Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A poesia de Manuel Bandeira




O RIO

Ser como o rio que deflui
Silencioso dentro da noite.
Não temer as trevas da noite.
Se há estrelas no céu, refleti-las
E se os céus se pejam de nuvens,
Como o rio as nuvens são água,
Refleti-las também sem mágoa
Nas profundidades tranqüilas.

Manuel Bandeira


ESTRELA DA MANHÃ

Eu quero a estrela da manhã
Onde está a estrela da manhã?
Meus amigos meus inimigos
Procurem a estrela da manhã
Ela desapareceu ia nua
Desapareceu com quem?
Procurem por toda a parte

Digam que sou um homem sem orgulho
Um homem que aceita tudo
Que me importa? Eu quero a estrela da manhã

Três dias e três noites
Fui assassino e suicida
Ladrão, pulha, falsário

Virgem mal-sexuada
Atribuladora dos aflitos
Girafa de duas cabeças
Pecai por todos pecai com todos

Pecai com os malandros
Pecai com os sargentos
Pecai com os fuzileiros navais
Pecai de todas as maneiras

Com os gregos e com os troianos
Com o padre e com o sacristão
Com o leproso de Pouso Alto

Depois comigo

Te esperarei com mafuás novenas cavalhadas
comerei terra e direi coisas de uma ternura tão simples
Que tu desfalecerás
Procurem por toda parte
Pura ou degradada até a última baixeza
eu quero a estrela da manhã

Manuel Bandeira


Insensatez - por Socorro Moreira


Hoje eu disse hoje pra uma amiga que o meu coração está aposentado, que ele pendurou as chuteiras,e que foi promovido para técnico amoroso.

Pensando bem, eu mesma o destitui da posição de técnico. Quem pensa que sabe , nem adivinha ! As coisas do coração são mesmo indecifráveis...Não exatamente complicadas !

Raros são os encontros , e a paciência no amor é quase utópica. Admiro os pares que se aturam , e acabam construindo uma realidade amorosa, nem sonhada , de tão linda !

Parece até que, inconscientemente, temos certeza de que existimos sozinhos. Mas o desafio de achar a companhia certa , está internalizado , e vive de teimosia.

A paixão é uma loucura que o amor cura.

A paixão acontece , num cruzar do olhar, numa troca de versos, num momento mágico. Se for alimentada , e dependendo do alimento, ela nos enlouquece , como um porre de vinho. Mas quem sabe amar, cura a paixão , empresta-lhe equilíbrio, e vai acertando os desencontros com novos tipos de encantos.

Existem pessoas que são vulneráveis a qualquer encanto. Sentem paixão por um, amam outros; na presença de um , sentem a falta do outro; não conseguem se definir;vivem o desequilíbrio e a eterna inquietação amorosa ; só valorizam a paixão: "São loucos !"

Hoje escutei de uma amiga : " não existe felicidade com traição".Quem ama está vulnerável, sim! Se a gente desiste de uma pessoa, ela torna-se vulnerável , e pode amar de novo. Às vezes a melhor e única solução é promover a liberdade do outro. Soltar o pássaro da gaiola, e também voar ...A coragem de ser livre não implica em perdas...É ganho de si mesmo !

Tem gente que é louco de paixão, e não sabe administrar sentimentos. O fado é solidão !

Tem gente que tem vocação para solidão. Abraça o destino , e se acompanha de outros afetos, que podem ser verdadeiros.

Fiquei muito estranha quando descobri que eu estava curada das paixões. Que o amor pode ficar longe, em até noutro plano... Que a vida não nos esconde alegrias, e que é cómodo dormir e acordar sozinha.

Mas uma coisa é certa ... Não adianta driblar o coração. O olhar e a palavra conseguem trair,mas o coração é fiel; não se engana, nem engana ; ele é curado de paixão, quando percebe que o amor gosta de respeito e lealdade; que a gente perde o que não merece... E que a paciência faz com que a gente ganhe o bem desejado.

Acho que escrevi pra mim mesma . Espero que outros se identifiquem com o texto, e me acrescentem um recado.

Socorro Moreira




.

Manuel Bandeira - Precursor do Modernismo



O recifense Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho mudou-se ainda jovem para o Rio de Janeiro. Em 1903, transferiu-se para São Paulo, onde iniciou o curso de engenharia na Escola Politécnica. No ano seguinte, abandonou os estudos por causa da tuberculose e retornou para o Rio, onde escreveu poesia e prosa, fez crítica literária e deu aulas na Faculdade Nacional de Filosofia. Por causa da doença, passou longos períodos em estações climáticas no Brasil e na Europa. Entre 1916 e 1920, perdeu a mãe, a irmã e o pai.

Em 1917, publicou "A Cinza das Horas", de nítida influência parnasiana e simbolista. Dois anos depois, lançou "Carnaval", fazendo uso do verso livre. Já se mostrava um dos precursores da linha modernista, e Mário de Andrade o chamaria de "São João Batista do modernismo brasileiro". Apesar disso, em 1922, por não concordar com a intensidade dos ataques feitos aos parnasianos e simbolistas, não participou diretamente da Semana de Arte Moderna (nem sequer viajou para São Paulo).

