(Imagem: LinBow)
Oraci só tinha de seu o riso constante. Ria sem saber de felicidade ou infelicidade. Riso de poucos dentes e de olhar cheio de dor, que ele não sentia. Como sentia a vida por trás da grade da janela. Dali Oraci via o mundo coberto de grama verde. Tinha árvores, flores e uma centena de pássaros.
Uma centena de pássaros... Oraci não sabia contar. Nunca soube. Mas para ele, cem era número enorme. Cem dias, cem anos, cem pessoas visitando os hóspedes da Casa nos fins de semana... Uma multidão. Mas era para aqueles cem pássaros que Oraci tinha olhos que brilhavam e sorrisos que fazia chegar à ponta dos dedos - o braço estendido para fora da grade, querendo pegar o mundo.
Oraci também não tinha idéias. Aliás, tinha uma idéia-vontade, idéia-sonho: queria voar como aqueles pássaros. Voar como eles e com eles. Voar sorrindo, rindo muito. Gargalhando. Isso devia ter um nome, mas Oraci não sabia de nomes. Só sabia de pássaros, de sorrisos e da vontade de voar.
De tanto ver os cem pássaros, Oraci um dia descobriu que tinha asas. Só não tinha liberdade. Trocou então o riso por gestos que fazia pela janela. Estendia a mão, franzia a testa. Pedia aos pássaros que o esperassem.
E como quem quer voar sempre conta com o socorro de mãos invisíveis, em determinado amanhecer Oraci achou destrancada a porta do quarto. Justo na hora em que os cem pássaros apareciam no mundo. O homem então saiu pelo corredor. Tinha pressa, os pássaros haviam sinalizado que logo partiriam em migração.
À beira do precipício Oraci sorriu e sacudiu as asas.
Deu um salto, e então voou.
Oraci só tinha de seu o riso constante. Ria sem saber de felicidade ou infelicidade. Riso de poucos dentes e de olhar cheio de dor, que ele não sentia. Como sentia a vida por trás da grade da janela. Dali Oraci via o mundo coberto de grama verde. Tinha árvores, flores e uma centena de pássaros.
Uma centena de pássaros... Oraci não sabia contar. Nunca soube. Mas para ele, cem era número enorme. Cem dias, cem anos, cem pessoas visitando os hóspedes da Casa nos fins de semana... Uma multidão. Mas era para aqueles cem pássaros que Oraci tinha olhos que brilhavam e sorrisos que fazia chegar à ponta dos dedos - o braço estendido para fora da grade, querendo pegar o mundo.
Oraci também não tinha idéias. Aliás, tinha uma idéia-vontade, idéia-sonho: queria voar como aqueles pássaros. Voar como eles e com eles. Voar sorrindo, rindo muito. Gargalhando. Isso devia ter um nome, mas Oraci não sabia de nomes. Só sabia de pássaros, de sorrisos e da vontade de voar.
De tanto ver os cem pássaros, Oraci um dia descobriu que tinha asas. Só não tinha liberdade. Trocou então o riso por gestos que fazia pela janela. Estendia a mão, franzia a testa. Pedia aos pássaros que o esperassem.
E como quem quer voar sempre conta com o socorro de mãos invisíveis, em determinado amanhecer Oraci achou destrancada a porta do quarto. Justo na hora em que os cem pássaros apareciam no mundo. O homem então saiu pelo corredor. Tinha pressa, os pássaros haviam sinalizado que logo partiriam em migração.
À beira do precipício Oraci sorriu e sacudiu as asas.
Deu um salto, e então voou.
Um comentário:
Toda liberdade nos faz voar,sonhar e soriir, mas a de Oraci fez tudo isso, e a ele próprio.Belo conto poema, parbéns.Abraço.
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