Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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segunda-feira, 24 de agosto de 2009

João de Barros do Crato a São Paulo - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Começava o terceiro dia de viagem. Dois rapazes estimulavam João de Barros a falar sobre as lutas que ele disse ter lutado. João fazia uma ponte perfeita entre os sonhos e a história da região que acabavam de passar: Canudos.

Com uma linguagem um tanto fonética e com os "acertos" da linguagem popular. É difícil no início mas logo se pega o ritmo. Desculpem mas é um pouco longo. É um pequeno trecho de dez contos com este personagem. Estou preparando um site só para leitores interessados neste e outros trabalhos. Começando:


- Na menti de cada sê vivente inziste pelo menu um brejo ou um massapê. O qui custuma mermo é qui na menti de cada um de nóis inzista um mar de coisa ou umas duas serra do Araripe só de arranju. E cuma no mar tem as óindias e os camim d´água e nas serra tem as vereda e garranchu de matu seco, na menti tem a fita de cinema das vidas de tudo qui é gente vivente e das qui viverum antes de nóis. Tá dentru da menti e ela vai botanu prá fora cuma um filme, as históra esquecida de tudo qui é vivente neste praneta. O qui mais acustuma acuntecê é qui quano nóis dromi, a tria da vida do mundo veim travéis dos son-i . E num veim só pru modi diverti nóis não. Elas veim trazeno recado dos povo de antigamente, veim cobrano dívida da gente de hoje e fazeno o alin-a-ve entre as coisa de hoje e as coisa de onti. Pois béim, onti de noite eu drumí e fui dentru do dentru qui cada coisa teim e fui lá prus cafundós dumas terra qui ninguém con-iesse e fui e num parei mais. Quano óiei pru relogi inda agora quano se acordei, eu tin-a um son-io de mais de douzi hora. Eu nunca tin-a tido un son-i tão grandi. Foi o mais maió de todos os son-i de mim-a vida.


Os dois rapazes estavam atentos ao que o aventureiro dizia e esperavam que começasse a discriminar a tais lutas que lutara. E João começou a penetrar a revelação do seu sonho:

- No mar teim tanta iágua que Santo Agostin deu conta da quantidade quano viu o minino Deus brincando de colocá ela dentru dum buraco pequeno. Quano a quantidade de iágua foi comparada ao taman-i do mistéro que o santo quiria revelá. Na mata teim tanto pé de mato qui neim um furmigêro teim de furmiga. Agora se nóis arrepará prá elis no seu totá, elis são cuma uma coisa só. O mar é o mar e a mata é a mata. São tudo um coisa só. As óindas, os ventu, as tempestadi e tudo mais, mermo quano parece um bichu destruidô si mexem cum uma só manêra, do mermo jeito. Nas mata, as pranta, as fulô, os passarim, as fôia e os gai, tudo se arruma em respeito ao outro. Por isso as mata são uma junta de munta coisa e o mar uma ruma de uma coisa só. Da outra maneira são as coisas pequena, como uma toucêra no mei do descampado, uma lagoa no mei da seca. Cuma são coisa solitára, elas tão sujêta a sofrê os efeito da coisa mais maió.


Neste momento da conversa, ele se levantou e como se estivesse descobrindo uma grande coisa naquele momento, disse para os rapazes:

- Pois ói dereito pru qui vô dizê! Os índio num são bandido não! Os índio num são bandido cuma no cinema a gente vê! Os índio são nossos avô e avó. Se eles são bandido, nóis tomém somu. E queim mim chamá de bandido vai vê doca do oião. Eu tive um son-i e neli os índio são gente cuma nóis. E tudo aqui era de índio. Vêi o povo dos navi, lá do Portugá, se casô cum índia, tomô as terra dos índio e matô os pobi de Deus. Aí foi a coisa mais maió das disgraça da vida. Os bandêrante meterum bala no côro dos caboclo, os vaquêro passarum por riba dos miserave e os majó, tudo ricão, cum a butija chêa de ôru, passarum as muié nos cobri e mandarum matá o qui sobrô. Aí voscimicê podi vê queim teim tutano pru modi aguentá o tranco e queim num teim. E queim num teim? Os mais fracu, os qui viviam em pequena quantidade de gente. É cuma o mar e a mata dum lado, tudo junto aguentano o arrojo dos desmantelu do mundo, tudo unido, uma coisa só e grande e do outro lado este mermo desmantelu sobre as tocêra separada no mei do tempo e as lagoa sobre a inclemência do tempo. Os mais separado forum mais atingido. Só queim vivia em mói pôdi suportá o pudê dos branco. Os índio qui veviam camin-ando pelo mei do sertão, ora num lugá e por ôtra noutru lugá, in grupu pequenu sofrerum munto mais ligêro e cum maió dô.


Os rapazes não estavam satisfeitos com as palavras narradas, pois continham metáforas em excesso, queriam saber era da materialidade das lutas. Quais as lutas que João tinha lutado e insistiram na pergunta. João parou um pouco e, permanecendo em pé, continuou falando.

- Num tevi uma hora do dia, uma curva da terra e neim uma vontadi de fazê coisa nova, que num tivesse luita. Os índio veviam de caçar passarim, pescar peixe, comê fruita, matá bichu do matu e de bebê água adonde tin-a. Quano fartava quarqué coisa, elis ium buscá noutro lugar. Quano chegavum lá tin-a outro povu e aí o pau comia. As mata mais chêa de bichu, os rii de mais peixe, o mar cum sua riqueza, tudo era mutivu de luita entre elis. Quano os navii cum português vierum, aí foi qui o sangue rolou mermo. Eu passei a noiti intiriça son-iano cum as luitas dos povo de antigamente. Eu acho que a luita lá do povu do Canudo aina é a merma daqueles tempo.

- E eram mesmo. A luta de Canudos é a mesma de sempre.

Os rapazes se assustaram com a frase que vinha de um canto escuro do café.

Henrique Fôreis Domingues - Almirante - Por Norma Hauer

Ele foi uma pessoa INCRIVEL, Seus trabalhos foram FANTÁSTICOS e tudo que fez foi EXTRAORDINÁRIO.

Nasceu há 101 anos no dia 19 de fevereiro, recebendo o nome de Henrique Fôreis Domingues. Com esse nome, só os mais íntimos o conheceram, mas como ALMIRANTE ficou conhecido, através do rádio, em todo o território nacional.