No entanto, seu poema "Os Sapos", lido por Ronald de Carvalho na segunda noite do acontecimento, provocou muitas reações. Nele, Bandeira se vale mais uma vez do verso livre, principal característica de sua obra:

"Enfunando os papos,/ Saem da penumbra,/ Aos pulos, os sapos./ A luz os deslumbra./ Em ronco que aterra,/ Berra o sapo-boi:/ 'Meu pai foi à guerra!'/ 'Não foi!' - 'Foi!' - 'Não foi!'"

Com "O Ritmo Dissoluto" (1924) e "Libertinagem" (1930), temos um poeta totalmente integrado no espírito modernista. "Libertinagem" apresenta alguns poemas fundamentais para entender a poesia de Bandeira: "Vou-me embora pra Pasárgada", "Poética", "Evocação do Recife" e outros. Aparecem ali seus grandes temas: a família, a morte, a infância no Recife, os indivíduos que compõem as camadas mais baixas da sociedade.

Apesar dos amigos e das reuniões na Academia Brasileira de Letras (para a qual foi eleito em 1940), Bandeira viveu solitariamente. Mesmo sendo um apaixonado pelas mulheres, nunca casou: dizia que "perdeu a vez".

Morreu aos 82 anos, de parada cardíaca -e não de tuberculose, a doença que o acompanhara durante parte tão grande de sua vida.

uoleducação

Você é bom fisionomista?

Vamos ver quem é bom/boa fisionomista !!!


Desafio:

Nesta foto há um dos manos Jamacaru
(identifique sua posição na foto e denomine-o)
.
***
Neste time há dois manos Jamacaru
.(identifique suas posições na foto e denomine-os)
.

***

Fotos do acervo de Tito e Adilza

ROBERTO JAMACARÚ, VOCÊ LÊ MINHA ALMA?

Querido amigo,

Entendo o seu silêncio que diz mais que mil discursos. Seu sorriso e seu olhar cristalino revelam a beleza de sua alma. Seu olhar arguto desvendou minha alma e minhas preferências. Quero te agradecer o magnífico presente que me concedestes no dia do meu aniversário. Fotos antigas e principalmente do meu Crato amado não têm preço. Lampião e os vaqueiros nordestinos meus heróis. Padim Ciço um ícone no meu coração. Suas romarias dispensam comentários e por final você me brinda com o CD "Bárbara" do meu querido e incomparável Abidoral. Estou mergulhando lentamente em cada um deles. Obrigado pela sua sensibilidade. Sou privilegiado e honrado com sua amizade e a de Fanca. Que Deus os conserve assim para a felicidade de todos nós, pobre mortais.

"Eu e o Mar" - por Corujinha Baiana

Poseidon furioso
Mar desafio
Imensidão
Profundezas.

Odisseu perdido
Canto de sereias
Penélope à espera
Mortalha infinita.

Alto mar
Mar aberto
Medo
Naufrágio
Morte
Imensidão de lágrimas.

Eu ilha
Porto seguro
Areia morna
Praia deserta.

Eu sereia
Sem en-Canto
Eu gaivota
Asa partida.

Meu Pirata dos Sete Mares
Tesouros perdidos ou roubados
"O que o mar leva, o mar traz."
Levou os meus sonhos ,
Mas só trouxe a saudade.

Dia do Mar - 1 2 de outubro /2009

Diante do mar - Respostas ao Desafio

Foto- Desafio


ANTROPOFAGIA BANGUELA disse...
..
Sete jangadas na areia
Duas deitadas de sono
Cinco a espera da ceia
Quisera ser eu teu dono
Pra no mar bem longe ir
Esquecer de tudo e sorrir
Do amor que eu não abandono!

Ulisses Germano Leite Rolim


Claude Bloc disse...

.
O mar se estende como uma esteira e no poente se deita. Adormece no colo da noite e espera a lua chegar.
São os contrários que se tocam no mar. E nesse acalanto do tempo, e nesse mar que vadeia, já nada mais me é tão importante.
Tornei-me longínqua lá de onde nunca saí. Tornei-me o mar, a querer encurtar a distância de onde o resto de mim ficou.
.
Claude Bloc


Socorro Moreira disse...

.
O mar banhou-me com seu olhar
Nuances de azul e verde
Espumas num delírio incontido
Areia batida, salgada de mar .
......
As jangadas partiram
Prometem voltar...
Na busca da ceia
No balanço do sonho
insone é o mar .
..
O mar não tem dono
Briga com Netuno
Brinca com as sereias
Inventa um choro ,
que borbulha e molha
o rosta da areia .
..
No mar ,
o amor se perde ,
mas volta, numa lua
de coração inteiro.
Socorro Moreira

"Um dia eu consigo viver sem esposa !" - Colaboração recebida por e-mail

.
O marido e a mulher não se falavam há uns três dias.
Entretanto, o homem se lembrou que no dia seguinte teria uma reunião muito cedo no escritório.Como precisava levantar cedo, resolveu pedir à mulher para acordá-lo. Mas para não dar o braço a torcer, escreveu num papel:
'Me acorde às 6 horas da manhã'.
No outro dia, ele levantou e quando olhou no relógio eram 9h30. O homem teve um ataque e pensou:
- Que meeeerdaaa! Mas que absurdo! Que falta de consideração, ela não me acordou...
Nisto, olhou para a mesa de cabeceira e reparou um papel no qual estava escrito:
- ...São seis horas, levanta!!!

