Além da pedra, o mar.
Os meus pés afundavam na areia, eu ofegava.
O peixe no fundo do barco
saltava e ofegava, com falta de ar.
Numa árvore, uma bicicleta pendurada
e os pássaros brincando nos pedais.
Uma cabra pastava nas pedras,
um cachorro farejava a areia.
A gaivota beijou a água junto à rede dos pescadores.
O sol glorioso cintilava no ar.
Foi nesse dia que criei o mito da gaivota morta
sobre uma pedra, o sangue escorrendo com as espumas?
O conhecimento da morte vem aos poucos, no cotidiano
ou nos dias especiais, de dor ou júbilo extremo.
Tudo que perdemos carregamos conosco.
O mar, sempre o mar.
No princípio e no fim, o mar.
O voo branco das gaivotas, o sal,
a areia, a dança das vagas.
O infinito é aqui.
A minha língua modula as mesmas palavras.
O cavalo galopa no eterno,
com a lua e as estrelas.
Eu galopo com o cavalo eterno.
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