Esse mês caiu por terra aquele que parecia ser o último degrau a distanciar o sexo masculino do apelidado, injustificadamente , de frágil. Claro , muitas mulheres saltarão dos seus saltos ,gritando que a luta apenas se inicia, pois as disparidades ainda são incomensuráveis e até algumas serão capazes de concluir que a minha assertiva inicial se configura numa espécie de cortina de fumaça, com o intuito único de colocar os movimentos feministas em banho maria.Longe de mim polemizar e ser imputado imediatamente de machista. Creio, no entanto, que poderemos partir do consenso : as mulheres já não são mais arrastadas pelos cabelos das suas cavernas e também já não se discute se têm alma dentro de cada belo corpo. Pois bem, partamos ao menos deste princípio menos polêmico , antes que minha tese inicial se perca num matagal de discussões , num debate que poderá varar a madrugada e engolir o precioso fim de semana dos meus caríssimos e raros ouvintes.
As mulheres lutaram bravamente por seu espaço num sociedade milenarmente machista. Pagaram e ainda continuam pagando (muitas vezes com o próprio sangue) pelo direito sagrado da igualdade no trabalho, nas vidas doméstica e pública e na busca da felicidade. Hoje já não há setor da economia onde o sexo feminino já não tenha carimbado seu delicado rastro . O problema maior talvez tenha sido de planejamento estratégico. Elas brigaram pelas mesmas oportunidades numa estrada construída pelo sexo masculino, como se o homem já não tivesse demonstrado, exaustivamente, que não tem a mínima idéia em que destino pretende chegar com seu tortuoso caminho. Hoje as dondocas já disputam com os homens nas doenças do stress, no enfarte e na hipertensão . Um número considerável de famílias já tem a mulher como arrimo único. Homens e mulheres já não se veêm como companheiros de estrada mas como concorrentes e participantes da mesma corrida em procura do abismo. Olham-se com desconfiança , descobrem rapidamente os inúmeros e incontáveis defeitos uns dos outros e qualquer possibilidade de relacionamento é examinado de forma friamente contábil. Muitos preferem a estabilidade funérea da solidão, num eterno : "antes só do que mal acompanhado".
Volto à minha tese inicial. Talvez não seja tão visível, mas pressinto sinais de que a mulher, finalmente, alçou ao último degrau da igualdade. Neste mes , uma notícia de jornal me fez sentir isto. Finalmente se punha à venda, nos Estados Unidos, por U$ 7.000,00 , o homem de plástico. Os homens já tinham , de há muito , a possibilidade de comprar a sua companheira sintética. O sexo feminino , agora, alcançou seu último direito: pode ter um marido criado em laboratório, com as opções de escolher a cor da pele, dimensões dos órgãos sexuais e textura. O fabricante não se cansa de apresentar as incontáveis qualidades em comparação ao tipo velho e convencional :não bebe, é estéril, não tem ciúmes, não foge de casa( a não ser que uma amiga o seduza e carregue), não joga bola com os amigos, jamais reclama de cansaço na cama e nunca apresenta defeitos tipo disfunção erétil: o homem perfeito.
Homens e mulheres agora têm sua equânime solidão perfeitamente plastificada. À tarde podem tomar as frias mãos dos companheiros e felizes passear , silentemente, por entre as nuvens de isopor, o sol de néon e as foscas flores que pendem dos jardins de teflon...
J. Flávio Vieira
3 comentários:
Ma ra vi lho so !!!!
Essa necessidade de igualdade nunca virou o meu juízo.
Mas virava o juízo, quando passeava com um amado, sob a luz do luar.
No mais, nada de plástico. Ele enfeita, mas não tem vida.
Vida tem esse Senhor escritor, que nos traz textos incríveis !
Zé Flávio,
A beleza natural se evidencia sobremaneira.
Bom mesmo é num final de tarde a gente abrir o cariricaturas e ler um texto deste "naipe" (dizem que as gírias e palavras erradas se coloca aspas)é verdade fabiana?
Beijos no trio: Liduina.
beijo em socorro e na Liduína pessoas tão queridas.
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