No engatinhar da raça humana, a noção de tempo limitava-se à observação do movimento das estrelas ou à intensidade do brilho solar. Passaram-se muitas luas e muitos sóis até que as civilizações aprendessem a identificar no tempo as estações do ano. Séculos se foram até a teoria da relatividade de Einstein e a precisão suíça dos relógios. Mas o que nos fascina mesmo e o que nos motivou a escrever essa crônica, é o tempo como lenitivo, intervalo do refluxo das marés, qual na canção COMO UMA ONDA, de Lulu Santos: - “... nada do que foi será igual ao que a gente viu há um segundo/ tudo muda o tempo todo no mundo”...
É esse tempo que age como bálsamo, alívio na grande dor da perda. Que enxuga nossas lágrimas e nos tira da desolação no amanhã. Traz de volta a cor rosada e o semblante alegre à mãe que chorou ontem, faz-nos esquecer um desafeto e tranqüiliza nossa alma após sepultarmos os entes queridos. Diminui nossas culpas, se as tivermos; pede carona ao passado e lá, amigo da memória, permite que abracemos nossos bons momentos e que reflitamos sobre nossas distorções da vida.
É o apagador do quadro negro das nossas dores. Somos o antes no agora. O passado a onda já lavou e levou. Hoje é o grande momento. Deus não retirou o sol, a lua nem as estrelas, quando perdeu, feito homem, seu astro maior. Não deixou na escuridão os outros filhos. Com o tempo perdoou-nos, sob uma condição: que ficássemos à deriva, tal barcos desmastreados, quanto ao terceiro estágio do tempo, que só a Ele pertence – o futuro, a outra ponta do elástico do Khronos. Daí a verdade na expressão popular, de que “o futuro a Deus pertence”.
É a casa onde mora a grande dúvida do homem. Pode ser o céu, pode ser o inferno. Somos meros arrogantes, infinitos apenas no nosso breve tempo!
4 comentários:
Lindo, João Marni !
Texto rosado como a tua alma !
João Marni,
Eu estava precisando ouvir estas palavras...
Obrigada se indiretamente me acalmou o coração.
Grande Abraço!
João Marni e Fátima - brincadeira gostosa, que cada momento se transforma em um encontro, embora virtual. Parábens pelo seu texto. A nossa alma agradece por esses momentos de reflexões.Abraços. Tete
Socorro,amiga querida sempre presente.
Edilma,fico feliz em poder contribuir para serenar seu coração,estamos (eu e Fatima) sempre solidarios a vc.
Tetêe ,que surpresa boa lhe encontrar aqui,saudades de vcs e obrigada por suas palavras de incentivo.
bjs a todas
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