Quiete
L’uva è matura, il campo arato.
Si stacca il monte dalle nuvole.
Sui polverosi specchi dell’estate
Caduta è l’ombra
Tra le dita incerte
Il loro lume è chiaro,
E lontano.
Colle rondini fugge
L’ultimo strazio.
Giuseppe Ungaretti
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QUIETUDE
O café preto e vermelho salta
no terreiro ao sol.
Os coqueiros brincam
com as nuvens no céu.
A água gorgoleja no córrego
entre os inhames.
A maritaca grita
dependurada nas telhas claras.
A paz é uma moringa d’água
à sombra da figueira.
José Carlos Brandão
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Inquietude
A uva apodrece, a terra quebra-se.
o monte cobre-se de urubus.
Cai a sombra do inverno
sobre as coisas.
Entre os meus dedos frios
a treva pesa.
As andorinhas morrem
com o meu desespero.
Gregório Vaz
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Não é a primeira vez que tento fazer uma paráfrase deste poema de Ungaretti, que admiro muito. Tento traduzir a sensação que Ungaretti cria no seu poema. Por último perpetrei uma heresia (Todos matam quem mais amam, disse Wilde), e assassinei o poema – procurei aproximar-me dele formalmente, e, para disfarçar, afastar-me quanto às ideias. Atribuí esse assassinato a meu heterônimo Gregório Vaz. Mas o resultado foi que esse crime de lesa arte aproxima-se mais do original e seu autor... Sim, já pensei muito em aposentar Gregório Vaz. Parece-me impossível.
... Quem não quiser me acompanhar nessas pensamentações, afinal inúteis, fique com os poemas em si. É possível que goste.
José Carlos Brandão
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