O rio flui entre as montanhas
imóveis,
com seus rochedos cinzentos de joelhos
como velhos
mortos
de fadiga.
O silêncio flui com a água sobre a nudez da terra
que flui
com a carne
da morte, como se da mesma fonte
entre os pássaros
e os bois
no pasto.
Tanta noite e somos manhã
e somos estranhos fluindo com a água da dor,
cantando
a música do inverno,
essa brancura
de gelo
e inanição.
A morte lava o meu suor, as minhas feridas, a minha
angústia
e sou polido
pelas pedras, por
este chão familiar e estranho – e reconheço
outro ser
em mim, nesta desolação.
A limpidez das coisas e o sentimento de exílio,
enquanto a beleza flui
com o rio
e suas águas claras
e seu espelho
de ausência imóvel no dia longínquo,
rio
fluindo,
como a vida,
da ponta dos dedos.
Um comentário:
José Carlos,
Seu texto passeia pelas terras e águas como se nos conduzisse através do tempo num voo interminável. A foto diz muito, mas o que está escrito transborda em leveza.
Abraço,
Claude
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