CEMITÉRIO DE MUCUGÊ
Do desterro de pedra,
contemplo
a pequena cidade muda.
Escalo seus andares,
a mão se fere nas cinzas
dos seus ossos.
A cal ofusca,
a nuvem cala:
nunca mais eu voltarei aqui.
Nunca mais eu voltarei aqui,
para despir a paz dos Meteoros:
o lume que se esconde nas aguadas,
o garimpo do corpo,
os epitáfios.
As bromélias sangram nos meus pés.
Avisto a lousa cega,
o muro descarnado.
Um bordado de letras — seus insetos —
o escalar das heras
nos portais.
Devo subir degraus,
sangrar os lábios,
resvalar pelas pedras meus pecados;
arrancar do umbigo das colinas,
a raiz do silêncio,
Teu mau-trato,
Do desterro de pedra
me contemplo:
urna luz repartida entre as ruínas,
um azul que alucina
as tuas águas...
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