Foi um dos radialistas e produtores radiofônicos que mais tempo atuou no rádio, tendo suas atividades começado no final da década de 20. Nos anos 30 e 40 manteve-se firme, cada vez com mais audiência e somente uma doença grave o afastou da Rádio Tupi, em janeiro de 1958. Nessa data teve um derrame seriíssimo, que o manteve afastado de qualquer atividade física e intelectual durante todo o resto da década de 50, precisando reaprender a falar, tal foi sua falta de nexo e de memória.

Entre os anos de 1963 e 1971 manteve duas colunas semanais de nome “Incrível! Fantástico! Extraordinário” e “Cantinho das Canções” e uma semanal intitulada “Pingos do Folclore” no jornal “O Dia”.

Suas atividades artísticas começaram com a criação de um conjunto de nome “Flor do Tempo”,logo transformado em “Bando de Tangarás”, do qual fizeram parte Braguinha (como João de Barro), Alvinho, Henrique Brito e Noel Rosa. O nome foi sugerido porque -explicou Braguinha- tangará é um pássaro que canta em grupo com outros 5 tangarás. Esse grupo foi inspirado no “Turunas da Mauricéia”, que havia vindo do nordeste em 1927, tendo à frente o cantor Augusto Calheiros. O “Bando de Tangarás” começou apresentando-se em circos e teatros mambembes cantando emboladas e outros ritmos nordestinos.
No final de 1929, as gravadoras estavam interessadas em novos compositores e cantores, daí o grupo entrar no campo das gravações, tendo no primeiro disco os sambas: “Mulher Exigente” e “Conseqüências do Amor”.

Desfez-se o grupo no final dos anos 20 e Almirante, assim como os demais componentes passaram a atuar sozinhos. Foi quando Almirante gravou um samba que teve muito sucesso, de nome “Na Pavuna”, sendo o primeiro a usar percursão em uma gravação popular.

Convidado por Ademar Casé,Almirante foi um dos primeiros a compor programas elaborados, que tiveram como precursores Renato Murce na Rádio Clube) e Valdo Abreu(na Mayrink Veiga).

Mas os de Almirante eram de um nível superior porque ele ia “fundo” em suas pesquisas e,ao longo de sua carreira, criou mais de uma dezena deles e compôs um arquivo que,doado ao Governo do antigo Estado da Guanabara, transformou-se no Museu da Imagem e do Som, no qual ele foi um dos primeiros diretores.

Depois do “Programa Casé”, Almirante passou a fazer parte do elenco da Rádio Nacional,transferiu-se para a Tupi,regressando à Nacional e terminando suas atividades radiofônicas na Rádio Tupi,em 1958.

Foi nesta Rádio que criou seus mais interessantes programas, como é exemplo o “Tribunal de Melodias”, um dos muitos que teve a participação dos ouvintes.

Ao longo de sua carreira criou os seguintes programas:
“Incrível! Fantástico! Extraordinário!”; “Onde Está o Poeta ?”;”Carnaval Antigo”; “O Pessoal da Velha Guarda”;”Coisas do Arco da Velha”;”Instantâneos Sonoros”;”Anedotário dos Professores;”História das Danças”;”Aquarelas do Brasil”:”Caixa de Perguntas”;”Orquestras de Gaita” e “Dicionário de Gírias”, que pretendia publicar, mas não o fez.

Referendamos sua memória, pelo grande vulto que deixou grandes marcas em nossa música e nosso rádio. Essa é nossa SAUDADE.

Norma Hauer


22,24 e 25 de Agosto - Três Presidentes marcando estas datas tão próximas - Por Norma Hauer



Foi na Rodovia Dutra, que na tarde de 22 de agosto de 1976, Juscelino partiu para a viagem sem volta, deixando uma dúvida no ar...Seria de fato acidente?

Interesante que três políticos que marcaram nossa história naquela época , no período de nove meses, seguiram o destino contrário a uma gestação. Partiram para sempre.

Em agosto de 1976, Juscelino se foi; em dezembro do mesmo ano, foi a vez de Jango e em maio de 1977, Carlos Lacerda seguiu o caminho dos outros dois. Tudo isso em 9 meses !
As três mortes foram estranhas.
O retorno de Jango ao Brasil, mesmo morto, foi difícil. Quase não foi permitido. Provavelmente, seria uma ameaça à "democracia" de então.

JUSCELINO KUBITSCHEK havia sido injustiçado pelos militares.
Foi um Presidente otimista, apesar de fazer um governo tumultuado porque quis colocar o Brasil para frente, realizando 50 anos em 5.
Muitos criticaram e ainda hoje criticam a criação de Brasília e a mudança da Capital. Mas o que seria hoje o nosso Rio de Janeiro ainda como Capital ? Nossa população talvez "dobrasse", as favelas triplicassem e seria mais difícil viver aqui. Além disso, o pior: teríamos de conviver com os sujos políticos federais, como se não bastassem os locais.

No dia 24 de agosto de 1954, um Presidente "deixa a vida para entrar na História". GETÚLIO VARGAS governou como Presidente "proviório" entre 1930 e 1937; como ditador, entre 1937 e 1945 e como Presidente eleito entre 1951 e 1954.

O "povão" gostava dele. Os trabalhadores, antes sem nenhum direito, o adoravam. Os políticos , de um modo geral, o detestavam. Ele disse que saía da vida para entrar na História. Mas penso que somente quando não existir mais ninguém que o tenha conhecido é que poderá ser julgado sem paixão.


No dia 25 de agosto de 1961 outro Presidente polêmico: JÂNIO QUADROS, não sai da vida, mas sai da Presidência. Doido?, perseguido por "forças ocultas"? Prometia, com uma vassourinha, "limpar a política", mas antes de completar uma "gestação", ficou 7 meses e "se mandou".

Só o futuro poderá julgar os três.