Moral da História:
Não fique sem conversar com as mulheres, elas ganham sempre, estão certas sempre e são simplesmente geniais na vingança!!!!!!
O casamento é a relação entre duas pessoas, onde uma pessoa está sempre certa e a outra, é o marido!


Eu era a Eva
Criada para a felicidade de Adão
Mais tarde fui Maria
Dando à luz aquele
Que traria a salvação
Mas isso não bastaria
Para eu encontrar perdão.
Passei a ser Amélia
A mulher de verdade
Para a sociedade
Não tinha a menor vaidade
Mas sonhava com a igualdade.
Muito tempo depois decidi:
Não dá mais!
Quero minha dignidade
Tenho meus ideais!
Hoje não sou só esposa ou filha
Sou pai, mãe, arrimo de família
Sou caminhoneira, taxista,
Piloto de avião, policial feminina,
Operária em construção...
Ao mundo peço licença
Para atuar onde quiser
Meu sobrenome é COMPETÊNCIA
E meu nome é MULHER..!!!!
(O Autor é Desconhecido, mas um verdadeiro sábio...)

Tudo quanto eu quero de vez em quando - Por Stela Siebra Brito



De: Stela

Para: Amig@s

Assunto: TUDO QUANTO EU QUERO DE VEZ EM QUANDO

Um email com cara de carta. É tudo quanto eu quero de vez em quando.

Pois é, mandar cartas virou coisa do passado. Hoje um telefonema resolve saudades e negócios, um email lembra que a outra pessoa tá conectada com tudo e com todos ; tem ainda os torpedos, os recados e as fotos no orkut, os comentários no blog..., tem twitter, facebook, myspace e sei lá o que mais de moderno que existe que eu não dou conta, ainda.

É difícil ficar à margem de tanta tecnologia, porque é tudo muito tentador, muito prático, muito imediato. Não estou querendo especular as vantagens e desvantagens do mundo virtual, o que quero mesmo é dizer que de vez em quando tenho saudade de uma conversa de comadres, daquelas bem demoradas, bem humoradas, cheias de novidades, alfinetadas, choros, risadas, ironias, surpresas, “amostração”... É, tem comadre, ou compadre, que conta uma vantagem que “Vixe”, sai de perto. Mas, até isso também é bom, é divertido.

No entanto, em se tratando de emails, devo dizer que, na maioria das vezes, eles me deixam frustrada. Mensagens belíssimas, com fotos deslumbrantes, música e coisa e tal. Só falta uma coisinha: um toque pessoal de quem remete, que poderia ser uma frase, uma palavra, um oi tudo bem, como estás, tô com saudade, mando um beijão, e aí como vai a vida, veja este poema, o filme tal, o livro tal. Essas coisas, essas palavras e outras mais que um leve esforço de pensar vai sugerir e revelar que temos coisas, sim, a dizer e que temos, também, tempo para fazê-lo. Acho que, na maioria das vezes, temos preguiça de escrever, e não é só questão de facilidade ou dificuldade, é preguiça mesmo. Sugiro que leiamos um pouco mais, porque a leitura estimula a escrita. E falar em leitura e escrita, hoje é o Dia Nacional da Leitura, vamos ler mais querid@s amig@s.

E para encerrar esse email panfletário, um poema de Adélia Prado, que entende muito bem de conversa de comadres. Beijos pra todos vocês. Stela

Clareira

Seria tão bom, como já foi,

as comadres se visitarem nos domingos.

Os compadres fiquem na sala, cordiosos,

pitando e rapando a goela. Os meninos,

farejando e mijando com os cachorros.

Houve esta vida ou inventei?

Eu gosto de metafísica, só pra depois

pegar meu bastidor e bordar ponto de cruz,

falar as falas certas: a de Lurdes casou,

a das Dores se forma, a vaca fez, aconteceu,

as santas missões vêm aí, vigiai e orai

que a vida é breve.

Agora que o destino do mundo pende do meu palpite,

quero um casal de compadres, molécula de sanidade,

pra eu sobreviver.
.
Stela
* Esse email tá bonito demais para não ser compartilhado !



Uma imagem pelo dia de hoje! Pachelly Jamacaru

Princípio

Conto os dias
para o meu nascimento:
definitivo, eterno, sem volta.

Conto nos dedos
quantos dias faltam
para que suma a mente voraz.

Deixe seu vício na rua.
Praças, becos.

Deixe seu pecado junto
com as multidões.

Os gatos pardos morreram.
Os que suspiram têm medo de telhado alto.
Escondem-se debaixo das paradas de ônibus.

Conto quantas estrelas caem
antes da minha queda.

Começou cedo a noite
com suas fagulhas.

Dia do mar- "Todo azul do mar !"

Falsificadores de arte são artistas?

por MDuval On 8/13/2009 01:16:00 AM
Falsificadores de arte são artistas? Ao conhecer as pinturas de Hans van Meegeren esta pergunta é inevitável e nos leva a uma reflexão sobre o tema.

