Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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sexta-feira, 7 de maio de 2010

Orestes Dias Barbosa




Nasceu no bairro carioca de Vila Isabel. Depois de seu nascimento sua família morou na ilha de Paquetá, mudando-se para a Gávea quando ele tinha sete anos. Seu pai chamava-se Caetano Lourenço da Silva Barbosa e era major. Sua mãe chamava-se Maria Angélica Bragança Dias Barbosa. A família passou por dificuldades financeiras ao longo de toda a sua infância. Por causa disso não freqüentou a escola. Aprendeu a ler sozinho, vendo os letreiros de bondes e manchetes de jornais com a ajuda de um vizinho, Clodoaldo de Moraes, pai de Vinícius de Moraes, que também lhe ensinou as primeiras lições no violão, quando ele tinha dez anos.

Em 7 de maio de 1902, o jornalista João Guedes de Melo registrou no jornal "O Paiz", o aniversário do menino: "Aniversaria hoje Orestes Dias Barbosa, meigo e talentoso menino que se faz estimar por quem o vê, tão clara e reveladora é a sua inteligência." Entrou para a escola aos 12 anos, O Liceu de Artes e Ofícios, onde aprendeu o ofício de revisor. Aos 13 anos, venceu um concurso literário na revista "Tico-tico". Em 1907, então com 14 anos, empregou-se como revisor do jornal "O Século", dirigido por Rui Barbosa. Aos vinte anos, tornou-se repórter do "Diário de Notícias", também sob a direção de Rui Barbosa. Além de repórter, trabalhou como revisor, secretário e cronista, exercendo todas as funções dentro de um jornal. Uma das manchetes criadas por ele, a pedido de Rui Barbosa, tornou-se célebre: "Cortou o mal pela raiz", anunciava um caso policial em que a esposa cortara o órgão sexual do marido que a havia traído. Trabalhou nos periódicos "A gazeta de Notícias", "A Manhã", "O Radical", "Opinião", "O Mundo", "A Hora", "O Avante", "A Folha", "A Noite", "O Dia", "A Notícia", "O Globo", "Diretrizes", "A Pátria" e "A Imprensa".

Em 1913, quando trabalhava para o jornal "A Noite", de Irineu Marinho, liderou um grupo de repórteres na instalação, no Largo da Carioca, de uma roleta de papelão com o seguinte cartaz: "Jogo é franco - Roleta com 32 números - só ganha freguês". O jornal fazia campanha contra a jogatina desenfreada que ocorria na capital do país, insinuando a conivência das autoridades. Foi esse episódio que inspirou a famosa letra do samba "Pelo telefone", de Donga e Mauro de Almeida: "O Chefe da Polícia pelo telefone mandou avisar/ Que na Carioca tem uma roleta para se jogar...".

Estreou como poeta em 1917 com o livro "Penumbra sagrada". Em 1920, foi a Portugal, onde entrevistou Teófilo Braga e encontrou-se com Guerra Junqueiro. Foi um jornalista destemido, escrevendo artigos sobre acontecimentos e críticas aos políticos de então. Por causa disso, esteve preso várias vezes. A primeira prisão foi em 1921, quando escreveu artigo denunciando o Grêmio Euclides da Cunha como aproveitador dos direitos autorais do patrono. Ainda em 1921, publicou o primeiro livro de crônicas intitulado "Na prisão", onde conta casos de dentro do cárcere, além de "Água-marinha", seu segundo livro de poemas. Foi um dos primeiros a manter uma coluna radiofônica no jornal "A Manhã", em meados dos anos 1920. Durante o governo de Artur Bernardes (1922-1926), esteve preso novamente. Apesar disso, continuou escrevendo e publicando livros em prosa: "Bam-bam-bam" (1923), "Portugal de perto!"(1923), "O português no Brasil"(1925) e "O Pato preto" (1927).

Em 1933, fundou, junto com o amigo e parceiro Nássara, o jornal "A Jornada", que tinha a seguinte epígrafe: "Não quero saber quem descobriu o Brasil; quero saber quem é que bota água no leite." O jornal, que durou poucos meses, dedicava-se a artigos sobre a língua brasileira e a campanhas contra a Light, empresa canadense de energia elétrica. Noel Rosa inclusive, compôs o samba "Não tem tradução", inspirado em uma crítica publicada em "A Jornada", que falava das particularidades do idioma falado no Brasil. Ainda em 1933, publicou um livro de crônicas intitulado "Samba", que em estilo telegráfico registra o aparecimento do samba urbano.

Memória da MPB

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