Les Paul e Henrique Brito

Les Paul e Henrique Brito.
Para Dihelson Mendonça

A imprensa do mundo inteiro noticiou a morte do aclamado Lester William Polfus cujo nome artístico é Les Paul. Rasgados elogios lhe foram prestados. Inalteceu-se-lhe as qualidades de um músico e desenhista dos mais brilhantes da escola americana. Teve-se o cuidado de anunciá-lo como um dos fundadores da guitarra elétrica de corpo sólido, lá pelos idos de 1950. Achei correta a lembrança, pelo fato de que nós temos, no Brasil, um nordestino do Rio Grande do Norte, tido como inventor do protótipo da guitarra elétrica, ou seja, o violão elétrico. Seu nome: Henrique Brito.
Consta que, ainda menino, deixara o governador do estado boquiaberto, pelo seu virtuosismo demonstrado ao violão, após participar de um concerto no Teatro Carlos Gomes, em Natal, por volta de 1920. Não era muito afeito aos estudos escolares. O seu fraco era sair por aí, pelos quatro cantos da cidade, abraçado ao seu instrumento, tocando e encantando, o que lhe valeu o apelido justamente de Violão.
Consta que era por demais inquieto, num corpo moreno, forte, troncudo, e falava numa rapidez de deixar-se quase incompreensível aos ouvidos de seus interlocutores.
Muitas e muitas histórias desse menino travesso, e em adulto grande músico, Henrique Brito.
Uma delas é interessante.
Ocorreu em 1932. Henrique Brito, com idade de 24 anos, fazia parte de uma banda chamada “Brasilian Olimpic Band”. Tal banda fora criada para participar dos jogos olímpicos, naquele ano, em Los Angeles.
Quando da volta da caravana brasileira, Henrique Brito, querendo permanecer nos Estados Unidos, inventou que esquecera seu violão. O navio partiu sem ele. Ficou por lá por um ano, e não se sabe como ele se arranjou, pois além de burlar a severa lei americana, não entendia nada da língua de tio Sam. Ainda hoje esta façanha está carregada de mistérios!
Diz-se que o excêntrico Henrique Brito sempre se mostrou insatisfeito com o baixo som dos violões, e foi por ocasião da introdução do cinema falado no Brasil, no Rio de Janeiro, em 1930, que teve a idéia de adaptar o instrumento a um amplificador. Ele fazia parte do conjunto “O Bando de Tangarás”, ao lado de Noel Rosa, Braguinha e Almirante. Mas ninguém se importou com tamanha invencionice, principalmente vindo de quem vinha.
Pois bem, por ocasião de sua estada na América, dois anos depois, Henrique Brito mostrou sua idéia para um fabricante de instrumentos musicais, em São Francisco. Encheu-se de felicidade o nosso potiguar ao ver seu invento dar certo. O que ele recebeu em troca ? Claro, um violão elétrico do fabricante. E este o que ganhou ? Nada menos do que a patente do invento desse bom músico brasileiro, tão assemelhado a tantos excelentes músicos, poetas e seresteiros que “não” se amarram “em dinheiro não, mas os mistérios”... da música e a felicidade de tocá-la.
Conclui assim, sobre esse episódio, o compositor, cantor e escritor Almirante:
“Indiferente a todo e qualquer lucro pecuniário, Henrique Brito, longe de reivindicar a paternidade do invento, mostrou-se exultante pelo simples fato de possuir o sonhado instrumento de grande volume”.
Adaptado de “No tempo de Noel Rosa”, de Henrique Foréis Domingues – Almirante –

Aniversário de morte de um pensador - 25 de Agosto


Em 1965 eu cursava o último ano de ginásio , no Colégio São João Bosco. Dr. José Newton , nosso professor de Português , em cada aula, explorava um texto, como um garimpeiro. Ninguém ficava desatento nas suas aulas. Bebíamos todas as suas palavras embora nem tudo fosse absorvido , na íntegra. Sem dúvidas, devemos-lhe a nossa base.
Entre os colegas , Ismênia Maia era destaque , nas informações culturais. Ela sabia dos pensadores, diretores de cinema, líderes políticos. Uma vez copiou no meu caderno um pensamento de Nietzsche, com a sua letra linda , e bem miudinha :
.
" Só a rosa é bastante frágil para exprimir a humanidade ".

Esse pensamento acompanhou-me pela vida. Custei a entendê-lo, até viver na própria carne , a minha fragilidade.
Porisso ai de nós, sem o fortalecimento do espírito !


"Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura.

As mulheres podem tornar-se facilmente amigas de um homem; mas, para manter essa amizade, torna-se indispensável o concurso de uma pequena antipatia física.

Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar.


O amor é o estado no qual os homens têm mais probabilidades de ver as coisas tal como elas não são.

É necessário ter o caos cá dentro para gerar uma estrela.

Sem a música, a vida seria um erro.

Não se odeia quando pouco se preza, odeia-se só o que está à nossa altura ou é superior a nós.

Só se pode alcançar um grande êxito quando nos mantemos fiéis a nós mesmos.

É difícil viver com as pessoas porque calar é muito difícil.

Perdido seja para nós aquele dia em que não se dançou nem uma vez! E falsa seja para nós toda a verdade que não tenha sido acompanhada por uma gargalhada!

Até Deus tem um inferno: é o seu amor pelos homens.

Quando se amarra bem o próprio coração e se faz dele um prisioneiro, pode-se permitir ao próprio espírito muitas liberdades.
Querer a verdade é confessar-se incapaz de a criar. "

Friedrich Nietzsche
- "Quando Nietzche Chorou ".

A coruja do Picasso X Corujinha baiana


"Quem sou eu

Ainda ontem pensava que não era mais do que um fragmento trêmulo, sem ritmo na esfera da vida. Hoje sei que sou eu a esfera, e a vida inteira em fragmentos rítmicos move-se em mim. Eles dizem-me no seu despertar: " Tu e o mundo em que vives não passais de um grão de areia sobre a margem infinita de um mar infinito." E no meu sonho eu respondo-lhes: "Eu sou o mar infinito, e todos os mundos não passam de grãos de areia sobre a minha margem." Só uma vez fiquei mudo. Foi quando um homem me perguntou: "Quem és tu?" ( Kahlil Gibran ) "
Ela é a nossa Corujinha baiana.

O Alpendre - Por Claude Bloc


Sempre me lembro, mesmo quando passo muito tempo sem ir à Serra Verde, dos meus mais antigos e doces momentos vividos ali. Impossível não lembrar, impraticável tentar esquecer. As imagens são fortes e precisas. As lembranças vão e vêm como um vídeo que gostamos de repetir. Algumas cenas, porém, aparecem estáticas, como se (in)conscientemente eu as quisesse eternizar. E assim é, realmente. Não esqueço. Refluem sempre os dias ensolarados ou chuvosos. As rocinhas no inverno. A horta de mamãe. O jardim com jasmim, bugari, espirradeira, japão, buganvília, crotes, roseiras... Infinidades de cheiros e cores a cada final de tarde. O pôr-do-sol no Alto do Caboclo.