Hans van Meegeren (1889-1947), estudou arte na “Haia Academie”, obtendo licenciatura em 1914. Contam que foi um pintor com algum talento, mas que se recusou a subornar um crítico e, por isto, teve sua carreira encerrada. Este fato também o teria levado a iniciar suas falsificações.
van Meegeren
Van Meegeren surge para o mundo em 1945, depois da 2ª Guerra Mundial, quando a coleção de obras de arte do nazista Hermann Goering foi encontrada. Entre os 1200 quadros havia um Vermeer – “Mulher surpreendida em adultério”, vendido ao ex-comandante da Luftwaffe por van Meegeren.

Mulher Surpreendida em Adultério
Encontrado pela polícia, o ex-pintor era então dono de um bem sucedido clube noturno. Segundo disse em seu interrogatório, sua fortuna havia sido feita através da venda de seis Vermeer, adquiridos de uma família italiana.

A casa-barco onde van Meegeren mantinha seu clube noturno
Pressionado, van Meegeren confessou ter falsificado obras de Hals, Hooke e Vermeer. No total, foram onze Vermeers, dois Pieter de Hooke, dois Gerard ter Borchs, três Frans Halses e um Dirck Baburen. Para provar que não estava mentindo van Meegeren pintou seu último Vermeer: “O Jovem Cristo Ensinando no Templo”.
Cristo e os Discípulos em Emaús - o melhor Vermeer de van Meegeren
O Hooke (Pieter de), de Meegeren

O interessante nas falsificações de van Meegeren é que ele não falsificou as obras, ou seja, ele não copiou obras de Vermeer, Halses, Hooke, ele incluiu no catálogo desses artistas obras que eles não haviam pintado. Obras que os maiores conhecedores de art e da época divulgaram como novas pinturas descobertas.
A última Ceia - um Vermeer de van Meegeren
Mulher Bebendo, Halses por van Meegeren

Van Meegeren falsificou as assinaturas dos pintores e não suas pinturas. Isto faz dele um falsificador único e exclusivo. Um artista?
Assinaturas

Julgado e condenado,
no último dia para recorrer da sentença, Meegeren sofreu um ataque cardíaco e foi hospitalizado, morrendo após um segundo ataque, em 30/dez./1947, aos 58 anos.

Fonte: http://www.blogcatalog.com/

Edu da Gaita - Por Socorro Moreira- Para o meu amigo João Nicodemos.



1980

Eu morria de medo de São Paulo. Achava que seria atropelada no trânsito , e na imensidão de coisas que aquela cidade oferecia. Fui renitente , em não visitá-la, embora tivesse vontade.

Um dia aproveitei a companhia de um amigo paulista , e atrevi-me !

Primeira noite fomos aos bares do Bexiga. Ouvíamos um som de flauta, e o o João logo gritou : Edu da gaita ! Pronto era a São Paulo que eu não conhecia, e apaixonou-me. Na madrugada, atravessei a Avenida Paulista , com o som do Edu, ainda nos meus ouvidos. Olhei o céu, e senti a lua dentro de mim. Sorrimos : ela por dentro, e eu por fora. Depois foi a hora de matar a fome numa cantina. São Paulo é massa !

Eduardo Nadruz (13 de outubro de 1916 - 23 de agosto de 1982) - Edu da Gaita - nasceu na cidade de Jaguarão, no Estado do Rio Grande do Sul e faleceu no Rio de Janeiro, Brasil.

Ao longo de sua vida, ele foi impulsionado pelo desejo de explorar e revelar toda a extensão das possibilidades técnicas da gaita, ainda amplamente considerada como um instrumento exótico.

Sua maior conquista foi a gravação de Nicolo Paganini "Moto Perpetuo", originalmente composta para violino. Ele levou onze anos de prática para adquirir a habilidade necessária para jogar em 2400 regista mais de quatro minutos, sem pausa alguma. Em junho de 1956, ele conseguiu tocar esta peça em três minutos e 21 segundos, tornando-se o primeiro na história a jogá-lo em um instrumento de sopro, e não deixando qualquer dúvida de que a gaita é um completo instrumento musical digna de respeito.

Apesar de Edu e os esforços de outros músicos, entre os quais Larry Adler merece uma menção especial, a gaita ainda não tenha tido o seu devido lugar no ranking de instrumentos musicais, principalmente por causa do pequeno número de peças de música erudita composta para o instrumento. No entanto, os concertos para harmônica e orquestra composta por Villa-Lobos e Radamés Gnatalli, o primeiro dedicado a John Sebastian eo último, de Edu, vale a pena mencionar.

Esta é a razão pela qual Edu teve que fazer o seu próprio repertório com composições originalmente escritas para outros instrumentos. Se, por um lado, isso tornou as coisas mais difíceis para ele, por outro lado, ele provou ser útil para mostrar o que poderia ser jogado na gaita.

Edu realizações Trazendo a atenção do público contribui não só para a preservação da cultura brasileira, mas também para mostrar, especialmente em outros países - onde quase nada se sabe sobre o seu trabalho - o nível de perícia técnica que pode ser atingido ao tocar gaita, abrindo o caminho para outros para sucedê-lo e até mesmo ultrapassá-lo no futuro.

