Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quinta-feira, 31 de março de 2011

A calçada dos Piancós


--- De que adianta ainda continuar vivendo, meus filhos? Nem mais no Crato, eu moro !

Quando o velho Felinto pronunciou aquela frase, os filhos quase que piraram. Já vinham percebendo que, depois dos oitenta, o pai decaíra, andava mais capiongo e ensimesmado. Logo ele que sempre se mostrara tão expansivo e, até então, enfrentara os ataques inexoráveis do tempo com galhardia e bom humor! Acreditaram que devia se tratar de alguma depressão – um dos demônios da velhice – já que, recentemente, Felinto havia perdido a esposa e um dos seus amigos mais diletos: Sampson. Ficara como um Mateu sem Catirina , sem Mestre e sem Jaraguá. Como encontraria forças para brincar o Reisado da vida? Aquela frase, no entanto, feriu os tímpanos dos familiares : a depressão talvez fosse apenas um dos acompanhantes do séquito terrível da demência. Felinto , desorientado, dava mostras que nem mais percebia que estava na sua cidade querida, companheira dileta de toda uma vida! Com o passar dos dias, no entanto, os filhos se tranqüilizaram um pouco. Embora Felinto permanecesse sorumbático e pensativo, não mais demonstrou sinais de desorientação. Claro que poderia ter se tratado de um curto circuito , um daqueles que frequentemente antecedem a explosão final das turbinas da lucidez. Os filhos, então, se aproximaram mais do velho e insistiram , dia após dia, em testes de memória. O pai foi aprovado em todos com distinção e louvor, como se dizia na juventude dele. Um dia, por fim, conseguiram , com alguma relutância, uma declaração de Felinto que terminou por demonstrá-lo mais vívido e sábio como jamais pensariam. Terá sido, quem sabe, o clima proporcionado por aquela noite de lua cheia, confidente e cúmplice das peripécias do nosso Felinto desde os tempos mais remotos. O certo é que , como no teatro, com iluminação perfeita, nosso candidato a gagá desembuchou seu monólogo. Tivera, até ali, uma vida longa e feliz. Uma pitadinha de sucesso, algumas gotas de fracasso, muitas xícaras de desejos, colheradas de prazeres, copos de dissabores... Mas foi com esses ingredientes que conseguiu montar a palatável receita da sua existência. No outono e inverno dos seus anos, no entanto, começou a perceber que o bolo começara a azedar e, quiabando dia após dia, terminou nos últimos meses a se tornar intragável. Olhando para trás, pelo retrovisor, percebeu claramente que a morte , como um curare nos vai paralisando paulatinamente: o fim instala-se a crédito. E foram muitas e muitas mortes no último quartel : o tesão, a mobilidade, a saúde, a esperança, o vigor físico, a esposa e o amigo de todos os momentos: Sampson. Com a velhice ele se transformara numa coisa obsoleta. Já não falava a língua dos jovens e, pior, os últimos remanescentes do seu idioma haviam todos respondido à chamada inexorável da velha da foiçona. Como uma vitrola imprestável servia apenas à curiosidade pública. Via-se como uma peça de museu, exposta periodicamente à visitação . Tantas mortes seguidas e continuadas o tinham abatido, mas nada fora tão forte como a percepção que tivera há uma semana. Lembrou do Crato da sua juventude, procurou-o vila afora e simplesmente não mais o encontrou. Onde estava encantada a cidade encantada que conhecera algumas décadas atrás? As casas coladinhas uma na outra, aconchegadamente, sem muros, quem imaginaria se transformariam nos presídios de segurança máxima da atualidade? Os vizinhos eram quase que familiares que moravam num outro quarto da casa. Estavam sempre próximos e havia uma contínua troca de pequenos favores de lado a lado. A televisão e o rádio de algum morador mais abastado eram objetos de uso comunitário. Claro que as fofocas pululavam na vilazinha de muro baixo, mas nada se compara à frieza e à indiferença dos dias atuais. As calçadas eram uma extensão da casa, uma espécie de Centro de Convenções da família, ainda não tinham sido açambarcadas pelas ruas, pelos postes, pelas placas de propaganda. As ruas, então muitas ainda sem calçamento, faziam-se o playground das crianças, o parque de diversão da molecada: o palco do pião, da bila, da bandeira, do chicote queimado, do pega, da bola. Não haviam ainda sido invadidas pelo carro e pela moto. Os cinemas , cujo escurinho fora cúmplice de namoricos e apalpadelas, haviam fechado as portas. Os clubes sociais sobreviviam às custas de bandas de forró com sua apologia única e repetitiva à cachaça e à raparigagem. Naquele dia chegara à conclusão aterrorizante e definitiva : já não moro mais no Crato! Suportou até a ação do apagador do tempo sobre sua história, mas pareceu-lhe insuportável quando a isso se associou o extermínio puro e simples da geografia. Tanto que avisou aos filhos: não sei se vale a pena esperar a cobrança da última prestação, estou pensando, seriamente, em me adiantar e saldar antecipadamente a minha dívida para com a morte. Os filhos de Felinto entenderam as razões do pai e decidiram respeitar o curso de colisão que tomara, afinal sempre fora um ótimo e destemido timoneiro. Ontem, no entanto, no jantar, Felinto pareceu, estranhamente, mais alegre e palrador. Disse aos parentes que desistira da derradeira empreitada. Recobrara as forças. Para uma récua de filhos incrédulos ele explicou a súbita guinada que dera no Titanic da sua existência, já indo em direção do iceberg . Passara na Caixa D´água nestes dias e tivera uma visão consoladora. Estava lá , triunfante, a Calçada dos Piancós. Todos sentados, à noite, com suas cadeiras do lado de fora, contando as últimas e mais picantes novidades da cidade, juntos com muitos amigos. De um lado a TV ,ligada à tomada por uma gambiarra, transmitia um fabuloso Fla-Flu, em pleno calçamento. Corria uma cervejinha solta e , a um canto, um dos meninos assava uma carninha numa churrasqueirinha de roda de fusca. Felinto, imediatamente, banhou-se na alegria de outrora.Parecia Noé ao avistar a pomba com o galho de mato no bico. Restava ainda uma esperança. Nem tudo estava perdido.

