Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A menina diferente - Por Isabella Pinheiro


Laira era uma menina de 16 anos com dificuldade auditiva, precisava usar aparelho para escutar. Os pais dela moravam em uma cidadezinha perto de Belém e eram pobres, o pai vendia salgadinho e gomas de mascar, a mãe trabalhava em um mercado. O pai ganhava por dia valores diferentes e a mãe ganhava por mês 100 reais. O pai conseguiu um emprego de zelador em uma escola que pagava 465 reais em uma cidade longe, São Paulo. Ele pensou em sua filha Laira e achou que era uma boa para ela porque Laira poderia estudar em uma escola particular com a bolsa que ia conseguir. Só não pensou na dificuldade auditiva da filha. Eles alugaram uma casinha e fizeram a mudança. A casa era muito ajeitadinha tinha 2 banheiros, 3 quartos, 1 sala, 1 cozinha e um jardinzinho.

Eles ajeitaram toda a casa em dois dias. O pai foi para o trabalho e Laira para a escola. Ela pegou a agenda, a farda escolar e os cadernos. Chegando lá a professora abriu a porta e disse: bem vinda, mas eu não fui avisada que teríamos uma aluna nova. Qual o nome dela? Laira, ela disse. Quando entrou, todos foram recebê-la. Como era muito simpática, falou com todos e ninguém percebeu que ela tinha a dificuldade auditiva. Laira também conheceu a Viman que virou sua melhor amiga. Bruno, o menino mais bonito da sala estava gostando dela, mas Luciene ficou com muito ciúme e começou a investigar. Passou uma semana e ninguém notou. Uma terça-feira Laira foi de trançinha e Luciene observou o aparelho no ouvido dela, foi ao auditório, reuniu todo o colégio da 5ª para cima e disse: a Laira, aquela bonitinha e simpática que o bruno gosta, aquela tão inteligente tem um segredo: é MOUCA. Escuta em um aparelho sem graça, acreditem. Eu vou provar. Ela vem aqui pensando que é uma feira de ciências e vocês vão ver. Chamou Laira e ela entrou. Quando chegou perto da Luciene ela disse: gente, aqui está a mouca que usa um aparelho brega. Para escutar, Ela depende dele kkkkkkkkkkkkk todo mundo riu. Ela saiu correndo e foi ao banheiro. Viman ouviu tudo e foi consolar a amiga. Chegando lá Laira disse: eu não tenho culpa, todos me criticam, mas nasci assim. O aparelho foi a única solução para poder escutar algo. Eu daria tudo para ser como vocês, perfeita, do pé a cabeça, mais infelizmente eu não posso e vocês que podem não aproveitam. Eu tenho que me conformar porque sou assim, mas vocês não me ajudam, só me humilham. Laira correu antes que Viman pudesse dizer algo. Chegando em casa viu a mãe e a mãe tentou conversar com ela mais não houve jeito. Ela não queria mais ir a escola. Já tinha passado um mês e ela só comia pão e água todo dia . O pai decidiu voltar para a vida de antigamente, mas não tinha casa para eles irem, já tinha entregue a que eles moravam antes, que era alugada. Resolveram conversar com a diretora. O pai de Laira falou: bom dia senhora, estou aqui para fazer uma reclamação sobre os amigos da minha filha, principalmente pela deficiência dela. Me mudei para cá pensando em um futuro melhor para mim, para minha mulher e para minha filha, a Laira. Na 1 semana foi bem recebida mas ninguém sabia que ela tinha essa deficiência, então Luciene fez o favor de avisar a todos. Ela sofreu, chorou muito. A gente tem uma bolsa aqui e mesmo os bolsistas têm que ser bem tratados. A diretora olhou nos olhos da menina e disse: vou ter uma reunião com todos e conversarei sobre esse assunto.
A diretora se levantou e disse: bom se o caso é só esse, a conversa terminou e deu adeus acenando para o pai. Ele acenou de volta, pegou a menina pela mão e foi para casa. Chegando lá a menina falou: pai todos tem preconceito comigo. No dia seguinte ela foi para a escola e assim que entrou todos riram, menos o Bruno que, ao contrario, correu atrás dela. Luciene, que não estava gostando, disse: eu vou tirar essa mouca daqui.
Bruno correu antes e disse a Laira: olha, eu não me importo com isso, você é bonita, inteligente, compreensiva e muito mais. Para mim não faz diferença se você usa aparelho auditivo ou não. Quero ser seu amigo, te conhecer melhor. A menina olhou para ele, sorriu e ficou sem palavras. Então ela correu para sala de aula e sentou em um banquinho que tinha para esperar o sinal. Quando o sinal tocou, ela entrou e sentou em uma mesa que tinha lugar para dois. Assim que Bruno entrou se sentou lá e repetiu: eu quero muito te conhecer, você vai me dar essa chance. Ela olhou para ele sorriu.
Quando a aula terminou, como fazia todos os dias, Laira sentou em um banco perto da capela que ficava no final do colégio. Bruno sempre sentava em outro banco, perto dali.


Quando o pai dela foi buscá-la, depois de largar do trabalho, Bruno correu e deu um abraço nela e disse até amanhã. Ela ficou mais envergonhada e assim passaram dias e dias, semanas e semanas. Um dia, quando ela já estava solta com ele, falavam de tudo, ela estava na capelinha e ele no banco, a mãe dele chegou e antes dela se aproximar, o menino correu, tropeçou numa pedra e caiu em cima dela. Eles ficaram juntinhos e foram se aproximando e de repente se beijaram. Logo depois o pai chegou e disse: vamos filha. Eles pararam e se olharam e ela disse: tchau e ele respondeu até segunda, no sábado ele ligou para ela chamando para sair e ela aceitou. Foram para um restaurante e conversaram bastante. No domingo era a festa de Luciene. Ele ligou para laira ir com ele. Ela aceitou. Laira se arrumou, passou batom e botou uma linda roupa. Ele foi pegar ela e apresentou a menina a mãe e ao pai.
Ela estava linda e Luciene morreu de ciúmes. Outro dia ele chamou Laila para irem a uma chácara tomar banho de rio. Ela aceitou. Chegando lá tomaram banho e foram para umas rochas onde ele se declarou para ela. Ela respondeu que sempre gostou dele e se beijaram.
Lição da história: todos nós somos iguais
Não importa se tem deficiência ou não, todos somos iguais.

4 comentários:

Stela disse...

Que bom Socorro, que você postou essa história de Isabela.
Eu já li, no livro, e adorei.
beijinhos pra Isabela.

Edilma disse...

Menina Isabela,

És nossa mascote...
Nosssa filhinha querida...
Vagueias por folhas e lápis com o coraçãozinho cheio de ternura...
Esceve mais menina, menina...
Escreve mais...

Beijinho carinhoso!

Carlos Eduardo Esmeraldo disse...

Não sou de fazer previsões. Mas acredito piamente que se esta menina continuar nesse rítmo, será uma grande escritora, a ser conhecida nacionalmente e no mundo afora. Tem todo um futuro pela frente, pois se agora ela escreve como gente grande, que poderemos esperar daqui á dez anos?
Que o vovô Joaquim se prepare, pois será o vovô mais famoso do Crato... Ora do Crato, do Brasil? Não do mundo.

Marcos Barreto de Melo disse...

Isabela,

Gostei muito do seu texto e do tema abordado.Continue escrevendo. O futuro lhe espera.
PARABÉNS!