistemas e dos programas educacionais que levem em conta a diversidade da população escolar. Desse modo, a proposta pedagógica da escola, o planejamento e o desenvolvimento curricular são essenciais ao processo de inclusão. A escola inclusiva, portanto, é concebida como aquela capaz de educar a todos os alunos, visando à constituição de uma sociedade inclusiva e de uma escola efetiva, viável e sustentável. A afinidade da concepção descrita com a realidade brasileira encontra-se apenas na consideração da perspectiva de educação para todos. No entanto, os outros aspectos não recebem igual incentivo. Deixa de enfatizar a valorização de ações voltadas para decisões curriculares que garantam efetivamente espaços favoráveis à aprendizagem, ao desenvolvimento e à integração social dos alunos. Desse modo, não atenta para a essencialidade da construção e do compartilhamento dos saberes e do fazer pedagógico.

A acessibilidade ao currículo pauta-se na noção de flexibilidade, enfatizando a supremacia do grupo-classe, sendo o aluno como sujeito imerso no todo da sala de aula. Sobre a égide da aula para todos, a apropriação dos saberes é determinada pela capacidade docente de criar meios e oferecer recursos para alcançar a parte pelo todo.

Concepção 3: participação

A educação inclusiva, nesta concepção, focaliza a participação como uma dinâmica essencial ao processo inclusivo. Tem foco nos direitos humanos pela via da acessibilidade, valorizada como mediadora da integração social. Leva em conta os modos de educar e os processos educacionais, mais valorizados do que os resultados avaliativos. O estudante é considerado como membro integrante da escola e de todas as atividades que realiza, com apoio devido às suas necessidades individuais. O caráter social da inclusão não tem relevância no conceito de educação inclusiva como praticada no Brasil, cuja preocupação principal se reflete no crescimento numérico, cuidadosamente levantado no censo escolar anual, revelando o crescimento físico do processo de inclusão.

Concepção 4: inclusão social

Esta concepção tem foco na escola e na sua função social. A escola é vista como meio de construção e socialização do conhecimento, bem como de desenvolvimento de competências e habilidades. Ressalta a confiança na escola como recurso transformador da realidade escolar e da sociedade. Os conceitos implicados nesta concepção são de cidadania, pedra angular para a efetividade dos direitos e deveres da pessoa e para garantir oportunidade plena de participação social. É uma visão que reforça a necessidade de avaliar a educação inclusiva, para verificar se a escola está exercendo efetivamente o seu papel.

A escola, como instrumento capaz de transformar uma sociedade excludente em inclusiva é fortemente defendida pelo governo na concepção de educação inclusiva no Brasil. Esta visão fica clara no discurso e nas diretrizes educacionais atuais, que induzem, de modo subjacente, a extinção de escolas especiais, desvalorizadas como segregadoras e cuja existência seria impeditiva da inclusão escolar e social.

Ao mesmo tempo, esta concepção defende a inclusão plena, imediata e incondicional de todos os alunos com necessidades especiais, como meio “didático” de construir – ao modo natural – a inclusão escolar. Fortalecida a escola inclusiva, a sociedade passaria a contar com uma instituição construtora da inclusão social, sendo os alunos com necessidades especiais atores desse progresso, enquanto membros da comunidade escolar.

Sem a centralidade no aluno ou no currículo, esta visão põe a escola como eixo detentor do poder e capaz de superar os impeditivos da inclusão escolar e social, desconsiderando a influência das condições da escola, do aluno e a influência dos fatores socioculturais, como o preconceito, no processo de inclusão.

Convidamos a sociedade a uma reflexão sobre o assunto.


Apae de Crato
Travessa Milagre, s/nº - CEP 63119-180 - Crato - CE
Tel.: (88) 3521-5508 - Fax: 3521-1823 - E-mail: crato@apaebrasil.org.br

