Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Raimundo Elesbão de Oliveira - Poeta do Araripe - por Joaquim Pinheiro Bezerra de Menezes.




Seu” Raimundo Elesbão era figura respeitadíssima na família da minha mãe, que tem raízes em Araripe. Meu pai, por outro lado, sempre o citava como exemplo dos que vencem a custo do seu próprio esforço. Repetia sempre que aprendeu a ler já adulto, logo tornou-se professor, repassando aos outros o que aprendera praticamente sozinho. Inteligência rara, mas alma simples, raramente se ausentava de Araripe. Eu sabia que ele escrevia bem e era bom poeta, mas não conhecia nenhum texto da sua autoria. Na minha última viagem ao Crato, ganhei do meu primo Tadeu Alencar (Cevema), neto de “Seu” Raimundo, um exemplar do livro A vida e o Verso, lançado em comemoração ao centenário do nascimento do seu avô. Mesmo tendo informações de que a produção era de alto nível, a qualidade dos versos me surpreendeu. Transcrevo duas poesias para dar noção da profundidade da obra:



CHE GUEVARA



Idealista e herói autêntico

Plantaste no solo da Bolívia

A semente prolífera do teu sonho.



A mocidade sonhadora

Do mundo inteiro

Prosterna-se reverente

Ante o teu sacrifício.



De Sierra Maestra

A Villagrande

Fizeste a tua escada

Para ascensão da imortalidade.



Há de perdurar o teu nome,

Perdurar para sempre

Na memória imorredoura,

Nos infindos evos

Das idades infindas.



Como Cristo no calvário

Redimindo a humanidade,

Redimiste com teu sangue

Nossa crença no povir,

Nossa crença sempre ardente

Que freme e palpita

N’alma da juventude

De todo o mundo.



Regaste com a seiva rica

De teu sangue generoso

As selvas virgens, bravias,

Das serras bolivianas.



Delas breve surgirão,

Como de outras partes, também,

Idealistas teus irmãos,

Irmãos nos mesmos sonhos,

Filhos do mesmo ideal.



Quando, então, se cumprirá

O compromisso formal

Que nobremente firmaste

Com a juventude que sonha

No mundo contemporâneo.



Araripe – 1967



O HOMEM NA ROTA DA VIDA



Não se sabe quando

O homem surgiu

Na face da terra;

Sabe-se, porém,

Que há muitos milênios

Vem ele lutando,

As vezes sorrindo,

As vezes chorando

Ou fazendo guerra.

E assim, nesta faina

Vem ele também

Um dia sonhando,

Ou triste pensando

No incerto destino.

Contudo não se cansa;

Após tanta lida

É sempre sua guia,

Nas rotas da vida,

A doce esperança.



Araripe – 1975

Um comentário:

Valdecy Alves disse...

Visite o meu blog: www.valdecyalves.blogspot.com e leia poesia vencedora de concurso homenageando o Estado do Ceará, Brasil. intitulada: CANTO AO CEARÁ. Coletânea lançada em 21 de janeiro de 2010. A partir do meu blog pode acessar páginas de outras poesias de minha autoria e vários documentários postados em minha conta no youtube. Grato!