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segunda-feira, 27 de junho de 2011

O problema não é de DNA: é político - José do Vale Pinheiro Feitosa

No estilo nordestino de fustigar o adversário manifestou-se com a notícia sobre o DNA negativo do filho de Fernando Henrique Cardoso que não é filho dele por que a Miriam Dutra recebeu o sêmen de outro. Aí na piada nordestina ele virou uma daquelas longas brincadeiras a respeito dos tipos de corno. Não sei bem onde classificaria o episódio talvez no “corno de cartório”, aquele que o teste de DNA é negativo, mas no cartório ele tem o carimbo comprobatório.

Claro que os amigos do FHC vão chiar: é assunto privado, o homem tem bom caráter, pois mesmo com resultado negativo insistiu no papelório, ele foi melhor presidente que este operário de esquina. Os amigos de FHC vão ter um probleminha: agora fica difícil acreditar na paternidade da estabilização nacional.

O pessoal do Lula vai rebolar mais uma vez com a lambada que o Caçador de Marajás lhe deu com a filha Lurian. Viram como o marketing de tudo isso é paulista da boa cepa: não que as duas mães são Miriam: uma Dutra e a outra Cordeiro. Agora haverá o round final: qual pai é mais pai e qual aceitação é maior entre os dois distintos pais?

Mas que o assunto de ambos os pais não é privado lá isso não é. Não, por que seria levantar uma preliminar quando os fatos já são públicos. Uma vez posto ao público temos muito a considerar:

a) A amante, a segunda casa, no machismo nacional;

b) Ter a força de uma mulher como foi Ruth Cardoso como bandeira política enquanto arma uma retirada estratégica da jornalista amante para a Espanha;

c) Pelos dois motivos o assunto migra da esfera privada para a esfera política e como tal deve ser tratado o tempo todo;

d) Vacilar sobre um assunto do qual foi ator para só depois dar por encerrado legalmente quando já estava convencido desde o primeiro momento que era o pai;

e) Ser tão centrado na autoria dos fatos que nem desconfiou que pudesse ser outra a autoria e aí já de cara fazer o comprobatório laboratorial;

f) Uma vez adotada a paternidade com convicção, ter recuado pela posição dos filhos de Ruth Cardoso, demonstrando um traço frágil de caráter cujo resultado poderia lhe ser politicamente desgastante: o menino não ser filho dele, demonstrando que toma atitudes de natureza política de modo impensado ou seja, fácil de ser enganado.

Eu também não iria à frente com um assunto deste se ele não fosse importante como lição política para todos.


2 comentários:

Armando Rafael disse...

Ora José, discordo da sua frase:

“O pessoal do Lula vai rebolar mais uma vez com a lambada que o Caçador de Marajás lhe deu com a filha Lurian”.

Que nada!
Nos dias atuais, o senador Collor de Melo é figura importantíssima na “base de sustentação” do governo Dilma. Como foi no de Lula.
Petistas e Collor são, “no estilo nordestino de fustigar o adversário”, digamos: “carne e unha” e “farinha do mesmo saco”...

Xô!(nunca mais vi esta palavra em manifestações tipo: xô, Sarney) Xô, velhos tempos nos quais Collor entrou no problema pessoal de Lula, divulgando no horário eleitoral, na TV, (pense numa baixaria!) que o “Cara” aconselhou Miriam a abortar.

Mas nasceu Lurian! Que hoje é parecidíssima como pai. Vive nababescamente numa praia de Florianópolis e, para variar, vez por outra, ela e o marido, são lembrados – pela imprensa – (coisa horrorosa é essa imprensa) em denúncias de utilizarem influências junto a algumas concorrências públicas...
Vai ver que é mentira! Igualzinha ao falso testemunho que inventaram contra o enriquecimento do Palocci...

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

Armando e eu concordo com você que o espírito de pancadaria é esta mesma iniquidade. O problema é que política não deveria ser este moralismo de troca a troca. A ética da oposição é querer que a situação seja o que ela não foi como oposição. Vá que isso tenha pelo menos o valor do contraditório, mas quando o jogo se resume ao moralismo tudo se iguala, como pegar no pé do filho mais velho do FHC como foi feito pela coisa horrorosa da imprensa que aliás foi quem levantou a lebre do filho falso.Agora que o problema do DNA realmente virou um problema político para FHC acho que concordamos, não?