Muhraqah

Um dia lhe caiu aquela constatação, seca, franca, definitiva. Como uma manga que despenca madura, de uma só vez , do olho da mangueira e se esparrama no chão: Tum! Perambulando pelas ruas , a paisagem que imediatamente ia deixando para trás começou a lhe parecer imensamente mais interessante do que aquela que se estendia no caminho à frente. No começo, temeu aquela súbita mudança como sinais possíveis de uma insanidade que se instalava. “Nossa família tem mais doido do que no hospício, seu Torquato !” , já o haviam alertado. Depois, racionalizou um pouco: quem sabe não se tratava apenas de uma dessas manias de meia idade? A seqüência dos dias, no entanto, apenas fortaleceu aquela constatação primeira. Encantava-se cada vez mais com as cenas que presenciara minuto antes e se ia enfastiando com o horizonte que se abria logo adiante, embora cheio de aparentes possibilidades e perspectivas. Tanto, que aquela atração terminou por desembocar nas primeiras manias. Andava nas ruas, virando-se muitas vezes para retaguarda. Trombadas em transeuntes outros, tropeços em meios fios, esbarrões em árvores se foram tornando acidentes corriqueiros. Aqueles tiques, por outro lado, terminaram chamando a atenção das pessoas: É o doidinho que se vira o tempo todo! Daí para começarem a chamá-lo de “Detrás”, um pulo ! O povo não compreendia como aquilo que encetou como um simples sestro poderia piorar assim. Passados alguns meses, muitos tropicões e torcicolos depois, resolveu por aquilo que lhe parecia o mais sensato. Um belo dia, decidiu, definitivamente, andar de costas. Era mais prático, menos dolorido, embora , reconhecia, aumentassem as chances de acidentes.
“Detrás” conseguiu um ajudante que o guiava, nas caminhadas, amenizando os riscos previsíveis. Alcunharam-no imediatamente por “Dafrente” . Torquato mostrava-se feliz como nunca na vida, mas entendia que o mundo estava às avessas e que necessitava de algumas precauções adicionais. Aos poucos, a cidade terminou absorvendo totalmente aquela estranhice e ele perdeu um pouco a primazia de centro das atenções municipal. Agora podia contemplar com total liberdade o lindo cenário passado que tanto desejara e, percebeu, que quanto mais distante fitava, mais a visão lhe parecia bonita e colorida. Mas lhe satisfazia. Torquato , então, convenceu-se que cometia uma injustiça. Não lhe parecia justo ter todo o privilégio e seu fiel escudeiro, o ajudante, ser tolhido daquela satisfação ímpar. Tanto fez que terminou o convencendo a andar de costas como ele. Agora, pelas ruas e calçadas da cidade, desfilavam os dois , andando ao contrário dos outros. O que a princípio rescendia como estranho novamente começou a fazer parte do espetáculo trivial e cotidiano da cidade. Não demorou muito a que alguns passassem a aderir à moda de Torquato e seu Sancho Pança. Nunca se conseguiu bem entender o porquê. Talvez existisse alguma coisa a ver com aquele ar de gozo eterno, meio místico que Detrás & Dafrente empunhavam. O certo é que o clube, pouco a pouco, ganhou novos sócios.
Passados alguns anos, a esquisitice de Torquato se tornara regra entre os habitantes. Os mais velhos, mais renitentes às transformações, já haviam desaparecido; os de meia idade faziam parte da grande geração da mudança e os mais novos haviam crescido já com a nova normalidade.
Um dia chegou à cidade um forasteiro chegado de terras longínquas. Simplesmente não conseguia acreditar no que via. Postou-se atônito, estarrecido ante àquela realidade quase surreal. Todas as pessoas andavam de costas, até mesmo os animais de estimação. As selas dos cavalos haviam sido readaptadas para que pudessem todos montar ao inverso, olhando para o rabo do animal. As carroças traziam o burro propulsor atrás e o carroceiro ia à frente como numa boléia de caminhão. Na igreja, o padre rezava de costas para os fiéis e estes também ficavam de costas para ele e olhando para a rua. O forasteiro encontrou uma verdade oculta e profética nesta atitude.
Os prefeitos eleitos já com os novos hábitos tiveram que readaptar sua ação política, vislumbrando os novos tempos. Quase todas as árvores foram cortadas das avenidas no intuito de diminuir os esbarrões. Os postes de iluminação pouco a pouco suprimidos, por razões idênticas. O cineminha teve sua tela arrancada. Como a platéia tinha cadeiras em sentido contrário, assistiam ao cinema apenas ouvindo os diálogos e sem se atentar à projeção que se fazia às suas costas. O forasteiro achou aquilo tudo louco demais e tentou convencê-los disso. Terminou sendo enxotado dali , após safanões e ameaças. E este também foi o destino de muitos que ali chegaram , tentando rever os hábitos agora já consolidados. Houve, ao que se sabe, até caso de chacina coletiva de um viajante mais renitente. Onde já se viu? Em terra de sapo, de cócoras com ele!
Os tempos terminaram por mostrar que a primal e contagiosa esquisitice de Torquato não havia sido tão inócua assim. A nova atitude, levada às últimas conseqüências, mexeu com os relacionamentos. As pessoas ficaram mais distantes entre si, não se fitavam como antigamente . Fixados no horizonte longínquo, olhavam-se uns aos outros meio de viés. Os namoros também ficaram menos sensuais, já que os abraços agora eram, necessariamente, costa com costa. As danças, também, ficaram quase impossíveis: bunda roçando bunda. Os casamentos já não geravam filhos, por motivos idênticos, já que as transas necessitavam de contorcionismos de um Cirque du Soleil. A retirada das árvores, para facilitar a livre circulação dos bichos-caranguejo, terminou por modificar, também, a paisagem. Não só a visão do presente e futuro , como se imaginava a priori, mas também a pretérita. Por outro lado, andando todos em uma mesma direção, haviam se acostumado a mirar apenas o poente e os crepúsculos e acabaram esquecendo que havia auroras. O certo é que o povo, pouco a pouco, desapareceu. Uns de velho, outros por acidentes. Um dia “Dafrente” caiu em uma cacimba e não foi possível salvá-lo. Também , já não chegavam novos viandantes. Temiam represárias. A notícia da pouca receptividade se espalhara rápido.

