Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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.....................
claude_bloc@hotmail.com

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Daniela Bloc - o quinto elo da arte Bloc-Boris (Por Claude Bloc)

Dia das Bruxas
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Quero me redimir com Daniela, minha filha. Pulei uma geração ao falar nas tendências artísticas da família. É que ela, apesar de adorar desenhar, não tinha mais tido tempo para fazê-lo já que passa o dia assoberbada dando aulas de reforço em Fortaleza... Não sabia que ela havia guardado suas obras de muitos anos atrás.
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Hoje, ao revê-las resolvi que seria justo mostrá-las aqui. Daniela gostava de retratar situações entre professores e colegas da Faculdade. Sempre foi muito criativa, pois que desenha intuitivamente.
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Ahh! e gosta também de escrever. Logo mais postarei também algum escrito dela.
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Bem, agora só resta apresentar arte de Daniela Bloc !

Caricatura de um profeessor

Um dia na praia - I

Um dia na praia - II

Os malefícios do fumo

Ilustração de uma camiseta

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Texto de Claude Bloc
Desenhos de Daniela Bloc

Antonio Abujamra

Antônio Abujamra (Ourinhos SP 1932). Diretor e ator. Um dos primeiros a introduzir os princípios e métodos teatrais de Bertolt Brecht, Roger Planchon e outros mestres da contemporaneidade em palcos brasileiros. Participa da revolução cênica efetivada nos anos 1960 e 1970, caracterizando seu trabalho pela ousadia, inventividade e espírito provocativo. Nos anos 1980 e 1990, desenvolve espetáculos em que crítica e lúdico se fundem num ceticismo bem-humorado, que é o eixo de sua personalidade.

Forma-se em filosofia e jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUC/RS, Porto Alegre, em 1957. Inicia-se como crítico teatral e, paralelamente, faz suas primeiras incursões como ator e diretor no Teatro Universitário, entre 1955 e 1958, nas montagens: O Marinheiro, de Fernando Pessoa, À Margem da Vida e O Caso das Petúnias, de Tennessee Williams, A Cantora Careca e A Lição, de Eugène Ionesco, e Woyzeck, de Georg Büchner.

Viaja à Europa em 1959 como bolsista, estudando língua e literatura espanholas, em Madri. Faz estágio em Villeurbanne, na França, com o diretor Roger Planchon, acompanhando as montagens Henrique IV, de William Shakespeare, e Almas Mortas, de Nicolas Gogol; e com Jean Villar, em A Resistível Ascensão de Arturu Ui, de Bertolt Brecht, no Théâtre National Populaire, TNP, em Paris. Estagia também no Berliner Ensemble, em Berlim.

Abujamra retorna em 1961, e estréia profissionalmente, em São Paulo, no Teatro Cacilda Becker - TCB, onde dirige Raízes, de Arnold Wesker, e no Teatro Oficina, com José, do Parto à Sepultura, de Augusto Boal. Antígone América, de Carlos Henrique Escobar, 1962, é a primeira de uma série de montagens que dirige para a produtora Ruth Escobar.

Em 1963, associa-se a Antônio Ghigonetto e Emílio Di Biasi, e funda o Grupo Decisão, com a intenção de disseminar o teatro político com base na técnica brechtiana. A primeira produção é Sorocaba, Senhor, uma adaptação de Fuenteovejuna, de Lope de Vega. Ainda em 1963, estréiam Terror e Miséria no III Reich e Os Fuzis da Sra. Carrar, ambos de Brecht, levando aos bairros periféricos de São Paulo um repertório voltado para a mobilização política e a discussão da realidade nacional. Em 1964 o grupo monta O Inoportuno, de Harold Pinter, seu primeiro sucesso, e transfere-se para o Rio de Janeiro, onde a peça chama a atenção, abrindo portas para seus realizadores.

Em 1965, Electra, de Sófocles, aumenta o prestígio do grupo e a encenação é apreciada pela crítica e pelo público, tendo como protagonista a atriz Glauce Rocha. Segundo o crítico Yan Michalski, as encenações de Abujamra são, nessa época, subversivas e apaixonadas. Segundo ele, "sem ter um perfil ideológico ou estético tão definido quanto o do Teatro de Arena ou do Oficina, por exemplo, o Grupo Decisão chegou, por momentos, a ter uma importância quase comparável à desses dois destacados conjuntos, graças, principalmente, à personalidade artística de Abujamra, artista inquieto e eclético, capaz de criar para cada uma dessas peças uma concepção cênica polêmica, mas sempre marcada por uma linguagem de uma radical modernidade, influenciada pela experiência européia do diretor".1

Abujamra dirige, no Rio de Janeiro, a montagem de O Berço do Herói, de Dias Gomes, em 1965, interditada pela censura no dia do ensaio geral. Em 1967, lança o dramaturgo Bráulio Pedroso, com a montagem de O Fardão. Nos anos seguintes, dedica-se ao Teatro Livre, empresa de Nicette Bruno e Paulo Goulart realizando montagens ambiciosas, como Os Últimos, de Máximo Gorki, 1968, ou As Criadas, de Jean Genet, 1968, e produções de âmbito comercial, algumas com grande êxito de bilheteria. Dirige O Cão Siamês ou Alzira Power, 1970, e Longe Daqui, Aqui Mesmo, 1972, ambas as peças de autoria de Antônio Bivar. Em 1975, a censura proíbe a estréia de Abajur Lilás, de Plínio Marcos. No mesmo ano, aliando-se ao teatro de resistência, dirige Antônio Fagundes no monólogo Muro de Arrimo, de Carlos Queiroz Telles, paradoxo entre as duras condições de vida de um operário da construção civil e suas ilusórias expectativas de um futuro brilhante, e recebe o Prêmio Molière, pela direção de Roda Cor de Roda, de Leilah Assumpção. Em 1980, retoma a parceria com Nicette Bruno e Paulo Goulart dirigindo Dona Rosita, a Solteira, de Federico García Lorca.

Na primeira metade dos anos 1980, Abujamra se engaja no projeto de recuperar artisticamente o Teatro Brasileiro de Comédia - TBC. Inaugura novas salas e implanta um movimento que faz vir à luz alguns novos autores e diretores. Entre seus espetáculos mais significativos no TBC estão: Os Órfãos de Jânio, de Millôr Fernandes, 1981; Hamletto, de Giovanni Testori, 1981 (peça que ele dirigirá mais duas vezes: no próprio TBC, 1984, e em Nova York, para o Theatre for the New City, 1986); Morte Acidental de um Anarquista, de Dario Fo, 1982; e A Serpente, de Nelson Rodrigues, 1984. Um dos maiores sucessos de sua carreira, Um Orgasmo Adulto Escapa do Zoológico, de Dario Fo, 1984, traz um solo virtuosístico que projeta a atriz Denise Stoklos para uma carreira internacional e é aplaudido em vários festivais fora do Brasil.

Em 1987, encerrado o projeto do TBC, Abujamra dirige, para a Companhia Estável de Repertório - CER, de Antonio Fagundes, a superprodução Nostradamus, de Doc Comparato, grande êxito de bilheteria.

Aos 55 anos de idade, Abujamra inicia sua carreira de ator. Em dois anos, atua em duas telenovelas e três peças e é premiado pelo desempenho no monólogo O Contrabaixo, de Patrick Suskind, 1987. No ano seguinte, encena mais uma colaboração com Nicette Bruno e Paulo Goulart, À Margem da Vida, de Tennessee Williams.

Em 1991, recebe o Prêmio Molière pela direção de Um Certo Hamlet, espetáculo de estréia da companhia Os Fodidos Privilegiados, fundada por Abujamra para ocupar o Teatro Dulcina, no Rio de Janeiro.

O crítico Macksen Luiz, alega, a respeito do espetáculo, que o deboche vulgar nas mãos de Abujamra torna-se algo paradoxal, algo como um "morde assopra", suscitando reações adversas na platéia: "(...) Antônio Abujamra faz questão de chocar, de provocar reações pelo exagero. Não tem qualquer pudor em ser vulgar até o limite da banalidade. O deboche é alçado como linguagem, o que em mãos menos experientes poderia redundar apenas em gratuidade e agressão. Tanto um quanto outro estão presentes em Um Certo Hamlet, mas a personalidade teatral de Abujamra parece justificar esses aspectos através de formato cênico tradicional. (...) Abujamra, como bom frasista, não perde a oportunidade de provocar. É dele a definição de que Um Certo Hamlet é 'profano, perverso e ultrajantemente engraçado'. Todos esses adjetivos funcionam para o bem e para o mal na sua montagem. A preocupação em ampliar cada um deles até o exagero, faz com que, muitas vezes, o diretor caia na mera vulgaridade. A provocação se transforma em efeito. Tudo se combina para que o espectador não tenha dúvidas sobre de quem (ou contra o que) o espetáculo trata. Shakespeare não está ausente: é o substrato da encenação. Popularizado, subvertido, pulverizado, Hamlet emerge numa leitura pessoal, que provoca repulsa ou adesão. Não há meios tons possíveis. Ao aceitar a chave de Antônio Abujamra, o espetáculo flui com algumas surpresas e com um namoro firme com o melhor do estilo besteirol. A mistura não chega a ser tão explosiva quanto parece desejar o diretor, mas se legitima no fundamento teatral do diretor".2

À frente de Os Fodidos Privilegiados, Abujamra dirige regularmente espetáculos na década de 1990, dividindo mais tarde essa tarefa com João Fonseca. Com o grupo, ganha o Prêmio Shell de melhor direção de 1998, numa adaptação do romance O Casamento, de Nelson Rodrigues.

Abujamra trabalha também, ativamente, como diretor e ator de televisão, em novelas, especiais, programas educativos e teleteatros, e em 2000 inicia um programa de entrevistas na TV Cultura, Provocações.

