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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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sábado, 18 de junho de 2011

Padre Vieira terá Museu

Publicado em 18 de junho de 2011

Diário do Nordeste
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Equipe DA SECULT e de Várzea Alegre faz levantamento do acervo para o projeto de concepção memorial que deverá viabilizar a instalação do centro sobre a vida de Pe. Vieira
FOTOS: HONÓRIO BARBOSA

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CASARÃO HISTÓRICO foi alugado pela Prefeitura de Várzea Alegre para ser sede do novo espaço cultural da cidade

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Defensor ferrenho dos jumentos, Padre Antônio Vieira terá suas memórias preservadas em centro cultural

Várzea Alegre O acervo pessoal do padre e escritor, Antônio Vieira, vai ganhar um espaço apropriado, nesta cidade, localizada na região Centro-Sul. Parceria firmada entre a Prefeitura e a Secretaria de Cultura do Estado (Secult) viabilizará em breve a instalação de um centro cultural, com museu, biblioteca, salas de pesquisa, leitura e vídeo. Nesta semana, começaram os trabalhos para catalogação de peças e livros e para a elaboração do projeto de concepção do memorial.

Desde terça-feira passada, três técnicas da Secult trabalham na seleção de objetos, fotos, livros e documentos do acervo pessoal do Padre Vieira. "Era preciso o trabalho de uma equipe especializada em instalação de museu", observou o secretário de Cultura do Município, Hélio Batista. "Inicialmente, está sendo feito um diagnóstico do material histórico".

O padre Antônio Batista Vieira nasceu em Várzea Alegre em 1919 e morreu em abril de 2003, aos 84 anos. Morava em Messejana, bairro de Fortaleza, onde havia instalado um sítio e um espaço próprio para conservação de seu acervo pessoal e pesquisa. Em 1986, criou o Instituto de Arte e Cultura que tem a sua denominação. "Após a sua morte, o acervo ficou abandonado e era preciso revitalizar a diretoria do instituto", explicou o secretário, Hélio Batista.

A Prefeitura alugou um imóvel no Centro de Várzea Alegre para instalação do espaço cultural. "É uma casa apropriada, antiga e que tem tudo a ver com a proposta do Instituto", frisou Batista. O passo seguinte foi solicitar, por meio de ofício à Coordenadoria de Patrimônio Histórico e Cultural (Cophc) da Secult, o apoio necessário para a implantação do espaço cultural. O coordenador da Cophc, Otávio Menezes, atendeu a solicitação do Município e enviou uma equipe técnica, que tem a participação da museóloga e arquiteta, Lídia Sarmiento, e as historiadoras, Jana Rafaella e Janaina Cavalcante. O clima entre os envolvidos no trabalho de catalogação do acervo é de expectativa e empolgação.

A denominação oficial do espaço ainda não está definida, mas a tendência é que seja Centro Cultural Padre Vieira, e terá espaços diversos. "Será um equipamento fundamental para elevar o nível cultural da cidade", observa Lídia Sarmiento.

Jana Rafaella observa que a cidade precisava reconhecer a importância histórica do filho ilustre. "Os moradores devem valorizar e ter consciência da produção cultural do Padre Vieira", disse. Para Janaina Muniz, o espaço cultural deverá ser um centro de "construção da memória da cidade" e do homenageado. "Queremos ajudar a construir essa identidade".

O secretário de Cultura avalia que a instalação do centro vai preservar um importante acervo histórico. "Queremos revitalizar esse passado, fazer com que a produção cultural e a memória do Padre Vieira fiquem eternizadas, seja uma referência e um lugar de pesquisa", destaca.

O sonho do secretário Hélio Batista, com o apoio do prefeito José Hélder, começa a se tornar realidade. "É o Município que vai ganhar com esse espaço", frisou. "Não queremos que seja um depósito de coisa velha, mas um ambiente de pesquisa e de atração da juventude".

Além de sacerdote e de escritor, Padre Vieira foi político, eleito deputado federal na década de 1960, foi cassado, após o golpe militar de 1964.

