Entre as nuvens (de volta ao Crato).
- Claude Bloc -
- Claude Bloc -
Estava nos ares. Lençóis de nuvens se estendiam à minha frente: brancos, macios, ensolarados. Franjas delicadas enfeitavam a passagem da carruagem alada e pareciam se rasgar ao contato com o avião que deslizava na seda azul do céu. Minha alegria não tinha limites e parecia saltitar entre os travesseiros de imagens entalhadas nas nuvens alcochoadas. Alegria infantil, alegria-menina, alegria, alegria! Eu ali era alegria apenas, apenas alegria.
Na verdade, eu me sentia entre duas terras, e, acima das nuvens, meus pensamentos pareciam perder-se em algum recanto de pura felicidade. Que significado tinha o tempo naquele momento? Que significado tinha o ensejo de retornar ao Crato mais uma vez. Que sentido teria esse sentimento tão forte que me toma a cada vez que posso estar de volta ao meu torrão querido? Fazer o que? Eu havia saído numa hora e chegaria 50 minutos depois... o voo curto e rápido tinha a dimensão desse sonho esculpido em nuvens em meio aos céus azuis.
Pensava nessas coisas. Na minha chegada ao Crato, mais uma vez, e na alegria concreta que isso sempre me proporciona. O resto era pensar em tudo o mais. Nas oportunidades, na felicidade que me faz vibrar, na energia poética, lírica, pura e simples que me faz abraçar a vida nesses momentos e nessa roda-viva que torna o tempo tão relativo. Esse eterno fingir não aceitar o que aceitamos, nos momentos de sentir mais uma vez o brilho no olhar, como uma declaração de amor à terra da gente.
Nesses retornos, o tempo se desvela ao desenrolar seu fio. Com isso, já fiz muitos intervalos na minha vida: questionamentos para entender esses sentimentos enormes que me movem, essas demonstrações metafísicas do meu pensamento. Imaginar como poderia eu ser assim tão instintiva? Por que acreditava nos sonhos e na minha voz interior, que só eu julgo ouvir? Por muitas vezes eu mesma me considerei uma contradição entre a inteligência racional e a intuição. Que agora era o epicentro. Pensamentos dispersos a inventar um sonho novo, verde e profundo como a chapada. Ouro sobre verde... Deslumbrante!
O avião já desacelerava. Olhei no espelho os meus olhos escuros e alegres. Olhei o vale lá embaixo e a emoção sorriu comigo. Olhei pela janela. As nuvens raspavam minhas lembranças. O vácuo me mostrava as entranhas da terra, verde e bela. Meu chão!
Depois, o pouso. O ranger do freio. A escada. Passos apressados. Ansiosos. Mala. Taxi. E finalmente o Crato, mãe gentil. Baixei a vista emocionada. Na minha frente a luz imensa do sol do Cariri. O solo. O cheiro de chuva. Apanhei a mochila. Meus dedos tocaram suavemente meus pés. Estava em Crato e guardava essa emoção como se guardasse um tesouro precioso. E era. Já não havia que pensar no tempo... A viagem tinha acabado. Mais um sonho havia começado.
Na verdade, eu me sentia entre duas terras, e, acima das nuvens, meus pensamentos pareciam perder-se em algum recanto de pura felicidade. Que significado tinha o tempo naquele momento? Que significado tinha o ensejo de retornar ao Crato mais uma vez. Que sentido teria esse sentimento tão forte que me toma a cada vez que posso estar de volta ao meu torrão querido? Fazer o que? Eu havia saído numa hora e chegaria 50 minutos depois... o voo curto e rápido tinha a dimensão desse sonho esculpido em nuvens em meio aos céus azuis.
Pensava nessas coisas. Na minha chegada ao Crato, mais uma vez, e na alegria concreta que isso sempre me proporciona. O resto era pensar em tudo o mais. Nas oportunidades, na felicidade que me faz vibrar, na energia poética, lírica, pura e simples que me faz abraçar a vida nesses momentos e nessa roda-viva que torna o tempo tão relativo. Esse eterno fingir não aceitar o que aceitamos, nos momentos de sentir mais uma vez o brilho no olhar, como uma declaração de amor à terra da gente.
Nesses retornos, o tempo se desvela ao desenrolar seu fio. Com isso, já fiz muitos intervalos na minha vida: questionamentos para entender esses sentimentos enormes que me movem, essas demonstrações metafísicas do meu pensamento. Imaginar como poderia eu ser assim tão instintiva? Por que acreditava nos sonhos e na minha voz interior, que só eu julgo ouvir? Por muitas vezes eu mesma me considerei uma contradição entre a inteligência racional e a intuição. Que agora era o epicentro. Pensamentos dispersos a inventar um sonho novo, verde e profundo como a chapada. Ouro sobre verde... Deslumbrante!
O avião já desacelerava. Olhei no espelho os meus olhos escuros e alegres. Olhei o vale lá embaixo e a emoção sorriu comigo. Olhei pela janela. As nuvens raspavam minhas lembranças. O vácuo me mostrava as entranhas da terra, verde e bela. Meu chão!
Depois, o pouso. O ranger do freio. A escada. Passos apressados. Ansiosos. Mala. Taxi. E finalmente o Crato, mãe gentil. Baixei a vista emocionada. Na minha frente a luz imensa do sol do Cariri. O solo. O cheiro de chuva. Apanhei a mochila. Meus dedos tocaram suavemente meus pés. Estava em Crato e guardava essa emoção como se guardasse um tesouro precioso. E era. Já não havia que pensar no tempo... A viagem tinha acabado. Mais um sonho havia começado.
Claude Bloc
8 comentários:
Claude
Você descreveu com muita sensibilidade e perfeição o sentimento que nós cratenses sentimos quando retornamos à terra.
Parabéns!
Claude,
Parabéns pelo texto.O Crato tem uma magia, uma energia que só nós cratenses sabemos.
São as energias que emanam da serra ou quem sabe da cratera de um antigo vulcão.
abraços
Maria Amélia
Claude, querida amiga,
Como é lindo o seu amor ao Crato,
entre o céu e as núvens, a Chapada certamentese supera....
Beijos !
Claude,
Estou torcendo por você. Que os seus sonhos se realizem. É isso mesmo, chegar ao Crato é sempre emocionante!
Está de parabéns pelo lindo texto.
abraços
Magali
Amigos: Carlos Eduardo, Maria Amélia, Edilma e Magali,
Realmente só quem entende esse amor que sentimos pelo Crato são as pessoas daqui. Como já falei em outro texto, os cratenses amam o Crato de forma especial (arraigados ao torrãozinho de açúcar). Como nunca se viu no mundo.
Abraços e grata pelas palavras...
Querida Claude!
Estive com você nessa viagem e sinto-me feliz ao ler esse belíssimo texto escrito por você.
Parabéns!
Grande Abraço
Glória
Puxa, Claude, que lindo !
É tudo poesia. E poesia que vem do sentimento. Do sentimento de uma européia que gamou o Crato.
É tudo muito simples. Pra que esse hermetismo e essa intelectualidade exacerbada para dizer as coisas ?
E nem lirismo comedido é. Em você é tudo libertinagem. Ave Bandeira, ave, Ascêncio!
Glória e Zé Nilton,
Pois é, estou na terrinha! Agradeço pela gentileza dita a respeito do meu texto. Quando os sentimentos são verdadeiros geram reações de alegria, sorrisos brotam sem dificuldade, trazendo de volta lembrnças queridas.
Fico feliz em ter-lhes passado um pouco do que senti nessa vinda ao Crato
Abraço,
Claude
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