Reencontro naquele cenário, minha família inteira, seus sorrisos, seu amor caloroso, seu afeto aconchegante e barulhento. Minha avó paterna que chamávamos de Mamy Huguette, meu avô paterno que chamávamos de Papy Georges... O carinho, a doçura do tempo sempre pintado em tons pastéis, tempo em que o sofrimento da guerra fora banido pela chegada dos netos e o pelo calor brejeiro do sol brasileiro.

A casa-sede era meu reino. Os alpendres sempre acolheram benevolentes meus sonhos infantis e depois embalaram minha idealização de vida, quando adolescente insegura e romântica. Foi nesses alpendres que percorri muitas histórias que nasciam sob as rodas do meu velocípede verde. Creio que foi nesses momentos que eu compus meus mais lindos poemas. Aqueles que nunca escrevi. Aqueles compostos por uma criança que sonha sempre e que tece o fantástico no seu ideário, que escreve na imaginação todos os seus “tratados de vida” em forma de poesia pura e sincera - pensamentos !

Ali era ponto de encontro também. No alpendre, bancos sertanejos acolhiam os moradores enfermos, que vinham pelas mãos de Seu Hubert, receber as “meisinhas” pra curar suas dores. As comadres que vinham fazer curativos em suas “crias”, de quem Dona Janine cuidava com esmero e com a paciência de uma enfermeira de primeira grandeza.

À tarde, do lado do açude, também no alpendre, armávamos redes para uma “pestana” depois do almoço. O sono chegava debruçado sobre as imagens de uma revista em quadrinhos do Super-Homem, Mandrake, Sobrinhos do Capitão, Capitão Marvel e outros que faziam parte da escolha pessoal de papai e, consequentemente, da nossa.

O alpendre também era o regaço que acolhia meus lamentos. Sentada no parapeito, olhando para as águas do açude, eu confabulava com as ondulações dos meus sonhos. Lá eu depositei minhas primeiras lágrimas. Uma palmada indevida. Uma reclamação mal entendida. E depois, a evidência de sonhos desfeitos ou burlados pelo desencaminhamento dos meus passos. O alpendre foi meu confidente eterno. Ainda posso ouvir os ecos dessas histórias quando passo por elas no alpendre, quando lembro das marcas das rodas do velocípede no chão de cimento liso e lustroso e do que representam essas marcas em minha alma.

A casa inteira guarda ainda os passos de crianças que ali reinaram nesse reino de nada, mas onde tudo acontecia. Era imponente a casa em sua simplicidade de casa de sertão, pois ficava no alto de uma ladeira e na sua parte frontal alguns degraus permitiam o acesso ao alpendre, o que nos dava a impressão de estarmos diante de algo majestoso. Mas... a casa sozinha era nada. Era apenas o vazio dos sons de nossas vozes e de nossa presença. Um eco de uma saudade grande.

As férias eram sempre agitadas e concorridas por amigos e primos. As brincadeiras eram geradas e regidas por nossas necessidades de agitar a vida - pacata demais para tanta reserva de energia. Banhos de açude, passeios a cavalo, guisados, renovações, moagem, farinhadas, eventos nunca esquecidos. À noite um gerador nos fornecia e energia necessária até 22 horas quando papai apertava o “botão da noite escura” e nos apressávamos para encontrar nosso cantinho pra dormir. Depois de maiores, rebeldes, jogávamos baralho à luz de candeeiros ou velas e assaltávamos a despensa para garantir o sossego no estômago.

E eram assim os dias: um dia aqui outro ali no Crato. Meninos de todas as idades. Sonhos de todos os tamanhos. E no que nos tornamos? Eu poderia dizer, mas é bem melhor que todas as respostas permaneçam no alpendre da casa. No vazio que deixamos quando crianças crescem. Quando restam ali apenas as nossas marcas.
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Texto e foto por Claude Bloc
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A vida de uma escritora começa na Infância ...

Maria Alice , neta de João Marni

Programação semanal do CCBNB - Cariri - Por: Tânia Peixoto

Dia 25, terça-feira
CULTURA DE TODO MUNDO
14h Programa de Rádio na Educadora do Cariri AM. 180min.
OFICINA DE FORMAÇÃO ARTISTICA
15h Meu Livro de Pano. 240min.
Literatura/Biblioteca - BIBLIOTECA VIRTUAL
18h Recursos Avançados de Utilização da Internet. 180min.
Cinema – 100 CANAL
18h30 Banda Cabaçal Meninos Maluvidos. 5min.
Cinema – IMAGEM EM MOVIMENTO
18h35 A Lei do Desejo. 102min.
Dia 26, quarta-feira
Atividades Infantis – CRIANÇA E ARTE
Local: SESC Crato
14h Sessão Curumim: O Menino que Queria ser Urso. 74min.
OFICINA DE FORMAÇÃO ARTÍSTICA
15h Meu Livro de Pano. 240min.
Atividades Infantis – CRIANÇA E ARTE
Local: Centro Cultural Dr. Raimundo de Oliveira Borges (Caririaçu - CE)
16h 100 Canal: Banda Cabaçal Meninos Maluvidos. 5min.
16h05 Sessão Curumim: Conan – Os Jovens Guerreiros. 67min.
Literatura/Biblioteca - BIBLIOTECA VIRTUAL
18h Recursos Avançados de Utilização da Internet. 180min.
Dia 27, quinta-feira
CULTURA DE TODO MUNDO
14h Programa de Rádio na Educadora do Cariri AM. 180min.
OFICINA DE FORMAÇÃO ARTÍSTICA
15h Meu Livro de Pano. 240min.
Literatura/Biblioteca - BIBLIOTECA VIRTUAL
18h Recursos Avançados de Utilização da Internet. 180min.
CONVERSAS FILOSÓFICAS
18h30 Carl Schmitt, O Jurista Maldito. 120min.
Música – ARTE RETIRANTE
Local: Fundação Casa Grande (Nova Olinda)
19h Banda Central. 60min.
Dia 28, sexta-feira
Literatura/Biblioteca - BIBLIOTECA VIRTUAL
18h Recursos Avançados de Utilização da Internet. 180min.
Artes Cênicas - TROCA DE IDÉIAS
18h Bate Boca em Cena Cariri. 90min.
Música – ROCK CORDEL
19h30 Banda Central. 60min.

Hoje é o aniversário de João Neto ( o Zé Modesto - artista do Cariri)- Parabéns, menino !


