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domingo, 21 de fevereiro de 2010

ZÉ DANTAS - Por Marcos Barreto


COM ZÉ DANTAS, O SERTÃO VIROU MÚSICA




Um número incalculável de pessoas já ouviu baiões, xotes e forrós cantados por Fagner, Alceu Valença ou Elba Ramalho, como por exemplo, Riacho do Navio (com Fagner), Cintura Fina e Vem Morena (com Alceu Valença) ou, ainda, Imbalança (com Elba Ramalho). O que elas não sabem, no entanto, é que estas músicas não são inéditas, mas, na verdade, grandes sucessos de Luiz Gonzaga lançados na década de 50.
Mais intrigante ainda é o fato de quase toda essa gente desconhecer a participação do grande poeta Zé Dantas na criação destas e de tantas outras músicas que foram consagradas na voz de Luiz Gonzaga e que, sem dúvida, ajudaram Gonzaga a conquistar o troféu de Rei do Baião.
Motivado por isto e pela grande admiração que sempre tive por todo o trabalho que Zé Dantas desenvolveu junto a Luiz Gonzaga é que me dispus a fazer um pequeno relato sobre este que foi, indubitavelmente, um dos maiores compositores da música sertaneja. Além de médico e poeta, Zé Dantas foi acima de tudo um autêntico sertanejo, jamais tendo negado esta condição. Aliás, Zé Dantas sempre foi um amante do sertão e soube fazer dele a sua fonte de inspiração.
Conhecido apenas por Zé Dantas, o seu nome era José de Souza Dantas Filho. Nasceu a 27 de fevereiro de 1921, em Carnaíba, no interior de Pernambuco, sendo filho de José de Souza Dantas e Josefina Alves de Siqueira Dantas. Nesta época, Carnaíba era distrito de Pajeú das Flores. Ainda criança, demonstrou a sua extraordinária capacidade de observação, sua aguçada sensibilidade com relação ao mundo que lhe cercava e o seu apego a tudo aquilo que simbolizava o sertão.
Apesar de morar na cidade, Zé Dantas sempre freqüentou a Fazenda Brejinho, no Riacho do Navio, em Betânia - PE, que pertencia aos seus pais. Aos nove anos de idade, começou seus estudos preparativos para o exame de admissão em Triunfo-PE. Logo em seguida, passou a estudar em Recife, tendo concluído o 1º e o 2º graus nos colégios Nóbrega, Marista e Americano Batista.
Mesmo estando distante de Carnaíba, Zé Dantas continuou convivendo com o sertão, para onde se dirigia durante o período de férias. Na Fazenda Brejinho, gostava muito do contato com aquela gente simples, convivendo com os vaqueiros e trabalhadores da fazenda. O próprio Zé Dantas nos faz um relato sobre a sua vida de criança e as influências que recebeu no decorrer deste período:
“Desde menino eu era amante do folclore. Gostava de ouvir as coisas que o povo dizia e cantava, dando largas à sua sabedoria. Quando estudante em Recife, sempre que ia de férias para o interior, em vez de à cidade, preferia dirigir-me à fazenda que meu pai possuía. Ali, vivendo no meio dos sertanejos, dos quais me tornava amigo, ia recolhendo ditos, estórias, cantorias... toda riqueza da vida sertaneja. E quando regressava ao Recife levava as melhores coisas daquilo que havia recolhido, para mostrar aos amigos nas rodas que eu freqüentava. Sem saber música, eu era diretor de um orfeão no colégio e também presidente de uma sociedade literária. Acontecia então que nas festinhas do colégio eu cantava as coisas que tinha aprendido na fazenda ou ensinava a outros a cantar. Foi nessa época que escrevi a primeira crônica sobre folclore”.
Quando ainda estudante do Colégio Americano Batista, em 1938, o então jovem Zé Dantas manifestou o seu pendor para a música e o folclore do Nordeste, ao escrever, na revista “Formação”, os seus primeiros trabalhos. Eram crônicas, poesias e estórias que falavam de coisas e costumes do sertão, retratando assim o ambiente onde viveu a sua infância. Tendo nascido em Carnaíba, numa região muito seca do sertão pernambucano, Zé Dantas foi antes de tudo um sertanejo. Além disso, tinha uma capacidade admirável de expressar seus sentimentos através da poesia. Mas, Zé Dantas não se conformou em ser apenas um compositor de músicas sertanejas. Dedicou-se ainda ao estudo da vida e do folclore do Nordeste, analisando o comportamento do homem sertanejo também sob o aspecto social. Escreveu crônicas, poesias sertanejas apresentou programas de rádio e, ainda, o argumento do filme “Sertão, Balas e Votos”.
