Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

PELEJA NOS BASTIDORES...

Claude Bloc disse...

Aloísio,

Sou assim de improviso,
Na rima vou me esconder
No verso eu me deleito
Com vontade de escrever.

Agora é você (risos)

Claude

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Aloísio disse...

Claude,

Você pediu, entonce leia, este meu "Improviso":

Minha amiga Claude Bloc
Este tema de improviso
Pr’eu poder te acompanhar
Vou ter que ter muito siso

Mas não vá me aperrear
Não tenho o dom do repente
Senão eu busco uma semente
Que eu encontrei no Ceará

Meus versos são sementes
Brotadas em terras duras
São como águas nascentes
Limpas, brilhantes e puras

Pra vingar esta semente
Tem que ser muito cuidada
Com arado, foice e enxada
E regada regularmente

Aqui deixo meu recado
Eu daqui você de lá
Mais um dia ‘inda volto
Pras bandas do Ceará

Abraços
Aloísio

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Edilma disse...


Claude e Alísio,

Valha me Deus o que faço
com o talento desse povo
vou mandar um abraço
Nem que seja de novo

Um posta daqui
outro de acolá
e eu roendo pequi
sem poder falar

Gente da França poeta
da Bahia ao Ceará
e eu procurando uma meta
pra poder improvisar

Vou logo arranjando um jeito
de conseguir terminar
este verso mal feito
pra confusão não causar

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Nicodemos disse...


No improviso
o Tempo se manifesta imperioso
a fluidez do verbo marcado
pelo ritmo...
os silêncios em seus lugares
as tônicas tonificando o movimento...


belo, belo, belo!!!


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Aloísio

Quem sou eu? Não sou profeta,
Não faço rimas e nem esgrimo
Como dialogar sobre o tempo?
com esses dois grandes poetas?
Se me ponho a versejar.
O tempo não vai passar!

Hora da Ave Maria - Emerson Monteiro

No ano de 1958, morando com a família em Crato, meu pai seguia, ainda por certo tempo, vinculado aos negócios do sítio, em Lavras da Mangabeira, onde deixara animais e eito de cana, de que renovava o cultivo e participava das moagens, nas épocas próprias. Nesse sentido, ia lá quase todo mês, através da rodagem de terra que cruzava a Serra de São Pedro, cheia de trechos estreitos e arriscados, conhecidos pela periculosidade e acidentes fatais que provocava, percurso que agora abriga a Rodovia Padre Cícero e reduzirá em dezenas de quilômetros a distância para Fortaleza.
Houve uma ocasião, nessas viagens, quando, já próximo do distrito de São Francisco (hoje Quitaiús), o caminhão em que viajava, de propriedade de Seu Severino Medeiros, tombou em trecho de curvas fechadas e piçarrentas. Dentre as vítimas mais graves se achava meu pai.
Machucara uma das pernas à altura do tornozelo, fraturando ossos em três lugares e sofrendo profunda contusão, o que lhe custou séria perda de sangue e demorou um tanto para cicatrizar. Veio trazido ao Hospital São Francisco, em Crato, onde permaneceria pelo período de um mês, ou pouco mais.
Durante esse turno, não poucas vezes lhe visitei e permaneci junto dele. Era eu portador constante das encomendas entre nossa casa e o hospital.
Nunca antes havia estado naquela construção de tantos corredores, salas, lugares sombrios, silenciosos, ruídos típicos; de pessoas diferentes, agitação incessante. Andava onde podia. Menino aceso, observava as movimentações e acompanhava os acontecimentos diários.
Relembro de enfermeiras, médicos, amigos de meu pai que lhe visitavam; das áreas internas e solitárias do casarão escurecido; as rampas; os portões vetustos quase nunca abertos; e da calma da capela, que tocava o íntimo da criança de nove anos com melancolia intensa, sobretudo aos finais das tardes, quando deixava ouvir os acordes da Ave Maria, de Schubert. Misto de saudade e distanciamento fervilhava meu ser; algo de uma solene paz que envolvia o ar no véu luminoso da penumbra e, aos poucos, vinha decrescendo os restos das tardes, modificando, nas notas suaves da música, a noite e seus aspectos quase adormecidos, afastando de vez, com mãos veludosas, os clarões retardatários do outro dia.
Essas marcas especiais daqueles instantes passados costumam, depois, preencher minha memória, quando ouço o canto da Ave Maria, às 18h, nas emissoras de rádio, que tocam o disco nas suas programações, avivando em mim emoções que, nessa quadra, tomaram conta de nossa família, permitindo, no entanto, que tudo chegasse a bom termo, com o restabelecimento de meu pai, o ponto forte na condução de todos nós.