Num programa de espetáculo, a crítica Maria Lúcia Pereira descreve os métodos e estilos do diretor: "Sou chamada pelo sonhador enlouquecido Antônio Abujamra para escrever o diário de encenação do seu Inspetor Geral. Chego aos ensaios ainda na fase de leitura de mesa, e deparo com um texto reformulado... Noto várias inserções de textos, que vou sendo informada serem de Pessoa, Guimarães Rosa, Joyce, etc... No cotejo com o original, contudo, vejo que este em nada perdeu. Lá estão a estrutura, o espírito, a crítica corrosiva das instituições numa sociedade solapada pela corrupção... Vou observando como este homem cáustico, o frasista temível, opera o seu métier. (...) Encontro um homem delicado, porém firme, chamando a todos por carinhosos diminutivos... Vou conviver, durante dois meses, com poucas crises, administradas com sabedoria por este homem que consegue ser paradoxalmente sarcástico e carinhoso. Vejo-o construir e destruir cenas e marcações, alterar textos, acrescentar e suprimir falas. Vou vendo erigir-se uma construção ensandecida em suas dimensões grandiosas. (...) Vejo erguer-se uma encenação moderna. Que se aproveita da experiência dos antecessores, que valoriza tanto a visualidade quanto a palavra, num sábio equilíbrio... Quem é esse diretor? Veja o espetáculo. Entenda o desabrido temperamento do Abu, compreenda como a arte pode ser anárquica e revolucionária".3


MICHALSKI, Yan. Antônio Abujamra. In: ___________. PEQUENA Enciclopédia do Teatro Brasileiro Contemporâneo. Material inédito, elaborado em projeto para o CNPq. Rio de Janeiro, 1989.

Charles Bronson


Charles Buchinsky nascido em 3 de novembro de 1921 em Ehrenfeld, Pennsylvannia. Filho de lituanos, serviu na Segunda Guerra Mundial e, na volta, beneficiou-se de seus direitos para estudar arte e interpretação. Não estreou em cinema Agora Estamos na Marinha e se notabilizou por interpretar índios a partir de O Último Apache. Em Rajadas de Ódio, Começou a ser chamado de Charles Bronson. Depois de estrelar sua própria série de TV, o homem com uma Câmera, Bronson teve seu primeiro sucesso, em Sete Homens e Um Destino.

Fez Os Doze Condenados em 1967, um pouco antes de partir para uma Europa, onde apareceu em filmes como O Passageiro da Chuva, de René Clement, e Era uma Vez no Oeste de Sergio Leone. Depois disso, ainda estrelou alguns filmes de sucesso, até protagonizar Desejo de Matar, como um homem que procurava vingar o estupro de sua filha eo assassinato de sua mulher. A partir desse ponto, Charles Bronson ficou conhecido por seus papéis de homens que não medem conseqüências e não se importam com violência. Desejo de Matar teve quatro seqüências. (Mariane Morisawa)
- Atuou em vários de seus filmes, no início da carreira, usando seu nome de nascimento nos créditos.

- Foi motorista de caminhão pelo exército americano durante a 2 ª Guerra Mundial.

- Possui uma estrela na Calçada da Fama, localizada em 6901 Hollywood Boulevard.

Cineminha.com.br.

Herbert José de Sousa - Betinho


Betinho se destacou na luta contra a fome, contra a AIDS e pela ética na política

"A alma da fome é política!" A afirmação de Herbert José de Sousa - o Betinho - nada tem de enigmática. Ela ilustra exemplarmente uma vida de lutas, de empenho e de trabalho pela cidadania e pela vida.

Herbert José de Sousa foi o quarto filho de uma família de oito irmãos, entre os quais o cartunista Henfil e o músico Chico Mário. Sua infância foi marcada por fatos incomuns. Já nos primeiros dias de vida, teve hemofilia, uma doença no sangue que impede a coagulação.

Passou oito anos morando numa penitenciária, onde seu pai trabalhava.
Herbert de Sousa começou a sua militância política na Juventude Católica, em Belo Horizonte. Estudou na Universidade de Minas Gerais e formou-se em sociologia em 1962. Trabalhou depois no Ministério da Educação e Cultura e na Superintendência de Reforma Agrária.

Depois do golpe militar de 1964, Betinho engajou-se na resistência contra a ditadura. Passou sete meses no Uruguai e depois, de volta ao Brasil, foi trabalhar como operário na cidade paulista de Mauá.

Em 1971, Herbert de Sousa partiu para o exílio. Morou em diversos países. No Chile, deu aulas na Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais e assessorou o presidente Salvador Allende, deposto em 1973 pelo general Augusto Pinochet. Escapando da ditadura chilena, Betinho exilou-se no Canadá e depois no México. Fez doutorado e foi professor na Universidade Autônoma do México.

Com a anistia política, em 1979, Herbert José de Sousa retornou ao Brasil. Tornou-se um dos símbolos da resistência política. Dois anos depois, fundou o IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas).

Herbert de Sousa foi um dos primeiros intelectuais a advogar em favor das organizações não-governamentais, que não dependem do estado nem da iniciativa privada. Foi também um dos fundadores da campanha nacional pela reforma agrária.

Em 1990, o movimento Terra e Democracia, que Betinho liderava, reuniu no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, milhares de pessoas para lutar pela democratização da terra.

Herbert de Sousa teve confirmado o diagnóstico de sua contaminação pelo HIV, o vírus causador da Aids, em 1985, contraído numa de suas inúmeras transfusões de sangue no tratamento da hemofilia.

No ano seguinte, fundou a ABIA, uma associação para lutar pelos direitos das pessoas portadoras do HIV ou dos doentes com Aids. Betinho dirigiu essa organização por onze anos.

A doença atingiu também sua família: no período de um ano, Betinho perdeu dois irmãos vítimas da Aids. A maneira de lidar com a doença foi falar sobre ela. Herbert de Sousa iniciou uma grande campanha nos meios de comunicação para esclarecer as pessoas sobre a doença.

Em 1992, Betinho liderou o movimento pela Ética na Política, que culminou com o impeachment do então presidente Fernando Collor, em setembro do mesmo ano. Esse movimento plantou os alicerces do movimento Ação da Cidadania contra a Miséria e pela Vida. A partir da participação de Betinho, o problema da fome e da miséria tornou-se visível e concreto para todos os brasileiros.

Herbert de Sousa abriu várias frentes de trabalho, principalmente no seu relacionamento com a mídia. Em 1993, foi considerado "homem de ideias do ano", pelo Jornal do Brasil.

Depois de muito lutar contra a doença, Betinho faleceu em 1997, aos 61 anos, em sua casa, no bairro do Botafogo.


uoleducação

Paul Mauriat




Paul Mauriat (Marselha, 4 de março de 1925 — Perpinhã, 3 de novembro de 2006) foi um orquestrador francês, especializado em Easy Listening. Seu trabalho mais famoso é de 1968: "L'Amour est bleu" ("Love is Blue"), originalmente gravado por Andre Popp.

Paul Mauriat era filho de uma família de músicos, tendo seu pai como primeiro mestre. Aos quatro anos, iniciou seus estudos de piano. Aos dez, entra para o Conservatório de Paris, saindo quatro anos mais tarde decidido a seguir a carreira de concertista.

O encontro com o jazz, entretanto, muda os planos iniciais de Mauriat. O novo ritmo decididamente influencia o estilo que o tornaria famoso em todo o mundo.

Mauriat cresceu em Paris e aos dezessete anos, organiza sua própria orquestra, apresentando-se em cabarés e teatros na França e em outros países da Europa. Na década de 50, tornou-se o arranjador preferido de vários cantores franceses, entre os quais se destaca a figura de Charles Aznavour.

Ele se retirou da profissão em 1998, num último show em Osaka, Japão. Mas a orquestra ainda faz shows pelo mundo, e inclusive fez duas viagens para a China. Entre seus maiores sucessos , os mais conhecidos são "L'Amour est bleu", "El Bimbo" e "Penelope".

Em 2002 o escritor e perito na vida do maestro, Serge Elhaik lançou uma biografia autorizada escrita em francês, que se chama "Une vie en Bleu". Esta biografia contém valiosas informações sobre a discografia de Mauriat e muitas fotos dele e de sua orquestra.

Gilles Gambus, pianista do grupo, liderou a orquestra após a aposentadoria de Mauriat em 1999, obtendo sucesso nas tours que fez no Japão, China e na Rússia. Neste ano, o músico francês Jean-Jacques Justafre assumiu a regência da orquestra e tem planos pra atuar em shows no Japão e Coréia do Sul.

Nos últimos meses de 2006, retirou-se definitivamente do meio artístico e passou a residir em sua casa de verão na cidade de Perpinhã. No início do mês de novembro de 2006, foi internado no hospital da cidade e após dois dias, em 3 de Novembro, à uma hora da manhã, ele falece aos 81 anos.

Seu estilo único, de arranjos rebuscados e belos permanecerão eternos entre os milhões de fãs que deixou em todo o mundo.


wikipédia

1968... Vamos dançar ?