A partir da década de 1970, começou a luta em defesa do jumento, que eram mortos em massa por frigoríficos. Mostrou intensa preocupação com o meio ambiente, preservação e consciência ecológica.

Acervo

No acervo há centenas de cartas trocadas entre amigos, parentes, governos e instituições internacionais. Objetos pessoais, peças artesanais, quadros, e dezenas de livros de sua autoria e centenas de publicações que compunham a biblioteca pessoal. O Centro Cultural deverá contar com uma biblioteca, sala de leitura, pesquisa, de exibição de vídeo, espaço para produção de peça artesanal de réplicas de jumentinhos, cordéis, xilogravura e até um ambiente cênico.

Fique por dentro
História

Padre Vieira nasceu na Serra dos Cavalos, em Várzea Alegre, no dia 14 de junho de 1919. Filho de pais pobres que viviam no campo, conheceu na infância limitações e privações peculiares à situação de pobreza. Trabalhou na roça. Estudou no Seminário do Crato e de Fortaleza, onde concluiu Filosofia e Teologia. Ordenou-se em 1942. Em 1964, cursou Administração de Empresas na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Depois, cursou Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Escrevia em jornais e publicou dezenas de livros: "100 Cortes Sem Recortes" (1963); "O Jumento, Nosso Irmão" (1964); "O Verbo Amar e Suas Complicações" (1965); "Mensagem de Fé, Para Quem Tem Fé" (1981); "Pai Nosso" (1983) e "Bom Dia, Meu Irmão Leitor" (1984).

Honório Barbosa
Repórter

Conheço Zé Flávio desde menino - José do Vale Pinheiro Feitosa

Quando alguém diz: esse aí conheço desde menino, a depender do assunto que corre e do tom da palavra, coisas muito diferentes podem ser tidas. Uma que conheço os podres do sujeito e outra que sei do berço e dos bons modos dele.

Taí, pois bem, eu conheço o Zé Flávio desde menino. E é hoje o que foi em menino, juntando muito mais ossatura do conhecimento, é claro. O que foi em menino é uma história que vem tirando fornadas de muito neste chão do nordeste brasileiro. Somos pobres, mas, não sei bem qual a vantagem disso, mas orgulho é orgulho, a caatinga é o único bioma genuinamente brasileiro. Pois Zé Flávio é brasileiro desde as folhas secas do verão até a nevasca verde do inverno.

Matosinho é como a terra mágica do velho Vicente Vieira. Eu esqueci o nome viu Zé, mas quando lembrava é por que ela era repetida o tempo todo. E Matosinho tem a narrativa que estava em Antonio, Manoel e no casamento a contragosto familiar da Laís. Matosinho não é um besteirol de dente escancarado do fácil riso: ele tem uma tensão desgraçada. Uma tensão que é essencialmente política.

O Zé Flávio tem lado político e é profundamente político. Talvez tenha tomado excesso de leitura e dedicação à medicina, pois sempre foi uma promessa de bom tom para a prefeitura do Crato. Não sei se ganharia as eleições, mas isso não é o mais importante, o caro para a cidade é ter alguém como o Zé propondo políticas públicas. O certo é que a situação do governo é sempre uma pauta ideal da oposição. Claro até que oligarquias se fundam e passam a manipular e atrasar o conjunto da sociedade.

Peguemos esta Mudança de Generéia. Encontramos a superação de uma sociedade que lentamente foi sendo invadida pelos artefatos e hábitos da segunda metade do século XX. Iremos, com humor, encontrando a corrida de todos em busca do chamado “progresso”. Agora ter as coisas do mundo exterior é o quente para o íntimo de Matosinho. E não ter é não ter conquistado o “progresso”. Por isso o faz-de-conta de Generéia. É mais importante a versão do que a realidade dos fatos.

Nada mais político do que isso. Mas, afinal, se tem uma coisa que a pós-modernidade ainda não “desconstruiu” é o fato que a cultura é o conteúdo da política. Todo “agente” da cultura deve refletir sobre tal aspecto. Quando pensa em ser apenas um isento artista, ou isento pensador, ele tem a posição política do status quo.

Matosinho está de mudança como Generéia.


