Do jornalista e escritor Armando Lopes Rafael, recebi e li o seu interessante e oportuno opúsculo Dr. Leandro Bezerra Monteiro – Centenário de Falecimento (1911-2011), biografando o grande cratense que foi líder católico e entusiasta monarquista.
Bacharel em Direito e neto do célebre Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro – contrarrevolucionário da Revolução Pernambucana de 1817 no Crato – o biografado de Armando Lopes Rafael foi um cratense de escol, infelizmente desconhecido das atuais gerações.
Dr. Leandro Bezerra Monteiro (foto ao lado) iniciou sua carreira política em Sergipe, chegando a Deputado Estadual e, depois, Deputado Federal, migrando depois para o Rio de Janeiro, como era habitual naquela distante época. No Estado do Rio, teve destacada atuação na cidade de Paraíba do Sul, inclusive com intensos trabalhos sociais e jornalísticos.
Como Deputado Federal, teve destacada atuação na célebre “Questão Religiosa”, afetando a Igreja Católica e a Maçonaria com o sacrifício do virtuoso Bispo de Olinda, Dom Vital (foto à esquerda), sobretudo em 1873, quando Dom vital foi preso e condenado a trabalhos forçados por imposição governamental do Visconde do Rio Branco, (foto abaixo, à direita) pertencente à alta cúpula do Governo Imperial.
Devo dizer que sempre tive especial interesse em estudar os meandros da “Questão Religiosa” nos tempos em que a Igreja Católica fazia parte do Estado no Brasil, tempos sombrios para a Igreja, quando os bispos e o clero, em geral, eram monitorados pelo Governo. A “Questão Religiosa” foi fruto deste tempo, quando a política interferia nas decisões da Igreja. Hoje em dia poucos se interessam por estes temas tão brilhantemente enfocados no opúsculo em tela.
Portanto, quem quer que queira saber tudo sobre a célebre “Questão Religiosa” que monopolizou os debates do Parlamento Brasileiro no fim do século XIX, não precisará mais consultar tratados políticos, mas, apenas, comodamente, ler as páginas 7 e 8 do opúsculo de Armando Rafael, Dr. Leandro Bezerra Monteiro, que enfoca tudo resumidamente e com admirável lucidez. Didática é ali!
Devo dizer que o grande Bispo de Olinda, Dom Vital Maria Gonçalves de Oliveira, virtuoso frade capuchinho, faleceu de traumatismo moral pela dura pena que lhe foi imposta pelo Visconde do Rio Branco, e somente foi anistiado por Dom Pedro II em 1875, e graças à interferência da sensibilidade da Princesa Isabel.
Solicito, encarecidamente, não confundirem o Visconde do Rio Branco com o Barão do Rio Branco, este sim, de inconfundível grandeza cívico-moral. Sempre repito: a “Questão Religiosa” foi a grande mácula do Governo Imperial do Brasil, infelizmente hoje pouco conhecida. Agora, sim! Igreja para cá, Estado para lá.
(*) Napoleão Tavares Neves é médico. Historiador, memorialista, cronista e escritor com vários livros publicados. Reside em Barbalha (CE).
(*) Napoleão Tavares Neves é médico. Historiador, memorialista, cronista e escritor com vários livros publicados. Reside em Barbalha (CE).
3 comentários:
Dr. Napoleão,
Quero lhe acompanhar nas considerações positivas quanto ao belo trabalho do Prof. Armando Rafael.
Abraço.
Amando, é sempre muito bom receber no Cariricaturas as ilustrativas considerações e produções do Dr. Napoleão Tavares Neves. Neste caso, um complemento às informações contidas no seu trabalho sobre Leandro Bezerra.
Obrigada, Armando por nos trazer esses textos clareadores da nossa História.
Abraço,
Cçaide
Só ganhamos nos conhecimentos culturais contidos nos exelentes textos de Armando Rafael. E com a complemetração do Dr. Napoleão Tavares Neves,é prestigio demais.
Agradeço ao dois importantes escritores.
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