Mais importante do que qualquer coisa que possa ser dito sobre Edu é escutar suas gravações, especialmente a de Paganini Moto Perpetuo, disponível neste site. Certamente nada, que aqueles que se conectam a este site pode ter previamente ouvido pode igualar o senso de grandeza que o Edu deu ao seu instrumento.

Gostaria de me colocar à disposição de qualquer entidade cultural ou de negócios que podem querer fazer o trabalho de meu pai, conhecido em todo o mundo, para dar orientações e contribuir de alguma forma à empresa. Afinal, o trabalho do meu pai era mais importante para o instrumento e pela música em si do que para sua distinção pessoal.

Finalmente, gostaria de salientar que as peças disponíveis neste site são apenas uma pequena parte de uma seleção dos melhores desempenhos de Edu da Gaita. Gravações originais e outras feitas em casa usando o equipamento no mercado interno foram Remasterized utilizando as soluções "Sonic" e "Cedro" sistemas. Este é o resultado de meus próprios esforços pessoais, sendo o único filho do músico.

Eduardo Nadruz Filho

Um olhar gringo sobre Juazeiro do Norte - postado por José do Vale Pinheiro Feitosa

Os processos históricos são muito mais longos que nossas vidas. Por isso a leitura dos jornais diários continua um problema de reflexão. Não é possível traduzir a história apenas por este momento. Agora mesmo estamos frente a embates internacionais, entre lutas por hegemonia E em defesa nacional. Este relato sobre a Campanha de Febre Amarela no nordeste no final dos anos vinte e conduzida pela Fundação Nelson Rockfeller é bem um exemplo da invasão e da incompreensão estrangeira. O texto é o relato da visita do chefe da expedição da Fundação em Fortaleza à cidade de Juazeiro do Norte. O texto foi levantado por Ilana Löwy, Diretora de pesquisa da unidade 158 do Institute Supérieur d’ Études et Recherches Médicale (INSERM) e traduzido para a Casa Oswaldo Cruz por Jaime Benchimol.

“A expedição do dr. Lucian Smith, chefe do escritório da Fundação Rockefeller em Fortaleza, a Juazeiro do Norte, cidade cearense onde se cultuava o padre Cícero, famoso ‘santo’ local, tinha umúnico objetivo: verificar se a mortalidade infantil, extremamente elevada, estava relacionada com a febre amarela. Com a ajuda de médicos locais, Smith (1927) examinou os prontuários relativos a 23 crianças recém-falecidas, e atribuiu todas as mortes à gastrenterite. Observou que, "embora Juazeiro tenha um Posto de Profilaxia Rural chefiado por um funcionário médico, e embora existam agora dois médicos exercendo a clínica privada na cidade, apenas algumas das gastrenterites em crianças recebem mínima atenção médica. ... A cidade não possui hospital nem dispensário público nem tampouco uma clínica onde tais doenças da infância possam ser diagnosticadas e tratadas." O dr. Smith explicou que os médicos locais atribuíam a alta incidência de mortalidade por gastrenterite à "miséria e ignorância desesperadoras da população. As pessoas eram muito pobres para comprar remédios ou para consultar um médico, e muito ignorantes para saber como alimentar seus bebês." Contudo, fiel à ideologia da Fundação Rockefeller, que atribuía a causa da pobreza à saúde precária (e não o contrário), o dr. Smith encarava a miséria reinante em Juazeiro como conseqüência da hereditariedade mórbida de seus habitantes:

A história mostra que Juazeiro é território livre onde se refugiam os fugitivos da justiça de todas as partes do Nordeste. ... A fama do padre de curandeiro miraculoso espalhou-se por todos os quadrantes. Os aleijados, os coxos, os cegos rumavam em bandos para ele, como se fosse um santuário. Alguns retornavam a seus lares, se tivessem um, mas muitos permaneciam na cidade, contribuindo com sua quota de ignorância, criminalidade e fanatismo, pobreza, doença e depauperação física e moral generalizada para a constituição social e econômica de Juazeiro no período de sua formação. Eles, os seus filhos e netos e outros da mesma laia compuseram a comunidade social hoje existente em Juazeiro. Não surpreende que o tipo de cidadão numericamente predominante no lugar exiba deficiências mentais tão marcadas, tamanho insucesso na adaptação ao ambiente, tão notáveis estigmas de degeneração física, resistência tão diminuída e tal suscetibilidade a doenças. O processo de eliminação em curso lá é, a um só tempo, o remédio e a punição da natureza para a assustadora aberração. Pensando nessa combinação de elementos hereditários de degeneração e doença, creio que seria difícil duplicar Juazeiro em qualquer outro lugar da terra.”