Sobre o Suicídio


Hoje, no dia de finados, resolvi escrever uma matéria não sobre os mortos (este será o tema da próxima matéria), mas sobre os que se matam, ou seja, sobre os suicidas. Mais especificamente, sobre o suicídio em si. Nesta análise, me propus a responder (mesmo que sem sucesso) algumas questões relacionadas ao tema: o que é suicídio, por que algumas pessoas se matam e outras desistem antes da consumação do ato, a participação genética sobre a decisão de “apertar o botão” ou não, entre outras. Espero contribuir para a formação de opinião sobre o assunto.
Antes que meus leitores (as) comecem a me censurar por abordar tão espinhoso tema, gostaria de apresentar alguns dados da (OMS) Organização Mundial de Saúde sobre o suicídio: cerca de 185 mil pessoas se mataram no mundo no ano 2000 – uma taxa de 14,5 para cada 100 mil habitantes. Isso significa um suicídio a cada 40 segundos. A ‘violência autodirigida”, como o suicídio é classificado pela OMS, é hoje a 14ª causa de morte no mundo inteiro. E a terceira entre pessoas de 15 a 44 anos, de ambos os sexos. Para piorar a situação, o suicídio vem sendo classificado ao longo do tempo como tabu, motivo de vergonha ou de condenação, sinônimo de loucura, assunto proibido na conversa com os filhos, pais, amigos e até mesmo com o terapeuta, o que só tem prejudicado o processo de discussão sobre este sério problema de saúde pública, além de expressão inequívoca de sofrimento individual.
Segundo o psicanalista e psiquiatra Roosevelt Smeke Carssola, da Sociedade Brasileira de Psicanálise, um dos maiores especialistas brasileiros em suicídio “todos já pensamos em suicídio em algum momento na vida. É um pensamento humano. Se não desejamos nos matar, ao menos cogitamos morrer – morrer para escapar do sofrimento, para nos vingar, para chamar a atenção ou para ficar na história. Mas resolvemos continuar vivos e melhorar nossas condições de vida. O suicídio, então, soa como um desatino. A pergunta que fica é: por que algumas pessoas desistem e outras não?”
A ciência tenta responder a esta pergunta complexa há muitos anos. Até agora, o único consenso sobre o assunto é que, por trás do comportamento suicida há uma combinação de fatores biológicos, emocionais, socioculturais, filosóficos e até religiosos que, embaralhados, culminam numa manifestação exarcebada contra si mesmo. Para decifra-los, os estudiosos recorrem à “autópsia psicológica”, um procedimento que tem por finalidade reconstruir a biografia da pessoa falecida por meio de entrevistas e assim, delinear as características psicossociais que a levaram à morte violenta.
Se vocês são bons observadores, já devem ter percebido que o suicídio geralmente é associado a causas predisponentes – a perda do emprego, o fracasso amoroso, a morte de um ente querido ou falência financeira – que agem como último empurrão para a ação contra si mesmo. Mas, segundo os especialistas, só a análise das características psicossociais do indivíduo pode revelar os reais motivos que, ao longo da vida, o auxiliaram a estruturar o comportamento suicida, ou seja, só a “autópsia psicológica” pode mostrar as razões para morrer que estavam enraizadas no estilo de vida e na personalidade do suicida. Bem complicado!
Mas, afinal de contas, o que é mesmo um suicídio, do ponto de vista técnico? “A definição de suicídio implica necessariamente um desejo consciente de morrer e a noção clara de que o ato executado pode resultar nisso. Caso contrário, é considerado morte por acidente ou negligência”, diz o psiquiatra José Manoel Bertolote, líder da equipe de Controle de Transtornos Mentais e Cerebrais do Departamento de Saúde Mental e Toxicomanias da OMS. O fato de estar consciente de que vai efetuar um ato suicida não elimina, no entanto, o estado de confusão mental que o indivíduo experimenta momentos antes da ação. “Ele não sabe se quer morrer ou viver, se quer dormir ou ficar acordado, fugir da dor, agredir outra pessoa ou, de fato, encontrar o mundo com o qual fantasia”, diz Roosevelt. Justificar
Há suicídios e suicídios. Por isso, os especialistas costumam avaliar a tentativa de se matar ou o ato propriamente dito a partir de duas variáveis: a intencionalidade e a letalidade. A primeira diz respeito à consciência e à voluntariedade no planejamento e na preparação do ato suicida. A segunda, ao grau de prejuízo físico que a pessoa se inflige.

Fatores agravantes

Dados da OMS indicam que o suicídio geralmente aparece associado a doenças mentais – sendo a mais comum, atualmente, a depressão, responsável por 30% dos casos relatados em todo o mundo. Estima-se que uma em cada quatro pessoas sofrerá de depressão ao longo da vida. Entre os sub-tipos, a depressão bipolar – em que fases de euforia e apatia profundas se alternam – parece ser a de maior risco. O alcoolismo (cuidado jovens!) reponde por 18% dos casos de suicídio, a esquizofrenia por 14% e os transtornos de personalidade – como a personalidade limítrofe e a personalidade anti-social – por 13%. Os casos restantes são associados a outros transtornos.
É claro que doenças psiquiátricas não são suficientes para explicar o comportamento suicida, já que outros fatores – emocionais, socioculturais e filosóficos – também entram em jogo. Na verdade, essas doenças provocam uma vulnerabilidade maior ao suicídio.

A genética

Hoje, sabe-se que indivíduos com alteração no metabolismo da serotonina – um dos mensageiros químicos mais importantes do nosso cérebro – apresentam maior risco de suicídio que os demais. O psiquiatra Humberto Corrêa, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em sua pesquisa sobre a genética do comportamento suicida, analisou pacientes com depressão e esquizofrenia e constatou que todos aqueles que haviam tentado se matar tinham a chamada função serotoninérgica diminuída (ou seja, problemas no conjunto de etapas que envolvem a participação da serotonina: sua síntese, sua ligação com os receptores celulares e seu transporte. Se há falha em alguma etapa, a atuação desse neurotransmissor se reduz).
“Quanto maior a intencionalidade suicida e mais letal o método usado, menor a função cerebral da serotonina”, diz Humberto. O próximo passo é pesquisar que genes ligados ao funcionamento da serotonina – são mais de 20 – poderiam estar mais associados ao comportamento suicida. O diretor do Laboratório de Neurofarmacologia da Universidade de Ottawa, Canadá, descobriu que pacientes depressivos portadores de uma mutação no gene responsável por codificar um dos receptores da serotonina apresentavam duas vezes mais chances de cometer suicídio que aqueles sem mutação. Os cientistas tentam entender agora a relação entre serotonina e suicídio. Portanto, fatores biológicos são particularmente importantes para a decisão sobre quando apertar o botão e “morrer”. Para se ter uma idéia mais clara sobre esta questão foi feito um estudo na Dinamarca que mostrou que os parentes biológicos de pessoas que foram adotadas quando recém-nascidas e que se suicidaram posteriormente tinham taxas de suicídio significativamente maiores que as observadas entre os parentes adotivos. Entre gêmeos idênticos, de acordo com pesquisa americana, a possibilidade de um irmão se matar caso o outro já tenha se suicidado gira em torno de 15%.


O suicídio e a linguagem

“O suicídio é um ato de linguagem, de comunicação. Como vivemos numa rede de relacionamentos, a nossa morte significa algo para as outras pessoas”, diz a psicóloga Maria Luzia Dias Garcia, coordenadora da Cínica de Psicoterapia Laços, em São Paulo, que analisou mensagens (bilhetes, cartas, gravações) deixadas por suicidas. Segundo afirma Garcia, o quadro psicossocial do suicida antes de cometer o ato é de embotamento, com se estivesse afogado em suas próprias emoções. Ele não aproveita os vínculos sociais para partilhar seus sentimentos e vê o mundo de uma maneira muito própria. Em outras palavras, o suicídio torna-se, então, um meio de expressão, uma fala que não pôde ser dita.
Os especialistas costumam diferenciar as tentativas de suicídio do ato em si, uma vez que, de acordo com a intencionalidade e a letalidade, o gesto pode assumir sentidos diferentes. As tentativas de se matar são vistas como um grito por ajuda, sintoma de uma falha tanto no sistema familiar quanto no grupo social. “O indivíduo não consegue pedir ajuda de outro modo, então opta por um ato extremo”, diz a psicóloga Denise Ramos, da PUC de São Paulo. “Por que ele não foi ouvido? Todos dão conselhos, mas ninguém ouve o que ele tem a dizer. Esse indivíduo, portanto, fica com a impressão de que não existe para o mundo.” Incapazes de comunicar a própria dor, os suicidas recorrem à fantasia para justificar a si mesmos a autodestruição. A busca por uma outra vida é a mais comum. O indivíduo enxerga no suicídio uma oportunidade de interromper uma existência infeliz e recomeçar, com uma nova chance de acertar. Matar-se também pode ser um jeito de acelerar o reencontro com pessoas queridas já mortas. Outras fantasias comuns acerca do suicídio são: gesto de vingança ou rebeldia, castigo rebeldia, castigo e autopenitência. “A idéia da não-existência é tão insuportável que a mente humana recorre inevitavelmente às fantasias para levar adiante o projeto de auto-aniquilamento”, diz Roosevelt.
Em resumo, o que as pessoas que tentam suicídio querem não é morrer. Na verdade, querem acabar com uma situação de desespero. Como não conseguem outra alternativa, recorrem ao suicídio. Mas, ao depararem com a possibilidade concreta da morte, percebem que não querem, de fato morrer. Alguém aqui pode argumentar que muita gente se vê em situação de grande desespero ou solidão existencial e, mesmo assim, não busca o suicídio. O que faz a diferença? Na verdade, não existe uma personalidade suicida – existe, sim, uma vulnerabilidade emocional (que pode ser trabalhada com o apoio de um parente, um psicoterapeuta ou um amigo). “Quem tem uma estrutura de ego frágil pode não suportar uma grande perda ou um momento de crise e, num impulso, acaba cometendo o suicídio”, diz Roosevelt. O ego se constitui a partir dos primeiros vínculos afetivos, do modo como o bebê foi cuidado pelas figuras de apego e da educação que a criança recebeu. Um ego fraco não tolera a frustração, não tem capacidade de espera, não suporta lidar com a impotência, com os limites e com os “nãos” que a vida impõe.