Se Zé Dantas foi sertanejo por acaso, foi ele um amante do sertão por devoção, estudioso por convicção e poeta por vocação. Dotado de todos esses requisitos, ninguém com mais autoridade do que ele para falar de sertão. Através de suas poesias, mostrou as coisas bonitas do sertão, os costumes e a vida do homem sertanejo. Da mesma forma, soube também denunciar os problemas e as injustiças sociais do povo nordestino. Sua obra, que sempre teve o sertão como motivo maior, apresenta características de cunho social e político, marcadamente. Zé Dantas foi, indiscutivelmente, um precursor das chamadas músicas do protesto, de conteúdo essencialmente político. Canções como Vozes da Seca (Luiz Gonzaga/ Zé Dantas), e a Volta da Asa Branca (Luiz Gonzaga/Zé Dantas), retratam o drama angustiante do homem sertanejo, vitimado pelas longas e periódicas estiagens que assolam o Nordeste, evidenciando também o descaso do governo no que diz respeito à solução destes problemas.
Um fato marcante e digno de observação na obra de Zé Dantas, notadamente na toada Vozes da Seca, consiste na sua ainda atualidade. Como vemos, Vozes da Seca continua hoje tão atual quanto foi na década de 50 ao ser lançada, uma vez que os problemas do Nordeste continuam sendo os mesmos, como também ainda são as mesmas as soluções reclamadas por Luiz Gonzaga e Zé Dantas há mais de 50 anos.
Para que tenhamos uma noção do impacto causado por esta toada, basta lembrarmos o seguinte episódio: um deputado federal, ao ser convocado para discursar em plenário, ao invés de ler o discurso, apenas referiu-se à música Vozes da Seca composta por Luiz Gonzaga e Zé Dantas, afirmando que a mesma tinha a força de cem discursos.
Zé Dantas, juntamente com Luiz Gonzaga, focalizou o Nordeste nos seus mais diferentes aspectos. No campo social, frisou a bravura do homem nordestino em Algodão (Luiz Gonzaga/ Zé Dantas) e as esperanças de dias melhores com o advento do progresso em Paulo Afonso (Luiz Gonzaga/ Zé Dantas).
Com parceria de Luiz Gonzaga, Zé Dantas também fez músicas brejeiras, tais como O Xote das Meninas, Cintura Fina, Vem Morena, A Letra I e outras. Juntos, cantaram o sertão nos seus aspectos mais pitorescos, como em ABC do Sertão (Luiz Gonzaga/ Zé Dantas), Forró de Mane Vito (Luiz Gonzaga/ Zé Dantas) e Samarica Parteira (Zé Dantas).
Abriram também espaço para as canções de exaltação ao sertão, como fizeram na pregação naturalista de Riacho do Navio (Luiz Gonzaga/ Zé Dantas).
Não há dúvida, portanto, de que, com a parceria de Zé Dantas, Luiz Gonzaga voltou definitivamente ao seu lugar de origem, aos pés-de-serra do sertão nordestino. Suas músicas trouxeram á tona o comportamento e a vida do sertanejo, assim como as coisas bonitas do sertão, que só um homem do sertão consegue ver; mas mostraram também os graves problemas sociais do Nordeste, os quais somente o sertanejo é capaz de suportar.
Muito antes de se formar, Zé Dantas já possuía várias músicas compostas. Durante um curso de Medicina, compôs uma embolada para fixar melhor as lições de anatomia. Em 1947, quando estava prestes a concluir o curso, deu-se o seu encontro com Luiz Gonzaga, por quem Zé Dantas tinha grande admiração.Este providencial encontro ocorreu durante uma farra na praia do Pina, em Recife, e dele resultou um grande incremento à nossa música dada à riqueza das obras produzidas por Zé Dantas e Luiz Gonzaga.