A Liberdade é Azul - Colaboração de Glória Pinheiro


Elenco

Ator / Atriz Personagem
Juliette Binoche Julie Vignon
Benoît Régent Olivier
Florence Pernel Sandrine
Charlotte Véry Lucille
Hélène Vincent Jornalista
Philippe Volter Corretor de imóveis
Emmanuelle Riva Mãe
Julie Delpy Dominique
Hugues Quester Patrice
Florence Vignon Copista
Daniel Martin Vizinho
Jacek Ostaszewski Flautista
Claude Duneton Médico
Yann Trégouët Antoine
Alain Ollivier Advogado
Isabelle Sadoyan Empregada
Pierre Forget Jardineiro
Zbigniew Zamachowki Karol Karol


Sinopse

Julie Vignon é uma famosa modelo que perde seu marido, Patrice, um famoso compositor de música erudita, e a única filha, em um trágico acidente automobilístico. Quando do acidente, ele trabalhava numa partitura para um grande concerto encomendado pelo Conselho Europeu. Ela acorda em um hospital e se depara com toda a solidão que a aguarda. Sentindo-se perdida, não vê mais sentido em sua vida e tenta o suicídio, porém, sem a coragem necessária, fracassa em seu intento.

Depois desse choque inicial, ela procura Olivier, que era colega dela e de seu marido e o seduz: 'Você sempre me quis', diz ela. 'Aqui, estou eu'. Agindo assim, acredita estar testando se ainda consegue sentir alguma coisa.

Em seguida, decide abandonar tudo e excluir todos os parâmetros ou amarras que a ligavam ao seu mundo anterior. Procura um novo endereço, em Paris, para viver seu anonimato. Ela quer caminhar pelas ruas, livre de sua história, de suas lembranças, de sua identidade.

Nessa liberdade, paradoxalmente reencontrada, ela conhece uma mulher que tinha sido amante do seu marido por anos, descobre que sua mãe não estava bem da cabeça e, tentando finalizar a partitura que o marido deixara inacabada, reaproxima-se das pessoas e, dando um novo impulso à sua vida, volta a ser feliz. .

Críticas

"A Liberdade é Azul" é o primeiro filme de uma trilogia realizada por Kieslowski em homenagem à França, inspirada nos princípios da revolução francesa (Liberdade, Igualdade e Fraternidade) e representada pelas cores da bandeira desse País: Azul, Branco e Vermelho. Os dois outros filmes que completam a trilogia são "A Igualdade é Branca" e "A Fraternidade é Vermelha".

Como o título indica, o filme exalta a liberdade, o que é feito com extrema sensibilidade e com grandes atuações do elenco. Juliette Binoche está perfeita no papel de Julie Vignon, numa das maiores interpretações de sua carreira. Do restante do elenco, destaco as atuações de Hélène Vincent e de Florence Pernel. Vale ainda a pena ressaltar a música de Zbigniew Preisner e a fotografia de Slavomir Idziak.

Quase hai Kais... e outrs disrupções - por Ana Cecília S. Bastos


Paralelas
.
Idade meia.
Tempo fracionado.
palavra se enleia.


Recato
.
Alguém transpôe o limiar de estar íntimo.
Onde outros comporiam as roupas,
eu escondo escritos.
.
(Ana Cecília)

Presentes para o Dia das Crianças- Por Zélia Moreira





"Oito dicas de presentes que não custam nada.

O PRESENTE ESCUTAR...
Mas você deve realmente escutar. sem interrupção, sem distração, sem planejar sua resposta. Apenas escutar.

O PRESENTE AFEIÇÃO...
Seja generoso com abraços, beijos, tapinhas nas costas e aperto de mãos. Deixe estas pequenas ações demonstrarem o amor que voc~e tem por família e amigos.

O PRESENTE SORRISO...
Junte alguns desenhos. Compartilhe artigos e histórias engraçadas. Seu presente será dizer, "Eu adoro ri com você."

O PRESENTE BIBLHETINHO...
Pode ser um simples bilhete de "Muito obrigado por sua ajuda" ou um soneto completo. Um breve escrito à mão pode ser lembrado pelo resto da vida, e pode mesmo mudar uma vida.

O PRESENTE ELOGIO...
Um simples e sincero, "Voc~e ficou muito bem de vermelho", "Você fez um super trabalho" ou "Que comida maravilhosa", faz o dia de alguém.

O PRESENTE FAVOR...
Todo dia , faça algo amável.

O PRESENTE SOLIDÃO...
Tem momentos em que nós não queremos nada mais além do que ficar sozinhos. Seja sensível à esses momentos e dê o presente da solidão ao outro.

O PRESENTE DISPOSIÇÃO...
A maneira mais fácil de sentir-se bem é colocar-se à disposição de alguém, e isso não é difícil de ser feito. "
.
Pra todos vocês crianças à tanto tempo, toda a felicidade do mundo e o desejo que assim permaneçam pra sempre!
Abraços!
.
Zélia

Corpóreo Etéreo

Tantos tênis perdidos,
rasgados, jogados fora, doados,
esquecidos dentro de lixeiras.

Ainda assim lembro-me
de todos os pés que tive
e de todas as trilhas que segui.

Também carrego na virilha
todos os meus jeans surrados -
aquele perfume,
textura e marca.

Tênis velhos,
jeans rasgados:
a minha verdadeira
e legítima alma.