A banalização da vida e do suicídio

Para o filósofo argelino Albert Camus (1913-1960) só há um problema filosófico verdadeiramente sério sobre o qual o homem deve refletir: o suicídio. Segundo ele, a questão fundamental da filosofia é responder se vale a pena ou não viver. E aí, vale a pena viver?
“Uma reflexão mais profunda da contemporaneidade revela que a vida não é mais considerada um valor – pois, diante da moderna sociedade de consumo, perdeu gradativamente o caráter sagrado – e, por isto, o suicídio também foi banalizado. Já não representa mais um ato de contestação ou um ato exemplar nem parece resultado de uma dor psíquica insuportável, como foi no passado. O significado do suicídio também se perde nessa tendência ao não-pensamento que assola o mundo contemporâneo”, diz a filósofa Olgária Mattos, da USP. A sociedade de consumo é falsamente hedonista: promete gratificação imediata e, ao mesmo tempo, frustra as próprias perspectivas que oferece. O suicídio seria também uma conseqüência dessa impulsividade: uma reação às promessas não cumpridas de felicidade e satisfação instantâneas e à decepção que daí decorre.
O autoconhecimento dá trabalho, exige empenho e tolerância à frustração. A pergunta fundamental de Camus continua a martelar. “O suicídio agride porque nos diz o tempo inteiro da nossa possibilidade de escolha. Porque eu terei de me haver com o meu próprio potencial suicida, ou com o meu próprio desejo de morte” diz Olgária.
Levado às últimas conseqüências, o suicídio também pode parecer um ato de afronta a Deus. “Tirar a própria vida dá, ao indivíduo, a sensação de fazer algo que é divino e entrar em contato com o mistério”, afirma Denise Ramos, também filósofa da USP. “O suicida passa da extrema impotência – não posso mudar nada – à extrema potência – acabo com a minha vida quando quiser e como quiser. Nesse momento, em sua fantasia, se iguala a Deus por provocar um ato que vai além da natureza humana”.
Interessante notar que, do ponto de vista ético, a vida de cada ser humano tem sentido não só para si mesmo, mas para os outros também. Se acabo com a minha vida, acabo com todas as possibilidades de dar sentido à vida de outras pessoas. Falho em minha responsabilidade com os demais. Em outras palavras, as ações de cada indivíduo repercutem no grande sistema de relações sociais e ganham uma dimensão histórica – o que é feito hoje, mesmo em âmbito pessoal, tem sempre uma conseqüência futura. O suicídio funciona, assim, como uma brusca ruptura dessa rede.
O suicídio é um ato privado que não representa somente uma violência contra si mesmo, mas também contra mais, pelo menos, seis pessoas. Elas são forçadas a conviver com os sentimentos de vingança, vergonha, culpa, sofrimento psicológico, medo de enlouquecer e de também cometer o suicídio.

O sistema mata!

Émile Durkheim, no livro “O suicídio” clássico de 1987 apontava para uma relação entre o suicídio e a influência da cultura, do ambiente e da religião, seja como facilitadores, seja como limitantes. Pesquisa recente, realizada pelo Departamento de Saúde Mental e Toxicomanias da OMS, mostrou que as taxas de suicídio mais baixas encontram-se em países islâmicos, seguidos de países hinduístas, cristãos (mais baixas em católicos que em protestantes) e budistas, nessa ordem. As taxas mais altas vêm de países “ateus”, que compunham o antigo bloco comunista: Lituânia, Letônia, Estônia, Rússia, Cuba e China. A religião aparece, portanto, como um mecanismo de “proteção” contra o comportamento suicida (todas as crenças religiosas condenam, em maior ou menor grau, o suicídio). Combinadas a outras influências, a religião pode ser fator de estímulo para os “suicídios altruístas ou heróicos”, na definição de Durkheim. Os homens-bomba ligados a Al Quaeda que o digam! Cada membro do grupo está disposto a sacrificar a própria vida em prol das crenças.
Outro fato interessante é que, embora as mulheres sejam mais propícias a ter pensamentos suicidas que os homens, as taxas de suicídio masculino são mais elevadas. E os métodos que eles usam são mais definitivos e violentos, como uso de arma de fogo e enforcamento. Em média, ocorrem cerca de três suicídios masculinos para um feminino.
Cada sociedade tem uma taxa mais ou menos constante de suicídios. No caso do Brasil, a média é de 4,5 suicídios por 100 mil habitantes nos últimos 20 anos. Número relativamente baixo, se comparado á Finlândia, por exemplo, que é de 23,4 casos em 100 mil pessoas. As taxas brasileiras se elevam conforme a idade dos indivíduos, até atingir sua máxima expressão na faixa de 70 anos ou mais, quando chegam a 7,3 suicídios em 100 mil habitantes.
Segundo a OMS, há fatores que claramente aumentam a probabilidade de suicídio no grupo social. Taxas de suicídio são altas durante épocas de recessão econômica e de forte desemprego. Também se elevam em períodos de desintegração social e instabilidade política.

As políticas públicas

Para enfrentar o problema do suicídio, a OMS lançou em 1999, o SUPRE, um programa mundial para a prevenção do suicídio. O objetivo é reduzir as taxas de mortalidade de “violência autodirigida”, acabar com o preconceito em relação ao tema e a prestar assistência técnica aos países para a formulação de políticas públicas e programas de prevenção. As diretrizes baseiam-se no tratamento adequado de doenças mentais, na criação de campanhas educativas e de estratégias, como reduzir o acesso a instrumentos de autodestruição – armas de fogo e venenos agrícolas, por exemplo. Na mesma época, a OMS criou o SUPRE-MISS, um projeto conduzido em oito países a fim de identificar fatores de risco para o suicídio e métodos eficazes para diminuir as tentativas de tirar a própria vida.
No núcleo familiar e comunitário, a melhor prevenção é falar sem temores sobre suicídio e saber identificar os pedidos de socorro das pessoas próximas. No Brasil existe o CVV – Centro de Valorização da Vida, uma ong de atendimento humanitário criada a 40 anos e presente em todo o território nacional. A CVV, criada nos moldes da Samaritana, de Londres, uma entidade fundada em 1950 para atender pessoas angustiadas que precisam de apoio psicológico. No Brasil, só a CVV atende, em média, 1 milhão de ligações por ano. Isso revela a necessidade que as pessoas tem de falar sobre seus conflitos. Quando o assunto é suicídio, abrir-se pode ser terapêutico.
A experiência do CVV, dos Samaritanos e de outros programas semelhantes demonstra que o primeiro passo para evitar o suicídio está no resgate do sentido da existência. O que motiva o suicida é a falsa idéia de que sua vida não tem mais valor nem para si mesmo nem para os outros. O verdadeiro desafio parece fazer com que as pessoas percebam que sempre existe saída, não importa a situação. Que há como se reinventar e trabalhar em si aspectos de que gosta menos. Que nossa vida é importante para os outros também. E que sempre há alternativa, mesmo que, a princípio, seja dolorida. Afinal, a única coisa para a qual não há remédio – pelo menos, não nesta vida - é a morte.

O homem da cabeça de papelão - João do Rio- Colaboração de Sávio Nunes


No País que chamavam de Sol, apesar de chover, às vezes, semanas inteiras, vivia um homem de nome Antenor. Não era príncipe. Nem deputado. Nem rico. Nem jornalista. Absolutamente sem importância social.

O País do Sol, como em geral todos os países lendários, era o mais comum, o menos surpreendente em idéias e práticas. Os habitantes afluíam todos para a capital, composta de praças, ruas, jardins e avenidas, e tomavam todos os lugares e todas as possibilidades da vida dos que, por desventura, eram da capital. De modo que estes eram mendigos e parasitas, únicos meios de vida sem concorrência, isso mesmo com muitas restrições quanto ao parasitismo. Os prédios da capital, no centro elevavam aos ares alguns andares e a fortuna dos proprietários, nos subúrbios não passavam de um andar sem que por isso não enriquecessem os proprietários também. Havia milhares de automóveis à disparada pelas artérias matando gente para matar o tempo, cabarets fatigados, jornais, tramways, partidos nacionalistas, ausência de conservadores, a Bolsa, o Governo, a Moda, e um aborrecimento integral. Enfim tudo quanto a cidade de fantasia pode almejar para ser igual a uma grande cidade com pretensões da América. E o povo que a habitava julgava-se, além de inteligente, possuidor de imenso bom senso. Bom senso! Se não fosse a capital do País do Sol, a cidade seria a capital do Bom Senso!

Precisamente por isso, Antenor, apesar de não ter importância alguma, era exceção mal vista. Esse rapaz, filho de boa família (tão boa que até tinha sentimentos), agira sempre em desacordo com a norma dos seus concidadãos.

Desde menino, a sua respeitável progenitora descobriu-lhe um defeito horrível: Antenor só dizia a verdade. Não a sua verdade, a verdade útil, mas a verdade verdadeira. Alarmada, a digna senhora pensou em tomar providências. Foi-lhe impossível. Antenor era diverso no modo de comer, na maneira de vestir, no jeito de andar, na expressão com que se dirigia aos outros. Enquanto usara calções, os amigos da família consideravam-no um enfant terrible, porque no País do Sol todos falavam francês com convicção, mesmo falando mal. Rapaz, entretanto, Antenor tornou-se alarmante. Entre outras coisas, Antenor pensava livremente por conta própria. Assim, a família via chegar Antenor como a própria revolução; os mestres indignavam-se porque ele aprendia ao contrario do que ensinavam; os amigos odiavam-no; os transeuntes, vendo-o passar, sorriam.

Uma só coisa descobriu a mãe de Antenor para não ser forçada a mandá-lo embora: Antenor nada do que fazia, fazia por mal. Ao contrário. Era escandalosamente, incompreensivelmente bom. Aliás, só para ela, para os olhos maternos. Porque quando Antenor resolveu arranjar trabalho para os mendigos e corria a bengala os parasitas na rua, ficou provado que Antenor era apenas doido furioso. Não só para as vítimas da sua bondade como para a esclarecida inteligência dos delegados de polícia a quem teve de explicar a sua caridade.

