Historicamente as Ciências Sociais nasceram explicando o homem e a sociedade humana pelo viés das ciências da natureza. Impregnou-se da idéia de que a sociedade era um organismo vivo, feito de partes (Augusto Comte, Herbert Spencer e Emille Durkeim). A idéia do orgânico e super-orgânico, de corpo social, tecido social e vai por aí, atrelou a objetividade científica das Ciências Sociais à Ciência à procura de leis do pensamento científico do Século XIX. Você já se deu conta de que ainda hoje nos pegamos falando de “tecido social” quando fazemos observações sobre a quantas andam esta ou aquela sociedade?
A revolução epistemológica do mesmo Século XIX tratou de elevar status ao campo científico pondo as coisas nos lugares através do compartilhamento do conhecimento, melhor seria dos olhares científicos sobre a realidade.
À objetividade científica da grande Ciência explicativa do mundo físico contrapôs-se a relativização das Ciências Sociais, já que estas cuidam de coisas complexas, distantes e mutáveis. O eminente antropólogo – Roberto da Matta – até brinca quando fala disso, usando um exemplo banal de “como se come um bolo”. Diz que não é a mesma coisa quando se come um bolo, seja na festa de aniversário, seja num lanche rápido, seja após a refeição etc, etc... E diz mais: essa mesma festa que ocorreu agora, não pode ser reproduzida em sua inteireza no próximo ano, porque lhes faltará a atmosfera da época, o clima do momento. Com suas palavras “Enfim, o conjunto criado pela ocasião social que de certo modo decola dela e, recaindo sobre ela, provoca o que podemos chamar de “sobredeterminações”, como a imagem projetada numa tela ou num espelho”. (Da Mattta, Roberto. Relativizando: uma introdução à Antropologia. Petrópolis: Editora Rocco Ltda., 1987, p.19.
Já nas Ciências da Natureza não tem pra ninguém. As leis não deixam muita abertura para muita conversa. Se misturo uma substância com outra qualquer o resultado será sempre o mesmo, seja no Sítio Rosto, no Japão ou no Himalaia. E quem conhece dessas leis e fazem essa ciência é chamado de cientista. É uma pessoa de refinado conhecimento, a gente só o ver de longe, o que ela diz é o que é; você só pode contrariá-lo se souber dos segredos da ciência, e só pode demonstrar isso futuramente, porque precisa de tempo para contrafazer sua verdade.
Mudando de pau para cacete( não é uma digressão), olha só: semana passada, fui chamado às pressas aqui em casa, para acudir um vizinho, o Gaibu, irmão de Nego de Abeia. Estava passando mal. Sua pressão estava em 200 por 140. Altíssima!. E ainda sentindo uma gastura. Liguei pro meu filho, ele me recomendou oferecê-lo três remédios e que eu o levasse para uma emergência.
Lá chegando, depois de duas horas de espera, disse para o médico, um sujeito baixinho e enfezado (ele tinha a cara cheia protuberâncias) o que havia feito com o doente. E ele me “mediu” dos pés à cabeça (eu estava de bermuda e chinelos) e, na bucha disse: você é médico?
Claro que eu compreendi. Doença é coisa séria, e quem entende delas são os médicos. Nenhuma outra pessoa pode medicar alguém; só quem é do ramo.
Mas, por que estou falando tudo isto? Só por falar nesta sábado friorenta do pé de serra. Longe de mim querer particularizar alguém e muito menos amigos por ter suas idéias e pô-las em movimento.
Digo sempre que as Ciências Sociais são tão importantes para a compreensão do homem e do mundo que não podem ficar somente nas mãos dos cientistas sociais...
A revolução epistemológica do mesmo Século XIX tratou de elevar status ao campo científico pondo as coisas nos lugares através do compartilhamento do conhecimento, melhor seria dos olhares científicos sobre a realidade.
À objetividade científica da grande Ciência explicativa do mundo físico contrapôs-se a relativização das Ciências Sociais, já que estas cuidam de coisas complexas, distantes e mutáveis. O eminente antropólogo – Roberto da Matta – até brinca quando fala disso, usando um exemplo banal de “como se come um bolo”. Diz que não é a mesma coisa quando se come um bolo, seja na festa de aniversário, seja num lanche rápido, seja após a refeição etc, etc... E diz mais: essa mesma festa que ocorreu agora, não pode ser reproduzida em sua inteireza no próximo ano, porque lhes faltará a atmosfera da época, o clima do momento. Com suas palavras “Enfim, o conjunto criado pela ocasião social que de certo modo decola dela e, recaindo sobre ela, provoca o que podemos chamar de “sobredeterminações”, como a imagem projetada numa tela ou num espelho”. (Da Mattta, Roberto. Relativizando: uma introdução à Antropologia. Petrópolis: Editora Rocco Ltda., 1987, p.19.