Um dia, a dura constatação : restava apenas Torquato. Só, com queixo proeminente , caminhava indefinidamente em direção ao poente. Retinas prenhes de treva crepuscular, ele nem sequer se deu conta quando o Anjo aproximou-se às suas costas com a espada flamejante e a sua carruagem de fogo. Ainda percebeu um pouco o brilho voluptuoso que se irradiava à volta. Mas para vê-lo, teria que cometer a heresia de voltar-se e fitá-lo de frente e, pior, com a certeza de que ele não o esperava de costas. Preferiu a treva e ao redemoinho.

J. Flávio Vieira

"Senhora do Destino" - Por Socorro Moreira - para minha amiga Edilma Rocha


Eu não sei por que choro tanto , no último capítulo das novelas.
Parece que vivo em mim, cada final feliz – os meus e os dos filhos de Deus.
Avalio o preço que a gente paga por uma quota da felicidade. O instante do riso que fica. A dor que machucou, e o vento levou. O fim que se aproxima, abismal e luminoso ou um terrível silêncio, sem fim.
A música, os encontros amigos, as descobertas de um pensador, os versos extraídos da gente, que já estavam presentes, na dor de um autor. Será arte todo instante que traz uma novidade? Daqui a pouco estarei no calor da tarde, preparando o lanche da casa. Emoções em dias com as lágrimas, e a mesma vontade de repetir com outra visão, a mesma história de vida.
O tédio da rotina é a paz que buscamos. A felicidade perdida é o sorriso que achamos, na novidade do dia a dia.



*Foto do acervo de Edilma Rocha.

A mulher e os signos - Vinícius de Moraes



VIRGEM
Se Florence Nightingale era Virgem
Não sei... mas o mal é de origem.

A mulher de Virgem aceita a amante
Isto é: desde que não a suplante.

Sexo de consumo, pães-de-minuto
Nada disso lhe há de faltar
O condomínio é absoluto
A Virgem é mulher do lar.

Opala, safira, turquesa
São suas pedras astrais
Na cuca muita esperteza
Na existência, muita paz

LIBRA

A mulher de Libra
Não tem muita fibra
Mas vibra.

Quer ver uma libriana contente?
Dê-lhe um presente.

Quando o marido a trai
A mulher de Libra
balança mas não cai.

Se você a paparica
Ela fica.

Com librium ou sem librium
Salve, venusiana
Que guarda o equilíbrio
Na corda mais fina.

ESCORPIÃO

Mulher de Escorpião
Comigo não!
É a Abelha Mestra
É a Viúva Negra
Só vai de vedete
Nunca de extra.
Cria o chamado conflito
de personalidades.
É mãe tirana
Mulher tirana
Filha tirana
Neta tirana
Tirana tirana.
Agora, de cama diz
Que é boa paca.

SAGITÁRIO

As mulheres sagitarianas
São abnegadas e bacanas
Mas não lhes venham com grossuras
Nem injustiças ou censuras
Porque ela custa mas se esquenta
E pode ser muito violenta.
Aí, o homem que se cuide...
- Também, quem gosta de censura!