Com o fim de convencer Antenor de que devia seguir os tramitas legais de um jovem solar, isto é: ser bacharel e depois empregado público nacionalista, deixando à atividade da canalha estrangeira o resto, os interesses congregados da família em nome dos princípios organizaram vários meetings como aqueles que se fazem na inexistente democracia americana para provar que a chave abre portas e a faca serve para cortar o que é nosso para nós e o que é dos outros também para nós. Antenor, diante da evidência, negou-se.

— Ouça! bradava o tio. Bacharel é o princípio de tudo. Não estude. Pouco importa! Mas seja bacharel! Bacharel você tem tudo nas mãos. Ao lado de um político-chefe, sabendo lisonjear, é a ascensão: deputado, ministro.

— Mas não quero ser nada disso.

— Então quer ser vagabundo?

— Quero trabalhar.

— Vem dar na mesma coisa. Vagabundo é um sujeito a quem faltam três coisas: dinheiro, prestígio e posição. Desde que você não as tem, mesmo trabalhando — é vagabundo.

— Eu não acho.

— É pior. É um tipo sem bom senso. É bolchevique. Depois, trabalhar para os outros é uma ilusão. Você está inteiramente doido.

Antenor foi trabalhar, entretanto. E teve uma grande dificuldade para trabalhar. Pode-se dizer que a originalidade da sua vida era trabalhar para trabalhar. Acedendo ao pedido da respeitável senhora que era mãe de Antenor, Antenor passeou a sua má cabeça por várias casas de comércio, várias empresas industriais. Ao cabo de um ano, dois meses, estava na rua. Por que mandavam embora Antenor? Ele não tinha exigências, era honesto como a água, trabalhador, sincero, verdadeiro, cheio de idéias. Até alegre — qualidade raríssima no país onde o sol, a cerveja e a inveja faziam batalhões de biliosos tristes. Mas companheiros e patrões prevenidos, se a princípio declinavam hostilidades, dentro em pouco não o aturavam. Quando um companheiro não atura o outro, intriga-o. Quando um patrão não atura o empregado, despede-o. É a norma do País do Sol. Com Antenor depois de despedido, companheiros e patrões ainda por cima tomavam-lhe birra. Por que? É tão difícil saber a verdadeira razão por que um homem não suporta outro homem!

Um dos seus ex-companheiros explicou certa vez:

— É doido. Tem a mania de fazer mais que os outros. Estraga a norma do serviço e acaba não sendo tolerado. Mau companheiro. E depois com ares...

O patrão do último estabelecimento de que saíra o rapaz respondeu à mãe de Antenor:

— A perigosa mania de seu filho é por em prática idéias que julga próprias.

— Prejudicou-lhe, Sr. Praxedes?

Não. Mas podia prejudicar. Sempre altera o bom senso. Depois, mesmo que seu filho fosse águia, quem manda na minha casa sou eu.

No País do Sol o comércio ë uma maçonaria. Antenor, com fama de perigoso, insuportável, desobediente, não pôde em breve obter emprego algum. Os patrões que mais tinham lucrado com as suas idéias eram os que mais falavam. Os companheiros que mais o haviam aproveitado tinham-lhe raiva. E se Antenor sentia a triste experiência do erro econômico no trabalho sem a norma, a praxe, no convívio social compreendia o desastre da verdade. Não o toleravam. Era-lhe impossível ter amigos, por muito tempo, porque esses só o eram enquanto. não o tinham explorado.

Antenor ria. Antenor tinha saúde. Todas aquelas desditas eram para ele brincadeira. Estava convencido de estar com a razão, de vencer. Mas, a razão sua, sem interesse chocava-se à razão dos outros ou com interesses ou presa à sugestão dos alheios. Ele via os erros, as hipocrisias, as vaidades, e dizia o que via. Ele ia fazer o bem, mas mostrava o que ia fazer. Como tolerar tal miserável? Antenor tentou tudo, juvenilmente, na cidade. A digníssima sua progenitora desculpava-o ainda.

— É doido, mas bom.

Os parentes, porém, não o cumprimentavam mais. Antenor exercera o comércio, a indústria, o professorado, o proletariado. Ensinara geografia num colégio, de onde foi expulso pelo diretor; estivera numa fábrica de tecidos, forçado a retirar-se pelos operários e pelos patrões; oscilara entre revisor de jornal e condutor de bonde. Em todas as profissões vira os círculos estreitos das classes, a defesa hostil dos outros homens, o ódio com que o repeliam, porque ele pensava, sentia, dizia outra coisa diversa.

— Mas, Deus, eu sou honesto, bom, inteligente, incapaz de fazer mal...

— É da tua má cabeça, meu filho.

— Qual?

— A tua cabeça não regula.

— Quem sabe?

Antenor começava a pensar na sua má cabeça, quando o seu coração apaixonou-se. Era uma rapariga chamada Maria Antônia, filha da nova lavadeira de sua mãe. Antenor achava perfeitamente justo casar com a Maria Antônia. Todos viram nisso mais uma prova do desarranjo cerebral de Antenor. Apenas, com pasmo geral, a resposta de Maria Antônia foi condicional.

— Só caso se o senhor tomar juízo.

— Mas que chama você juízo?

— Ser como os mais.

— Então você gosta de mim?

— E por isso é que só caso depois.

Como tomar juízo? Como regular a cabeça? O amor leva aos maiores desatinos. Antenor pensava em arranjar a má cabeça, estava convencido.

Nessas disposições, Antenor caminhava por uma rua no centro da cidade, quando os seus olhos descobriram a tabuleta de uma "relojoaria e outros maquinismos delicados de precisão". Achou graça e entrou. Um cavalheiro grave veio servi-lo.

— Traz algum relógio?

— Trago a minha cabeça.

— Ah! Desarranjada?

— Dizem-no, pelo menos.

— Em todo o caso, há tempo?

— Desde que nasci.

— Talvez imprevisão na montagem das peças. Não lhe posso dizer nada sem observação de trinta dias e a desmontagem geral. As cabeças como os relógios para regular bem...

Antenor atalhou:

— E o senhor fica com a minha cabeça?

— Se a deixar.

— Pois aqui a tem. Conserte-a. O diabo é que eu não posso andar sem cabeça...

— Claro. Mas, enquanto a arranjo, empresto-lhe uma de papelão.

— Regula?

— É de papelão! explicou o honesto negociante. Antenor recebeu o número de sua cabeça, enfiou a de papelão, e saiu para a rua.

Dois meses depois, Antenor tinha uma porção de amigos, jogava o pôquer com o Ministro da Agricultura, ganhava uma pequena fortuna vendendo feijão bichado para os exércitos aliados. A respeitável mãe de Antenor via-o mentir, fazer mal, trapacear e ostentar tudo o que não era. Os parentes, porem, estimavam-no, e os companheiros tinham garbo em recordar o tempo em que Antenor era maluco.

Antenor não pensava. Antenor agia como os outros. Queria ganhar. Explorava, adulava, falsificava. Maria Antônia tremia de contentamento vendo Antenor com juízo. Mas Antenor, logicamente, desprezou-a propondo um concubinato que o não desmoralizasse a ele. Outras Marias ricas, de posição, eram de opinião da primeira Maria. Ele só tinha de escolher. No centro operário, a sua fama crescia, querido dos patrões burgueses e dos operários irmãos dos spartakistas da Alemanha. Foi eleito deputado por todos, e, especialmente, pelo presidente da República — a quem atacou logo, pois para a futura eleição o presidente seria outro. A sua ascensão só podia ser comparada à dos balões. Antenor esquecia o passado, amava a sua terra. Era o modelo da felicidade. Regulava admiravelmente.

Passaram-se assim anos. Todos os chefes políticos do País do Sol estavam na dificuldade de concordar no nome do novo senador, que fosse o expoente da norma, do bom senso. O nome de Antenor era cotado. Então Antenor passeava de automóvel pelas ruas centrais, para tomar pulso à opinião, quando os seus olhos deram na tabuleta do relojoeiro e lhe veio a memória.

— Bolas! E eu que esqueci! A minha cabeça está ali há tempo... Que acharia o relojoeiro? É capaz de tê-la vendido para o interior. Não posso ficar toda vida com uma cabeça de papelão!

Saltou. Entrou na casa do negociante. Era o mesmo que o servira.

— Há tempos deixei aqui uma cabeça.

— Não precisa dizer mais. Espero-o ansioso e admirado da sua ausência, desde que ia desmontar a sua cabeça.

— Ah! fez Antenor.

— Tem-se dado bem com a de papelão? — Assim...

— As cabeças de papelão não são más de todo. Fabricações por séries. Vendem-se muito.

— Mas a minha cabeça?

— Vou buscá-la.

Foi ao interior e trouxe um embrulho com respeitoso cuidado.

— Consertou-a?

— Não.

— Então, desarranjo grande?

O homem recuou.

— Senhor, na minha longa vida profissional jamais encontrei um aparelho igual, como perfeição, como acabamento, como precisão. Nenhuma cabeça regulará no mundo melhor do que a sua. É a placa sensível do tempo, das idéias, é o equilíbrio de todas as vibrações. O senhor não tem uma cabeça qualquer. Tem uma cabeça de exposição, uma cabeça de gênio, hors-concours.

Antenor ia entregar a cabeça de papelão. Mas conteve-se.

— Faça o obséquio de embrulhá-la.

— Não a coloca?

— Não.

— V.EX. faz bem. Quem possui uma cabeça assim não a usa todos os dias. Fatalmente dá na vista.

Mas Antenor era prudente, respeitador da harmonia social.

— Diga-me cá. Mesmo parada em casa, sem corda, numa redoma, talvez prejudique.

— Qual! V.EX. terá a primeira cabeça.

Antenor ficou seco.

— Pode ser que V., profissionalmente, tenha razão. Mas, para mim, a verdade é a dos outros, que sempre a julgaram desarranjada e não regulando bem. Cabeças e relógios querem-se conforme o clima e a moral de cada terra. Fique V. com ela. Eu continuo com a de papelão.

