Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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segunda-feira, 23 de maio de 2011

ENCONTRO COM AMIGOS



Huberto Cabral e Edilma
em palavras...

O VIGIA - Por Edilma Rocha

Ele chegava sempre no final da tarde, sem pressa. Andar lento, passadas largas, cabeça baixa e com o seu cobertor debaixo do braço. Tinha um ar sisudo, sempre de cara fechada. Se dizia homem corajoso e responsável no seu trabalho.
Vestia calça azul, camisa clara, kepe de segurança na cabeça e levava o emblema da empresa no peito. Quando  por acaso sorria, via-se que lhe faltavam os dentes da frente. Talvez esse fosse um dos motivos de estar sempre sério. Uma figura !
No final do expediente dos funcionários da manutenção, as 17 horas, reclamava se colocassem algum avião no seu canto predileto para dormir. E ficava muito aborrecido quando levavam para os voos de doentes a maca que fazia de sua cama. Eram tantas reclamações ao seu patrão que não podia dormir, que causava o riso de todos.
_ Assim não dá! Levaram minha cama de novo hoje a tarde, como vou dormir sem cama? Eu sou um homem velho, o corpo está cansado, preciso dormir direito. E ainda tem mais essas mouriçocas que não me deixam em paz, tenho que me cobrir todo.
O vigia era um folclore. Não dava conta dos pequenos furtos que aconteciam, como, ferramentas, revistas e comissarias dos aviões ou qualquer objeto que ficasse esquecido na noite do seu serviço.
Certo dia, os pilotos resolveram pregar uma peça no vigia do hangar. Como a maca dos doentes estava fora, o dito cujo se esticou na mesa de trabalho das chapas metálicas que se encontrava bem no meio do hangar para dormir. O seu ronco soava alto e forte entre os aviões, num sono profundo. Os pilotos pegaram  as pernas da mesa e bem devagar, levaram o vigia com mesa e tudo para o meio do pátio de manobras. Contaram, 1,2 e 3. Bateram na mesa e gritaram de uma só vez...
_ Seu vigia cadê os aviões ?
Ele espantado, abriu os olhos e viu o céu todo estrelado. Sentou na mesa e disse :
_ Valha me Deus! Roubaram o hangar com avião e tudo!

PÉROLAS DOS BASTIDORES - Por Claude Bloc


No lombo de uma "Topic"
Vou seguindo minha estrada
Vou olhando para as nuvens
Escutando a "Passarada"
A paisagem é tão linda
Que eu fico na "Berlinda"
E nem me sinto cansada
Os buracos pelo chão
Me levam no seu balanço
Como não há solução
Eu finjo que não me canso
E de tanto fingir, não sinto
E garanto que não minto
Pois sigo em passo manso.

PÉROLAS DOS BASTIDORES - Por Sávio Pinheiro


Assim na terra,
Como no céu ! Errado !
Eu sou mais o céu da Claude,
Que essa terra esburacada.
No céu tem nuvens branquinhas,
Na terra, estrada furada.
Em cima. o azul celeste
Em baixo, nada que preste
Só dor no lombo e mais  nada.

UBUNTU


UBUNTU
 
A jornalista e filósofa Lia Diskin, no Festival Mundial da Paz, em Floripa (2006), nos presenteou com um caso de uma tribo na África chamada Ubuntu.
Ela  contou que um antropólogo estava estudando os usos e costumes da tribo e, quando  terminou seu trabalho, teve que esperar pelo transporte que o levaria até o aeroporto de volta pra casa. Sobrava muito tempo, mas ele não queria catequizar os membros da tribo; então, propôs uma brincadeira pras crianças, que achou ser inofensiva.
Comprou uma porção de doces e guloseimas na cidade, botou tudo num cesto bem bonito com laço de fita e tudo e colocou debaixo de uma árvore. Aí ele  chamou as crianças e combinou que quando ele dissesse “já!”, elas deveriam sair correndo até o cesto, e a que chegasse primeiro ganharia todos os doces que estavam lá dentro.
As crianças se posicionaram na linha demarcatória que ele desenhou no chão e esperaram pelo sinal combinado. Quando ele disse “Já!”, instantaneamente todas   as crianças se deram as mãos e saíram correndo em direção à árvore com o cesto. Chegando lá, começaram a distribuir os doces entre si e a comerem felizes.
O antropólogo foi ao encontro delas e perguntou porque elas tinham ido todas juntas se uma só poderia ficar com tudo que havia no cesto e, assim, ganhar muito mais doces.
Elas simplesmente responderam: “Ubuntu, tio. Como uma de nós  poderia ficar feliz se todas as outras estivessem tristes?”
 
Ele ficou desconcertado! Meses e meses trabalhando nisso, estudando a tribo, e ainda  não havia compreendido, de verdade,a essência daquele povo. Ou jamais teria proposto uma competição, certo?
Ubuntu significa: “Sou quem sou, porque somos todos nós!”
Atente para o detalhe: porque SOMOS, não pelo que temos…
UBUNTU PARA VOCÊ!

ONDE HÁ FUMAÇA HÁ FOGO

(Pedro Esmeraldo)

Ao ilustre Deputado, Ely Aguiar.

Enviamos os parabéns ao nobre deputado e aos seus companheiros de luta pelos arrojados pronunciamentos em defesa do Crato. Ultimamente, a cidade é desprezada e desmerecida pelos homens do Governo.

Uma horda de falsos líderes vem querer dilacerar a nossa terra em beneficio de outra que consideramos menos importante que a nossa em termos de desenvolvimento sustentável e na produção agro-pastoril.