Tradição Oral : Bisaflor Conta Histórias - Por : Stela Siebra Brito

Ultimamente Bisaflor recebe convites pra contar histórias nos mais diversos lugares. Outro dia foi bater no Crato, a convite de Socorro Moreira, que desejava presentear sua neta Bianca com a magia das histórias. Bianca adora ouvir histórias, e, a seu modo, já conta histórias. Socorro convidou os amigos e os netos dos seus amigos. Serviu café e chá com biscoitos, sucos, bombons, pipocas e bolinhos. Bianca sentou-se no colo de Bisaflor, que contou várias histórias: Moura Torta, A Fonte das Três Comadres, A Festa no Céu, O Negrinho do Pastoreio e a história de Dona Labismina. Quando Bisaflor terminou de contar a história de Dona Labismina, Bianca disse: “gostei mais dessa, conta de novo, conta”. Se qualquer contador de histórias não resiste ao pedido do “conta de novo” das crianças, imagina se Bisaflor não repetiu a história!

DONA LABISMINA
Era uma vez uma rainha que já estava casada há muito tempo, mas não tinha filhos, embora fosse grande seu desejo de tê-los. O tempo passava e nada de gravidez e a vida da rainha foi ficando muito tediosa. Era tanta sua vontade de ser mãe, que certa vez falou que queria parir nem que fosse uma cobra. Pois não é que algum tempo depois ela estava grávida? E nasceu-lhe uma linda menina com uma cobrinha enrolada no pescoço. A rainha, o rei e toda corte ficaram muito insatisfeitos com o fato, mas não se podia tirar a cobrinha do pescoço da princesa Maria.
Princesa e cobra cresceram juntas e, logo, logo, a princesinha nutria muita simpatia e amizade pela cobra, sua irmã, a quem chamou de Labismina. Brincavam, passeavam, tomavam banho no lago, dormiam juntas. Quando estavam mocinhas escapavam da vigilância das criadas e iam ver o mar. Labismina, largando o pescoço da princesa Maria, corria para as águas, adentrava, mergulhava, sentia-se em casa.
A princesa ficava na praia e, aflita, chorava, tinha medo que Labismina não voltasse das águas profundas do mar. Gritava, chamando a irmã. A cobrinha retornava à praia, enrolava-se no seu pescoço e voltavam para o palácio, onde ninguém desconfiava do passeio das duas.
Muitas vezes repetiram a aventura, e a princesa até passou a gostar de observar Labismina subindo e descendo nas ondas do mar.
Um dia a cobrinha se despediu da princesa Maria, queria mesmo era ficar naquele vai e vem das águas, mas que a irmã soubesse, ela sempre a ajudaria, era só chamar-lhe, caso se encontrasse em apuros.
Nesse mesmo dia Labismina entrou no mar e não voltou mais.
O tempo passou. Quando a princesa já era uma bela moça, uma tristeza se abateu sobre o palácio: a rainha, depois de uma grave doença, morreu, mas, não sem antes entregar um anel ao rei e pedir que ele só voltasse a casar-se, caso encontrasse uma princesa em cujo dedo a jóia se amoldasse com graça e beleza.
Passado o tempo do luto e das tristezas, o rei quis casar-se novamente e mandou seus emissários procurarem em todos os reinados uma princesa em cujo dedo o anel entrasse como uma luva. Os emissários andaram por reinos até muito distantes, mas não encontraram uma noiva para o rei, que agora queria porque queria casar-se, mas não deixaria de atender a recomendação da sua falecida rainha. Palavra de rei!
Só a princesa Maria não tinha experimentado o anel, mas foi chamada a fazê-lo; o anel ajustou-se de forma maravilhosa no seu dedo. E como palavra de rei não volta atrás, ela teria que desposar o pai.
A princesa ficou muito desgostosa e passava os dias numa tristeza que só vendo: chorando e lamentando sua sorte, até lembrar-se de pedir ajuda a Labismina. Foi até o mar e gritou pela cobra que logo emergiu das ondas, veio até a praia e escutou a notícia do casamento da princesa, sua irmã, com o rei, seu pai. Labismina acalmou Maria:
- Não tenha medo. Diga ao rei que só se casa se ele lhe der um vestido da cor do campo, com todas as suas flores.
Quando a princesa impôs essa condição, o rei ficou preocupado pensando se existiria tal vestido que a filha queria, mas que iria procurar e certamente encontraria. Convocou emissários, costureiras, adivinhos, que todos se mexessem e aprontassem o vestido da princesa, foi o que ordenou.
Passou um bom tempo e o vestido da cor do campo, com todas as flores, estava pronto, fato que deixou novamente a princesa muito preocupada. Foi ao mar e chamou Labismina. A irmã lhe disse:
- Peça agora um vestido da cor do mar e com todos seus peixes.
O rei convocou meio mundo de especialistas no assunto e, depois de certo tempo, conseguiu o vestido desejado pela princesa Maria, que mais uma vez sofrendo com a insensatez do pai, buscou a orientação da irmã:
- Diga ao rei que só casa se ele lhe der um vestido da cor do céu e com todas as suas estrelas.
O rei estava cada dia mais atônito com as exigências da filha e teve que mover meio mundo para conseguir o vestido da cor do céu e com todas as estrelas.
Ao ver o belíssimo vestido pronto, a princesa desesperou-se. E agora? Correu para a praia e encontrou um navio que dona Labismina havia providenciado durante o tempo em que os vestidos eram aprontados. A cobra lhe disse que no reino que o navio parasse, ela descesse, porque nessa terra encontraria um príncipe com quem se casaria. E lhe fez um pedido:
- Na hora do teu casamento chama três vezes por mim, que o encanto, em que estou confinada, se desfará e me tornarei uma princesa tão bela quanto tu.
A princesa embarcou e no primeiro porto que o navio parou, ela desceu e foi pedir emprego no palácio real. A rainha a encarregou de criar e cuidar das galinhas.
Envolvida nessa tarefa, a princesa via o tempo passar sem maiores novidades, até a ocasião em que haveria três dias de festas na cidade. Aí foi um alvoroço geral, se arruma daqui, se arruma dali, e toda a gente do palácio foi à festa, menos Maria, a cuidadora das galinhas.
Quando todos saíram, Maria, a princesa, vestiu o vestido bordado com as flores do campo, penteou os cabelos, pediu uma carruagem à Labismina e foi para a festa. Sua chegada causou a maior sensação, nunca tinham visto moça tão rica, tão bonita e tão bem vestida. O príncipe apaixonou-se por ela, assim como outros rapazes da cidade.
Maria divertiu-se muito, mas antes da festa acabar tomou sua carruagem e voltou ao palácio, vestiu seus farrapos e foi deitar-se.
No final da festa, o príncipe comentou com a rainha:
- Nunca conheci moça tão bela, gostaria de casar-me com ela. A senhora percebeu como ela parecia com a moça que cuida das galinhas?
- Ah, aquela pobre coitada tem lá roupas tão ricas e finas, meu filho! Vá até o galinheiro ver os trajes dela!
O príncipe foi e encontrou Maria pobremente vestida, contou-lhe que na festa tinha uma moça muito parecida com ela. A princesa, disfarçando que estava encabulada, falou que o príncipe estava zombando dela, uma simples guardadora de galinhas.
No outro dia de festa, a princesa vestiu o vestido da cor do mar, com todos seus peixes, e Labismina mandou-lhe uma carruagem mais luxuosa que a do primeiro dia. Mais uma vez ela foi a grande atração da festa, deixando o príncipe suspirando por ela.
No último dia de festa, a princesa Maria vestiu o vestido da cor do céu e cheio de estrelas, subiu numa rica carruagem e foi para a festa. O príncipe lhe fez a corte e lhe ofereceu uma jóia, preciosidade que Maria guardou com muito carinho.
Terminados os dias de festas, o príncipe, perdidamente apaixonado pela moça desconhecida, só pensava em casar-se com ela, mas ninguém sabia quem era, nem de onde viera, portanto, como encontrá-la? Muito triste e doente de paixão, o príncipe perdeu o apetite, não queria se alimentar, nem mesmo um caldinho aceitava...
A rainha estava aflita, recorria a todos para ver se conseguiam persuadir o príncipe, chamou até a guardadora das galinhas para fazer um caldo especial e levá-lo para seu filho. Maria concordou em fazer um caldo e mandar para o príncipe, porque ela mesma, tão insignificante, não poderia convencer o príncipe a alimentar-se, melhor seria que o criado particular levasse o caldo.
E assim foi: ela fez um caldo, colocou a jóia que o príncipe havia lhe dado dentro da tigela, e o criado serviu a refeição. O príncipe, alheiamente a apatia, ele queria casar com a moça que fez o caldo, que chamassem a cuidadora das, colocou a colher no caldo e pescou a jóia. Pulou da cama, cheio de alegria. Acabou-se galinhas. Esta veio mais bela do que nunca, vestida como quando ia à festa, deixando um rastro de suave e doce perfume por onde passava. Houve muita alegria no palácio, marcaram o casamento, que foi uma festa regada a muitos banquetes e bailes, mas a princesa Maria, envolvida com sua própria felicidade, esqueceu de chamar pelo nome de Labismina na hora do casamento.
A princesa e o príncipe viveram felizes para sempre.
Dona Labismina não se desencantou e ainda vive no mar; vez em quando se enfurece, dá urros, emborca os barcos, vomita altas ondas nas praias.