E, em vez de viver no País do Sol um rapaz chamado Antenor, que não conseguia ser nada tendo a cabeça mais admirável — um dos elementos mais ilustres do País do Sol foi Antenor, que conseguiu tudo com uma cabeça de papelão.


João do Rio foi o pseudônimo mais constante de João Paulo Emílio Coelho Barreto, escritor e jornalista carioca, que também usou como disfarce os nomes de Godofredo de Alencar, José Antônio José, Joe, Claude, etc., nada ou quase nada escrevendo e publicando sob o seu próprio nome. Foi redator de jornais importantes, como "O País" e "Gazeta de Notícias", fundando depois um diário que dirigiu até o dia de sua morte, "A Pátria". Contista romancista, autor teatral (condição em que exerceu a presidência da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais, tradutor de Oscar Wilde, foi membro da Academia Brasileira de Letras, eleito na vaga de Guimarães Passos. Entre outros livros deixou "Dentro da Noite", "A Mulher e os Espelhos", "Crônicas e Frases de Godofredo de Alencar", "A Alma Encantadora das Ruas", "Vida Vertiginosa", "Os Dias Passam", "As religiões no Rio" e "Rosário da Ilusão", que contém como primeiro conto a admirável sátira "O homem da cabeça de papelão". Nascido no Rio de Janeiro a 05 de agosto de 1881, faleceu repentinamente na mesma cidade a 23 de junho de 1921.


O texto acima foi extraído do livro "Antologia de Humorismo e Sátira", organizada por R. Magalhães Júnior, Editora Civilização Brasileira — Rio de Janeiro, 1957, pág. 196.

Bisaflor conta histórias - Por Stela Siebra Brito

Numa roda de leitura de poesias e histórias, Bisaflor apresentou o livro DE FIO EM FIO A HISTÓRIA SE DESFIA, escrito por Elvira Drummond e ilustrado por Selma Ginez e Marisol Albano Ginez.



















Numa respeitável família de aranhas,
nasceram lindas aranhinhas, criadas com
mimos e manhas.

Vinham de uma família de aranhas-tecelãs,
famosas por tecerem noite adentro até raiar a manhã.

Tinha a Ticiana, que tecia lindos fios,
com desenho bem bacana.

Tinha também a Constança, que, quando faltava fio,
fiava a própria trança.

E tinha a aranha Gracinha, que era mesmo uma graça!...
Dizia pras suas irmãs: - Fiando a tristeza passa!

O amor é de fato um santo remédio.
O que se faz com prazer espanta a tristeza e o tédio.

Bem... mas, no meio de aranhas afiadas no ofício de fiar,
havia alguém desconfiada por não saber fiar nada.

Estamos falando da Tércia - uma aranha com muita
imaginação e cheia de peripécias.

Mas Tércia se enrolava toda no fio na hora de tecer,
e olha que "se enrolar" não é só um jeito de dizer.

Assim, a cada lição, era aquela chateação!...

Na lição de esticar o fio, Tércia não dava um pio.
E esticava as pernas num ballet lindo de vê,
saltando com muita graça e fazendo demi-plié.

Na lição de enrolar o fio, dava até calafrio.
Tércia enrolava mesmo era o tempo, inventando
novos passatempos.

Na lição de cruzar o fio, Tércia sentia um arrepio.
E fazia palavras cruzadas pra não ficar entediada.

Um dia foi dar um passeio e, encantada,
parou bem no meio de uma porta escancarada.

Lá estava bem sentada uma mulher que trabalhava.
Enquanto fazia renda, entoava uma cantilena.

Os fios iam dançando a música que os bilros tocavam.

A voz suave da moça acompanhava seus dedos, que
animados valsavam.

Tércia maravilhada admirou seus fiar.
E foi dando aquela vontade de com fios trabalhar.

Foi-se chegando pra porta e, como a boa mulher
pareceu não se importar, tratou de entrar e olhar.

Logo, logo, começou a imitar a mulher, que lhe
inspirou confiança. E ensaiou passo a passo cada
fio que cruzava, formando uma bela trança.

E foi assim que a aranha Tércia virou a melhor tecelã,
bordando as mais lindas teias e ganhando muitos fãs.

E quanto à mulher rendeira, por incrível que pareça,
tudo indica que a Tércia também mudou sua cabeça.

Pois logo seu novo trabalho chegou pra vender no mercado.
E, entre "Ohs e Ahs",foi bastante apreciado.


















Entrou pela perna do pinto, saiu pela perna do pato.
Passou pelas pernas da aranha, que tece com arte, de fato.

Uma delícia da cozinha do Mato Grosso do Sul : Sopa Paraguaia



Uma das minhas saudades de Bela Vista(MS) : Sopa Paraguaia, um tereré e o som de uma guarânia ...!

Não, a foto é essa mesma! Esta é a sopa paraguaia que de líquida não tem nada. É um prato típico da região de fronteira, mas que pode ser encontrado por todo o estado. Feito de nada mais nada menos do que milho, ovos, leite e cebola… e só.
Ingredientes

1L de leite
500g de flocos de milho pré-cozido sem sal (vulgo Milharina®)
500g de queijo minas padrão ralado (meia cura, caipira)
1 xícara de óleo (aproximadamente)
4-5 cebolas fatidas
3 ovos
1 colher (sopa) de fermento em pó
sal e pimenta.
Utensílios: forma grande, panela grande.

Modo: pré-aqueça o forno em 180ºC e unte a forma. Refogue as cebolas já fatiadas com um pouco do óleo, só para murchar de leve. Não precisa e nem deve ficar dourado. Desligue o fogo.

Se a panela for de tamanho respeitável, junte o leite, o óleo, os ovos, o queijo e misture bem. Misture o fermento com o flocos de milho. Acrescente aos poucos na mistura de cebolas. Acerte o sal e a pimenta.

Transfira para a forma e asse por 45-50 minutos, ou até ficar dourado. Deixe esfriar e sirva.

Dicas
- Para essa quantidade 1 colher (sopa) é o suficiente. Mas se usar outro tipo de queijo e/ou de flocos de milho que já possuam sal vá com calma. Queijo meia cura e o caipira já tem uma boa quantidade de sal, a Polentina® tem sal, por exemplo.
- Por incrível que pareça, o prato fica muito mais gostoso frio e se possível de um dia para o outro. Os sabores se acentuam.

Carlos Pena Filho - por Joaquim Pinheiro

Carlos Pena Filho, enfocado por você hoje, certo dia entregou uma letra para Capiba musicar. A intenção era gravar em ritmo de frevo para o carnaval do ano seguinte. O maior compositor de frevo, no entanto, vendo a beleza dos versos, afirmou que a poesia, era bonita demais para tocar apenas os 4 dias de carnaval. Dessa forma, saiu a música gravada por Maysa Matarazzo, Nélson Gonçalves, Ciro Monteiro, Claudianor Germano e muitos outros. Era uma das músicas preferidas de Tio Miguel. Veja a letra:

A mesma Rosa Amarela

Você tem,
Quase tudo dela,
O mesmo perfume,
A mesma cor,
A mesma rosa amarela,
Só não tem o meu amor.

Mas nesses dias de carnaval,
Para mim você vai ser ela,
O mesmo perfume a mesma cor,
A mesma rosa amarela,
Mas não sei o que será,
Quando chegar a lembrança dela,
E de você apenas restar,

A mesma Rosa Amarela.



Crisálida

De volta ao batente:
sento-me nas nuvens
deixo o vento bater nos olhos.

O coração sabe onde a porta de saída.
Mas adora passear no corredor escuro.

A tosse a mesma.
A espinha cervical calafrios.

A alma partida
não mais retorne -

Sempre tive medo
do súbito arco-íris.

Mais dois poemas do Peninha ... - Colaboração de Stela Siebra

TESTAMENTO DO HOMEM SENSATO

Quando eu morrer, não faças disparates
nem fiques a pensar: “Ele era assim...”
Mas senta-te num banco de jardim,
calmamente comendo chocolates.

Aceita o que te deixo, o quase nada
destas palavras que te digo aqui:
Foi mais que longa a vida que eu vivi,
para ser em lembranças prolongada.

Porém, se um dia, só, na tarde em queda,
surgir uma lembrança desgarrada,
ave que nasce e em vôo se arremeda,

deixa-a pousar em teu silêncio, leve
como se apenas fosse imaginada,
como uma luz, mais que distante, breve.

POEMA

Senhora de muito espanto,
vestindo coisas longínquas
e alguns farrapos de sono,

eu vim para te dizer
que inutilmente contemplo
na planície de teus olhos
o incêndio do meu orgulho.

Senhora de muito espanto,
sentada além do crepúsculo
e perfeitamente alheia
a realejos e manhãs.

Eu vim para te mostrar
que se inaugurou um abismo
vertical e indefinido
que vai do meu lábio arguto
ao chumbo do teu vestido.

Senhora de muito espanto
e alguns farrapos de sono,
onde o céu é coisa gasta
que ao meu gesto se confunde.

Um dia perdi teu corpo
nas cores do mapa-múndi.


Carlos Pena

Se eu pudesse voltar ... - por Socorro Moreira

Cheguei no ponto final :
Cariri avarandado !

Insisti em caminhar
Voei à esmo
Me perdi de mim mesma.
Se eu pudesse voltar,
Recife seria a minha !

Fui passageira constante
Transportes intinerantes
Acidentes contornei
Ilhada , sempre fiquei
Mesmo livre , me enterrei
Se eu pudesse voltar
não iria mais adiante !

Tuas pontes,
carreguei entre os meus rios
mesmo secos, mesmo cheios
não perdi de ti o vício.
Se eu pudesse voltar,
eu juro...
Nunca teria vindo !

Mas já que nada é possível
Se voltar é precipício,
fico no Crato querido
com todo aquele juízo,
que perdi ao te deixar
Se eu pudesse voltar ...
Não sei bem o que eu faria !

