Quando eu vi o meu amor,
Estava raspando mandioca,
Minha mãe lavando roupa
E eu na rodoviária dos pobres.
Estes versos foram escolhidos pela audiência da Rádio Cultura de Paracuru como a melhor poesia da quinzena. Desconhecendo o que você pensa dela, tomei conhecimento da mesma ao gravar um programa que fazemos para outra rádio da cidade e que narra histórias de vida.
O Jair Moreira, mais conhecido por Jair Boi uma vez que o seu programa de música brega na Rádio Cultura era bem condicionado em cálcio para surgir os chifres, foi quem me contou. O concurso era um quadro do seu programa e ele terminou brincando pela escolha de uma poesia que não dizia nada.
E abrimos uma conversa. Será que não? Será que não dizia nada mesmo? O poema fala das condições humanas e suas afetividades em sociedade. O meu amor, como eu é pobre: raspa mandioca para viver. A minha mãe que é de outra geração, também é pobre e lava roupa.
O poema está completo: a rodoviária dos pobres é um ponto de ônibus muito movimentado que fica no bairro de Antonio Bezerra em Fortaleza no qual centenas de pessoas simultaneamente pegam ônibus para as cidades próximas e a oeste da capital.
O que se deduz da rodoviária dos ricos por oposição: pegam o ônibus na rodoviária central, chegam de táxi e mesmo que de ônibus urbano estão na categoria da situação de abundância. Aliás, o poema começa exatamente pelo aparente nonsense dele que é o poeta na rodoviária dos pobres, a partir daí todo o resto faz sentido.
Era para ser a música Farinhada mas não encontrei em vídeo e como não sei postar mp3 escolhi esta "Nem se despediu de mim" que me enche de senso nordestino.
Nenhum comentário:
Postar um comentário