Allen ginsberg, eu não sei em que lugar do céu você coça seu umbigo judaico americano. Allen ginsberg, eu não tenho a menor ideia do que você possa dizer ao seu deus poeta, sionista e degenerado. Allen ginsberg, os estados unidos continuam invadindo, torturando e julgando todos os povos da terra, embora eu saiba que você não tem porra nenhuma a ver com isso. Allen ginsberg, eu gostaria de poder te ler um belo poema de Manoel bandeira, mas não sei decorado, e o livro, eu tive que vender pra comprar uma carteira de cigarros. Allen, Allen, eu descobri alguns códigos, mas eles não abrem nem a metade das portas de huxley. Allen, Allen, eu fico daqui do interior da Bahia imaginando se teu deus sionista te recebeu numa boa. Allen, pressupondo que você esteja no céu, onde você escuta seus be-bops ensandecidos? Quando bebo além do limite imagino você, Whitman, normando, chet baker e charlie parker em uma nuvem jam-session. Bêbados, felizes e implorando uma asa, uma nova chance no inferno da terra. Allen, eu imagino que você detestaria esse tempo de agora... os garotos e garotas detestam poesia, escutam coisas que eles chamam de música, que faria qualquer tocador reles corar de vergonha. As drogas? Quase todas sintéticas, ou batizadas, uniformes... eles conseguiram padronizar até a lombra! Allen, se eu tivesse teu endereço, te mandaria o livro do gustavo “o amor é uma coisa feia”. Do caralho man! Ele tem a alma atormentada dos beats, e sabe cozinhar, e escreve com a mão pesada dos velhos. Dos que vaticinam. Dos que viram poster´s na posteridade. Te mandaria também os escritos de gabi. A ciber punk baiana que tem dinamite em seu sangue moreno e belo. E que acha tempo pra ensinar meninos doentes a re-aprenderem a rir. Sabe Allen ginsberg, seu escroto judeu-americano, quando eu tinha 14 anos vi teu livro “uivo” em uma prateleira lá em fortaleza. Uivei contigo de capa a capa. Quando acabei de ler, peguei um caderno, uma caneta, e nunca mais deixei de escrever. Allen, você é um velho judeu morto. Eu sou um velho cariri ainda vivo. E a poesia, meu camarada, NÃO MORRE NUNCA.
lupeu lacerda
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