Minha vida inteira
de sobressaltos
e silêncio.
Alma saltitante
sobre brasas
e cascas de ovo.
Cicatrizes,
joelhos ralados,
olhos por destino
sempre lacrimosos.
Os objetos comovem-se
com meus espasmos,
com minha baba mediúnica.
O ventilador corcunda
tenta arrancar suas hélices quebradas
em oferenda à minha solidão.
A escrivaninha curva-se aos meus pés
e puxa as cutículas das minhas unhas tortas.
Louvo a mente ínfima,
sujeito-me ao espanto do cotidiano:
ó ventilador corcunda,
ó submissa escrivaninha.
Um comentário:
Maravilha, Domingos,
Esses pequenos objetos tão devotos,tão solidários nada mais são do que um prolongamento do teu sentimento.
Solícitos, embarcam contigo em busca de um alento, para que na solidão não te sintas vazio.
Veja, tornaram-se tua companhia, e motivadores, tranformaram-se em um poema.
Portanto, poeta, tudo é apenas uma questão de ponto de vista. Na verdade, esses pequenos objetos que citas são a tua companhia e se oferecem como guardiãos de tua inspiração.
Abraço,
Claude
Postar um comentário