Já nas Ciências da Natureza não tem pra ninguém. As leis não deixam muita abertura para muita conversa. Se misturo uma substância com outra qualquer o resultado será sempre o mesmo, seja no Sítio Rosto, no Japão ou no Himalaia. E quem conhece dessas leis e fazem essa ciência é chamado de cientista. É uma pessoa de refinado conhecimento, a gente só o ver de longe, o que ela diz é o que é; você só pode contrariá-lo se souber dos segredos da ciência, e só pode demonstrar isso futuramente, porque precisa de tempo para contrafazer sua verdade.
Mudando de pau para cacete( não é uma digressão), olha só: semana passada, fui chamado às pressas aqui em casa, para acudir um vizinho, o Gaibu, irmão de Nego de Abeia. Estava passando mal. Sua pressão estava em 200 por 140. Altíssima!. E ainda sentindo uma gastura. Liguei pro meu filho, ele me recomendou oferecê-lo três remédios e que eu o levasse para uma emergência.
Lá chegando, depois de duas horas de espera, disse para o médico, um sujeito baixinho e enfezado (ele tinha a cara cheia protuberâncias) o que havia feito com o doente. E ele me “mediu” dos pés à cabeça (eu estava de bermuda e chinelos) e, na bucha disse: você é médico?
Claro que eu compreendi. Doença é coisa séria, e quem entende delas são os médicos. Nenhuma outra pessoa pode medicar alguém; só quem é do ramo.
Mas, por que estou falando tudo isto? Só por falar nesta sábado friorenta do pé de serra. Longe de mim querer particularizar alguém e muito menos amigos por ter suas idéias e pô-las em movimento.
Digo sempre que as Ciências Sociais são tão importantes para a compreensão do homem e do mundo que não podem ficar somente nas mãos dos cientistas sociais...
Um abraço ao valoroso médico e escritor cratense Dr. José do Vale Feitosa.
Em tempo. O tema da sobreviências comportamentais na antropologia foi superado. No passado, quando se encontrava uma sociedade em que todas as mulheres eram chamadas por mâe, achava-se que seria uma sobreviência de um tempo em que a humanidade teria usado a promiscuidade nas realações sexuais. Depois, entendemos que as sociedades podem marcar suas descendência tanto pelo lado paterno (patrilinearidade) como materno (matrilinearidade). O grande Levi-Straus disse que a primeira lei social imposta à natureza teria sido a proibição do incesto.
Em tempo. O tema da sobreviências comportamentais na antropologia foi superado. No passado, quando se encontrava uma sociedade em que todas as mulheres eram chamadas por mâe, achava-se que seria uma sobreviência de um tempo em que a humanidade teria usado a promiscuidade nas realações sexuais. Depois, entendemos que as sociedades podem marcar suas descendência tanto pelo lado paterno (patrilinearidade) como materno (matrilinearidade). O grande Levi-Straus disse que a primeira lei social imposta à natureza teria sido a proibição do incesto.
4 comentários:
Muitos erros o texto. O anunciado deveria ser: Será o tema das sobrevivências ?
Falta de atenção e culpa dos dedos transidos de frio.
Querido Zé Nilton, esqueça os erros de grafia a que todos nós estamos sujeitos.
Muita gente boa ainda mistura o emprego de "Dá" com "Dar", e inúmeros outros.
O importante é a comunicação. Sabemos que com um pente fino, os erros sairiam e não foram escritos por ignorância, mas pela rapidez, além de que, mais útil é o conteúdo expresso nesse excelente texto.
Um Abraço,
Dihelson Mendonça
Sempre carinhoso quando é para acarinhar; mas vociferante quando é pra vociferar, eis o Dihelson!
Zé Nilton,
Agradeço a sua citação e sei que dialogamos em quatro textos de uns dias para cá. Aliás você foi o único a abordar a aridez do primeiro texto que escrevi e aproveito para esclarecer que partindo do próprio conteúdo do blog. Sempre procuro ler não apenas os textos, como também os comentários. A continuidade dos assuntos, como entendo, é muito mais importante do que retalhos de qualquer assunto.
Outra vantagem é que formamos idéias e guardamos as visões de mundo com quem conversamos. Ainda teremos um bom diálogo sobre uma certa organicidade (ou totalidade) que me pareceu você me tem como povoado em certo sentido. Igualmente ainda discutiremos melhor esta questão de sermos povoados de um ideário prévio da realidade, como se esta fosse apenas uma questão de respeitar o outro. Neste momento entendo que é uma forma de encerrar a discussão, ao contrário do que vejo em você: um sempre agudo dizer o que pensa e uma abertura para outras considerações. Uma vez abertos para as duas atividades, opinar e considerar, estaremos com diz o Dihelson, acima do qualificativo do que ele chama muita gente boa que ainda mistura o emprego do Dá com Dar, e inúmeros outros.
Postar um comentário