Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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claude_bloc@hotmail.com

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A árvore da FELICIDADE! - Por Claude Bloc


O Ano Novo está vindo. Novas oportunidades se achegam?

É preciso que esperemos sempre com fé. É assim que tento me conduzir. Assim, desse jeito, como diz a canção: “fé na vida, fé no homem, fé no que virá”...

Pensando nisto, trouxe então uma foto para o Cariricaturas. Algo a refletir.
A imagem, em si, traz uma mensagem subliminar. Uma árvore que termina seu ciclo anual. Uma beleza que se apaga ao fechar o ano, com o objetivo de poder renascer depois em viço e prosperidade.

Pensei assim: a natureza arrumou a árvore. Sob sua sombra abrigou o presépio de nossa existência e para marcar a passagem do tempo tirou-lhe as folhas. Deixou-lhe apenas os frutos escarlates, o fogo incandescente desse sentimento que nos aquece cada vez que o ano (re)começa, onde circula com mais força a seiva da nossa alma.

Que nesta árvore frutifiquem nossos sonhos. Que possamos renová-los em cada novo ciclo de nossa vida. Independente do ano.
Que possamos colher a felicidade e deixá-la sempre ao alcance de nossa mão.
Ela existe sim!

É essa felicidade que lhes desejo HOJE E SEMPRE.

Feliz 2010!

Poema bobo - Por Claude Bloc


Fragmento de prosa
Pigmento de rosa
Apoteose do verso
Tempo que se encandeia...
Vento na madrugada
Segredo da meia-noite
Antiga primavera
Onde andas? Onde estás?

Movo-me nas vertentes
Do tempo que já não tenho
Da sinfonia que chora
As lágrimas que já sequei
Mas não encontro teus passos
No orbitário da vida
Nos planetas que circulam
Pelo meu itinerário...

Já te busquei lá na serra
Nas encostas, nas sementes
Dos sonhos inconsequentes
Te busquei e me perdi.

Fui, mas sempre retorno
Volto ao anoitecer
E me escondo em qualquer canto
No vazio que deixaste
Pois nem sei mais onde andas
Só ficou este silêncio
abafando a ausência
abafando a saudade
abafando o ruído
do silêncio que guardei
.

***
Claude Bloc

PARA VOCE GANHAR UM BELO ANO . por Rosa Guerrera

Leiam este poema “delicioso”, de um dos maiores poetas de língua portuguesa, Carlos Drummond de Andrade e vibrem como eu nessa bela mensagem !

"Para você ganhar belíssimo Ano Novo cor de arco-íris, ou da cor da sua paz, Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido (mal vivido ou talvez sem sentido) para você ganhar um ano não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ser, você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, não precisa expedir nem receber mensagens (planta recebe mensagens? passa telegramas?). Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta. Não precisa chorar de arrependido pelas besteiras consumadas nem parvamente acreditar que por decreto da esperança a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver. Para ganhar um ano-novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre."

E se eu te pegar , no sentido do além? - Socorro Moreira


E SE EU TE PEGAR, NO SENTIDO DO ALÉM?

E se eu te pegar com os olhos
Trazer-te pra dentro de mim?
Mostro o luminoso e o assombroso
Que a Pandora soltou, e ficou em mim

E se eu te tocar em todas as tuas letras
E com elas compor, uma nova sinfonia?
E, na hora “h”, descobrir no “g” do teu “x”,
Que sou o “z” da tua vida?

“Vês”? Meu “cê” é teu...
Eu "te" aprendi, nos "erres" da minha língua!

Triângulo natural

O mar banhou-me com seu olhar
Nuances de azul e verde
Espumas num delírio contido
Areia batida, salgada de mar
Sereno tempo
Nublada vida
Ares desobstruídos
Vôos inalcançáveis
Compromissos cancelados,
antes de um veredicto.
Meus pés pousam em terras desconhecidas,
mas não se atrevem a trilhar novo caminho
Fixo-me na linha do horizonte,
e na terra eu finco a vida.
Pensamento foge da morte
Brinca no mar...
Busca o céu que habitas.

