Stela Siebra,
Brechas da memória,
Uma mescla de feijão verde e rádio,
Um rádio, verde o estampado da Mescla.
Almécegas, que nem breu dava,
Era um lugar,
Mas um lugar de parar o coração,
Numa curva aterrando o abismo.
Stela Siebra,
Desde o prenúncio, um deslize de rima,
O restaurante esquecido de Adelino Moreira,
Aqui em Campo Grande, uma chácara de estrada.
E tinha a maldição da Semana Santa,
Armar arapuca aos passarinhos,
Apagando com uma borracha a risca do seu vôo,
Amofinados até a morte no roxo.
Stela Siebra,
A vala que valava os passos da moça,
Quando do ardor da bala de pipper,
Só para cheirar o sopro quente da alma.
E toda festa da penha perfumada de Lancaster,
O brilho da dura trunfa de gumex,
O elevador do Banco do Brasil por diversão,
E tão solitário entre o moderno e a estrada da Batateira.
Stela Siebra,
Desde o princípio deste feijão verde,
Deste debulhar-me em gotas de sabor,
O que pretendia mesmo é cantar,
Rimando Stela Siebra,
Com Dolores Sierra,
Nasceu em Barcelona,
A beira de um cais.
Mas alguém dirá,
E daí?
E então responderei:
Só para rimar,
E lembrar,
Stela Siebra,
Nasceu no Carás,
Na beira de um pasto.
Criadores & Criaturas
"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata."
(Carlos Drummond de Andrade)
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Um comentário:
Oi Zé do Vale,
que bom que meu poema-memória provocou em você essa rima, também memória de um tempo outro, bem vivido e curtido.
abraços
stela
(da Ponta da Serra, e depois da Pedro II, no Crato).
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