CAPRICÓRNIO

A capricorniana é capricornial
Como a cabra de João Cabral.
Eu amo a mulher de Capricórnio
Porque ela nunca lhe põe os próprios.

A capricorniana é tão ciumenta
Que até os ciúmes ela inventa.
Mulher fiel está aí: é cabra
Só que com muito abracadabra.

Suas flores: a papoula e o cânhamo
De onde vêm o ópio e a maconha
Ela é uma curtição medonha
Por isto nos capricorniamos.

AQUÁRIO

Se o que se quer é a boa esposa
A aquariana pousa.

Se o que se quer é uma outra coisa
A aquariana ousa.

Se o que se quer é muito amor
A aquariana
É mulher macho sim senhor.

Porém não são possessivas
Nem procuram dominar
Ou são meigas e passivas
Ou botam para quebrar.

PEIXES

Mulher de Peixe... peixe é
Em águas paradas não dá pé
Porque desliza como a enguia
Sempre que entra numa fria.
Na superfície é sinhazinha
E festiva como a sardinha
Mas quando fisga um namorado
Ele está frito, escabechado.
É uma mulher tão envolvente
Que na questão do Paraíso
Há quem suspeite seriamente
Que ela era a mulher e a serpente.
Seu Id: aparentar juízo
Seu Ego: a omissão, o orgulho

ÁRIES

Branca, preta ou amarela
A ariana zela.

Tem caráter dominador
Mas pode ser convencida
E, aí, então, fica uma flor:
Cordata... e nada convencida.

Porque o seu denominador
É o amor.
Eu cá por mim não tenho nenhum
preconceito racial:
Mas sou ariano!

TOURO

O que é que brilha sem
Ser ouro? - A mulher de Touro!
É a companheira perfeita
Quando levanta ou quando deita.
Mas é mulher exclusivista
Se não tem tudo, faz a pista.
Depois, que dona-de-casa...
E à noite ainda manda brasa.
Sua virtude: a paciência
Seu dia bom: a sexta-feira
Sua cor propícia: o verde
As flores dos seus pendores:
Rosa, flor de macieira.

GÊMEOS

A mulher de Gêmeos
Não sabe o que quer
Mas tirante isso
É boa mulher

A mulher de Gêmeos
Não sabe o que diz
Mas tirante isso
Faz o homem feliz

A mulher de Gêmeos
Não sabe o que faz
Mas por isso mesmo
É boa demais...

CÂNCER

Você nunca avance
Em mulher de Câncer.

Seu planeta é a Lua
E a Lua, é sabido
Só vive na sua.
É muito apegada
E quando pegada
Pega da pesada.

É mulher que ama
Com muito saber
No tocante à cama
Não sei lhe dizer...

O Vasco da Gama completa hoje 111 anos




* Meu pai era vascaíno, e eu não preciso de outros motivos para torcer pelo Vasco .

A beleza triplicada : Rosineide Esmeraldo e filhas ( Fernanda e Renata )


Alternâncias - por Socorro Moreira


Solidão , romance

Romance na solidão

Solidão no romance

Tudo intenso !


O morno do amor

É melodia baixinha

É perfume suave

É doce harmonia.


O que é bom dura sempre

O tédio é de quem o sente

Rasga esboços da felicidade...

-Ela em trapos, se recompôe !



Amor marginal

se descoberto sob mantas

nas esquinas, nos muros pichados

Deixe a declaração

Não assine !

Projeto água pra que te quero ! - Nívia Uchôa


Cariricaturas - Por Edilma Rocha



Cariricaturas,

Um mês de viagem ao encontro de amigos ausentes e agora presentes.
Aqui encontrei o carinho, a confraternização e tudo que precisava ouvir na hora certa.
Agradeço aos criadores e aos escritores que sabem conduzir tão bem este blog divulgando assuntos de interesse único.
Páginas repletas de literatura viva degustadas , prazerozamente , por todos nós, seus leitores.
Informações preciosas de conhecimentos culturais, esportivos, cinematográficos, amores, desamores, saudades, coisas do dia a dia e atualidades. E o mais importante, o respeito pelas pessoas que aqui estão presentes.
Sem esquecer nossas histórias do Crato e das famílias que fizeram e fazem a diferença nas nossas recordações. Importantes não por dinheiro ou poder, mas pelo fato terem existido para serem relatadas em crônicas, poemas e depoimentos.
Escritores da minha cidade natal.
Escritores que passei no quintal de suas casas ou na sala de visitas.
Escritores que foram colegas de colégio, amigos de infância e comtemporâneos de uma época.
Mestres encontrados depois de tantos anos...
Sei que o mesmo sentimento habita no coração de cada um..
A expectativa de abrir o computador e encontrar a emoção, o carinho de um simples comentário , nos enche o coração de alegria.Não preciso citar nomes pois em cada um se reflete a minha admiração particular.
O que seria deste espaço sem todos vocês ?
Se esse blog não existisse teria que ser inventado outra vez...!