SONETO DO DESMANTELO AZUL - Carlos Pena Filho

SONETO DO DESMANTELO AZUL

Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas
depois, vesti meus gestos insensatos
e colori as minhas mãos e as tuas.
Para extinguir em nós o azul ausente
e aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.

E afogados em nós, nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço.

E perdidos de azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul. Azul.

"Os guarda-chuvas do amor" - por Francisco Sobreira


Se "Os Guarda-Chuvas do Amor" é uma homenagem, como parece ser, ao musical americano, essa homenagem do diretor francês Jacques Demy é prestada sem se subordinar aos padrões do gênero.
Ao invés de intercalar músicas às falas, o seu filme é cantado do começo ao fim, os diálogos, seja uma pequena fala, como a de um carteiro trazendo uma mensagem, seja alguém pedindo ao empregado de um posto de gasolina para lhe abastecer o carro, são apresentados em forma de canto.
Aí está a diferença de "Os Guarda-Chuvas do Amor" dos seus congêneres hollywoodianos, aí a sua originalidade, que transforma numa quase obra-prima o que poderia ser apenas mais um musical e de qualidade inferior àqueles.É um exemplo de como pela forma é realizada uma grande obra, debruçando-se sobre um conteúdo já muito explorado, sobretudo por outros gêneros.
A história é a do clássico triângulo amoroso. Geneviève (Catherine Deneuve), filha de uma viúva, proprietária de um loja de guarda-chuvas e Guy (Nino Castelnuovo), um mecânico de uma oficina de carros, se amam.
Guy parte para a guerra na Argélia, entra em cena Roland (Marc Michel), um rapaz rico que se apaixona por Geneviève. A ausência do namorado, agravada com a falta de notícias dele, motiva o assédio da mãe (Anne Vernon) a Geneviève para que ela se case com Roland, que já chegara a pedir-lhe a mão da filha.
Afinal, Geneviève sucumbe às investidas e consente em casar. Quando Guy retorna da guerra, com uma perna avariada, descobre que a namorada a trocara por outro e até se mudara de Cherbourg, acompanhada da mãe, que vendera a loja, e termina por casar com uma conhecida sua.Outra diferença dos seus similares americanos é a ausência da dança, constante naqueles filmes, formando uma parceria com a música. Apenas uma vez, se vê numa boate Guy e Geneviève dançando, em meio a outros casais.
Por outro lado, há a presença diversificada (e bem utilizada) da cor, com uma certa predominância do lilás.
Muito boa a fotografia, a música de Legrand, que, além das outras músicas, compôs uma bela canção que sublinha o romance do casal. Tudo bem conduzido pela mão leve e sensível de Demy. Um dos melhores momentos do filme ocorre na partida de Guy: um traveling acompanha o trem deixando a estação, mostrando Geneviève ao fundo, à semelhança de uma silhueta.
No meio das qualidades de "Os Guarda-Chuvas do Amor" intromete-se, porém, um defeito. O nome da Esso é visto inúmeras vezes no desenrolar da história.
Sou levado a crer que a intenção é a de denunciar o poder econômico como causador de muitos males, inclusive o de destruir um amor (a mãe de Geneviève passava por graves dificuldades financeiras, que iriam resultar na perda do seu comércio), esse poder representado por Roland. Até aí tudo bem. O problema está na aparição em excesso dessa marca de combustível. Além de inscrito numa placa de posto de gasolina, o nome da Esso surge uma vez em uma grande quantidade de latinhas dispostas num móvel da casa de Guy quando este já está casado.
Demy deveria ter seguido o exemplo de Ozu em "Pai e Filha".
Ao mostrar a invasão americana ao Japão ainda na década de 1940, ele faz apenas aparecer, rapidamente, uma placa com a frase publicitária Drink Coca Cola e, escritas em inglês, as palavras chá e café na fachada de um restaurante. Só isso. E não bastaria mais nada.

por Francisco Sobreira

Arte Duvidosa - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Há um debate sobre qualidade artística, talento (uma espécie de sinal de Deus), para que serve o que se escreve e publica? Não é sem razão que se faz desse modo. Muitos manifestaram tais preocupações consigo mesmo.

Até recordo de uma texto da Isabel Lustosa em comemoração à Padaria Espiritual, quando ela se referia a pequenos burgueses, nas franjas do comércio e da Fênix Caixeiral. Aquele seres menores do universo hierárquico brasileiro com suas pretensões literárias. De qualquer modo, apesar da régua baixa nesta parte do texto da Isabel, desta mesma Padaria surgiram nomes nacionais (não muitos, nunca são muitos na seletividade publicitária).

Na minha geração dos cinco anos que vivi em Fortaleza esta rebeldia cearense em face das Academias, de Letras, apresentou a Padaria como uma alça em que no universo do sou ou não sou, carregou muitos talentos que se desenvolvem no processo.


Afinal o debate não terá uma última palavra e vai muito além, misturando estilos e sentimentos. Aproveito para trazer este texto do blog do Saramago a respeito de um escritor português, em termos do seu estilo, seu anacronismo estético e a memória de todos com a volúpia da modernidade.


José SaramagoA obra romanesca de Aquilino Ribeiro foi o primeiro e talvez o único olhar sem ilusões lançado sobre o mundo rural português, na sua parcela beiroa. Sem ilusões, porém com paixão, se por paixão quisermos entender, como no caso de Aquilino sucedeu, não a exibição sem recato de um enternecimento, não a suave lágrima facilmente enxugável, não as simples complacências do sentir, mas uma certa emoção áspera que preferiu ocultar-se por trás da brusquidão do gesto e da voz.

Aquilino não teve continuadores, ainda que não poucos se tenham declarado ou proposto como seus discípulos. Creio que não passou de um equívoco bem intencionado essa pretendida relação discipular, Aquilino é um enorme barroco, solitário e enorme, que irrompeu do chão no meio da álea principal da nossa florida e não raro deliquescente literatura da primeira metade do século. Nisso não foi o único desmancha-prazeres, mas, artisticamente falando, e também pelas virtudes e defeitos da sua própria pessoa, terá sido o mais coerente e perseverante.

Não o souberam geralmente compreender os neo-realistas, aturdidos pela exuberância verbal de algum modo arcaizante do Mestre, desorientados pelo comportamento “instintivo” de muitas das suas personagens, tão competentes no bem como no mal, e mais competentes ainda quando se tratava de trocar os sentidos do mal e do bem, numa espécie de jogo conjuntamente jovial e assustador, mas, sobretudo, descaradamente humano.

Talvez a obra de Aquilino tenha sido, na história da língua portuguesa, um ponto extremo, um ápice, porventura suspenso, porventura interrompido no seu impulso profundo, mas expectante de novas leituras que voltem a pô-lo em movimento.

Surgirão essas leituras novas? Mais exactamente, surgirão os leitores para esse ler novo? Sobreviverá Aquilino, sobreviveremos os que hoje escrevemos à perda da memória, não só colectiva, mas individual, dos portugueses, de cada português, a essa insidiosa e no fundo pacóvia bebedeira de modernice que anda a confundir-nos o sistema circulatório das ideias e a intoxicar de novos enganos os miolos da Lusitânia?

O tempo, que tudo sabe, o dirá. Não percebemos que, desleixando a nossa memória própria, esquecendo, por renúncia ou preguiça mental, aquilo que fomos, o vácuo por esse modo gerado será (já o está a ser) ocupado por memórias alheias que passaremos a considerar nossas e que acabaremos por tornar únicas, assim nos convertendo em cúmplices, ao mesmo tempo que vítimas, de uma colonização histórica e cultural sem retorno.

Dir-se-á que os mundos real e ficcional de Aquilino morreram. Talvez seja assim, mas esses mundos foram nossos, e essa deveria ser a melhor razão para que continuassem a sê-lo.

Ao menos pela leitura.

José do Vale Pinheiro Feitosa

Carlos Souto Pena Filho - poeta pernambucano

Carlos Souto Pena Filho nasceu em 17 de maio de 1.929 no Recife-PE, onde faleceu em 11 de julho de 1.960. Filho de Laurindo e Carlos Souto Pena (portugueses) fez seu curso primário em Portugal e o secundário no Colégio Nóbrega, Recife, tendo aí também concluído seu curso universitário, formando -se em Diretio pela Faculdade de Direito do Recife.

Soneto à Fotografia


Libertar-se ligeiro da moldura
é o desejo da face, onde, o desgosto
emigrado do poço de água impura,
vai se aninhar na hora do sol posto.
Do lugar da prisão vem a tortura,
pois vê, do seu retângulo, teu rosto
e acorrentado na parede escura,
não pode engravidar-te para agosto.

Guarda ainda no olhar instante e viagem:
o instante em que foi presa pela imagem
e o roteiro que fez em mundo alheio.

E eterna inveja do seu sósia ausente
que, embora prisioneiro da corrente,
habita num subúrbio do teu seio.

Poema extraído do livro A Vertigem Lúcida

A poesia de Domingos Barroso



Crepúsculo

Minha vida inteira
de sobressaltos
e silêncio.
Alma saltitante
sobre brasas
e cascas de ovo.
Cicatrizes,
joelhos ralados,
olhos por destino
sempre lacrimosos.
Os objetos comovem-se
com meus espasmos,
com minha baba mediúnica.
O ventilador corcunda
tenta arrancar suas hélices quebradas
em oferenda à minha solidão.
A escrivaninha curva-se aos meus pés
e puxa as cutículas das minhas unhas tortas.
Louvo-me a mente ínfima,
sujeito-me ao espanto do cotidiano:
ó ventilador corcunda,
ó submissa escrivaninha.