Assim nos fala Zé Dantas sobre o seu encontro com Luiz Gonzaga: “Luiz puxando o fole da sanfona, com sua voz nasalada de tenor caboclo, cantava toadas sertanejas que nos faziam evocar com emoção o longínquo Riacho do Navio e nos levavam às margens do Pajeú das Flores. Eu contava “causos” “e cantava loas aprendidas no chão batido dos forrós, à luz mortiça dos candeeiros. A identidade de vocação artística nos dispensou apresentação, a surpreendente coincidência de motivação nos tornou amigos e a música nos fez parceiros. Desde então, baseados no sincretismo musical das melodias ibéricas, ameríndia e gregoriana, que deu origem à música sertaneja, apoiados no ritmo da viola e firmados no pitoresco linguajar caboclo, temos divulgado os costumes, a arte e a vida social do homem nas caatingas do nordeste brasileiro”.
De fato, do encontro de Zé Dantas com Luiz Gonzaga, resultou uma parceria inigualável. Houve uma perfeita conciliação da maneira de interpretação Luiz Gonzaga com as características tipicamente sertanejas das composições de Zé Dantas. Para Luiz Gonzaga, Zé Dantas foi o parceiro ideal, capaz de compor músicas brejeiras de pé de serra, cantando e exaltando o sertão. Para o poeta Zé Dantas, Luiz Gonzaga representou o estilo de interpretação mais indicado para as suas músicas, pelo fato de também ser um sertanejo. Houve uma compensação mútua, onde as qualidades poéticas de Zé Dantas foram aliadas à extraordinária capacidade de interpretação de Luiz Gonzaga.
Sobre este tão significativo encontro, assim se expressou o nosso Rei do Baião, Luiz Gonzaga, quando de sua entrevista ao jornal Diário de Pernambuco, em 07/10/1978:
“Ele me procurou no hotel onde eu estava hospedado, em meados de 40. Entrou aboiando, tangendo bode, chamando porco. Disse que se chamava Zé Dantas, que era de Carnaíba de Fulô e meu fã. Depois me contou que esteve aprendendo a ler (era estudante de Medicina) e que tinha umas músicas para eu conhecer que se eu gostasse delas podia gravar. Com um pedido apenas: não colocar nunca o seu nome, para seu pai não lhe retirar a pensão. Vi as músicas, gostei, gravei. Só não cumpri a promessa: coloquei seu nome nos discos. Naquele dia em que ele entrou alegre e feliz no meu apartamento, formou-se uma longa amizade que somente a morte conseguiu destruir”.
Não obstante o fato de ter sofrido influências de sua mãe, Zé Dantas também apresentava vocação para a carreira que abraçaria, o que o levou a prestar exame de vestibular ao curso de Medicina da então Universidade do Recife. Formou-se em dezembro de 1949, por esta mesma universidade e,em janeiro de 1950,seguiu para o Rio de Janeiro com o fim de estagiar no Hospital dos Servidores do Estado (HSE), tendo a obstetrícia como sua especialização. Cinco anos mais tarde, Zé Dantas passou ao quadro efetivo do Ipase, como obstetra, após ter sido aprovado em concurso.Como médico, caracterizou-se pela sua incontestável competência e pelo seu largo espírito humanitário, tendo sido muito querido por todos os seus colegas.
Em julho de 1954, casou-se com dona Iolanda Dantas, pernambucana do Recife, professora e musa dos seus versos (Zé Dantas compôs músicas em sua homenagem, como A Letra I, Fulô Ingrata, Vou casá já, Cintura Fina e Minha Fulô), a quem Zé Dantas conhecera ainda antes de sua formatura, em Recife. Após o seu casamento, fixou residência no Rio de Janeiro, onde já trabalhava no HSE. Embora residindo muito distante de sua tão querida terra, Zé Dantas jamais esqueceu suas origens, mantendo-se sempre ligado a Pernambuco e a Carnaíba, principalmente. O seu apartamento, no Rio de Janeiro, era freqüentemente visitado por amigos seus vindos do sertão de Pernambuco.Sempre demonstrou interesse em estar a par de tudo o que ocorria na sua região.Numa das vezes em que visitou Recife, o Nordeste todo agonizava com os efeitos drásticos da seca que tanto castigava os seus conterrâneos. Sensibilizado com essa angustiante situação, Zé Dantas juntou-se a alguns amigos e organizou uma campanha com o fim de arrecadar donativos para os flagelados da seca, em Carnaíba. Ao fim da campanha, Zé Dantas conseguiu enviar um caminhão com mantimentos e alimentação para os seus irmãos do sertão de Carnaíba.
