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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Baião Polinário - José do Vale Pinheiro Feitosa

O negócio é seguinte: de vez em quando um respiro. Aí vai um.

Posto a letra deste lindo baião de Humberto Teixeira antecipando as deturpações do baião. Se bem que pelo lado um tanto apolíneo, quase acadêmico, mas que cai muito bem nesta "lama" inominável do forró eletrônico, sem letra e sem música. Parece a repetição ao extremo da paciência das mesmas notas e ritmos e da enfadonha "iletrice" de letras que dizem pouco, pois nada há a dizer. Não é mais sertão, é apenas o "arralbe" sofrido das nossas cidades ajambradas em moradia, educação, saúde, esgotamento, água e transporte.

Aproveito para homenagear a todos que assim sentem, especialmente ao nosso Dihelson Mendonça que costuma entrar em erupção quando o seu limite já não suporta esta cultura de consumo que consome a alma nordestina.

Baião Polinário
Humberto Teixeira

Baião cantado em ternário
e até quartenário
Ô Ô Ô

Colagem de som e verso
Modismo ao reverso
Sim Senhor

Pode agradar não discuto
Se tem balanço eu escuto
Mas foge ao meu inventário

Este baião Polinário.
Pilantra,
Chibungo,
E sem cor.

Não, Não, Não,
Mais respeito com o sertão,
Esta coisa tão pachola,
Sem cabocla e sem viola,
Me perdoe não é baião.

Não, Não, Não,
Mais respeito meu irmão,
Fala a minha autoridade,
Num acorde de saudade,
De quem sabe o que é o baião


Obs. se alguém puder me explicar a palavra "polinário" pois não a encontrei no dicionário e não tive tempo de pesquisar na internet. A palavra que existe é "apolinário". O Humberto não cometeria um erro disso: ou existe a palavra no nosso meio ou Humberto quiz amatutar a pavonice de classe média do que ele ouvia de imitação na época.


3 comentários:

Carlos Eduardo Esmeraldo disse...

Caro Zé do Vale

Conforme pude verificar na internete "polinário" é uma espécie de película que se forma na parte mais profunda das orquideas para impede a retirada do nectar pelas abelhas.
Não sei se o autor usou esse termo nesse sentido.
Abraços

socorro moreira disse...

Hoje amanheci ouvindo Jackson do Pandeiro. Estava justo na sintonia do baião.
Foi boa !

Abílio Neto disse...

Acho que Humberto criou um neologismo. Quando ele fala em baião cantado em ternário ou quaternário, é uma crítica à forma de divisão musical utilizada por alguns compositores,uma vez que o baião é um ritmo binário. Como ele era músico por formação profissional, conhecia muito bem o gênero "criado" por ele e Luiz Gonzaga.

Abílio Neto