Jorge Luis Borges

24 /08/1899 Buenos Aires, Argentina.14/07/1986, Genebra, Suíça.

O BORGES QUE ESCOLHI
( Sidney Wanderley )

Não o celebrado e exaurido cantor
dos tigres de Bengala e Sumatra,
das refutações do tempo,
do horror aos espelhos
(que, como as cópulas,
multiplicam os homens),
dos punhais e dos compadritos,
das espadas e dos labirintos,
de Dante, dos vikings e das kenningare
dos rios e das rosas e de Rosas;
sim o fazedor de versos
sem metafísica e certeiros:
“o olor interminável dos eucaliptos”
“minhas lembranças, antigas até a ternura”
“a água crapulosa de um charco”
“o incêndio, com ferozes mandíbulas, devora o campo”
“um céu da cor da gengiva dos leopardos”
e que severamente vaticina:

“ Te espera o mármore que não lerás.”


"Não criei personagens. Tudo o que escrevo é autobiográfico. Porém, não expresso minhas emoções diretamente, mas por meio de fábulas e símbolos.

Nunca fiz confissões. Mas cada página que escrevi teve origem em minha emoção".O escritor Jorge Luis Borges nasceu na capital Argentina, Buenos Aires. Bilíngüe desde a sua infância, aprendeu a ler em inglês antes que em castelhano, por influência de sua avó materna de origem inglesa.

Aos seis anos disse a seu pai que queria ser escritor e aos sete escreveu, em inglês, um resumo de literatura grega. Aos oito, inspirado num episódio de "Dom Quixote" de Cervantes, fez seu primeiro conto: "La Visera Fatal". Aos nove anos, traduziu do inglês "O Príncipe Feliz" de Oscar Wilde.

Em 1914, devido à quase cegueira total, seu pai decide passar uma temporada com a família na Europa. Em Genebra, Jorge escreveu alguns poemas em francês enquanto estudava o bacharelado (1914-1918). Sua primeira publicação registrada foi uma resenha de três livros espanhóis para um jornal de Genebra.

Em 1919, mudou-se para a Espanha e publicou poemas e manifestos na imprensa. Em 1921, retornou a Buenos Aires e redescobriu sua cidade natal, na efervescência dos anos 20. Nesse clima escreveu seu primeiro livro de poemas, "Fervor em Buenos Aires", publicado em 1923.A partir de 1924, publicou algumas revistas literárias e, com mais dois livros, "Luna de Enfrente" (poesia) e "Inquisiciones" (ensaios), ganhou em 1925 a reputação de chefe da jovem vanguarda de seu país.

Nos anos seguintes, ele se transformou num dos mais brilhantes e polêmicos escritores da América Latina.Inventando um novo tipo de regionalismo, acrescentou uma perspectiva metafísica da realidade, mesmo em temas como o subúrbio portenho ou o tango. Nesta fase escreveu "Cuaderno San Martin" e "Evaristo Carriego".
Mas logo se cansou desses temas e começou a especular sobre a narrativa fantástica, a ponto de produzir durante duas décadas, de 1930 a 1950, algumas das mais extraordinárias ficções do século, nos contos de "Historia Universal de la infâmia" (1935); "Ficciones" (1935-1944) e "El Aleph" (1949), entre outras.

Em 1937, Borges foi nomeado diretor da Biblioteca Pública Nacional, o que foi seu primeiro e único emprego oficial. Saiu nove anos depois, indignado com a inclinação fascista que estava tomando a Argentina.No que se refere ao amor, o caso mais quente do escritor argentino foi com Estela Canto, que depois lançou o livro de memórias "Borges a Contraluz". Ele conta em sua biografia que a pediu em casamento.

