Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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sábado, 27 de março de 2010

PALAS ATENÁ: A JUSTA, A SÁBIA - por Stela Siebra Brito

Nascida da cabeça de Zeus, Palas Atená é a deusa paladina, a deusa da inteligência, da razão, do equilíbrio e do espírito criativo.
Conta a mitologia grega que Zeus engoliu sua primeira esposa, Métis, que dele estava grávida. Zeus fora aconselhado por Urano e Géia, que sabiam que se Métis tivesse uma filha e em seguida um filho, este destronaria o pai do seu poder supremo.
Foi assim que completada a gestação normal de Palas Atená, Zeus foi acometido de uma forte dor de cabeça. Ordenou a Hefesto, o ferreiro real, que lhe abrisse o crânio com um machado. E eis que salta da sua cabeça aberta, uma jovem deusa vestida e armada com uma lança e a égide, dançando uma dança guerreira. De imediato se engajou ao lado do pai na luta contra os gigantes.
Sua bravura é calma e refletida. Ela é sábia e vitoriosa.
Quando disputou com Posídon o domínio da Ática, fez brotar da terra a Oliveira, sua árvore favorita. Já a ave predileta da deusa é a coruja, símbolo da reflexão e do conhecimento racional.
Por ser sábia e equilibrada, era deusa guerreira e deusa da paz. Boa conselheira para os governantes, e para o povo, é a protetora, é quem garante a justiça. É a guia das artes, preside à literatura, à filosofia, à música.
As artes práticas é ela, também, quem preside; é a “Obreira”, protetora dos trabalhos femininos de fiação, tecelagem e bordados.
E foi na arte da tecelagem e bordado que ocorreu o fato da disputa com Aracne, a vaidosa rival de Palas Atená.
Ora, todos na região da Lídia conheciam a bela e talentosa Aracne. Ela tecia e bordava com tal esmero, que era chamada discípula de Palas Atená. Mas faltava modéstia à Aracne, pois julgava ser melhor que a deusa na arte de tecer e bordar, a ponto de desafiá-la para um concurso público.
Palas Atená aceitou o desafio, mas dando uma oportunidade à Aracne de retratar-se da ousadia, apareceu-lhe na forma de anciã, aconselhando-a a ser mais comedida, que depusesse sua hybris, seu descomedimento, porque os deuses não admitiam competição com os mortais. Aracne insultou a anciã. A deusa, então, apresentou-se em todo seu esplendor de imortal e, cheia de indignação, aceitou o desafio. Representou numa colorida tapeçaria, os doze deuses do Olimpo em toda sua majestade. Com malícia, Aracne bordou os amores dos deuses, principalmente as aventuras amorosas de Zeus. Seu trabalho era impecável, uma verdadeira perfeição. A deusa das artes o examinou atentamente e não encontrou nenhum deslize, nenhum defeito. Estava vencida ou pelo menos equiparada a uma simples mortal. Mas estava também furiosa pelas cenas criadas por Aracne. Rasgou o belo trabalho da artista e a agrediu. Insultada e humilhada, Aracne tenta enforcar-se, mas Palas Atená impede o gesto, sustentando-a no ar e transformando-a em aranha, condenada a tecer pelo resto da vida.
Foi ainda como “Obreira”, de espírito criativo, que idealizou e presidiu a construção do navio Argo, que velejou com vários heróis, comandados por Jasão, em busca do Velocino de Ouro, na famosa Expedição dos Argonautas.
Outros heróis também tiveram a proteção de Palas Atená: Ulisses, Aquiles, Hércules, Perseu. A este último ela emprestou o escudo de bronze, polido como um espelho, para enfrentar a terrível Medusa, cujo olhar flamejante e penetrante transformava em pedra quem o fixasse. Com a proteção também de Hermes, Perseu paira sobre as Górgonas e, não podendo fixar Medusa, refletiu seu rosto no escudo, decapitando-a. A cabeça de Medusa foi colocada por Palas Atená no seu escudo para funcionar como um espelho da verdade, combatendo seus adversários, petrificando-os de horror ao contemplarem sua própria imagem.
Palas Atená era sobretudo protetora e defensora de Atenas. Ésquilo narra seu discurso de paz, de liberdade, de justiça e democracia no final do julgamento de Orestes, onde a deusa vencendo as Erínias, com o escudo da razão, restabeleceu o domínio da ordem sobre o caos e da luz sobre as trevas. Seu discurso aos cidadãos atenienses estabelece um Conselho de Juizes para a cidade, invoca o respeito e repudia a amargura e o despotismo:

“... Se respeitardes, como convém, esta augusta Instituição,
tereis nela baluarte para o país, salvação para a Cidade.
Incorruptível, venerável, inflexível, tal é o Tribunal,
que aqui instituo para vigiar, sempre acordado,
sobre a Cidade que dorme.”

2 comentários:

Stela disse...

Quando abri o Cariricaturas hoje, vi que tinha alguns escritos sobre Palas Atena. Resolvi trazer minha contribuição sobre o mito - um artigo que escrevi e publiquei na revista eletrônica de Astrologia "Porto do Céu", já faz um tempinho. Boa leitura.

socorro moreira disse...

Disse tudo, disse bem !
Você tem qualquer coisa de Atena
Ou será que muito tem ?

Um abraço, querida !
Estamo na sintonia ...