Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Vida itinerante de uma bancária (XI)- Por Socorro Moreira

Maio de 1984

De Macaé, a bagagem foi mínima. Não comprei móveis. Fui hóspede !
Comprei passagem de ida Rio  X Porto Alegre, com escalas em S.Paulo, Florianópolis , e Porto Alegre. 
A volta seria quase o inverso , mas  houve a extensão , face ao novo destino :Mauriti !

Do Rio , passei por  Vitória do Espírito Santo, Ilheús , Salvador, Aracaju, Maceió, João Pessoa, Campina Grande e Mauriti. .... E o dinheiro acabou ! Ficou a entrada para um carrinho , Chevette Hatch, que paguei em leves prestações, por dois anos.
Queria ver o olhar  surpreso do meu pai, visitando novas paragens, pela primeira vez. Em cada lugar que chegávamos, ele escrevia cartões para a minha mãe. Sem dúvidas, meu pai, foi o grande companheiro da minha vida !
Gostávamos das mesmas músicas, da noite, e das coisas boas.
Em Curitiba  fizemos excursões para Paranaguá e Foz do Iguaçu. Ficamos na estrada, sem o casaco de frio, e sem as malas. Rimos bastante da situação. O casaco de couro tinha sido emprestado de um amigo, e deu trabalho encontrar um novo para substituí-lo.
Em Gramado não encontramos pousada . Tudo lotado.Arriscamos passar a noite num hospital central.
Ele fez amizade com uma enfermeira, e ganhou para o seu cigarro, uma garrafa térmica de café.Nas situações mais incómodas, ríamos  , e nos divertíamos !
Nos extasiamos com as Cataratas do Iguaçu, e com o por-de-sol, no Guaíba. 
Quando retornamos pelo Nordeste , já estávamos cansados de tanta orgia e beleza. 
A chegada em Mauriti foi tranquila !
Novamente me avizinhei das raízes. Todos os dias , depois do expediente, visitava o meninos , na casa da avó, e me encontrava no parque Municipal com os amigos, hoje ainda identificados ... Carlos Rafael , Geraldo Urano,Calazans, Pachelly, Normando , Salatiel,  e Nicodemos (que chegou do centro Sul para somar )! 
Por dois anos vivi  esse trânsito. 
Fiquei boa parte , substituindo o Gerente Geral , Nacélio Oliveira , que foi nomeado para outra cidade,até Rochinha chegar. Gente boa , cidadão do Crato !
Foi a experiência mais humana e apaixonante da minha vida de bancária. Financiávamos  roças de milho, feijão, algodão, e rezávamos com o agricultor  por chuva , em prol dos ganhos, e da boa safra.
Amei aquela gente  sofrida e de coração grande.
Apaixonei-me pela dor  humana.
Apaixonei-me, na verdade, em todos os sentidos !
Pelas artes, pelos amigos,  pela terra  , e por todas as suas potencialidades . Senti o Divino em mim !

Mas a vida me pedia estrada. Solicitei à Direção Geral , uma comissão de Supervisora, num lugar limítrofe  do País. Ela resp0ondeu-me  com uma nomeação para bela Vista- MS. Com o coração despedaçado, três filhos no colo, encaramos as estradas poeirentas do Mato Grosso  do Sul, até o destino final. Mas, Bela Vista, fica para  um próximo capítulo !

4 comentários:

Claude Bloc disse...

Socorro,


Admirável essa ligação pai-filha cheia de cumplicidade. Daí entender-se o amor e a admiração que você mantém acesos dentro de si.

Essa imagem ninguém lhe rouba porque construída no tempo.

Abraço,

Claude.

socorro moreira disse...

Pois é...!
Meu pai foi de fato uma figura importante na minha vida : a mais amiga !

Abraços.

Liduina Belchior disse...

Socorro,

Acompanho sua via intinerante desde o inicio. São páginas de um belo e emocionante livro.parabéns!

Jornada de mulher guerreira.

Abraços: Liduina.

jair rolim disse...

Ei Socorro essa vida contada é muita bela, mas o entretanto as vezes nos sufoca. Da para imaginar chegar em Bela Vista sem conhecer ninguem e arranjar casa, começar a formar novo circulo de amizade, isso tudo com aquela saudade da terrinha. Lhe vejo como uma vesrdadeira guerreira.
Jair Rolim