Quarto empoeirado.
Ventilador com bronquite.
Faz tempo que não gripo.
Meu ventilador companheiro
tem acolhido a asma
que seria minha.
Em troca,
ofereço-lhe vida.
Chamo-lhe " me dá o pé, louro."
Abro-lhe o ventre.
Limpo suas costelas.
Faz tempo que não gripo.
Era pra estar morto o poeta
de tanta poeira do quarto.
Mas o ventilador camarada
recebe de bom grado
meu estado físico.
Respira por minhas narinas
as teias de aranha
brumas que caem
sobre minha cabeça.
Olho para o teto.
Crateras lunares.
Ou espinhas de adolescente.
Ou cistos.
O ventilador ouve-me
e permanece atento
criando todo poderoso
seu próprio vento.
Um comentário:
Domingos,
Até um ventilador vira poesia em suas mãos.
Já se vacinou contra a gripe...
Meu acento de interrogação não funciona.
Fico devendo!
Abraço !
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