Qual o significado da sigla PPP ??? O que representa essa “ruma” de uma mesma consoante, juntas e enfileiradas ??? Será alguma misteriosa fórmula miraculosa de rejuvenescimento ??? Ou o passaporte de aprovação no próximo vestibular ??? Você já leu algo a respeito, mas momentaneamente não está lembrado ??? Ou nunca ouviu mesmo falar do que se trata ??? Despreocupe-se, relaxe e goze; não estamos falando de nenhum indecifrável e revolucionário código secreto usado por terroristas árabes visando detonar o planeta Terra, tampouco a sonhada senha que lhe abrirá as portas do céu ou mesmo a temível chave para decifrar os insondáveis enigmas do inferno.
Na realidade, “PPP” é tão somente a abreviatura da expressão “Parceria Público-Privada”, um artifício de política econômica que visa juntar esforços e recursos público e privado, objetivando um determinado investimento produtivo, normalmente no longo prazo e em projetos de infra-estrutura.
Pois bem, ao terceirizar a programação e área destinada aos shows da Expocrato, o poder público municipal sub-repticiamente (ou não ???) acabou por firmar algo parecido com uma PPP, embora de forma um tanto quanto atabalhoada e deletéria, já que outorgando amplos e irrestritos poderes à abusada e sequiosa iniciativa privada para, desumanamente, explorar a população e enfiar-lhe goela abaixo certas xaropadas forrozeiras intragáveis, a preços aviltantes.
E aí acontece algo curioso: temos dois distintos eventos em um só local (na parte de “cima” e na de “baixo”), dois díspares mundos absolutamente conflitantes num espaço reduzido, cada um com o seu respectivo público, divorciados e alheios um a outro; de um lado, um exército peso-pesado de jovens, com a corda toda, com gás pra dar e vender, notívagos por natureza (já que viciados em “pegar o sol com a mão”) e que só aparecem no recinto da “Expocrato” na hora dos shows e já devidamente
“turbinados/calibrados” das badalações de final de tarde do Granjeiro e adjacências (tal qual morcegos sanguinolentos, durante o dia se recolhem, parecem ter verdadeiro pavor à luz solar); na outra ponta, um significativo e nada desprezível contingente de pessoas simples e peso-leve, que vai ao “parque” durante o dia pra passear, levar a criançada pra ver a bicharada (bois, cachorros, galinhas e por aí vai), rodar no carrossel, na roda-gigante e por aí vai, comer filhós, charutos e tais, tomar uma geladinha ou simplesmente rever os amigos chegantes de outras plagas e colocar o papo em dia.
Pois bem, no momento em que a “conversa-mole” (recorrente) volta à tona, no tocante à “relocalização” da Expocrato lá pras bandas daquela cidade vizinha (o Governo do Estado quer porque quer, por cima de pau e pedra, nos impingir tal castigo), numa clara tentativa de esvaziá-la, sepultando de vez a única festa que ainda nos rende mídia, prestígio e dividendos sócio-econômico-finaceiros, tomamos a liberdade de sugerir o desmembramento dos dois mundos, e que presumivelmente atenderia aos interesses de gregos e troianos, a saber: 1) a arena de shows, embora constando da programação-divulgação oficial da festa, continuaria terceirizada (já que a prefeitura não tem o mínimo interesse em assumir), seria desmembrada e transferida para um local preferencialmente fora da cidade (lá pras bandas do São José e entorno), previamente escolhido pela Prefeitura Municipal, que para tanto criaria uma estrutura mínimo-básica necessária (e não tão cara) para recepcionar artistas, público e barraqueiros; com clientela cativa e numerosa, sedenta de diversão, disposta a ir onde o barraco for armado e transpirando adrenalina por todos os poros, os riscos de insucesso serão mínimos e assim os promotores continuarão a ganhar rios de dinheiro (aqui em Fortaleza, por exemplo, algumas casas de shows se localizam literalmente dentro do mato e clientes não faltam, de segunda a domingo); 2) já a exposição de animais, carros, artesanato, parque de diversão infantil, stands de bancos, desfiles e por aí vai, freqüentada pelo mortal-comum (sem pressa e sem stress), ficaria no “velho parque”, para deleite daqueles “saudosistas” que se acostumaram a freqüentá-la num ambiente de paz e tranqüilidade, encontros e reencontros, furtivas paqueras e inolvidáveis recordações.
O reflexo imediato de tal providência se faria sentir de imediato: as reclamações dos moradores vizinhos em relação ao barulho acabariam, os doentes do Hospital São Francisco teriam o sossego que reclamam, o transito certamente fluiria dentro dos conformes (acabando com os terríveis congestionamentos e buzinaços) e, até, se acabaria de vez com a absurda exploração nos estacionamentos disponíveis no entorno do parque.
E o melhor: o nosso “parque de exposição” continuaria lá, imponente, firme e forte, como uma referencia positiva e orgulhosa de todos que amam o Crato.
Texto e postagem: José Nilton Mariano Saraiva
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quinta-feira, 29 de julho de 2010
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6 comentários:
José Nilton,
Porque impigir tamanho castigo aos moradores "das bandas do São José e entorno"?
Eles aceitariam esse lixo que você quer transferi-lo pra lá?
Não seria o caso de rediscutir o formato da Expo? inclusive dessas atrações "artísticas"?
Ficam estas dúvidas.
Abraços.
Prezado Aloisio,
Realmente, seria um grande e terrível castigo para os moradores daquele aprazível recanto.
No entanto, não somos nós que queremos "transferí-lo pra lá", conforme você chega a sugerir.
O que se comenta nos bastidores (e ouvimos isso no recinto do próprio parque, dias atrás) é que se o Governo do Estado findar por impor sua obstinada vontade de
"transferir ou relocalizar" a exposição (por cima de pau e pedra, quer chova ou faça sol), a área a ser "privilegiada" seria
aquela, daí a menção que fizemos.
Quanto à "rediscussão do formato" da Expo, inclusive das atrações
"artísticas", fica difícil acreditar em mudanças de porte, se a coisa continuar em mãos de empresários descompromissados com a "qualidade" e que só visam o lucro.
Portanto, que desde já se ponham de prontidão os residentes da área.
Caro Zé Nilton
Como "habitante" de um paraíso chamado "São José" repudio tal proposta. Veja que o comentarista acima, o Aloísio é um baiano que conheceu o São José na últimaSemana Santa e está capaz de ir à briga em defesa do São José. A forrozada pode ir para os quintos dos infernos...
Carlos,
Assino sua manifestação sem pestanejar (agora, que o assunto foi ventilado na Expocrato, disso não tenha dúvida).
Caro José Nilton,
A Expocrato, como manifeatação de cultura ou música, há muito tempo já é um lixo. Um pacote nada compromissado com nossas raizes ou nossa cultura, explorado por grupos inescrupulosos beneficiados pela prefeitura. Nasci e me criei no São José, onde até hoje residem minha mãe e irmãos. Os benefícios que aí chegaram, foram trazidos pela iniciativa privada e não pelo poder público. Aliás, a prefeitura pouco olha para este recanto. Além disso , o meu "São José" não é nem um lixão. Levem essa escória para outro lugar.
Marcos Barreto de Melo
SSA - Ba
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