Não somos acomodados como dizem, mas somos lutadores e progressistas corajosos, já que desta cidade surgiram os primeiros focos do desenvolvimento da região do Cariri. Foi do Crato que partiu a revolução separatista do ano de 1817, pois queríamos separar o Brasil de Portugal. Foi do Crato que surgiram os primeiros soldados na independência (Revolução de 1824, chamada Revolução do Equador). Foi do Crato que surgiu o desenvolvimento educativo do interior do Nordeste. E em todos os aspectos desenvolvimentistas tornou-se a maior cidade interiorana da região centro-nordestina. Devemos lembrar que esta cidade deve ser respeitada e não venham com firulas, querendo tapar o sol com a peneira, enganando o povo com bananas e bolos. Não somos trouxas para acreditar na conversa destes políticos maldosos que desejam empobrecer as nossas terras dando um abraço de tamanduá, contando falsas histórias mentirosas, dizendo que vem tudo de bom para o Crato, mas o que vêm mesmo é buscar votos no período eleitoral.

Os Cratenses, devido a estas medidas desastradas permanecem perplexos e não querem aceitar estas conversas ocas que são pronunciadas por estes falsos políticos.

Seu desejo é somente esvaziar o Crato, transformando-a numa cidade dormitório, deixando-o submisso a outra plaga cheia de pieguice, alheia ao desenvolvimento equilibrado.

Eles só desejam o desenvolvimento para si e as outras comunidades que permaneçam no desespero que se afastem do desenvolvimento solidário.

Segundo um escritor regionalista brasileiro, que ficava satisfeito quando via o melhoramento para qualquer parte do país, assim dizia: É BRASIL.

Infelizmente, aqui no Cariri, o chefe do poder executivo só pensa em Juazeiro do Norte e as outras comunas que caiam na bancarrota.

Já está na hora de os Cratenses revoltarem-se assim como faziam os líderes locais de antigamente, já que tudo isso é desaforo e o desprestígio para o povo que os elegeu e que tem como objetivo prejudicar o Crato.

Portanto, prezados Deputados, mais uma vez lhes pedimos apoio com sua ajuda referente às nossa terra tirando-a das mãos desses algozes inimigos ambiciosos, fanáticos e que só querem levar do Crato o que temos de bom.

Crato-CE, 20 de maio de 2011.

J. de Figueiredo Filho -- por Flamínio Araripe




Sete livros do escritor cratense José Alves de Figueiredo Filho foram reeditados pela Secretaria da Cultura do Ceará, Universidade Regional do Cariri (Urca) e Edições UFC na série Memória da Coleção Nossa Cultura. Todas as obras, que estavam esgotadas, foram relançadas em edições de mil exemplares cada, sem fins financeiros. Foram reeditados os livros: “Engenhos de Rapadura do Cariri”, “Folguedos Infantis do Cariri”, os 4 volumes da “História do Cariri” e “Cidade do Crato” (com Irineu Pinheiro). O lançamento será agendado em breve pela Urca e Secretaria da Cultura.

Os sete livros de J. de Figueiredo Filho foram publicados como parte de 10 títulos que enfocam a história e os costumes do Cariri. De Irineu Pinheiro, a série inclui dois livros – “Efemérides do Cariri” e “O Cariri: seus descobrimento – povoamento – costumes”. De Floro Bartolomeu da Costa, publica “Juazeiro do Padre Cícero”, que reproduz o célebre discurso do deputado pronunciado na Câmara dos Deputados em 1923, em defesa da Meca do Cariri e do seu líder político e religioso.

Abaixo, excertos de matéria publicada no “Diário do Nordeste” do último domingo:

José Alves de Figueiredo Filho (14 de julho de 1904 a 29 de agosto de 1973), gostava da banda Cabaçal, de Reisado e também das canções dos Beatles. No rádio de válvulas, pela BBC de Londres, apreciava música clássica e o recente fenômeno do iê-iê-iê. Gostava de cantar em casa, dizia sempre a minha mãe, Eneida. Farmacêutico, filho do boticário e poeta José Alves de Figueiredo, o Zuza da Botica, desde cedo vovô convivia com o povo simples no ambiente da farmácia e andava nos pés de serra do Crato, onde o seu pai tinha um sítio. Ali teceu os laços de amizade e afeto que logo vieram a fecundar um sentimento de valorização pelas manifestações culturais desta gente, imortalizado, assim, nos seus livros.

A sua obra literária pode ser vista como um diálogo com o mundo dos "Engenhos de Rapadura do Cariri", "O Folclore do Cariri", os "Folguedos Infantis Caririenses", a "História do Cariri" e "Patativa do Assaré - Novos Poemas Comentados", títulos de alguns de seus livros. O romance "Renovação" explora o cenário cearense da seca e da busca por soluções diante da pobreza. No "Meu Mundo é uma Farmácia", resgata o universo que influenciou na sua formação intelectual e pessoal, ponto de convergência do pensamento da época. Além de escritor, folclorista, historiador, único membro da Academia Cearense de Letras que morava no interior, cronista de produção quase diária publicada nos jornais de Fortaleza. Por toda a vida, sempre desempenhou um papel de amigo e conselheiro, uma pessoa de diálogo e, natural, compreensão.

Além de trabalhar na farmácia do pai - ele tinha a graduação em Farmácia na Universidade Federal do Ceará -, vovô exercia um cargo de confiança como inspetor escolar. É esta a memória que deixou nos amigos, no Instituto Cultural do Cariri, na revista Itaytera, no curso de História da Universidade Regional do Cariri.