Sua maior admiradora,

Edilma


Pensamento para o Dia 21/08/2009


“A paz não pode ser encontrada no mundo externo, mas somente dentro de si mesmo. É necessário perceber que o universo inteiro é permeado pelo Divino. Hoje, o mundo é preenchido pelo conflito. Não é possível fazer uma distinção entre um ser humano e um demônio. Em vez de caminhar em direção à Divindade, o homem, que evoluiu do animal, está regressando à animalidade. O dever principal do homem é sustentar os valores humanos da Verdade, da Retidão, da Paz e do Amor. Hoje, porém, o homem está envolvido pelo apego e pelo ódio. No momento em que os rejeitar, ele perceberá sua Divindade.”

Sathya Sai Baba

Picasso e as Corujas- Corujinha Baiana


O artista desenhou seu auto-retrato como uma coruja, com buracos no lugar dos olhos, que foram preenchidos com os olhos de uma fotografia sua feita por David Douglas Duncan.

Pablo Picasso (Espanha, Málaga :25 de outubro de 1881- Mougins,França: 8 de abril de 1973) era filho de um professor de desenho que desde cedo estimulou seu talento. Estudou em Madri e, depois, em Barcelona.









A partir de 1900, fixou-se em Paris. Considerado um dos artistas mais versáteis do século XX, sua produção artística foi vastíssima, incluindo pintura, escultura, desenhos, cerâmica, gravuras, objetos decorativos (usando todos os tipos de materiais) e poemas.

Calculam seus biógrafos que tenha deixado cerca de 13.500 pinturas ou desenhos, 100.000 impressões ou gravações, 34.000 ilustrações para livros e 300 esculturas ou cerâmicas, sendo esta a parte menos conhecida de sua obra, que alcança preços astronômicos no mercado mundial de arte.Picasso amava os animais e eles apareciam freqüentemente em suas obras.


Como outros pintores célebres (Michelangelo, Albrecht Dürer,Jheronimus Bosch) Picasso imortalizou a coruja em seus trabalhos



“Hibou” 1960
Lápis e pastel sobre papel


Dimensão: 29,5 x 41,3



“La chouette” 1952
Argila branca queimada
Munich Museum

“Le grand hibou” 1948
Litografia
Dimensão: 70 x 54,8cm
Graphikmuseum Pablo Picasso, Münster

“Plate ovale à la chouette” 1949
Argila branca decorada vitrificada
Dimensão: 32 x 38cm
Musée Picasso, Antibes

“Hibou blanc sur fond rouge” 1957




Faiança parcialmente vitrificada
Diâmetro: 47,5 cm
Edição Limitada: 200 peças
“Le Hibou Noire Perché” 1957
Prato em faiança pintado em preto
Diâmetro: 43,2cm
Edição Limitada 100 peças


“Hibou au ailes déployées” 1957
Prato em cerâmica vitrificada
Diâmetro : 42cm
Edição limitada: 200 peças

“Hibou” 1960
Lápis e pastel sobre papel
Dimensão: 29,5 x 41,3






















“La guerre et La paix” (Picasso desenhando)
Dois painéis, pintados em 1951 e instalados em 1959 na Capela (do século 12) do Castelo de Vallauris, considerada por Picasso um santuário da paz.






“Chouette” 1968
Vaso em faiança, pintado em verde, vermelho, branco e preto
Dimensão: 27,5cm
Edição limitada: 500 peças


“Chouette aux traits 1951
Vaso em faiança, vitrificado, pintado em preto, marrom e branco
Dimensão: 29,5cm

“Visage et hibou” 1958
Vaso de barro pintado de branco e parcialmente vitrificado
Dimensão: 24,5cm
Edição limitada: 100 peças


“Chouette” 1953
Escultura em faiança
Dimensão: 35 cm
Edição limitada: 25 peças


As tias quando agosto começa a terminar - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Rosa, Maria e Raimunda conhecem o espírito destas últimas manhãs frescas de agosto. Com pouco começam os meses em “b-r-o- bró” e o calor nasce com o amanhecer. Nem bem as cinco e trinta da manhã elas já haviam passado em todas as unidades de produção da fazenda: galinheiro, pocilga, curral de vacas, horta e pomar.