BISAFLOR CONTA HISTÓRIAS - Por Stela Siebra Brito

Hoje, dia das crianças, Bisaflor está na VII Bienal do Livro, em Recife, contando histórias na Cidade do Livro, grande espaço criado para teatro de bonecos, contação de histórias e oficina de arte para confecção de livros. Bisaflor encanta muitas crianças, apresentando-lhes histórias fantásticas contadas em tudo quanto é de livro. As crianças pegam os livros, olham as ilustrações e já adivinham a história, ou a criam a seu modo, ou pedem que Bisaflor leia o livro pra elas. É nesse clima mágico que Bisaflor lê uma história linda, de uma menina chamada Guta e que era toda estrelada. A história foi escrita pelo mineiro Leo Cunha:

EM BOCA FECHADA NÃO ENTRA ESTRELA

Guta saiu pra conversar com as estrelas. Todo fim de semana agora era assim. Mal a noite caía – só tinha tropeçado – e Guta lá ia embora. Sítio afora, mistério adentro. Quanto mais escura a noite, melhor. Assim as estrelas desciam mais baixo e mais queriam descer. E o bate papo batia, até o sono bater.
Os pais se enchiam de ais. O pai roía a unha, a mãe mordia a fronha.
- Aonde vai essa menina?
- De novo com essa conversa de conversar com as estrelas?
- Não aprendeu na escola que elas moram longe demais, a séculos de anos-luz?
Tinha aprendido sim. Sabia tudo, tintim por tintim. Mas depois, no quadro negro da noite, Guta aprendia outra lição. É que as estrelas desciam, voando em sua direção. Chegavam bem perto, a um metro, a um segundinho-luz. Semana passada, uma quase pousou no seu ombro.
A família estava uma pilha. O pai preparava um calmante, a mãe não parava um instante.
- Filha, toma cuidado com as criaturas da noite! É cobra venenosa, barata pegajosa, coruja metida a prosa...
- É tatu mal-assombrado, sapo desencantado, coiote enluarado...
Mas Guta, de tão estrelada, não via perigo em nada. Nunca via aquelas criaturas nas suas andanças escuras. Só via mesmo as estrelas, e não se cansava de vê-las. Vinham dos ares e vinham dos montes, vinham aos montes e milhares, só pra brincar com ela. Eram suas convidadas, suas confidentes.
Guta contava histórias e inventava segredos. Desfiava memórias e desafiava seus medos. E falava até cansar, que estrela é bicho calado e gosta de escutar.
Biruta. Guta Biruta. O pai pensou em mandá-la pro hospício. A mãe achava a cura difícil.
- Essa menina vive no mundo da lua.
- Pior, no mundo das estrelas.
- Não vê os habitantes arrepiantes da noite...
- Os morcegos e os dráculas..
- Os mancebos e os crápulas...
- Não pode menina tão nova andando sozinha lá fora.
Guta já estava enjoando de tanto conselho absurdo. Os pais não se cansavam de pôr o bedelho em tudo? Os dois mais pareciam agulha emperrada, repetindo os mesmos discos e riscos da noite calada.
Enquanto isso, na calada da noite, os pais confabulavam:
- Guta fica vendo estrelas a um palmo do nariz e acha que as noites são belas, e acha que é feliz.
- Não vê as dezenas de perigos, as centenas de inimigos, os problemas infinitos?
Resolveram proibir a menina de passear à noite, no breu. Assim talvez entendesse que estrela só existe no céu.
Guta ficou trancada no quarto, fazendo sala pro lamento. O sítio lá fora, ela cá dentro. Ficou chorando num canto, num tanto de saudade. Já estava ficando tarde, as amigas deviam estar descendo, ela tinha que fugir... Fugiu.
Quando o pai viu o quarto vazio, sua barriga sentiu o frio.
- Meu Deus, a Guta sumiu!
A mãe não acreditava. Os dois deram pulos de raiva, ficaram fulos da vida. Só viram uma saída: sair atrás da fugida. Sítio afora, receio adentro, pro meio da escuridão. O pai com pistola e facão, a mãe com o terço na mão.
- Nunca vi noite tão escura!
- Como a Guta foi fazer essa loucura?
- Não sei, mulher. Procura!
Guta já estava bem longe, nem ela sabia onde. Estava pra lá da fazenda, estava pra lá de feliz. A noite era toda sua, vazia de lua, cheiinha de estrelas.
Os pais continuavam a busca, saltando de susto em susto. Viam vultos de corujas, coiotes, cobras, baratas, tatus e outros tantos fantasmas. A mãe, branca de tão pasma. O pai, com ataque de asma.
- Hoje até a bruxa deve estar solta.
- Meu Deus, e se a Guta não volta?
Mas, nesse momento, ouviram no vento a voz fina da menina.
- Escuta, é a voz da Guta!
- Com quem ela tanto fala?
- Com uma estrela cadente? Impossível!
- Com ma amiga carente? Duvido!
Descrentes e indiscretos, os dois chegaram mais perto. Ao fundo, sozinha no mundo, Guta tagarelava. E, em frente ao seu rosto, uma luz pisca-piscava.
- Não é amiga nem estrela coisa nenhuma!
- Ela está conversando é com...
Guta ouviu os pais. Tentou correr, não dava mais. Os dois já estavam ao seu lado. A estrela, amedrontada, voou para longe dali.
- Vocês espantaram a estrela!
- Não era estrela, filha, era só um vagalume...
- Um inseto que brilha, uma luz que surge e some.
Guta ficou calada. Os pais não entendiam nada. Aquele era um bicho encantado: tinha engolido uma estrela, era também estrelado. Por isso se entendiam.
Podiam chamá-la de louca, de biruta, de tonta ou de iludida. Não se importava mais, estava mais que decidida: ia continuar saindo, todo sábado e domingo, sítio afora, aventura adentro. E cada vez mais tagarela: em boca fechada não entra estrela.