Guerra fria

alma em agonia
o amor acaba,
o conflito fita
Rugas
marcas,
sinais do tempo
fora das fotos
que foram nuas
Olhar fugitivo
amor esquivo
perdido e esquecido,
na primeira mágoa
no primeiro instante
-Vinho envelhecido ,
me aguarde!

Suspiros

Depois de alguns uivos,
novos suspiros...
E traição existe?
Existe a crudelíssima vida
que interrompe,
o bom da harmonia...
A cura da dor
É um porre maior
que o próprio amor!

"Curare”

Doutor,
o antídoto da dor
é a dor?
Sentimento
despido de sonhos
teimoso, vive!
Sem fotografia na bolsa
Sem telefone no bolso
Te ligo, e me ligo...
Dia e noite...
Noite e dia!
E a rádio Chapada
ainda chora...
Quando não é Noel
é Abel...
Um choro pra cada história!

Almas em bando

"A vida é a arte do encontro...”.
A morte, quisera...
Será também?
Medito sobre a natureza humana
E me enxergo, projeto "in extremis”.
Quem sabe,
todos,
em outros planos,
livres da matéria,
possamos dançar
um tango?
O cansaço chega...
De lagartas a borboletas
Almas em bando!...
A voar no infinito
que desconhecemos.
-Viver é testemunhar
a morte dos nossos dias... !
.

Uma paisagem banal - por Rejane Gonçalves


Trata-se de um quadro de dimensão singular pendurado no topo do mundo. Nele há uma profusão de imagens, de coisas que se sobrepõem umas às outras, de cores em constante luta com seus tons contrários. É como se o tempo tivesse borrado a tinta; tudo acontece em meio a pesadas brumas. Percebe-se, mesmo assim, a tela cortada ao centro por uma cerca não muito alta, de troncos retorcidos, feito braços dispostos em tranças a ornamentar uma cabeça de fartos cabelos. Do lado onde, dizem alguns, a paisagem parece mais nítida, está um cavaleiro montado em seu cavalo bravio. Segura fortemente as rédeas e todo o seu corpo empenha-se no sentido de impedir o animal de pular a cerca. Do outro lado desta, onde, dizem alguns, a paisagem é confusa e pródiga em abismos, acaba de pisar o chão um cavalo, trazendo montado em seu dorso um cavaleiro bravio. Seu corpo quase deitado sobre o animal e suas mãos, por onde escorrem as rédeas, parecem indicar não ter ele conseguido ser do outro cavaleiro uma parelha, pois que ultrapassou a cerca.
Os viandantes com gestos disformes passam ao largo. Todos, com raríssimas exceções, evitam uma observação demorada desse quadro de dimensão singular. É sabido que uma maior apreensão da paisagem transporta o rosto do incauto observador às alturas, sobrepondo-o ao rosto de um dos cavaleiros. Essa esquisita peculiaridade do quadro é na maioria das vezes incômoda e talvez fatal. Por isto é que os viandantes passam ao largo. Tapam os olhos dos filhos e repetem em ladainha o que há muito tempo ouviram com a força de um massacre de mil martelos zunindo em suas cabeças:
− Desses dois homens montados... de um diz-se que é louco, do outro diz-se que é são.

setembro/ 1987

Rejane Gonçalves

Rejane Gonçalves é contista, nasceu em Caruaru-PE e tem laços familiares cratenses firmados desde os anos 70. Atualmente mora em Recife.

OFICINA DA PALAVRA - Chegou o dia !

Casa Cariri (Stela, Divani, Rosineide e Múcio) - Acertando os detalhes da Oficina da Palavra

Local : SCAC
Cronograma : 29 e 30.12; 06 a 08.01.2010.
09.01.2010- Recital de encerramento ( Teatro Raquel de Queiroz)
Horário : das 19 às 21 h.
Mestra : Stela Siebra Brito
Coordenação : Socorro Moreira e Zélia Moreira
Parcerias : SCAC e D'Araujo Cultural

Vagas limitadas ! Inscrições até 29.12.2009

Maiores informações, fale conosco !
Tel : 35232867
Socorro Moreira

8 anos sem Cássia Eller

Hoje é dia de NHOQUE ...


