Ouvi dizer que tu vais tomar banho de cachoeira nua.
Até pelo telefone tua voz esbanja pura felicidade.
De fato o inocente fora do cárcere
vê o céu com outros pássaros nos olhos,
abraça árvores apaixonadamente,
tropeça no meio-fio e gargalha.
Enquanto eu o algoz caolho
em meados de dezembro
começa a levantar peso.
Tenho que estar forte:
o leme do meu navio
agora é um leme tosco.
Sabe, desses lemes de pirata;
e as velas, meu deus, enrijecidas
pela banha preguenta de elefante.
Espero que o vento venha mais impetuoso:
leve o barco, quebre o leme, rasgue as velas.
Como sou um algoz caolho
não vejo lágrima alguma.
Mas, lembra-te:
o vento adora dar voltas
em torno dos cílios.
domingos barroso
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