O verbo era saudade
Quando o passo era distante
E as lembranças tão perto
Que sentia-se seu hálito,
O verbo era róseo, cor-sangria dos fins de tarde
Quando os faróis dos carros
Como glóbulos vermelhos nas avenidas
Regressavam ao lar...
E saudade é cicuta, é curare
Para que sorve nos dias os goles
Do próprio veneno.
O verbo era feliz
Quando a valsa em dois era uma só
E uma só é a força de quem ama
Capaz de trucidar o próprio peito
De felicidade.
Mas relembrando, o verbo não era...
O verbo é presente (de grego)
De tanta saudade.
Foto: José Meneses.
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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata."
(Carlos Drummond de Andrade)
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2 comentários:
Eu conjugo o verbo saudade até no Futuro do presente...
Quanto mais idade,
mais saudades !
Grande poeta, esse menino Sávio !
Oi Socorro. Grato pelo comentário. A saudade é verbo, é ação das horas que se arrastam cortando os seios. Saudade é verbo para que a sente.
Abraços.
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