CULINÁRIA ITALIANA

Nhoque, o prato da sorte

Por magia ou superstição, cada vez mais os paulistanos procuram restaurantes de cozinha italiana, todo dia 29, em busca de nhoque. Saboreando esse prato, acreditam ter sorte por 30 dias seguidos. Alguns comem apenas sete nhoques, mastigando sete vezes cada um. Outros devoram tudo, pois julgam importante não haver sobra. Os adeptos do nhoque da sorte informam que ele surgiu na Itália, terra natal do prato; os incrédulos afirmam que nasceu na América do Sul, como estratégia de restaurantes que precisavam aumentar a clientela. A origem do costume é explicada com uma lenda que possui variações. A mais freqüente conta que um frade andarilho chegou a uma pequena localidade italiana e bateu à porta de um casal de velhinhos, num dia 29. Pediu um prato de comida e recebeu o único alimento que havia: nhoque. Tempos depois, voltou ao local e contou aos velhinhos que, após comer aquele prato, sua vida mudara para melhor.

Muitos restaurantes paulistanos servem o nhoque da sorte - e o costume se espalha por outras cidades brasileiras. A honra de sua introdução, porém, é reivindicada por duas casas. Laura Giarelli, que os amigos chamam de Lála, afirma ter conhecido o nhoque da sorte na década de 70, durante uma viagem à Argentina. Garante que iniciou o preparo mensal do prato em 1979, ao fundar o restaurante La Bettola. Mas Mary Nigri, dona do Quattrino, também está no páreo. Teria sido a pioneira, apesar de servir o nhoque da sorte há apenas 13 anos. A rivalidade é cordial e Mary Nigri costuma descrever assim da reação dos clientes: "Muitas pessoas voltam no dia 29 do mês seguinte dizendo que o prato ajudou a concretizar projetos, arrumar companhias ou favorecer reconciliações". Para reforçar a sorte da clientela, há restaurantes que colocam uma nota ou moeda de um real sob o prato. O dinheiro precisa ser guardado por um mês. Os mais supersticiosos - ou mais pragmáticos - trocam o real pelo dólar trazido na carteira. É moeda forte, resistente aos tropeções do mercado e com futuro garantido.

O simpático costume de comer nhoque no dia 29 poder ser recente, mas a história do prato é bastante antiga. Foi certamente o primeiro tipo de massa caseira - apesar do renomado gastrônomo Pellegrino Artusi, autor do clássico italiano A Ciência na Cozinha e a Arte de Comer Bem, publicado em 1891, não o enquadrar nessa categoria. O espaguete, o ravióli e companhia são posteriores. Supõe-se que o nhoque exista desde os antigos gregos e romanos.

Na Itália, chamaram-no primeiramente de macarrão. Na Idade Média, porém, já era conhecido com o nome atual. Em português, escreve-se nhoque. Fica parecendo vocábulo de ascendência tupi-guarani. Em italiano, grafa-se "gnocchi". O sociólogo paulista Gabriel Bolaffi, no livro A Saga da Comida, lançado em 2000, diz significar "algo como pelota, isto é, uma pelotinha de farinha amassada com água".

Mudando conforme os ingredientes da massa e do molho, o nhoque começou a ser elaborado com várias farinhas, sobretudo de trigo, arroz e inclusive com miolo de pão. Misturadas com água, temperadas com sal e cozidas na água, propiciaram alimentos substanciosos. Anos depois, a massa foi enriquecida com espinafre, queijo, castanha, carne ou peixe. Após a introdução do milho na Itália, em meados do século 16, surgiu o nhoque de polenta. Mas foi a chegada da batata, entre os séculos 16 e 17, que mudou a história do prato.

Tornou-se seu ingrediente supremo, embora continuem prestigiados os nhoques de farinha de trigo e semolina. Os sicilianos criaram uma receita exemplar. Seu nhoque mais famoso usa farinha de trigo, ricota de ovelha; no molho, uva passa, manjericão fresco e "pinoli". A receita dos romanos leva semolina, cozinha no leite e vai ao forno com queijo parmesão.

