eu ontem fui convidado
pra festa de casamento
da filha de Chico Bento
com o Zeca de Conrado
festa boa e animada
de tudo na mesa tinha
pato, peru e galinha
sarapatel e buchada
numa quadra de latada
a sanfoninha chorava
e a moçada animada
ao som do fole dançava
foi quando chegou Mororó
e mandou parar o rojão
com o tacho cheio de goró
vazando pelo ladrão
falou bem alto e zangado
e o povo ouviu assustado
quando ele disse, hoje eu mato
furo, sangro e tiro o fato
chamo o doutor de safado
xingo a mãe do delegado
dou tapa até em soldado
mas, não vou ficar parado
eu deixo o noivo amarrado
pra brincar mais sossegado
e com a mulher dele abraçado
vou dançar esse xaxado
grudado sem farrapar
até o dia clarear
Marcos Barreto de Melo
Criadores & Criaturas
"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata."
(Carlos Drummond de Andrade)
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3 comentários:
Marcos
Parabéns!!!
Muito boa esta história versejada, com todos ingredientes de uma boa festa de casamento nordestina.
Abraços
Aloísio
Marcos,
Essa é a linguagem que aprendi a amar na infância. Os relatos da vida em versos, as coisas do sertão, a alegria sincera dessa vidinha tão lenta, tão simples, tão singela...
Obrigada por trazer essa alegria pra gente.
Abraço,
Claude
Aloísio e Claude,
Fico contente por saber que vocês gostaram desses versinhos. Obrigado.
Abraço,
Marcos
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