O PSDB do Ceará e o futuro do Estado - José do Vale Pinheiro Feitosa

Não tem como sair pela tangente: os problemas econômico-sociais resultam de um efeito cumulativo histórico. Um dia conversando com Carlile Lavor, um grande quadro do PSDB do Ceará, muito ligado ao Tasso Jereissati e à direção do partido, ele me contava como fora impactado positivamente a saúde pública do Estado apenas com oferta de água limpa para as populações. A mortalidade infantil e o programa de Agentes Comunitários de Saúde estarão para sempre associados ao currículo do Carlile e por tabela ao do governo Tasso.

Este aspecto virtuoso a demonstrar o quanto o Ceará vinha de uma situação calamitosa durante quase todo o século XX, - isso começou a modificar-se apenas nos últimos 20 anos daquele século - , serve para acrescentar os limites de toda política que não amplie outros recursos sociais e a renda familiar. Aí a porca torce o rabo: para combater o adversário petista, o PSDB migrou para um “udenismo” moralista a fazer muxoxo contra a política de transferência de renda para os mais pobres.

O problema deste discurso é o imobilismo que transmite, além de abandonar um caminho de mudança virtuosa a que já tinha experimentado. Uma burrice cavalar, pois todo partido político que abandona o seu melhor caminho, trai a si mesmo. Quando embarcaram na ode da globalização, pensaram apenas nos grandes projetos industriais, valorizaram o crescimento do litoral, esqueceram do caminho virtuoso.

Nesta semana o IPEA, com a participação do Banco do Nordeste e técnicos do governo estadual levantaram o mapa da pobreza extrema no Estado. OS resultados são os seguintes: “10% da população cearense está abaixo da linha nacional da miséria (renda inferior a R$ 70 por pessoa), o dobro da média nacional (5%). Essa proporção, no entanto, vem caindo nos últimos anos. Em 2004, os mais pobres eram 18% no estado. A maioria vive na área urbana (56%) e em pequenos municípios (76%). O peso do Programa Bolsa Família na renda média dos cearenses extremamente pobres mais que dobrou entre 2004 e 2009. Hoje 43% da renda monetária dessas famílias vêm de repasses do programa. Apesar da melhoria na renda, ainda é precário o acesso a serviços públicos como o saneamento básico. 77% dos mais pobres do estado não tem acesso à rede de água e esgoto adequada.

Isso vem a propósito das inúmeras manifestações de pessoas simpatizantes do PSDB no Ceará a repetir o chavão do Bolsa Miséria e, principalmente, pela manifestação recente do Líder do PSDB no senado, senador Álvaro Dias no Programa Roda Viva da TV Cultura de São Paulo, além do ex-candidato José Serra a falar do assunto. Um partido do porte social democrata como o PSDB jamais deveria ter adotado uma linha política atrasada como esta.

Na próxima semana o seminário irá mostrar outra situação extremada: a do Maranhão. Mas aí o quadro é de uma oligarquia política atrasada, sobre a qual pode se recair toda a explicação. Não poderia recair era sobre o PSDB do Ceará, que já foi um dos mais progressistas nos anos 80, especialmente quando em luta contra os velhos coronéis. Isso sempre me leva a crer que os dois governos FHC com as bandeira liberais, arruinaram historicamente o PSDB.

Programação de encerramento da I Mostra Crato de Cinema e Vídeo - 18/06/11 ( Sábado)


14 h- Exibição de Curtas
- O Caldeirão do Beato Zé Lourenço, de Catulo Teles e Franciolli Luciano.
- Cabaré-Memória de Uma Vida, de Alexandre Lucas e Coletivo Camaradas.
- Catadores de Pequi, de Zuiglio Brito e LaislaYanael.

17H - Exibição de Longas
- Sargento Getúlio, de Hermano Penna
- Padre Cícero, de Hélder Martins

ENTRADA FRANCA

Realização: Governo Municipal do Crato – Secretaria de Cultura, Esporte e Juventude.