Moderna e liberada para a época, Estela respondeu: "Eu aceitaria, Georgie, mas não podemos casar sem antes dormir juntos". Borges ficou assustado e desapareceu.Aos 50 anos, o escritor já havia perdido parcialmente a visão. Com o passar dos anos, quando a cegueira se fez completa, sua mãe, Leonor, passou a cuidar dele, lendo e escrevendo o que ditava.

O reconhecimento literário de Borges se solidificou em 1961 com a conquista do prêmio concedido pelo Congresso Internacional de Editores, que dividiu com Samuel Beckett. Logo receberia também prêmios e títulos por parte dos governos da Itália, França, Inglaterra e Espanha.Em 1967, Borges casou-se com uma amiga de infância, Elsa Astete.

O casamento durou três anos e acabou com Borges fugindo de casa, sem coragem para discutir a separação. Sua mãe, Leonor, morreu em 1975. Seu segundo casamento foi com a sua ex-aluna Maria Kodama que se tornou sua secretária particular em 1981.

Kodama era de origem japonesa e tornou-se a herdeira de seus direitos autorais.Em 1983, Borges publicou no diário "La Nación" de Buenos Aires o relato "Agosto 25, 1983", em que profetizava seu suicídio. Perguntado depois porque não havia se suicidado na data anunciada, respondeu: "Por covardia". Borges afirmava freqüentemente o seu ateísmo e falava da solidão como uma espécie de segunda companheira.
PS. O poema "Instantes" é um texto indevidamente atribuído a Borges.


http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u221.jhtm
http://enredosetramas.blogspot.com/2009/03/jorge-luis-borges-o-poeta.html

Pensamento para o Dia 24/08/2009


“Nós nos tornamos aquilo que contemplamos. Através do pensamento constante, um ideal fica impresso em nosso coração. Quando fixamos sempre nossos pensamentos no mal que os outros fazem, nossa mente fica poluída pelo mal. Quando, ao contrário, fixamos nossa mente nas virtudes ou no bem-estar dos outros, nossa mente é purificada do mal e acolhe somente bons pensamentos. Nenhum mau pensamento pode penetrar a mente de uma pessoa totalmente dedicada ao amor e à compaixão. Os pensamentos que cultivamos modelam nossa natureza; junto com os outros, eles também nos afetam.”
Sathya Sai Baba

Clá Brasil - Sugestão de Jayro F. Starkey

Sobre seu Luiz

O Cariri não deve deixar de lado a cultura gonzagueana e conhecer aqueles da nova safra da boa música nordestina. Vida à Cultura Gonzagueana!

Clã Brasil

Analisar o grupo Clã Brasil é fugir da metáfora sem destrancar-nos da poesia. Realidade cristalina, as meninas que formam esse núcleo de sublime construção musical são ao mesmo tempo doces, amorosas e guerreiras. São flores que têm lá seus espinhos guardiões da sua compreensão musical: a defesa inegociável das legítimas tradições estéticas oriundas de mestres como Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Antônio Barros, Jacinto Silva, Gordurinha, Elino Julião, entre outros.

Levemos em conta também o fato de que o quarteto fantástico não caiu na pauta musical de pára-quedas. As quatro garotas são estudiosas, freqüentam os bancos acadêmicos e têm plena noção de teoria e prática na arte que escolheram por empunhar como suas espadas de peso justo. Não devemos ouvi-las com mas-mas e nem poréns. Devemo-las sagrar como realidade, conscientes de que é uma realidade que ainda evoluirá bastante, e que, excetuando mudança de ventos, será uma realidade nacional e, quiçá, internacional.

Jovens, sim, jovens. Mas não as tratemos como menininhas prodígios que merecem atenção apenas pela pouca idade. Poucos são os marmanjos que tocam como elas, hoje em dia.

Louvemo-las como grandes artistas desabrochadas e bafejadas pelo plenilúnio criativo. Elas sempre me emocionam. Seja no forró seja no chorinho o Clã Brasil é a fortuna musical que o Nordeste esperava para negar definitivamente as falsas bandas de forró. O diálogo musical aqui está em outro nível, as meninas catam inspiração nas nuvens alvas divinais. Não são mercenárias e nem se deslumbram. A música é Paixão e Sacerdócio para elas. E ninguém mais as represará. Porque, sem a menor dúvida, Deus está tocando com elas. E elas são tocadas por Deus.

Ricardo Anísio

Conheça o trabalho do Clã Brasil

Visite: http://www.clabrasil.com.br/

Ah, que tal dar uma passadinha no www.LuizLuaGonzaga.com.br do nosso amigo Paulo Vanderlei?

Obrigado.

Cheiro de infância - Por Socorro Moreira

Carência e medo
Tempestade, trovão
Almas penadas, aparição
Pavor de espelhos, aconchego
Colchão e amônia
Cabelos embrenhados, rabo de cavalo
Balões, bonecas de pano
Bilas, birros, bambolês
Chão de mosaicos, sujo de infância.

Temporada de contratações

Censo 2010

IBGE vai lançar editais para contratar mais de 254 mil profissionais

Em virtude do Censo 2010, o IBGE vai promover seleções de grande porte para contratação temporária de agentes censitários e recenseadores. O Instituto prevê também a abertura de editais para efetivos

Bruno Balacó
brunoanderson@opovo.com.br

22 Ago 2009 - 19h44min

Vai começar a temporada de contratações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O órgão está acertando os últimos detalhes para lançar editais que, ao todo, somam mais de 254 mil vagas, entre temporários e efetivos. Quase todas as oportunidades visam atender a demanda do Censo Demográfico de 2010 - levantamento de dados sobre a população brasileira e suas características socioeconômicas.

O primeiro dos editais vai ser lançado até a primeira semana de setembro, segundo informações obtidas junto ao IBGE em Brasília. A seleção prevê a contratação temporária de 34.300 profissionais para o cargo de agente censitário. A remuneração oferecida pode chegar a R$ 1600. "Esta semana estamos recebendo as propostas de cada estado e iremos definir, de acordo com o número de vagas que temos, quantas destinaremos a cada um", informou a assessoria de imprensa nacional do IBGE. Para participar dessa seleção os candidatos devem possuir ensino médio completo.

Ainda para atender as demandas do Censo 2010, o IBGE deve lançar outro edital para a contratação temporária de 220 mil profissionais para o cargo de recenseador. A expectativa, conforme projeção da assessoria de imprensa nacional do Instituto, é de que o edital deste concurso seja divulgado até janeiro do próximo ano. Para atuar na função é preciso ter ensino fundamental completo. O salário oferecido para o cargo é variável, pois é calculado a partir da produção, com base nas quantidades de domicílios e pessoas recenseadas, além dos registros no controle da coleta de dados.