Nos leilões do Padre Onofre - Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Esta é uma das muitas histórias que o meu amigo Leofredo Pereira costumava contar. Um dos seus companheiros de infância, nos anos cinqüenta, tinha um estranho apelido: De Bronze. Não cheguei a conhecê-lo, mas de tanto ouvir Leofredo contar suas peripécias, imaginei que De Bronze não poderia ser nenhum santo. Depois de haver aprontado muito no Juazeiro, De Bronze foi trabalhar na construção de Brasília, onde imagino que até hoje esteja radicado. Na época, correu a notícia de que De Bronze havia se transformado num homem, para contentamento geral e alívio de toda a população juazeirense. Dois ou três anos depois da sua ida para Brasília, De Bronze voltou de férias, justamente na época das festas de São Miguel. Na primeira noite do leilão, De Bronze reuniu os amigos, Leofredo entre eles e partiram para uma noitada de diversão na quermesse do padre Onofre. De Bronze trazia os dois bolsos laterais de suas calças completamente cheios. Salientava-se de seu interior algo parecido com dois volumosos maços de cédulas de dinheiro vivo. A toda hora, De Bronze batia sobre os bolsos emitindo um som fofo e dizia: “Hoje nós vamos deitar e rolar. Trabalhei duro em Brasília e vamos gastar, beber e comer como reis. Esta é a minha lei”. De Bronze e os amigos ocuparam umas três mesas que foram ajuntadas no centro da quermesse e começaram a arrematar tudo que era posto em leilão: perfumes, quinquilharias diversas e galinhas fritas. O padre Onofre esfregava as mãos de contentamento e dizia para seus auxiliares: “Atendam bem àquele jovem, ele está muito animado e veio de Brasília com os bolsos cheios de dinheiro!” De Bronze parece que intuíra o estado de espírito do padre e a cada instante voltava a bater sobre os dois pacotes que trazia em seus bolsos laterais, repetindo: “Vamos beber e nos divertir pessoal! Tudo aqui é por minha conta. Vou gastar como um príncipe árabe!” E continuava arrematando tudo que era oferecido no leilão. Depois que eles e os amigos estavam fartos de comida e bebida, passou a oferecer as prendas por ele arrematadas às mesas das autoridades presentes àquela festa. O prefeito, o juiz, a sua primeira professora, juntamente com o marido dela, os vizinhos foram todos contemplados. Não esqueceu nem mesmo do delegado, seu velho conhecido de outras noitadas insones que passara na prisão. A admiração era geral. Todos eram unânimes em afirmar que o jovem voltara realmente muito mudado. Ficara rico em Brasília! Tava aí um novo homem! Exclamavam uns para os outros. Finalmente, tarde da noite, já quase às duas horas da madrugada, todos já haviam se retirado, menos De Bronze e os amigos. Alguns já emborcados sobre as mesas dormiam o sono dos justos embriagados. Outros pensativos, sem ao menos saberem ao certo onde estavam. Finalmente o padre Onofre chegou com a conta e disse: “Meu filho, a festa de hoje foi muito animada, graças a você e a seus amigos. Mas infelizmente chegou ao fim e aqui está a sua continha. Deu três mil e novecentos e cinqüenta cruzeiros, o que para um jovem como você, que voltou endinheirado de Brasília, não representa nada.” De Bronze levantou a cabeça e com os olhos semi-cerrados respondeu: “Padre, pode mandar me prender que eu não tenho um tostão!” E surpreso, o Padre Onofre indagou: “Então o que é isto que você traz nos bolsos?” E o De Bronze prontamente lhe respondeu: “São dois pão doce, para eu comer na cadeia!”

