Acontecia a festa de São Raimundo Nonato em Várzea Alegre e a cidade já estava cheia. Eram: Jogadores, prostitutas, fotógrafos, descuidistas e outros mais. Paralelo a festa chegou na cidade um novo destacamento vindo de Juazeiro, tendo como comandante o capitão Nonato, que também era chegado a uma aguardente, mesmo estando de serviço.
Na tarde do último dia de festa, José Querendo bebia na feira, quando não sei porque cismou com um dos policiais novatos. Murro vai murro vem e uma hora lá, Zé desceu uma banda de cambito na cabeça do policial. Mas pra que ele foi fazer aquilo? Foi mesmo que assanhar um boca torta, chegou mais de dez soldados para vingar o companheiro, Zé apanhou mais do que enteado e ainda foi preso. Ou família grande e unida só é a de soldado.
Depois da prisão de Zé Querendo, um irmão e o pai dele ficaram boatando na cidade , dizendo que se mais alguma coisa acontecesse com zé eles acabariam com a raça.
O pai dizia:
- Se eles tornar a açoitar Zé meu, eu faço do mermo jeito qui os galego de Quilar fizero cum os ôtos.
O irmão dizia:
-Eles num tão nem cum a gota prumode querer bater mais im Zé meu irmão. Se Zé aparecer cum um biliscão, num vai sobrar mais nem um sordado.
Quando eles faziam esse comentário, o motorista Misquece ouviu a conversa e foi correndo dizer ao capitão:
- Seu capitão, seu capitão! Tem dois Querendo bebendo ali no bar de Alberto e tão dizendo que vão botar a polícia pra correr, se não soltarem Zé Querendo.
O capitão juntou a tropa, quando chegaram no bar, não deu nem tempo dos dois cuspirem, depois de alguns sopapos estavam os três Querendos juntos na cadeia.
O capitão olhou para Zé e disse:
Pronto Zé. Nós trouxemos seu pai e seu irmão para lhe fazer companhia. Família unida permanece unida.
Quando foi a noite a polícia foi chamada no Ingém Véi, onde tinha um cabra de Matorzinho, com um chapéu de couro, sem querer deixar o pessoal dançar a gafieira que Bié tocava. O moço estava mais alterado do que petista fora do primeiro escalão do governo. O policiamento chegou, o sujeito quis correr mas não deu tempo. Só ficou inteiro o chapéu de couro um santinho de um candidato a vereador, que ele tinha no bolso. Depois do elemento imobilizado.
O capitão colocou o chapéu numa mesa e falou:
- Pode tocar a gafieira Seu Bié. Se algum engraçadinho colocar esse chapéu na cabeça, vai passar o resto da festa do padroeiro no xadrez.
A festa continuou e algumas pessoas que não sabiam do acontecido, foram chegando e botando o chapéu na cabeça. Depois disto o capitão lotou duas viaturas de presos.
Na manhã seguinte o carcereiro Luís Miguel chegou com uma quartinha de água para os presos, quando o dono do chapéu perguntou:
- E aí Seu Luís. Como é que vai ficar? Eu vim lá de Matorzinho só pagar uma promessa a São Raimundo e tou preso.
O carcereiro respondeu:
- Se preocupe não, meu rapaz. Você não vai ficar devendo nada a São Raimundo. Não tem promessa no mundo que maltrate mais um cristão do que a mão de peia que você levou esta noite.
Depois disso Mundola que era o comprador oficial de cigarros dos presos desceu o alto da cadeia gritando.
- Eita! Qui a cadeia tá isborrotando de preso,.Eu contei quinze. Tem três Querendo e doze sem querer.
Mundim do Vale
Um comentário:
muito bom esse texto do raimundinho ele sempre escrevendo coisas interessantes
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