No passado, o nhoque era uma preparação característica das cozinhas do norte e centro da Itália. Hoje, caiu em domínio nacional. Venceu até a resistência dos napolitanos, adeptos irredutíveis do espaguete e outras massas de fio longo. Alastrou-se aos países vizinhos. Na Alemanha existe um prato assemelhado. É o "spätzle", que acompanha caça ou carne assada. Também é preparado gratinado e servido em sopas. A Hungria repete a receita, mudando o nome para "galuska", que se harmoniza com o "goulash", um ensopado de carne conhecido desde o século 9.º. Ambos são feitos com farinha de trigo.

No Brasil, o chef francês Laurent Suaudeau criou uma obra-prima que outros cozinheiros copiam: nhoque de milho verde. A imaginação gastronômica desconhece limites. Outros cozinheiros em atividade no país desenvolveram nhoques de batata-doce, mandioca e mandioquinha.

Em qualquer receita, a massa também comporta recheios. O ingrediente mais comum é o queijo. Na região italiana do Friuli, coloca-se uma ameixa dentro do nhoque gigante de batata. Essa curiosa combinação é atribuída à influência da vizinha Áustria. Elaborações cortadas em fragmentos arredondados, frutos secos como a noz, amêndoa, castanha e avelã, sementes de frutas frescas como a romã, o bago da uva, cereais como a lentilha, alimentam o corpo e espírito em diversas culturas. Não por acaso são comidas de bom augúrio na passagem do ano. Essas referências explicariam o sucesso do prato de todo dia 29. Para o comilão, entretanto, a verdadeira fortuna é saborear nhoque. (O Estado de S. Paulo)

Rainer Maria von Rilke


Rainer Maria von Rilke (Praga, 4 de dezembro de 1875 — Valmont, Suíça, 29 de dezembro de 1926) foi um dos mais importantes poetas de língua alemã do século XX. Escreveu também poemas em francês.


Canção de Amor

Como hei-de segurar a minha alma
para que não toque na tua? Como hei-de
elevá-la acima de ti, até outras coisas?
Ah, como gostaria de levá-la
até um sítio perdido na escuridão
até um lugar estranho e silencioso
que não se agita, quando o teu coração treme.
Pois o que nos toca, a ti e a mim,
isso nos une, como um arco de violino
que de duas cordas solta uma só nota.
A que instrumento estamos atados?
E que violinista nos tem em suas mãos?
Oh, doce canção.

Rainer Maria Rilke

Quero lhe implorar
Para que seja paciente
Com tudo o que não está resolvido em seu coração e tente amar.
As perguntas como quartos trancados e como livros escritos em língua estrangeira.
Não procure respostas que não podem ser dadas porque não seria capaz de vivê-las. E a questão é viver tudo. Viva as perguntas agora.
Talvez assim, gradualmente, você sem perceber, viverá a resposta num dia distante.

Rainer Maria Rilke

- Que farás tu, meu Deus, se eu perecer?

Que farás tu, meu Deus, se eu perecer?
Eu sou o teu vaso - e se me quebro?
Eu sou tua água - e se apodreço?
Sou tua roupa e teu trabalho
Comigo perdes tu o teu sentido.

Depois de mim não terás um lugar
Onde as palavras ardentes te saúdem.
Dos teus pés cansados cairão
As sandálias que sou.
Perderás tua ampla túnica.
Teu olhar que em minhas pálpebras,
Como num travesseiro,
Ardentemente recebo,
Virá me procurar por largo tempo
E se deitará, na hora do crepúsculo,
No duro chão de pedra.

Que farás tu, meu Deus? O medo me domina.

///

- Hora Grave

Quem agora chora em algum lugar do mundo,
Sem razão chora no mundo,
Chora por mim.


Quem agora ri em algum lugar na noite,
Sem razão ri dentro da noite,
Ri-se de mim.

Quem agora caminha em algum lugar no mundo,
Sem razão caminha no mundo,
Vem a mim.

Quem agora morre em algum lugar no mundo,
Sem razão morre no mundo,
Olha para mim.

\\\

Projeto Água pra que te quero!- Nívia Uchôa




"A água de boa qualidade é como
a saúde ou a liberdade: só tem valor quando acaba“
João Guimarães Rosa

Se esta rua fosse minha...

Eu mandava ladrilhar...

para o Ano Novo passar...
***
Foto por Claude Bloc