--É preciso avisar ao IBAMA, ainda existem os últimos exemplares da espécie mais ameaçada de extinção nos dias de hoje: Gente, gente de carne e osso !


J. Flávio Vieira

Pensem num cabra arretado! Mafuá do Malungo

Pensem num cabra arretado! ~ Mafuá do Malungo

FELIZ ANIVERSÁRIO, GABI !








FELIZ ANIVERRIO, GABI!

Um abraço do Cariricaturas para você!



- Imagem formatada por Claude Bloc a partir de uma foto de autoria de  Dihelson Mendonça.



Brincando com Diferenças II - Claude Bloc / Aloísio

Brincando com Diferenças II

Claude Bloc:

Eu gosto de desafio
Você de desafiar
Eu vou de fio a pavio
E você já quer parar?

Você gosta de cantar
E eu de filosofia
Se quer me desafiar
Respondo com alegria

Você gosta de piano
Eu gosto de violão
Você aprecia samba
Gosto de samba-canção

Então entre nesta roda
Brinque de rimar comigo
Faça verso à sua moda
Pois quero contar contigo

Aloísio:

Se parei, eu recomeço
Deixo tudo pelo avesso
Não deixo a amiga em falta
Me desculpe os tropeços

Seguindo com a mesma linha
De fio em fio tecendo
E qualquer moda eu topo
Neste tema remexendo

Não vou colocar aqui
Palavras do mesmo tema
Se paro na encruzilhada
Com você não tem dilema

Gosto de cantor de feira
Disto você também gosta
Se acabam as diferenças
E fica empatada a aposta

Eu daqui de Salvador
Vou ficando por aqui
Espero a continuação
Que vem lá do Cariri

31 DE MARÇO - DIA DA SAÚDE E NUTRIÇÃO

No dia 31 de março é celebrado o Dia da Saúde e da Nutrição. É um momento oportuno para pensarmos na nossa própria saúde e hábitos alimentares. Afinal, é preciso ter a consciência de que comer bem vai além de satisfazer a fome. Alimentar-se é consumir nutrientes e prover energia ao corpo, além de ser uma atividade social que reúne família e amigos, proporcionando momentos agradáveis.

