estendo a mão
pra o fio de seu olhar
a sombra do rosto
se quebra quando olho
pra trás e está seco o dia
é o que vejo
desta margem sem poesia
o tempo começa
com a palavra nunca
quem sabe
são as corda de um violão
três vezes vibrando
agudo!
grave!
alguém que entende a música
do tempo que vem
pra salvar seu dia
é o que vejo
desta margem sem poesia
homens descontrolados
eu não sei
mulheres mortas
que precisavam de alguém
pra lhes dizer:
sem você o que seria do meu dia?
é o que vejo
desta margem sem poesia
afiam o peito
na pedra que desgata o tempo
pra recortar o silêncio
e fazer uma roupa
de vestir a nudez do dia
é o que vejo
desta margem sem poesia...
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