Nas seis em ponto, sentadas à mesa, um farto café sertanejo: pão com margarina para o colesterol; leite desnatado para o cálcio dos ossos e um pingado de café. É o sertão vivendo a dieta do momento. Tudo que nele se faz, só raramente comem, vai tudo para ser vendido na feira de Potengi ou até mesmo é levado ao Crato pelos sobrinhos.

Esperem aí. Ia esquecendo: comem banana para incorporarem potássio. Depois, podendo inverter a ordem, dão uma volta para esticar as canelas e examinarem alguns aspectos dos roçados e da pastagem e voltam para casa quando logo se conectam à internet. Antes das nove horas examinaram as páginas dos grandes jornais do Rio e São Paulo.


- Tia e por que não os jornais de Fortaleza ou do Recife?
- Meu filho é tudo matriz e filial. Nós vamos logo à matriz para não perder tempo ou comprar mercadoria estragada.


- Maria eu acho muito bonito este nome aí!
- Qual Rosinha?
- Folha online (pronunciado on line mesmo, sem o laine do inglês).
- E por quê?
- E nem sempre tem explicação para o que a gente acha bonito? Acho e está resolvido.


- Olhem esta notícia: Marginal Pinheiros tem 9,3 Km de lentidão; São Paulo registra 98 Km de congestionamento”.
- É quase como daqui no Crato.
- Por isso é que o Brasil não vai para frente: o povo só gasta gasolina e não faz nada.
- Onde já se viu: nesta hora e nem bom dia ninguém se deu no trabalho.
- Deste modo os que trabalham de manhã dão boa tarde e os da tarde dão boa noite.
- Menina e a vida deste povo?
- É uma ladainha no trânsito, um rosário no trabalho e uma Ave Maria em casa.
- Isso lá é vida!
- E essa notícia?


- “Meu pai é inocente”, diz filho de Roger Abdelmassih.
- Herdeiro não condena pai.
- E advogados se pudessem plantariam uma roça de “pé de dinheiro”.
- Por hoje chega?


- Vamos selar os cavalos e dar um galope até o Potengi?
- É bom eu preciso comprar um pacote de band aid para os meus calos.

O Tempo por João Marni


No engatinhar da raça humana, a noção de tempo limitava-se à observação do movimento das estrelas ou à intensidade do brilho solar. Passaram-se muitas luas e muitos sóis até que as civilizações aprendessem a identificar no tempo as estações do ano. Séculos se foram até a teoria da relatividade de Einstein e a precisão suíça dos relógios. Mas o que nos fascina mesmo e o que nos motivou a escrever essa crônica, é o tempo como lenitivo, intervalo do refluxo das marés, qual na canção COMO UMA ONDA, de Lulu Santos: - “... nada do que foi será igual ao que a gente viu há um segundo/ tudo muda o tempo todo no mundo”...

É esse tempo que age como bálsamo, alívio na grande dor da perda. Que enxuga nossas lágrimas e nos tira da desolação no amanhã. Traz de volta a cor rosada e o semblante alegre à mãe que chorou ontem, faz-nos esquecer um desafeto e tranqüiliza nossa alma após sepultarmos os entes queridos. Diminui nossas culpas, se as tivermos; pede carona ao passado e lá, amigo da memória, permite que abracemos nossos bons momentos e que reflitamos sobre nossas distorções da vida.

É o apagador do quadro negro das nossas dores. Somos o antes no agora. O passado a onda já lavou e levou. Hoje é o grande momento. Deus não retirou o sol, a lua nem as estrelas, quando perdeu, feito homem, seu astro maior. Não deixou na escuridão os outros filhos. Com o tempo perdoou-nos, sob uma condição: que ficássemos à deriva, tal barcos desmastreados, quanto ao terceiro estágio do tempo, que só a Ele pertence – o futuro, a outra ponta do elástico do Khronos. Daí a verdade na expressão popular, de que “o futuro a Deus pertence”.

É a casa onde mora a grande dúvida do homem. Pode ser o céu, pode ser o inferno. Somos meros arrogantes, infinitos apenas no nosso breve tempo!