Apoio: Universidade Regional do Cariri (URCA), Instituto Cultural do Cariri (ICC), Officinas de Cultura e Artes & Produtos Derivados (OCA), Bantim Produções, Coletivo Camaradas, Blog do Crato e Revista Chapada do Araripe.

Crato encerra hoje Mostra de Cinema e Vídeo

No teatro Salviano Arraes, o público pode conferir exposição de fotos sobre a história do cinema
FOTO: ANTÔNIO VICELMO

O primeiro cinema do interior do Estado foi o "Paraíso", no Município do Crato. Evento destaca centenário da data

Com a exibição dos longas-metragens "Sargento Getúlio", de Hermano Penna, e "Padre Cícero", de Helder Martins, será encerrada hoje, no Teatro Municipal Salviano Arraes Saraiva, a primeira Mostra Crato de Cinema e Vídeo, que comemorou os 100 anos da inauguração do primeiro cinema do interior do Ceará, o "Cinema Paraíso", ocorrido em 3 de maio de 1911, pelo italiano Vittorio di Maio, no Município do Crato. O evento, promovido pela Secretaria de Cultura, em parceria com a Universidade Regional do Cariri (Urca), reuniu mais de 30 trabalhos, dentre curtas e longas-metragens produzidos exclusivamente por cineastas da região, ou que possuem ligações com a cidade do Crato.

A produção cinematográfica regional resgatou a memória de personagens e entidades que marcaram a história do Cariri como Padre Cícero, Patativa do Assaré, Beato José Lourenço, Dona Cícera do Barro Cruz, a Ordem dos Penitentes, que foram documentados pelos cineastas regionais.

Para comemorar os 100 anos desta data histórica, o radialista e memorialista cratense Huberto Cabral elaborou um conjunto de eventos, que envolveram todos os seguimentos ligados a cultura regional.

Na entrada do Teatro Salviano Arraes, onde foi realizada a Mostra, foi instalada uma exposição de fotos com a história do cinema universal.

O pesquisador de cinema Amarílio Carvalho cedeu o seu arquivo com fotos de artistas famosos de Hollywood, que foram expostas na entrada do teatro. A velha e a nova gerações tiveram oportunidade de rever e conhecer artistas como Robert Taylor, Gregory Peck, Giuliano Gemma, John Wayne, Henry Fonda, Frank Sinatra, Elizabeth Taylor, Cary Grant, Gene Kelly, James Stewart, Frank Sinatra, Grace Kelly, Ann Miller, Doris Day, entre outros.

"Foi o primeiro passo para que, num esforço contínuo, se possa revitalizar o cinema cratense, com a importante colaboração de muitos nomes que fizeram e fazem a história do cinema regional", disse a secretária de Cultura do Crato, Danielle Esmeraldo, destacando o pioneirismo do Município.

Entusiasmados com o sucesso da Mostra, os coordenadores vão incluir o evento na agenda cultural do Município. Para o memorialista Huberto Cabral, principal articulador dos cineastas regionais, a Mostra cumpriu o seu objetivo que foi lembrar o pioneirismo do Crato como "capital da cultura" do Cariri.

Reportagem de Antonio Vicelmo (Diário do Nordeste)

Pasmem, influência germânica em Ponta da Serra! – Por Heládio Teles Duarte


Foto: Heládio Teles Duarte

Ode fluvial




O rio flui entre as montanhas
imóveis,
com seus rochedos cinzentos de joelhos
como velhos
mortos
de fadiga.

O silêncio flui com a água sobre a nudez da terra
que flui
com a carne
da morte, como se da mesma fonte
entre os pássaros
e os bois
no pasto.

Tanta noite e somos manhã
e somos estranhos fluindo com a água da dor,
cantando
a música do inverno,
essa brancura
de gelo
e inanição.

A morte lava o meu suor, as minhas feridas, a minha
angústia
e sou polido
pelas pedras, por
este chão familiar e estranho – e reconheço
outro ser
em mim, nesta desolação.

A limpidez das coisas e o sentimento de exílio,
enquanto a beleza flui
com o rio
e suas águas claras
e seu espelho
de ausência imóvel no dia longínquo,
rio
fluindo,
como a vida,
da ponta dos dedos.