Nunca mais tive o prazer
identificar nas minhas cuecas
mordidas de solitárias traças.
Normalmente em tempo passado
observava-se certo planejamento:
cada dente cruzava a margem do pano
o suficiente para entrar uma brisa.
Assim, nem o algoz morria sufocado
tampouco a vítima percebia o desastre.
Algodão o tecido desejado.
O manjar dos deuses.
A iguaria das fadas.
Em obscuro silêncio partiam elas
dos seus subterrâneos: nhac nhac.
Faz mesmo tanto tempo
que não vejo aquelas meninas
com seus arpões e serras nos dentes.
Sempre ao abrir o guarda-roupa
dava de cara com uma cueca mordida.
O mistério permanece insondável:
era fome ou puro capricho
aquelas dentadas nhac nhac?
De qualquer forma,
suspiro aliviado:
"ainda bem que não eram
nos meus ovinhos murchos."
2 comentários:
Você é incrivel !
Dificel não comentar, um poeta inconfundivel e único.
Adoro ler você amigo !
Abraço !
E eu fico imensamente feliz
por ser seu cúmplice
nos versos...
Carinhoso abraço.
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