Por Carlos Eduardo Esmeraldo
(Condensado do livro: “Histórias que vi, ouvi e contei.”)

o sertão

o sertão salta das linhas da mão
e percorre a lâmina dos olhos
sua água imprópria à sede

com ela se mede a distância
do vivido ao sonhado
e hoje se funde numa só certeza

o sertão antes do outro lado
agora sua paisagem exposta nesta mesa
o sertão, irmão, sou eu enluarado

no presente sua presença perfumada
que se acerca e não consola mais
da tão grande diferença dada
entre a areia e as cercas das estradas
agora em mim vestidas de metais

o sertão sou eu secando no lajeiro
de sílabas mal contadas
de rimas todas tortas
o sertão, irmão, sou eu quando é janeiro
e fecharam-se todas as portas

de não se poder encontrar uma saída
aprisionado numa triste esfera
semente no interior da pedra
o sertão maior do que o que era
no momento de sua despedida

o sertão, irmão, sou eu por toda a vida...

Pensamento para o Dia 11/01/2011


“Deus é como fogo e você é como carvão. Quando o carvão entra em contato com o fogo, ele torna-se um com o fogo. Da mesma forma, quando você entra em contato com Deus, você se torna um com ele. Manifestações do Amor Divino! Todos vocês são mensageiros de Deus. Somente Deus é importante. O zero obtém valor somente quando um número o precede. A lua é zero, o sol é zero, o mundo é zero, somente Deus é o Herói*. Tudo fracassa na ausência desse Herói. Tenha total fé no Herói, Deus. Um herói se torna zero se ele se esquece de Deus. Nunca dê margem a qualquer dúvida sobre Deus. Então você estará fadado ao sucesso. (*Trocadilho de Sai Baba entre as palavras Zero (zero) e Hero (herói) em inglês). ”
Sathya Sai Baba

EXPOSIÇÃO VIRTUAL DE BRUNO PEDROSA EM HOMENAGEM AO SEU ANIVERSÁRIO













Raimundo Pinheiro Pedrosa, filho de Lavras da Mangabeira, da Fazenda "Catingueira". Iniciou os seus estudos no Crato aos 6 anos onde começou a sua vida artística. Seguiu para o Rio de Janeiro e concluiu  as faculdades de : Belas Artes, Filosofia e Arqueologia. Passou no Mosteiro de São Bento 6 anos,  chamando-se "Bruno".  Transfere-se para a Europa depois do seu casamento com "Lila" (filha de italianos) e se radicaliza em "Bassano Del Grapa". Expôs em diversos Estados Brasileiros e exterior (com apenas algumas citações devido ao imenso currículo): Estados Unidos, México, Nicarágua, Argentina, Itália, França, Suíça, Áustria,  Holanda, Inglaterra, Alemanha, Japão e Portugal. É um artista consagrado com um currículo brilhante, além das galerias de arte que possui espalhadas pelo mundo, é escritor, escultor, fabrica tapetes assinados, cristais especiais em Murano e jóias exclusivas. Exímio desenhista, as obras de Bruno Pedrosa são um exemplo de um percurso orientado por uma motivação reflexiva e culta. Passou do desenho para as telas com uma predileção pelos pigmentos naturais onde se revela o seu equilíbrio na velocidade em se constituir um artista abstrato moderno contemporãneo. Estes trabalhos são os mais recentes da sua carreira em óleo sobre tela, mas entre eles se destaca  um desenho à lápis com total domínio e precisão do seu punho num rico matiz de cores. Posso afirmar que Bruno Pedrosa é um amante do nosso Nordeste Brasileiro deixando ver isso claramente nas cores fortes das suas telas e na segurança de um pintor versátil e que sempre nos surpreendende a cada trabalho.

Edilma Rocha

1º ENCONTRO DE CONTADORES DE HISTÓRIAS DE TRANCOSO