Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quarta-feira, 26 de agosto de 2009

"AS PREZEPADAS DOS ZIZINHOS DE MONSENHOR" - PARTE I




Certo dia Monsenhor anunciou que implantaria nas salas do Colégio Diocesano uma inovação que já estava sendo usada em Colégios do sul do país. Os quadros de gesso pintados de verde em substituição aos arcaícos quadros negros de madeira. Um sucesso! Como as salas de aula eram amplas os quadros tomavam quase toda a largura da parede com uma suave curvatura que os tornava côncavo e visível a todos de qualquer carteira. Nossa turma era composta por 52 alunos cujos nomes já declinei em texto anterior. Pois bem, Monsenhor estava muito contente e a turma da mesma forma, pois melhorou muito a visão para copiar a matéria. Chegou o mês de agosto e com ele a frenética preparação para o desfile de “7 de Setembro”, uma das efemérides mais esperadas pela rivalidade entre os Colégios e a oportunidade de desfilar garbosamente para o “povo”, leia-se, as internas do Santa Teresa e da ala feminina da cidade. Aliado a isso, o enorme prazer de derrotar o Estadual cujos alunos olhávamos de soslaio com cara de “metidos”. Mas vamos a história de hoje. Havia um Professor de matemática (se não me falha a memória) pelo qual nutríamos uma total antipatia certamente recíproca. Logo o apelidamos de “JIPÃO”. O sujeito usava uns óculos com armação quadrada, acompanhando a anatomia de seu crânio também quadrado arrematado por um corte de cabelo que lembrava o de Hitler. Esse “conjunto” era a cópia fiel da frente de um jipe 54. Quando ele entrava na sala eu morria de rir me lembrando que ele se parecia com o famoso Jipe de Marú (pai de Sérgio Cardoso). Um nosso colega, “Barrinho” ia desfilar naquele ano como guarda bandeira, e nesse caso como era praxe usando ama brilhante espada. Certo dia, meio que aborrecido com o dito cujo, resolveu com o apoio tácito da maioria, a indiferença de alguns e a advertência solitária e tímida de Ronaldo Correia (que foi sempre um cara quieto) fazer uma caricatura de JIPÃO com a ponta da espada no QUADRO VERDE DE MONSENHOR! Ficou uma obra prima! Caímos na gargalhada e ficamos esperando a entrada do Professor! Mas meus amigos, para nossa surpresa e falta de sorte, quem entra no lugar do dito? Monsenhor Montenegro! Gente, até hoje ainda sinto o frio na espinha. Um parêntese: não sei se era por causa de nossa pequena estatura de “minino véi”, mas Monsenhor sempre me pareceu um GIGANTE LILIPUTIANO naquela batina preta e rosto quase sempre severo. Mas nesse dia entrou sorridente dando alguns informes sobre os ensaios da banda, etc, etc. Nós não tirávamos os olhos do quadro e em dado momento Monsenhor vira-se e vê “aquela obra prima”. Sinceramente, eu não sei o que José do Vale, Peixoto, José Sévio, Barrinho e os outros 42 sentiram naquela hora. Mas eu tive uma vontade incontrolável de me desbandeirar por aquela porta e só parar na Batateira! Meus amigos pensem um Monsenhor bravo, pensaram? Bote mais cem! Colocou as mãos na cintura e disse: QUEM FOI O AUTOR DESSA ARTE? Silêncio mortal! Ninguém se mexia e muito menos entregaria um companheiro! Era nosso código de honra! Depois de muito insistir Monsenhor disse: Todos para a quadra! Vocês sabem o que é uma quadra de cimento no calor de agosto no nosso Cratim? Experimentem! Ficamos em pé e Monsenhor proferiu a sentença: “só saem daí quando me disserem o nome ou ELE se apresentar espontaneamente em meu gabinete”. E tem mais: “Vou mandar um bilhete para cada um dos pais de vocês”. Que situação naquele calorão! Como não íamos abrir o bico mesmo, assim que Monsenhor deu as costas Vicente Feitosa e Izavan começarem a dizer: “ta vendo Barrinho seu cabeça de pau, a enrascada que você nos meteu”? Com a consciência sob “leve pressão”, o nosso “Michelangelo Barrinho” resolveu se apresentar. Levou uma semana de suspensão e os pais dele pagaram o restauro do quadro verde. Mas JIPÃO não se livrou de nossa antipatia e o nosso código de honra foi preservado!
Uma homenagem a turma da IVa. Série do Colégio Diocesano - Turma 1965

2 comentários:

socorro moreira disse...

Nilo, que memória !
Impressionei-me !
Que delícia ouvir essas histórias. Até então pouco sabíamos de vocês. Um olhar de longe , indireto; uma espiada no desfile da parada de setembro;um avistar na praça e em algumas festas; o bolo sem cortes era das internas. ( risos)
Acho que da tua turma com quem mais conversei ( meu amigo de V.Alegre)chamava-se : Jesus de Seu Doca Bitu. Trazia-me notícias da turma. Acho que eu tinha entre vocês um "pequeno" interesse.infelizmente meu bom amigo partiu muito cedo. Tinha cara de rapaz mais velho. Por essa credibilidade chegou a ser eleito presidente da UEC.Ele me queria tanto bem, que na sua gestão elegeu-me , sem concorr~encias, rainha dos estudantes ( imagina!). Claro que achei a ideia absurda ! Naquele ano , um dado a confirmar - a rainha não foi coroada.

Vou parar por aqui, e esperar o próximo capítulo.
Valeu !

Claude Bloc disse...

Nilo, pra ecerrar minha noite, uma leitura dessas é desopilante.
Só imaginando aqui a cara de Monsenhor!

Abraços, durma bem.

Claude