A atitude de Zé Dantas nos mostra não apenas o seu espírito humano, mas também a sua constante preocupação com o caboclo nordestino, que há tanto tempo vem sofrendo as conseqüências das periódicas secas. Inconformado com esta situação de penúria, Zé Dantas quis falar mais alto, e por isso, compôs com Luiz Gonzaga a toada Vozes da Seca, na qual eles fazem um alerta ao governo sobre a seca do sertão nordestino, ao mesmo tempo em que denunciam o descaso das autoridades no que se refere à solução do problema.A sua identidade com o Nordeste reside no fato de ter sido ele um fruto puro e legítimo do sertão, pois, tendo nascido na região do Pajeú, cresceu convivendo com o povo simples do sertão, sendo conhecedor, portanto, da vida sertaneja.
Por ter sempre defendido a bandeira do Nordeste, principalmente com as suas músicas de protesto, Zé Dantas recebeu, em 1978, uma homenagem do povo de Carnaíba, com a inauguração do seu busto, em bronze, localizado em frente à casa onde residiu. Esta solenidade contou com a presença do povo carnaibano e de amigos do compositor, além de sua família e do seu grande companheiro Luiz Gonzaga.
Em outubro de 1983, uma nova homenagem foi prestada ao poeta Zé Dantas, com a aposição de uma placa na casa onde nasceu, em Carnaíba. Nesta placa, que foi inaugurada por Luiz Gonzaga e pela esposa de Zé Dantas, dona Iolanda Dantas, lê-se o seguinte: “Nasceu nesta casa, no dia 27 de fevereiro de 1921, o famoso compositor da música popular sertaneja, Dr. José de Souza Dantas Filho-Zé Dantas.
Homenagem do povo Carnaibano na 1ª Semana da Cultura”.
A parceria de Luiz Gonzaga com Zé Dantas teve início logo depois do primeiro contato, em 1947. No entanto, a primeira gravação só veio se concretizar em janeiro de 1950, com a música Vem Morena. Só então foi que Zé Dantas viveu a emoção de ouvir a sua primeira música em disco, na voz de Luiz Gonzaga.Nesta época, Zé Dantas fazia o programa “No Mundo do Baião”, ao lado de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, na Rádio Nacional (Rio de Janeiro), onde divulgavam estórias e músicas sertanejas.A partir de então, surgiram muitas outras músicas, que fizeram grande sucesso durante a década de 50.Alguns destes sucessos são hoje revividos na voz da mais nova geração de cantores nordestinos.
Dentre as inúmeras músicas que compôs, a maioria delas com a parceria de Luiz Gonzaga e com grande aceitação, podemos destacar: A Dança da Moda, Vem Morena, O Xote das Meninas, Sabiá, Vozes da Seca, Imbalança, Pisa no Pilão, Riacho do Navio, Paulo Afonso, Algodão, Forró de Mané Vito, A Letra I, Cintura Fina, Siri Jogando Bola, A Volta da Asa Branca, Acauã (sua música predileta), Noites Brasileiras, Derramaro o Gai, ABC do Sertão, Adeus Iracema, Farinhada, São João na Roça, Xote Miudinho, Vou Casá Já, Lenda de São João, Mazé e Zabé, Forró em Caruaru e São João no Arraiá, entre outras.
Não apenas parceiros, Luiz Gonzaga e Zé Dantas foram, antes de tudo, grandes amigos, havendo entre eles uma admiração recíproca.“A voz do Luiz completa o que quero dizer ao meu povo”, assim costumava falar Zé Dantas.Porém havia um problema que dificultava a continuação desta parceria: Luiz Gonzaga viajava muito pelo País, ficando pouco tempo no Rio de janeiro.Isto fez com que a parceria fosse desfeita, em 1955, passando Zé Dantas a compor sozinho, sem a participação de Luiz Gonzaga.A partir daí, Zé Dantas passou a compor também para outros cantores, como Jackson do Pandeiro, Marines e Jair Alves.Neste período, Luiz Gonzaga continuou gravando músicas de Zé Dantas, porém sem participação na composição das mesmas.