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Carruagem


Carruagem de invisíveis cavalos
arrasta-me por capinzais adentro
bambuzais adentro
canaviais adentro
e por trás da minha nuca
explodem estrelas cadentes.
Carruagem de invisíveis cavalos
arrasta-me por carnaubais adentro
oiticicas adentro
mamoneiras adentro
e me despeja no Vale
onde me deparo com a primeira fonte
e bebo da água sagrada.
A carruagem se foi,
mas os cavalos invisíveis
brincam, pastam e tremem.

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Luz

Pela minha mão
aceitei o desafio
do encantamento.
Os olhos derramam-se
nas suas próprias lágrimas.
Quedam-se diante do silêncio.
Agitam-se sob uma mística névoa.
Os deuses e suas filhas
louvam-me esse fino arrebatamento
que passa pela fresta da porta,
desce pelos degraus da escada
e atinge as ruas e aurículas
do meu peito.
Eis-me só
e tão gigante.

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Domingos Barroso

Pensamento para o Dia 02/11/2009


“Se você conquista a Graça do Senhor, mesmo os decretos do destino podem ser superados. Quando um frasco de remédio é comprado, há uma data no rótulo impressa pelo fabricante que indica sua validade. O remédio perde sua eficácia após essa data. Ainda que ele esteja selado no frasco, o medicamento não será mais eficaz depois daquela data. Igualmente, a Graça do Senhor pode funcionar como o vencimento de um prazo de validade, tornando os efeitos do destino inoperantes. A graça de Deus não pode ser conseguida por aquele que está oscilando a cada momento e cujo coração não é puro. Mesmo se você não pratica adoração ou meditação, basta ter purificado seu coração. O Divino então entrará nele.”
Sathya Sai Baba

2 de Novembro- Finados - por Norma Hauer


Queiramos, ou não, nesta data vêm-nos à mente nossos parentes e amigos que já partiram . E quantos são? Uma enormidade!...

Pais, avós, irmãos, primos,esposos... até sobrinhos bem mais novos que nós.

Colegas...quantos ainda estão vivos que conosco estudaram ou trabalharam?

Poucos, muito poucos.

Jovens ainda não sabem o que é uma perda para sempre, o que é uma mãe partir, o que é um pai que já não está conosco, o que é um irmão até mais novo que deixou uma grande SAUDADE.

Se soubessem o que é essa saudade, tratariam com mais amor seus entes queridos.

Mas é só depois que passamos pela sensação de PERDA que damos valor aos que foram embora antes de nós. E aí vamos rezar por eles, quando somos nós que mais precisamos de reza por estarmos aqui e não o termos conosco.

E aqueles que não estavam apenas conosco, mas com todos, como músicos, poetas, compositores, cantores, artistas de um modo geral?...

Quantos ídolos terão seus túmulos visitados hoje? E quantos nem sequer serão lembrados, embora também tivessem sido queridos, mas foram logo esquecidos?.

Em nossos afazeres, caminhamos rápido, não olhamos para trás, a vida é agitada, o tempo passa, anos terminam, outros começam e o que ficou no passado vai também ficando totalmente lá longe,muito longe ...

Vendo uma estrela cadente (até isso não se vê mais no meio das luzes que cobrem nossa escuridão) podemos lembrar dos que partiram e considerarmos que todos são...
.
"Uma estrela que correu no céu em busca de outros mundos
a tua luz se expandiu, perdeu-se na amplidão.
Deixaste entre nós dois abismos tão profundos,
Ficaste, como eu, em plena escuridão"...
Norma Hauer

O Pelô está mudo...


Morreu no início da tarde deste sábado, 31, por volta das 14 horas, o baiano criador do samba-reggae, Antonio Luís Alves de Souza, mais conhecido como Neguinho do Samba, 54 anos, em decorrência de uma parada cardíaca. O músico deixou sete filhos e uma legião de admiradores e alunos.

O corpo do artista, que foi um dos fundadores do Olodum e criador da Escola Didá, está sendo velado na sede da Associação Educativa e Cultural Didá. O enterro será na terça, 3, já que parentes aguardam a chegada de um dos sete filhos de Neguinho, que mora na Itália. A cerimônia está marcada para às 14 horas, no Cemitério Jardim da Saudade.

Segundo informações da família, Neguinho já vinha reclamando da saúde nos últimos 15 dias. Nesta madrugada, por volta das 3 horas, o músico sentiu um mal estar e foi de táxi ao posto médico de Pernambués. No local, ele foi medicado e retornou à sua residência, no Pelourinho, voltando a se sentir mal no início desta tarde, quando veio a falecer.

Neguinho do Samba era cardiopata e há três meses perdeu uma irmã. Pessoas próximas afirmaram que, em virtude disto, andava triste. Mas ele morreu onde queria: em sua residência, um casarão no Pelourinho, onde também funciona a Escola Didá.

"Ele deixou um legado, uma marca de como se faz samba na Bahia. Eu acompanhei o processo de desenvolvimento do Olodum e ele já experimentava as novas fusões do reggae com o samba. Depois, acompanhei o trabalho cultural que ele fez com a Banda Didá. E por ironia do destino faleceu dentro da própria escola", declarou Gerônimo.

Perda irreparável - A Secretaria da Cultura suspendeu toda a programação cultural do Pelourinho, nestes sábado e domingo. Uma faixa preta permanecerá hasteada no Largo do Terreiro de Jesus, durante três dias, simbolizando o luto. 18:20 (7 horas atrás) Pino
"A dor é enorme. Foi uma perda irreparável. Não perdemos somente um músico excepcional, mas uma personalidade. Ele foi muito generoso com todos à sua volta. Não dá para acreditar. É um astro que vai continuar vivo aqui com a gente“, declarou, emocionado, João Jorge, presidente do Olodum.

Neguinho do Samba - Fundador da escola de percussão do Olodum e do bloco Didá, ele também foi o inventor do ritmo "samba-reggae", modificando tambores para conseguir afinações e sonoridades diferentes, criando um ritmo musical único, com a cara da Bahia.

Filho de um tocador de "bongô" e de uma lavadeira, Neguinho desde cedo treinava percussão tocando nas bacias de alumínio de sua mãe. Foi eletricista, ferreiro e camelô. Sua música chegou a ser internacionalmente reconhecida. Maestro do Olodum, tocou com David Byrne, Paul Simon e Michael Jackson. Com Simon, o Olodum gravou o CD The Rhythm of the Saints, em 1990. Feliz com o resultado do trabalho, Simon procurou o músico e lhe ofereceu um carro importado como forma de agradecimento. Neguinho agradeceu a oferta, mas preferiu mudar o presente, e, em vez de um carro, escolheu uma casa no Pelourinho, no mesmo valor, onde fundou sua escola.

(transcrito do jornal A Tarde)

Novas leis de Murphy - Colaboração de Edmar Cordeiro

CIÊNCIA MODERNA:
1. Se mexer, pertence à Biologia..
2. Se feder, pertence à Química.
3. Se não funciona, pertence à Física.
4. Se ninguém entende, é Matemática.
5. Se não faz sentido, é Economia ou Psicologia.
6. Se mexer, feder, não funcionar, ninguém entender e não fizer sentido, é INFORMÁTICA.

2- LEI DA PROCURA INDIRETA:

1. O modo mais rápido de se encontrar uma coisa é procurar outra.
2. Você sempre encontra aquilo que não está procurando.

3- LEI DA TELEFONIA:

1. Quando te ligam: se você tem caneta, não tem papel.. Se tiver papel, não tem caneta.. Se tiver ambos, ninguém liga.
2. Quando você liga para números errados de telefone, eles nunca estão ocupados.
Parágrafo único: Todo corpo mergulhado numa banheira ou debaixo do chuveiro faz tocar o telefone.

4- LEI DAS UNIDADES DE MEDIDA:

Se estiver escrito 'Tamanho Único', é porque não serve em ninguém, muito menos em você...

5- LEI DA GRAVIDADE:

Se você consegue manter a cabeça enquanto à sua volta todos estão perdendo, provavelmente você não está entendendo a gravidade da situação.


6- LEI DOS CURSOS, PROVAS E AFINS:

80% da prova final será baseada na única aula a que você não compareceu, baseada no único livro que você não leu.

7- LEI DA QUEDA LIVRE:

1. Qualquer esforço para se agarrar um objeto em queda, provoca mais destruição do que se o deixássemos cair naturalmente.
2. A probabilidade de o pão cair com o lado da manteiga virado para baixo é proporcional ao valor do carpete.

8- LEI DAS FILAS E DOS ENGARRAFAMENTOS:

A fila do lado sempre anda mais rápido.
Parágrafo único: Não adianta mudar de fila. A outra é sempre mais rápida.

9- LEI DA RELATIVIDADE DOCUMENTADA:

Nada é tão fácil quanto parece, nem tão difícil quanto a explicação do manual.

10- LEI DO ESPARADRAPO:

Existem dois tipos de esparadrapo: o que não gruda e o que não sai.

11- LEI DA VIDA:

1. Uma pessoa saudável é aquela que não foi suficientemente examinada.
2. Tudo que é bom na vida é ilegal, imoral, engorda ou engravida.

12- LEI DA ATRAÇÃO DE PARTÍCULAS:

Toda partícula que voa sempre encontra um olho aberto.

COISAS QUE NATURALMENTE SE ATRAEM:

Nariz e dedo
Pobre e corinthians
Mulher e vitrines
Homem e cerveja
Queijo e goiabada
Chifre e dupla sertaneja
Carro de bêbado e poste
Tampa de caneta e orelha
Moeda e carteira de pobre
Tornozelo e pedal de bicicleta
Jato de mijo e tampa de vaso
Leite fervendo e fogão limpinho
Político e dinheiro público
Dedinho do pé e ponta de móveis
Camisa branca e molho de tomate
Tampa de creme dental e ralo de pia
Café preto e toalha branca na mesa
Dezembro na Globo e Roberto Carlos
Chuva e carro trancado com a chave dentro
Dor de barriga e final de rolo de papel higiênico