Pensamento para o Dia 12/10/2009


“O som é o primeiro atributo de Deus. Os cânticos dos Vedas constituem Deus na forma do som (Naadha Brahman) e são altamente potentes. Mesmo se você não puder cantar os Vedas, a simples escuta da recitação dos Vedas é capaz de purificar sua mente e eleva-lo a um nível mais alto. Embora a criança não conheça o significado das canções de ninar cantadas por sua mãe, ela é induzida a dormir ao escutar a música. Similarmente, ouvir o canto dos Vedas com plena atenção lhe conferirá imenso benefício. Você pode imaginar, então, a magnitude da bem-aventurança que alcançará se refletir sobre seus ensinamentos e os praticar em sua vida.”
Sathya Sai Baba

As flor de Puxinanã - Por Ze da Luz


Três muié ou três irmã,
três cachôrra da mulesta,
eu vi num dia de festa,
no lugar Puxinanã.
A mais véia, a mais ribusta
era mermo uma tentação!
mimosa flô do sertão
que o povo chamava Ogusta.
A segunda, a Guléimina,
tinha uns ói qui ô! mardição!
Matava quarqué critão
os oiá déssa minina.
Os ói dela paricia
duas istrêla tremendo,
se apagando e se acendendo
em noite de ventania.
A tercêra, era Maroca.
Cum um cóipo muito má feito.
Mas porém, tinha nos peito
dois cuscús de mandioca.
Dois cuscús, qui, prú capricho,
quando ela passou pru eu,
minhas venta se acendeu
cum o chêro vindo dos bicho.
Eu inté, me atrapaiava,
sem sabê das três irmã
qui ei vi im Puxinanã,
qual era a qui mi agradava.
Inscuiendo a minha cruz
prá sair desse imbaraço,
desejei, morrê nos braços,
da dona dos dois cuscús!
Postagem de A. Morais dedicado ao grande mestre Eloi Teles.

Pois eu gosto de crianças!

Pois eu gosto de crianças!
Já fui criança também…
Não me lembro de o ter sido;
Mas só ver reproduzido
O que fui, sabe-me bem

É como se de repente
A minha imagem mudasse
No cristal de um nascente
E tudo o que sou voltasse
À pureza da semente.

Miguel Torga
In Brincar também é poesia
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Mas qual é o dia que não é dia das crianças? - Por Claude Bloc

Mas qual é o dia que não é dia das crianças?
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(Quem reconhece essas lindas crianças?)
>
É incrível a plasticidade que essa geração possui em aprender e dominar coisas novas. Sua sede de conhecimento, sua exigência de se conectar ao mundo, aprendendo a cada dia. Com a rapidez da tecnologia. Sua vivacidade e vontade de viver plenamente. Isso é exemplo a ser seguido, uma lição para as pessoas que tendem a ser acomodadas e impacientes ou indiferentes com as motivações da vida.

O importante é darmos espaço para que cresçam, incentivarmos seus sonhos e seus dons, mas também, e inegavelmente, as enchermos de carinho, de amor. E assim essas crianças vão crescendo... Um dia sentiremos saudades de suas cartinhas cheias de corações e beijinhos, de suas bagunças, de suas tagarelices, enfim de coisinhas tão peculiares e tão delas. Não nos esqueceremos de suas apresentações emocionantes na escola. De quando diziam que a gente era a mais linda do mundo. De seus abraços e pedidos de colo.

Acredito a esta altura que eu saiba e entenda que essa criança não nos abandona. Esta que também existe dentro de nós. Mas explicar o que é ser criança, complica. Pois ser criança não é somente ter pouca idade, e sim, esquecer a idade física, pois a nossa verdadeira idade está na mente. É aquilo que se sente.


Por mais que muitos relutem em aceitar essa realidade, agindo desta forma, preservando a criança-interior que temos, é que teremos ânimo e disposição para enfrentarmos os reveses da vida. Ser criança,então, é perseguir a felicidade, não importa a idade. É esquecer, de vez em quando, as responsabilidades, sem contudo ser irresponsável. É viver intensamente o presente e não viver condicionado ao futuro, nem tampouco viver ruminando e confinado/a no passado.

Ser criança é amar intensamente e viver essa paixão sem precedentes É poder sempre sorrir e estar aberto para o novo.

Ser criança é poder nascer de novo a cada dia...
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Texto por Claude Bloc

Flores & Sementes - Por Claude Bloc

Durante a vida
fui colhendo flores
e sementes
Guardei as pétalas
para outros verões.
.
As sementes
foram meu equilíbrio
para a amizade
o amor
a felicidade
.
Semeei essas sementes,
joguei-as aos punhados
Até que encontrassem
a terra arada
para germinar.
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Reguei com sorrisos,
essas amizades,
Como se fossem flores.
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Texto e fotos por Claude Bloc
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