Poucos dias antes de morrer, Zé Dantas recebeu a visita de Luiz Gonzaga e, nesta ocasião, gravou as músicas que compôs durante o período em que esteve hospitalizado: Forró de Zé Antão, Praias do Nordeste, Xô Pavão (música que Zé Dantas cantava para adormecer seus filhos), Profecia e Balança a Rede (dedicada à sua mãe). Luiz Gonzaga gravou todas estas músicas porém, quando o disco saiu, Zé Dantas já não era mais vivo. Depois de sua morte, duas músicas inéditas ainda foram gravadas: Samarica Parteira (por Luiz Gonzaga) e Chegada do Inverno (pelo Quinteto Violado).
Acometido de uma grave enfermidade, Zé Dantas passou o último ano de sua vida praticamente entre a casa e o hospital. Sua morte deixou um enorme vazio entre aqueles que com ele conviviam, constituindo-se, ainda, na perda de um dos maiores talentos da música popular brasileira. Zé Dantas morreu no mesmo hospital em que foi médico durante muitos anos, no Rio de Janeiro, cercado pela família, amigos e colegas, em 11 de março de 1962, aos 41 anos de idade. O seu corpo foi velado no Rio de Janeiro e, em seguida, trazido por seus amigos para o Recife, atendendo assim ao último desejo do compositor que queria ser sepultado em Pernambuco, com uma cruz de madeira e um bode a lamber a cruz.
Ao despedir-se de Zé Dantas, falando à beira do túmulo, o seu amigo e colega de trabalho, Carlos Afonso, assim se expressou: “Foste cedo demais. Deixaste-nos para sempre, mas tua obra imorredoura aí está e ficará para que te honrem cantando eternamente, como tu querias. Ainda há poucos dias, cantavas uma das últimas composições. Bem doente, cansando com facilidade, cantavas e rias. Aquela tua última vontade de dedicares na música um maior conhecimento de idéias sociais, não a concretizaste. Mas tua obra é longa e cheia de história, geografia, folclore e principalmente, humanidade”. Sertanejo por excelência, médico, compositor, poeta e grande conhecedor do nosso folclore, Zé Dantas, ao lado de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, batalhou incansavelmente pelo engrandecimento não apenas da música nordestina, mas da música brasileira como um todo. Em parceria com Luiz Gonzaga, Zé Dantas tornou o sertão conhecido no Brasil inteiro, quando mostrou a Acauã que canta chamando a seca, A Volta da Asa Branca, depois das primeiras trovoadas, as Vozes da Seca, que clamam por uma ajuda, a vida simples e pacata às margens do Riacho do Navio, o baião que era A Dança da Moda, os namoros nas festas de Farinhada, O Xote das Meninas no Forró de Mane Vito, a assistência improvisada por uma Samarica Parteira, ou ainda, as alegrias de um São João na Roça.


Marcos Barreto de Melo

6 comentários:

Claude Bloc disse...

Marcos,

Desse assunto eu gosto muito. Grata pela presença ilustrativa.

Meu abraço dominical

bom domingo

Claude

Marcos Barreto de Melo disse...

Olá Claude Bloc

Muito bom saber que você gostou do texto. Obrigado pelo incentivo.

Abraço,

Marcos

Aloísio disse...

Marcos,
É bom ver você firme na divulgação de nossa cultura, nos lembrando e trazendo informações importantes de Zé Dantas, êste grande ícone nordestino.
Abraços

socorro moreira disse...

Marcos,
Você foi muito feliz , na escolha do homenageado para postagem. Amei !
Sempre valorizei o trabalho de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga, sem esqquecer , e até privilegiar a genialidade de Zé Dantas !

Abraços.a gen

Carlos Eduardo Esmeraldo disse...

Alô Marcão

Um abraço. Lição competente e aprendida por esse seu aluno lá do São José.

Marcos Barreto de Melo disse...

Aos que comentaram o texto, o meu agradecimento.

Marcos