O Ceará tem vagas asseguradas para as duas seleções, mas até o momento esse quantitativo não foi definido. "Tivemos uma reunião esta semana na sede nacional do IBGE, no Rio de Janeiro, e entregamos a nossa proposta. A confirmação da quantidade de vagas só teremos na próxima semana", afirma Roberto Madeira, diretor de recursos humanos da unidade cearense do IBGE. Certo, até o momento, está apenas o nome da organizadora para essas duas seleções. Será a Fundação Cesgranrio, que já assinou contrato.

O terceiro edital que o IBGE divulgará será para contratação de 350 funcionários efetivos, de acordo com a autorização concedida pelo Ministério do Planejamento. As vagas são distribuídas nos cargos de analista de planejamento e gestão (278 vagas) e tecnologista em Informações Geográficas e Estatísticas (72 oportunidades). "Nossa previsão é de que esse edital seja divulgado até outubro deste ano. Os cargos desta seleção são para quem possui nível superior e a remuneração pode chegar a R$ 6.900", destacou a assessoria de imprensa do IBGE.


SERVIÇO

Para conhecer as atribuições dos cargos e o conteúdo cobrado nas provas anteriores, acesse o site www.pciconcursos.com.br/provas/ibge. Novidades sobre a publicação dos editais serão divulgadas no site do IBGE: www.ibge.gov.br


SEDUC DIVULGA EDITAL DE 4 MIL VAGAS PARA PROFESSORES

Após confirmar no Diário Oficial do Estado (DOE) o nome da Cespe/UNB (de Brasília) como organizadora do concurso, a Secretaria de Educação do Estado (Seduc) viu encerrada as pendências que faltavam para a publicação do edital para a contratação de 4 mil professores em caráter efetivo. Com isso, a versão definitiva já pode ser divulgada no DOE. Para facilitar a visualização do documento, a Seduc vai colocar em seu site (www.seduc.ce.gov.br) um informe em destaque que dá acesso ao edital. As vagas do concurso são distribuídas para todas as regiões do Estado nas diversas disciplinas cobradas no Ensino Médio da rede estadual.

A inscrição, que possui taxa única de R$ 60, poderá ser feita no site www.cespe.unb.br/concursos. Para participar da seleção, os interessados precisam ter diploma de nível superior em alguma área de licenciatura plena. A remuneração oferecida é de R$ 1.327,66 para uma carga horária semanal de 40 horas de trabalho. Outra novidade que deve pintar essa semana é o edital do concurso de 122 vagas da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace). Depois de ter a divulgação do edital adiada por algumas vezes, a assessoria de imprensa garantiu que "da próxima semana não passa". Acompanhe novidades pelo site do órgão: www.semace.ce.gov.br (BB)

(Recebido por e-mail)

Dia da Infância - Foto Nívia Uchôa




Saudade infantil - Por Socorro Moreira

Manhã cor-de-rosa ,doce aurora ! Da janela o mundo parece foto - inanimado ! Se não fosse o latido dos cães , chilro dos pássaros , eu só teria o som do teclado .
O rádio na madrugada revive um samba antigo , e na minha memória, uma velha vitrola, soluça "Anaih".
Tempo do leiteiro à cavalo; do padeiro na carroça; do pirulito na tábua; das verduras no balaio.
Mingau na mamadeira, papa no dedo,chupeta no beiço, passeio nas calçadas com pijama flanelado. Casa varrida e aguada;cheiro de café torrado ; chão de tijolos, casa com chaminé; pinico nos quartos, banho de cuia , tina no quintal. Gritos de empregada e patroa : o que fazer pro almoço, carne cosida ou torrada ? E o pilão comendo frouxo. O abano cansando a mão; a boca soprando brasas.
Infância danada !
- Soltar barcos de papel , na rua alagada da chuva;chorar a morte do soldadinho de chumbo, derretido no fogão de lenha; Branca de Neve envenenada porque mordeu a maça; Bela adormecida, no sono do fuso encantado e eu, patinho feio, querendo presentear o meu gato com uma bota de mil quilômetros.
Estou no Crato, e em todos os lugares que vivi. Estou em Copacabana , onde um dia te vi. Estou no largo de uma saudade que não machuca , e me faz feliz !

Petit Gâteau - o bolo de coração mole

Bastante conhecido pelos chocólatras de plantão, o petit gâteau, pequeno bolo com recheio cremoso, normalmente, servido com sorvete de creme, tornou-se a sobremesa queridinha de grande parte dos brasileiros.

Também, não é para menos. Um bolo fofinho, que ao ser cortado despeja chocolate do seu coração, causa efeito sob qualquer um.

Conta-se que a receita original foi criada pelo chefe Michael Bras e chamada por ele de "biscuit tiède de chocolat coulant" ou, em português, bolo morno de chocolate derretido. Mantida, em quatro versões, o bolinho até hoje está presente no cardápio do seu restaurante, situado em Laguiole, na França.

O preparo do bolinho consiste em três etapas, o do creme, da massa que irá envolver a calda e o último, e mais importante passo, a montagem que insere a calda, que é congelada previamente a massa. Depois é só assar a massa enquanto a calda se descongela.

O bolinho foi apresentado oficialmente no Brasil, em 1994, servido como sobremesa no festival de foie gras, realizado pelo restaurante Le Coq Hardy, em São Paulo. Hoje, já é possível encontrar várias versões da receita. São bolinhos recheados de goiaba pura ou com queijo, nutella, bananada, doce de leite, café, geléias de frutas como, cupuaçu, maracujá e daí por diante.


Delicie-se com esse doce dos deuses.

Petit Gateau au Chocolat

Rendimento
15 porções

Ingredientes

200 gr de chocolate meio amargo
200 gr de manteiga
150 gr de farinha de trigo
150 gr de açúcar
4 unidade(s) de ovo
4 unidade(s) de gema de ovo

Modo de preparo

Derreta a manteiga em banho-maria junto com o chocolate em barra.
Reserve.
Em uma batedeira, bata os ovos, junte as gemas e o açúcar até chegar ao ponto de neve, bem firme. Adicione a farinha e o chocolate, bata até ficar um mistura homogênea. Unte as forminhas com manteiga, coloque no forno a 180ºC, por apenas 10 minutos. Sirva com sorvete e calda de chocolate.
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