Alimentar-se de forma saudável é, no entanto, mais do que uma questão de saúde, é a busca de um melhor desempenho em todas as nossas atividades. Adotando uma alimentação saudável, melhoramos o nosso dia-a-dia.
Os nutricionistas, profissionais que estão nos bastidores da alimentação, contribuem não só para o preparo de uma comida gostosa, mas, sobretudo, para uma alimentação saudável e consequente melhoria na qualidade de vida. Tudo isso faz dele um profissional de importância cada vez maior em todas as áreas do conhecimento em que a alimentação seja fundamental para promover, manter e recuperar a saúde, sem que se perca o prazer que uma refeição deve proporcionar.
O nutricionista lida, também, com questões sociais, econômicas e culturais. Há no mundo, atualmente, distúrbios alimentares que vão da desnutrição à obesidade. Esse profissional deve estar preparado, portanto, para criar situações favoráveis à prevenção e ao tratamento dessas patologias, visando sempre à saúde de todos.
Profissionais e pacientes devem se alinhar ainda mais para que a saúde fique em primeiro lugar e para que as “dietas malucas”, bem como outros modismos, façam menos vítimas. Nunca duvide da importância do nutricionista, invista em uma consulta e mude a sua vida!
Aproveite, então, para fazer um balanço do que você anda comendo e considere metas e cuidados a serem seguidos.

Fonte: Bem Leve

O "analfabeto" e "Doutor honoris causa" - José Nilton Mariano Saraiva

A tradicionalíssima Universidade de Coimbra (Portugal) foi criada em 01/03/1290 (há mais de 700 anos, portanto), e é uma das maiores instituições de ensino superior e de pesquisa do mundo. Em seu portfólio curricular oferece todos os graus académicos em arquitetura, educação, engenharia, humanidades, direito, matemática, medicina, ciências naturais, psicologia, ciências sociais e desportos. Devido à excelência do ensino ofertado, possui aproximadamente 22 mil estudantes, abrigando uma das maiores comunidades de estudantes internacionais em Portugal.
Pois foi essa legendária Universidade, por sugestão unânime do seu corpo diretivo, que resolveu conceder ao “despreparado” e “analfabeto” brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o título de “Doutor honoris causa”, em reconhecimento ao profícuo trabalho nos oito anos em que respondeu pela Presidência da República do Brasil, oportunidade em que consolidou-se e foi reconhecido como um dos maiores estadistas do mundo.
Fato é que, nunca dantes na história de Coimbra, houve uma cerimônia tão concorrida, já que todos os seus grandes doutores (acadêmicos consagrados em todo o mundo) estavam lá, incluindo Gomes Canotilho, Castanheira Neves, Coutinho de Abreu e Boaventura de Souza Santos, dentre outros. Na oportunidade, fizeram questão de justificar tal concessão, conforme transcrições abaixo.
Joaquim Gomes Canotilho, professor de Direito da Universidade de Coimbra: “Enquanto presidente, Lula levou a mensagem da promoção da paz a todos os fóruns do Mundo. Ostenta já várias condecorações e honrarias, nacionais e internacionais, mas temos a honra de a Universidade de Coimbra ser a primeira a conferir o grau de doutor “honoris causa” ao cidadão Lula da Silva”. O professor aproveitou para destacar o significado simbólico deste reconhecimento: “É um cidadão do Mundo, um estadista global, um lutador contra a miséria, a fome e a desigualdade. Afirmou-se como engenheiro da paz e da justiça. Deu sempre ressonância mundial à língua portuguesa. O grau de doutor sobre proposta da faculdade de direito é a expressão simbólica da sua imensa sabedoria. Peço-vos, por tudo isto, magnífico reitor, que ordeneis a imposição de insígnias doutorais ao eminente humanista e homem de estado aqui presente, o ex-presidente da República do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva”, concluiu.
Já Coutinho de Abreu, também professor de Direito de Coimbra, foi mais incisivo e contundente: “Longo é já o tempo em que Lula da Silva, sem nunca deixar de aprender, vem ensinando na Universidade-Universalidade. Ensinando-fazendo, fazendo-ensinando, tentando, com muitos mais, melhorar o mundo. Se Lula tem dado tanto, inclusive a Portugal, é justo que a cidade de Coimbra também aberta ao Mundo, à cooperação entre os povos e à interação das culturas, no respeito pelos valores da independência, da tolerância e do diálogo, dê a sua mais alta distinção a Lula”, resumiu Coutinho de Abreu, concluindo com a afirmação de que esta distinção é “o profundo reconhecimento a um homem persistentemente generoso e solidário”.

Pezinho de Serra - Por Heladio Teles Duarte



................................... O encontro cerúleo acontece, nos céus e nas águas
                             O som da cascata, nos faz relaxar
                             O verde de várias tonalidades, ameniza nosso árido clima
                             Os pássaros com seus sonoros cantos, a todos encantam
                             É assim mesmo, nosso pezinho de serra.
                                                                                                        Heládio