Compressão sobre a alma.
Tenho pressa, ânsia pelo que me escapa.
Tudo como que se me esvai,
e nem a palavra, o gesto, o silêncio
podem estancar.
Hemorragia em que perco de mim substância,
plasma, alma, coração.
O tudo que em mim é coincidente com esse substrato.
Fugidio, frágil.
Untouchable.
Denso como brumas e certezas do ser.
Espasmos que me atravessam brônquios e útero até que me quedo desarmada.
Tudo são imagens, cenas, memórias.
Espasmos na alma.
Conexões.
Refúgios clandestinos, no tempo e no espaço.
Corro para ficar só, triste,
triste que nem uma coisa,
que nem um bicho.
Ferido.
Incomunicável.
Publicado em A impossível transcrição (De tudo fica a poesia).
Mandala. Foto de MVítor.
Um comentário:
Ana Cecília,
Uma beleza de texto!
Profundo, reflexivo, perfeito no tratar das palavras e das idéias. Ímpar no modo de capturar os sentimentos do leitor, conduzindo-o a uma reflexão. Um seguir contínuo e suave no seu dedilhar das coisas da alma.
Abraço,
Claude
Postar um comentário